quarta-feira, setembro 30, 2009

só a gente sabe

Faz um tempo que não te olho e não penso no que sinto. A distância talvez tenha diminuído os sentimentos, acentuado as diferenças e aumentado a certeza de que longe é um lugar seguro. E, aquilo, que um dia foi puro e sincero, acabou?

Acho que sinto falta do seu sorriso infantil, de você me falando que não preciso pensar tanto em tantas coisas e que certas teorias só vão me fazer ficar dando voltas. Só que eu sei que mudo, que daqui a duas semanas todas as minhas certezas terão uma cor diferente e que se você, como eu, não se reinventar, tudo vai acabar. O meu interesse, a minha admiração, a minha necessidade das suas mãos. Eu, presa, deixo de ser criativa, deixo de ser, viro você e, isso não me interessa.

Será que eu ainda sou capaz de...?

terça-feira, setembro 29, 2009

Thirteen

Vou me adaptando, me adequando, correspondo as suas expectativas e crio no silêncio o cenário perfeito. Te iludo com a sensação de conforto enquanto faço do desconforto, um lar. Talvez duas taças de vinho e alguma música para ditar o ritmo. Te quero louco, quero fugir de toda essa alegria barata e sentir algo além do que previsto. Ouvir a sua respiração sem ritmo enquanto tenta mandar na situação. Quero te fazer desistir enquanto tenta resistir até o último segundo.

Quero você louco porque quando está sério, tudo fica muito chato. Quero você louco porque você é idiota quando usa de tanta racionalidade. Cansei de toda a convenção, de me controlar em público quando o que mais queria era dançar até o dia seguinte. O amor é um dialogo e, agora, não quero conversar. Não tem problema se formos malvados, te dou licença para ser um louco enquanto seguro os seus pulsos. O meu jogo, a minha casa. Gosto do jeito que você me segura para falar, dos seus olhos claros, gosto do seu sorriso e do desespero por um cigarro no fim da última frase.

Gosto do seu abraço e de como alcançou o meu corpo inteiro nessas mãos desconhecidas e do jeito que respirou forte perto do meu ouvido para me falar que estava aqui. Gosto dessa distância e do encontro indefinido, te imagino falando sobre alguma coisa qualquer, uma nova teoria para um conceito novo de uma vida diferente enquanto o seu toque decifra os meus sonhos. Gosto de imaginar as palavras faltando no momento em que a sua boca encontra a minha.

Estou tão cansada de brincar, não quero uma razão para amar você e descarto as suas explicações do porquê devo ser a sua mulher. Não vejo a hora desse dia virar noite...

domingo, setembro 27, 2009

my little tornado


Quantos aguentariam se eu fosse a minha verdade todo o tempo? Se eu falasse o que penso sobre todas as coisas ao invés de apenas sorrir? Quem conseguiria tirar a minha proteção e saber todos os meus segredos enquanto desvenda pensamentos obscuros?

A música alta, as frases soltas e a cabeça em outro lugar. Será que o meu problema é também o seu?

sábado, setembro 26, 2009

Prazer, contradição.


Talvez seja só alucinação da febre alta que deve ser reação da sinusite provocada por coisas que soltam fumaça (minha e dos outros) e de todo o acumulo da poluição e caos da minha cidade amada. Tirei um tempo dos outros para ficar em silêncio, arrumar meus livros, ouvir CDs novos, colocar as séries em dia, um tempo de tudo; tem horas que penso em alguém para dividir, alguém para arrumar uma prateleira enquanto fala de como cada um dos livros que ainda não li são brilhantes. Alguém para me mostrar um CD velho e me contar a história daquilo que nunca ouvi. E os vinis, lembro com exatidão dos vinis da minha infância e a falta da melhor amiga aumenta. Queria encontrar um correspondente nesses gostos, mas que fosse o meu avesso em forma de humano, queria a contradição. Queria encontrar alguém que tenha sentido algo muito parecido no show do Radiohead, alguém que entende o que significa esperar tanto para ver aquilo e, de repente, aquilo é tão maior e mais mágico. Só lembro de chorar por duas músicas inteiras e entrar em outro mundo durante as outras, mais dois tragos, o suficiente para deixar as luzes mais fortes e o mundo real mais longe.

É engraçado pensar em como posso ser uma grande contradição e como (parece) impossível encontrar pessoas que transitem pelos meus mundos. Alguém que entenda o quanto de atitude existe na interpretação da Elis e, ache as lágrimas reflexo de alguém que sempre cantou com a alma. Alguém que não vá achar ridículo os dois maiores e melhores shows que vi na vida serem tão contraditórios, Chico Buarque e Radiohead.

Alguém que respeite a minha necessidade de sair daqui e, também vá a outros mundos segurando um livro nas mãos. Tem horas que penso que nada disso existe e, em outras, isso (quase) nem importa.

sexta-feira, setembro 25, 2009

Theatrum Mundi

Hoje não compartilhei da verdade dos outros, das inseguranças e dos medos. Me coloquei dentro de um livro e do CD novo do Zero 7, fiquei o dia inteiro pensando na hora de estar em casa para continuar prestando atenção em cada um dos acordes deles enquanto folheava uma vida muito próxima, só que é dela, Alice. Depois de achar em um livro o pensamento que nunca achei que um dia fosse ser compartilhado com alguém. Theatrum Mundi.

Estive pensando esses dias, antes de chegar naquelas páginas, como o meu mundo é cheio de esteriotipos, como encontro sempre as mesmas pessoas na balada embora elas sejam diferentes. Tatuagens, brincos, piercings e tudo que envolve uma embalagem que não me interessa. Ouvir rock está muito envolvido em fazer cara de mal enquanto parece transbordar tédio, pra que tanta necessidade de manter as aparências? Um monte de gente desinteressante vestida da forma certa, com a pose necessária e a cabeça vazia. Sempre encontro fora desse mundo algumas gratas surpresas e algumas decepções. Acabou a admiração e alguma outra coisa que nunca soube definir de uma das relações mais sinceras e complexas em que me envolvi. Acabou alguma coisa em algum momento que, não consegui agarrar, se desfez e me refez, naturalmente tudo se transformou e eu apareci do outro lado já refeita.

Observo a vida, sou expectadora desse teatro de arena, me sinto na Grécia, em São Paulo ou em qualquer lugar do mundo procuro uma cadeira para me sentar enquanto todos se movimentam em uma encenação que nunca fiz parte, é como se estivesse "fora da roda" como escreveu o caio na "dama da noite". Aliás, depois de duas garrafas de vinho eu sempre termino lembrando desse conto e de como queria ter encontrado o Caio para observar, em silêncio, enquanto ele escrevia num dos seu blocos sentado em um bar da Consolação. Sinto o cheiro do que não vi, não vivi, mais um sonho...

quarta-feira, setembro 23, 2009

rimas fáceis

Nunca tinha discutido o que passo para o outro. Sempre soube da minha liberdade e de como era difícil domar o meu desejo, como era impossível segurar as minhas asas, sempre soube que só seria "enfim" quando alguém conseguisse voar junto comigo. Sempre achei que a insegurança fizesse parte da matemática de algumas das minhas relações.

Até que alguém me falou:

"Estar com você é estar em dúvida, não do que eu sinto ou penso mas, do que você pensa e sente".

Porque eu penso antes, porque eu penso até o passo ser dado, depois disso é só acaso, não me preocupo para onde vou, como vou, não me importa o fim. Só interessa o caminho intensamente vivido, isso é necessário!



ps. o título é um link para o blog de um amigo.

segunda-feira, setembro 21, 2009

DO IT YOURSELF!


Eu me quero de volta. Quero sentir o vento no meu rosto enquanto corro atrás dos meus sonhos. Quero sentir que o mundo tem muito a me dar, quero brincar de caça ao tesouro enquanto busco em noites frias, quero sentir toda a minha coragem juvenil correndo pelas minhas veias. Quero o maior, o mais alto, quero mais. Quero sair desse meio termo em que me coloquei, dessas verdades (dos outros) que aceitei, quero me libertar das facilidades e correr mais riscos.

Lembro do punk, ecoa na minha cabeça a frase "do it yourself", lembro que fui assim, escrevi para um fanzine de maceió sobre literatura porque era o nosso espaço, de uns amigos loucos de lá que ainda acreditam poder fazer e falar de literatura. Se a Bravo! não compra as suas ideias, faça o seu próprio lugar, mesmo que seja um xerocadão distribuídos em bares das duas cidades, Maceió e São Paulo. Publicava minha vida em fascículos no blog, abria os meus medos e escancarava os meus desejos, aprendi a guardar, me guardar, só me dar aos poucos e para as pessoas certas. Aprendi a desconfiar, cresci? Acho que falta a minha essência, falta a coragem, até a minha fé falhou, os meus sonhos sumiram, passei a viver a margem de mim, uma Suellen que eu não gosto, não conheço, não quero. Ridículo chorar por ver o meu foco de felicidade se transformar em dor e não fazer nada para reverter o quadro.

Eu preciso reassumir os riscos e as rédeas da minha vida. Coragem? Nunca será em vão.

sexta-feira, setembro 18, 2009

"uninviting... but not half as impossible as everyone assumes"


A força do cotidiano acabou com a educação dos meus pensamentos, imagino você por perto, segurando as suas vontades, vestido de medo, sorrindo para mim como se eu pudesse acabar com as suas certezas, garota mulher com uma força vinda de outro lugar. Mas, você não entende minhas palavras, ignora o sotaque, procura minhas mãos para me fazer parar, só que eu vou além, até o último copo, o último trago.

Afirmo que você errou por achar que acabou a minha munição. Amor, a gente sabe a hora de entrar na guerra e a hora de mudar o esconderijo. Vivo no seu passado como uma estranha enquanto a minha presença no futuro ainda é só uma suposição. Eu amo esse joguinho, as frases se completando, pedaços soltos de músicas estranhas e conhecidas, de bandas já vistas e de histórias já vividas. Você não sabe como me tocar para desfazer as armadilhas, você não conhece o ritmo da música, não consegue dedilhar o violão a procura da melodia, é incapaz de explodir a minha proteção, levemente infantil com um sorriso bobo (que eu adoro).

Você não parece ser você, nesse reino você já não é rei, o xeque mate nesse jogo é diferente, é a rainha a peça mais forte, é o meu jogo, onde eu mando, é assim.


ps. o título é Crying Lightning - Arctic Monkeys.

terça-feira, setembro 15, 2009

nada mais


Às vezes acho que vivo como uma eterna adolescente, não importam as obrigações ou as cobranças, são irrelevantes as expectativas alheias e o que importa é algo que não consigo dar nome ou emprestar cor. Estou cansada de tanta coisa. Cansada de relações vazias para suprir o meu tédio, cansada do que esperem de mim: que seja o tempo inteiro engraçada, esteja sempre arrumada e que nunca saia da linha embora nunca tenha andado por ela.

Os outros me consomem com falsos sorrisos, com falsas palavras, com o que precisam.

Cansei de ser a "menina que pensa demais", queria ser como eles: reativos. Só reagindo ao meio, sem nenhuma ação, só a aceitação do caminho, só que eu nunca soube lidar com humilhações periódicas em troca de uma companhia vazia. O jogo de subtração não me interessa, não tenho tanto assim a entregar, não posso só doar, não consigo me esforçar sozinha para não ver naufragar uma história que nunca vai, de fato, dar certo.

Devo ser como a sonhadora do livro que estou lendo, sempre sentindo falta de alguma coisa, um cheiro, um lugar. Sempre sentindo falta dos momentos de alegria, do vinho nas quadras da escola, de amarrar o cadarço dos outros, das pequenas maldades inofensivas que eram declaradas e não essas contidas. Sinto falta de ouvir HC na época do colégio e achar que íamos mudar o mundo e, fazer acontecer, mesmo que fosse só para manter a tradição.






quarta-feira, setembro 09, 2009

"amanhã vai ser outro dia"

Tenho me sentido estrangeira dentro da minha própria cidade, falta a única pessoa capaz de acompanhar a minha linha de raciocínio sem lógica, faltam os cafés ou o álcool naquele bar com nome de escritor, falta a única pessoa que se interesse pelos trechos dos livros, as letras das músicas, a pessoa com o iPod mais organizado do mundo, separado por artistas, gêneros, acompanhado das capas de todos os discos e de todas as letras. Falta alguém para me fazer parar de ouvir sempre a mesma música "porque aquela outra é tão melhor, su".

A saudades se aglomera em um canto da minha vida que quase não vejo, pouco visito e bastante ignoro. Aprendi a viver sem a presença, sem o abraço, sem o cotidiano. Refiz os meus planos, abandonei o antigo café, faz décadas que não vou ao meu sebo de sempre. Mudei, de novo.

Ao mesmo tempo sei que os Estados Unidos está fazendo dela, um inteiro. A menina que chorou no aeroporto vai voltar maior, mais forte, ainda mais inteligente e cheia de cultura pop, com uma mala carregada de vinis e algumas novidades. São mais cinco meses até a melhor amiga desembarcar em solo brasileiro e até lá?

Não sei.

domingo, setembro 06, 2009

u take all that they're lending until u needed mending

Tenho gostado muito mais de poucos e muito menos de todos. Estranho porque sempre fui uma pessoa que fala com muitas pessoas, conhece várias outras, provavelmente não desce a augusta sem encontrar ao menos um conhecido de alguma época da vida (que passou). Mas, em contrapartida, sempre fui seletiva demais com os humanos. Não diria que racionalizo cada um dos meus sentimentos e entrego eles para "escolhidos", pelo contrário, passionalidade e entrega sempre foram uma constante, mas nunca uma regra. Posso me sentir confortável com um gato no colo por horas e incomodada com uma pessoa encostada no meu ombro por minutos.

Estou na fase de entrega, me entreguei ao acaso, as histórias, aos vídeos, me entrego a arte para me soltar na vida. Me cansou toda a monotonia de sentimentos mofados que acumulei no canto dos meus pensamentos. Cansou a insegurança, o medo, a constante falta de verdade. Cansou esperar uma coisa que já tinha esquecido o quê. Cansou os pensamentos provocados por livros lidos há muito tempo. Cansou os filmes do passado. Cansou toda aquela coisa igual, a mesmice barata que a gente compra por preguiça de sair na chuva em um domingo.

Um maluco que encontrei bêbado no bar leu minha mão e afirmou que na minha vida existirá um momento de ruptura, na minha linha da cabeça que, é a mais forte da minha mão. Previsível, a ruptura acontece quase todo dia, um pensamento novo que move o antigo e sinaliza para o futuro. A essência permanece a mesma, mas o resto, esse, nunca continua igual.




ps. o título é Libertines, cant stand me now.
ps². a coisa da mão realmente aconteceu. agora, é certeza que ele tava de caô e não sabia ler nada. haha!

quinta-feira, setembro 03, 2009

glory box

Confie em mim, confie em mim completamente e lentamente, respire fundo até chegar o momento ideal. Segure as suas mãos longe de mim enquanto eu descubro o seu corpo, enquanto te deixo perto do meu, me deixe seguir o caminho. Tenha fé em mim, é a sua fé em você, tudo que eu sou é o que você imaginou nas noites de insônia. Você pode sentir?

Me mostre a sua força, completamente meu, enquanto eu te levo, é um sonho em você o mesmo em mim. Tudo que você quer, tudo que você não notou, você pode sentir?

Me revele em segundos a sua força contida, o seu sussuro lento, respire no ritmo de uma música com melodia simples, siga o meu corpo. Você pode sentir?

Eu sei que fui uma tentação por muito tempo, mas acabaram as razões para me prender perto de você, você pode sentir falta do que me manteve ao seu lado?


I'm so tired of playing
Playing with this bow and arrow
Gonna give my heart away




ps. o título e a música é Portishead... essa, em especial, absurdamente sexy.


quarta-feira, setembro 02, 2009

every you, every me


Por mais que a indiferença tenha sido conquistada pelas suas atitudes, gosto de notar como você age diante do inesperado, falar que você sempre deixa tudo passar e te ver descer as escadas para conversar sobre algo que você já tinha admito perder, foi bom. Continuei subindo as escadas sorrindo... sozinha.


você não percebeu.