tag:blogger.com,1999:blog-378389022024-03-12T20:12:52.103-03:00claritromicinaUnknownnoreply@blogger.comBlogger1036125tag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-75984551538602711342017-09-25T13:50:00.000-03:002017-09-25T13:50:29.628-03:00para abrir os olhosé como correr sem direção, é como correr até ficar sem ar e mesmo assim não chegar em lugar nenhum. foram anos rodando, anos procurando, anos querendo profundamente. anos que me perdi, incontáveis vezes, me angustiei a cada frustração, anos insistindo em uma busca que nem se quer existia. quantas vezes a gente apenas passa anos insistindo em procurar? sem aceitar que as respostas estão ali, calmas e serenas em um canto de nós mesmos, esperando apenas a gente parar de gritar mais alto do que nossa própria voz e se recolher em nós para ouvir o silêncio das certezas. não sei quantas, mas dessa vez, foi uma delas. gritar mais alto só me deixou rouca, buscar lá fora só me confundiu mais, aceitar tantas mãos e tantos abraços até me deixaram mais fraca.<br />
<br />
depois de tanto rodar, voltei pro ponto de partida e vi que tudo estava ali. apenas ali, me esperando, esperando eu realmente estar pronta para ser. com a paciência de quem sabe que o caminho pode ser longo, que eu me poderia e iria me perder incontáveis vezes, mas a linha de chegada era certa.<br />
<br />
o que realmente importa é o que te quebra em duas cidades, é a paz que a vida me dá aqui e o lar que tenho lá. e, mais uma vez, eu me quebrei em duas cidades, dessa vez, por amor e porque quem tem fé nunca anda a pé. <br />
<br />
feito manhã de natal quando a gente ganhou a primeira bicicleta, uma alegria pura e simples assim.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
21/09/2017</div>
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/VBTCRiKR6zI" width="560"></iframe>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-15840610973049040912017-08-12T19:33:00.000-03:002017-08-12T19:33:44.190-03:00sobre fazeres dias desses encontrei alguém que não via fazia anos, a pergunta mais natural de um paulista é perguntar o que a pessoa tem feito e isso abrange muito mais o sentido do trabalho do que o abstrato. respondi alguma coisa no caminho natural da pergunta e depois me peguei pensando no que eu - realmente - estava fazendo, o pensamento foi engolido nos dias seguintes por outros encontros e momentos, mas voltou no meio da tarde de um sábado.<br />
<br />
entre as coisas ainda deixadas na casa dos meus pais, achei o livro que tem o meu conto preferido do caio fernando abreu e eu já li um total de um milhão de vezes, mas não me cansa nunca. para uma avenca partindo. e, sem aviso, o pensamento do que estou fazendo me voltou com força. eu estou repensando, estou vendo outras coisas, estou lendo mais livros, assistindo mais séries, ouvindo mais as pessoas, tenho ficado também mais em silêncio ouvindo os meus sons e os meus silêncios.<br />
<br />
estou procurando o meu próximo desejo que talvez já esteja em mim, ou não. tenho tido menos paciência e, na contramão disso, criado mais empatia. meus interesses se alargaram e comecei a me sentir uma bagunça tremenda. estive um tempo nadando em mar aberto, onde não dava pé, mas isso me cansou. me aventurar no desconforto dos outros e de mim, me fez reconhecer quem sou e aceitar que gosto da segurança da maresia. tenho repensado e isso tem me coloca cada vez mais perto de mim, de novo.<br />
<br />
<b>o que eu tenho feito? tenho (re)feito e só.</b>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-4806861869311475492017-07-30T22:10:00.002-03:002017-07-30T23:24:40.424-03:00the last oneforam anos de uma companhia silenciosa. foi meu diário aberto, meus sonhos compartilhados, meus amores inventados e alguns verdadeiros. foram minhas anotações de batalhas de quando eu acreditava que a paz só vinha da guerra. foram quase onze anos desse lugar na minha vida, eu apago a luz do blog porque eu já não acho mais que a paz vem da guerra e minhas anotações de batalha viraram momentos gravados na minha memória e na vida.<br />
<br />
parei de procurar paz no desconforto e uma montanha para escalar sempre maior do que a que eu estava, passei a valorizar os meus caminhos mais do que a linha de chegada. e sim, se tiver angústia - e ela como fiel escudeira, existe - eu vou mesmo assim. um dia pós outro, dia a dia, ano a ano, sem esse blog porque viver é também descansar dos nossos fantasmas.<br />
<br />
obrigada a cada um que leu esse blog por tantos anos, a muitos que eu conheci através dele, a cada oportunidade que ele me deu e a cada troca que ele proporcionou.
a gente se encontra, em outras linhas, em um outro lugar, na vida ou nessa terra chamada internet.<br />
<br />
por fim, eu desejo a todos e a mim, todos os dias, apenas coragem. coragem para não desistir de nada que acredito, coragem para aprender nas diferenças, coragem para abdicar de algumas certezas em benefício da dúvida, coragem para continuar deixando a vida me tocar, coragem para sentir, coragem para encontrar alguma poesia nos dias difíceis e paz nos dias mais alegres.<br />
<br />
<b> "às vezes, temia estar feliz demais. ficava mal-humorada (...) ou se mantinha distante. e sua alegria se tornava inquieta, batendo as asas dentro dela, como quem busca uma chance de sair voando"
</b>Chimamanda Ngozi Adichie
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-83533027753426546882016-07-19T17:15:00.002-03:002016-07-19T17:15:23.157-03:00<b>décimo segundo andar</b><br />
<br />
Lembro do seu sorriso quando segurou minha mão pela primeira vez e do jeito nosso que faz cada abraço ser um dos melhores lugares do mundo. Faz dois meses que você me ensinou a sorrir com os olhos enquanto me pede pra falar. Sessenta dias que já coube tanto como se nosso tempo fosse outro.
<br />
<br />
Nesse dia a dia que a gente acumula histórias e bons dias. Nesse jeito seu de me fazer sentir saudades no instante seguinte que o elevador chega no primeiro andar e a gente anda pelo bairro voltando a dividir a vida com os outros.<br />
<br />
Do jeito que consigo dividir meus medos enquanto a gente cozinha, da doçura dos seus gestos me apresentando seus lugares, me colocando na sua vida. Os dois primeiros meses de nós. Dias de simplicidade, de paz, de um conforto enorme em me sentir par.
<br />
<br />
E do mesmo frio na barriga toda vez que aperto o doze que é o seu andar...Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-68060381739977521072016-06-29T17:05:00.000-03:002016-06-29T17:05:22.914-03:00<b>Entre nós</b><br />
<br />
Somos um emaranhado de coisas demais. Um emaranhado de sonhos, de vontades, de coragem, de desejos e de medos. Tenho medos enormes e alguns inconfessáveis. Tenho medo de cobra, de estagnar, de deixar de seguir meus sonhos, do escuro que inebria a vida e de filme de terror.<br />
<br />
Tenho medo de perder meus pais e meus amigos. Da falta de escrúpulos dos humanos. Da situação do país. De deixar de sentir a paz que a música me dá. Tenho medo comuns e descobri que por muito tempo tive medo de ser feliz.<br />
<br />
Muitos anos acreditando que felicidade era só estar. Mas aí você apareceu na minha vida e mostrou que felicidade é questão de aceitar ser. É cultivar a crença de que somos realmente protagonistas das nossas histórias. É sentir aquele medo que provoca frio na barriga pela plenitude do abraço, pelo volume da risada, pela tranquilidade de acordar dia após dia sem campo de batalha. É cuidado, é agrado, é troca.<br />
<br />
É, depois de muito tempo, repousar...<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/frCHPC7M2HM" width="560"></iframe>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-46142376682439527432016-05-07T18:19:00.000-03:002016-05-07T18:22:06.340-03:00<b>(a)mar</b><br />
<br />
Das surpresas que a vida reserva me peguei chorando com um vídeo de casamento noite dessas em um bar. E ali retifiquei a certeza de que o amor me emociona, mas não esse amor ideal. Faz tempo que deixei de acreditar em "ideal", acho linda a ideia de alma gêmea, mas é muita poesia e eu sou prosa. Acredito que o outro é a melhor extensão de nós se somos inteiros, se somos generosos, se somos pacientes, se aceitamos os defeitos e não gastamos energia querendo fazer alguém caber nas nossas expectativas.<br />
<br />
O amor que eleva, incentiva e impulsiona. O amor que faz a gente rir mais alto porque transborda. O amor que muito diz, mas também se cala. O amor que mais liberta do que aprisiona. O amor da companhia, das vontades parecidas, das concessões possíveis. O amor que não é jogo e sim quebra-cabeça. Que ensina a viver no outro abrindo espaços na vida, no armário, na solidão e só flui.<br />
<br />
O amor que não é paz todos os dias, mas que é mais calma que caos. Que tenha sorriso, mas também colo para as lágrimas, que permita olhar o estranho de alguém e ele te toque com carinho. O amor. Todo amor. Sempre amor. Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-50400472897079630002016-04-25T17:50:00.003-03:002016-04-25T17:50:48.659-03:00<b><i>zona de segurança</i></b><br />
<br />
Tem dias que acordo e sinto falta da gente. Sinto falta dos sorrisos, das frases desconexas, da falta de sentido, de resolver o mundo inteiro nas mesas dos bares da nossa cidade. Sinto falta de ter você a distância de um metrô depois de um dia cheio.<br />
<br />
Sinto falta dos vinhos no Urbe, dos discos acumulados, dos livros discutidos, das viagens programadas e ainda não feitas. Sinto falta de torcer por aquele seu amor antigo mesmo admitindo que é melhor assim. Falta as noites na sua casa ouvindo os últimos trinta vinis que você comprou na última viagem. E a sua visão prática que divide tudo em compartimentos e que eu tento tanto aprender.<br />
<br />
Sinto falta das cervejas no vão livre do MASP enquanto todos passam apressados na Avenida Paulista. E de como eu odiava te esperar e como você sempre me deixava esperando. Das viagens todas que acumulamos tantas histórias, das suas histórias todas que são tantas que é sempre capaz de divertir uma noite inteira. Dos churrascos na casa dos seus pais. Das músicas horríveis que só a gente gosta e das novelas que a gente discute. De quem você se tornou e da responsabilidade que combina tão bem com você.<br />
<br />
Sinto falta de você reclamando que o som tá alto, que eu não paro de digitar, que estou ouvindo a mesma música pela milésima vez e protegendo nossa vida quando achamos que seria possível pular de casa até a piscina do clube. Das tardes no shopping, do seu dom de encontrar as coisas que eu vou gostar e nem tinha notado. De quando minha mãe chegou com você em casa e eu te amei desde o primeiro berro. Mas também odiei quando você pegou mil vírus no meu computador porque aprendeu a baixar música.<br />
<br />
Saudades, meninas, de todas nós e nossos nós.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-85002319366064509452016-03-20T21:30:00.001-03:002016-03-20T21:32:18.820-03:00<b><i>Se eu lhe disser que a vida é boa</i></b><br />
<br />
Gosto muito do outono no Rio. Os dias exigem menos alegria que o verão e emprestam mais calma. A temperatura é mais humana, as cores mais bonitas, o casaco pendurado na bolsa é menos julgado embora eu ache ele sempre muito necessário porque carioca não sabe brincar com ar condicionado em estação nenhuma.<br />
<br />
Gosto muito do outono em São Paulo e seu vento frio. Os seus cafés, os vinhos a tarde, as exposições de domingo.<br />
<br />
Acordei mais paulista do que o comum, meus amigos se dividiam entre a ressaca da festa de ontem, a preguiça e a praia. Senti falta da melhor amiga, a única pessoa que me visita e com quem separo um dia todo para percorrer museus apesar da praia, do calor, do sol e das outras infinitas possibilidades cariocas. Pensei que faz anos que a gente muda o tempo todo e nesse tempo é ela quem vai sempre topar ir numa exposição em uma tarde de domingo.<br />
<br />
Apesar de ficar muito mais sozinha agora do quem em São Paulo, é impressionante como fui perdendo minha capacidade de estar só, coisa comum como pegar o fone e ir dar uma volta sem ninguém é cada vez mais raro. No Rio sempre tem mais gente na rua, sempre tem alguém chamando pra fazer alguma coisa ou fazer nada olhando o mar. Mas hoje era o meu dia. Era o dia que eu queria visitar quem eu costumava ser, ir ver a exposição que termina na semana que vem, me apropriar do meu tempo. Colocar um vestido, tênis, pendurar a jaqueta na bolsa, o disco do Caetano e Gil no Spotify e ir andar no ritmo dos meus passos. Voltar da porta do prédio porque avisaram da promoção de passagem e não me sentir culpada porque tem alguém me esperando. Passar na padaria e tomar café no metrô. Ver a exposição e ficar um tempão parada na frente da mesma tela.<br />
<br />
Tem dias que a gente lembra como estar só é diferente de solidão. E depois você encontra os amigos, almoça naquele restaurante peruano que morria de medo de detestar e termina o dia com uma cerveja vendo o pôr do sol porque o Rio me deu uma coisa que teimava em não enxergar: infinitas possibilidades.<br />
<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/HUCw84aDvGU" width="560"></iframe>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-9906147318373557842016-03-05T23:39:00.000-03:002016-03-05T23:39:29.485-03:00<b>Eu sei onde você está</b><br />
<br />
Tem dias que quero ver o sol nascer. Dançar até de manhã e rir até a barriga doer. Tem dias quero acordar cedo e ir fazer uma trilha qualquer pra sentir a natureza ainda mais perto. Tem dias que as noites inteiras são sonhos e outros que apenas sono.<br />
<br />
Tem dias que quero ficar a tarde inteira deitada no sofá da minha sala revendo um filme que me emociona. Em outros quero novidades e pôr do sol. Tem dias que viajo e visito o meu passado enquanto ouço aquelas bandas que fizeram parte de tanta vida. Vou a São Paulo, vejo os palcos, alguns reais e os que usei para representar a minha própria trama. Vou a Bahia e sinto o cheiro dos dias leves. Tem dias que vou a lugares que nem conheço.<br />
<br />
Tem dias que meus amigos e família são o melhor lugar do mundo, em outros é um livro, em alguns só a música.<br />
<br />
Tem dias que tudo parece tempestade de vento e outros que viver é como um rio que segue o curso natural das suas águas.
Tem dia que quero muito e outros que prefiro pouco.<br />
<br />
Entre tantos quereres, todos os dias, agora também quero você.<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/YCrUhswJJnA" width="560"></iframe>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-23072925283918951482016-02-29T21:16:00.001-03:002016-02-29T21:17:45.342-03:00Tem dias que a gente se pega olhando para si de um lugar onde nunca esteve. Uma nova pedra alta que me dá outra perspectiva de mim. Uma praia nova que me mostra o mar de outra cor. A alma toda de maresia.<br />
<br />
Tem dias que me pego olhando o outro de um lugar onde nunca estive. Enxergo outras cores, escuto outros risos, ouço novas vozes. Uma trilha nova que me leva a outra cachoeira.<br />
<br />
Tem dias que a gente ouve uma música que ouviu mil vezes e ela te diz outra coisa. Ela te toca de outro modo. Ela te ilumina com uma nova luz. Ela te joga no mundo ao invés de acolher como sempre. No fundo, somos só o emaranhado das nossas mudanças, das nossas certezas, dos outros que te tocam em som e sol. Somos um emaranhado de sons, de vozes, de risos e principalmente de silêncios. Muito sempre calo de tudo que digo.<br />
<br />
<b><i> Mas tem dias que...</i></b><br />
<b><i><br /></i></b>
<b><i><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/A7Z_qIJwaZs" width="420"></iframe></i></b>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-32252894539259630652015-11-07T02:33:00.001-02:002015-11-07T02:33:17.229-02:00<b>Só chove lá fora</b><br />
<br />
Tem dias que a gente ganha anos inteiros. É como se nossa vida passasse diante dos nossos olhos e a gente tivesse aquela oportunidade que tanto pediu. Faz dois anos eu queria mostrar que estava diferente, que não ia mais cometer os mesmos erros, que tudo estava tranquilo em mim. Só que, por dentro, eu era mar revolto. Por coincidência do destino em uma noite de tempestade lá fora, por dentro, eu fui calmaria.<br />
<br />
Faz dois anos vivia como se eu quisesse maquiar minhas dores e colocar a vida em um filtro do instagram. Naquela vontade de acreditar na ilusão que a gente cria nas imagens das nossas vidas perfeitas nas redes sociais. Tudo tão novo e desconhecido em mim. O sentir tanto e tudo, eu que nunca fui dada a nada do qual não tivesse controle, me vi tempestade. Era o calor da cidade nova que baixava a pressão e me fazia sentir mal, as incertezas todas, um fim truncado e um começo ainda indefinido.<br />
<br />
Lembro que passei um ano inteiro da minha vida me sentindo inerte. Respondia aos estímulos da vida, andava sem linha de chegada, só porque os dias me empurravam pelo caminho. Construía casos e acasos, não me conectava a nada e nem ninguém, era como passarinho que aproveita o voo sem plano.<br />
<br />
Aí, em uma noite de tempestade, é só lá fora que chove, aqui dentro um sol me ilumina. Faz diferença a gente se apropriar. Conduzir e não ser conduzido. Sentir e ser dona da própria vida, dos próprios caminhos, das escolhas, do acaso todo que já não me deixa inerte. É a vida que escolho, dia após dia, nesses anos que me mudaram da cabeça aos pés. É apropriação das próprias causas. É reclamar de quem para do lado esquerdo da escada rolante, e por coerência, não parar. É reclamar de quem julga e não julgar. É querer espaço e conceder espaços. É querer paz e ser paz. É querer viver com alguém que tenha maturidade e não fazer cena por besteira. É querer estar livre e ser liberdade. São pequenos gestos de coerência, enfim!<br />
<br />
ps. porque to fascinada por esse EP, sim!<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/4WdTMSRd6a8" width="560"></iframe>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-51524903043375111912015-05-31T22:12:00.001-03:002015-05-31T22:14:32.070-03:00<b><i>Gosto de você pra planar</i></b><br />
<b><i>Planos soberanos</i></b><br />
<br />
Aconteceu muita coisa de novo. Mais uma vez tive que olhar meu passado nos olhos para me voltar ao futuro. Por algum tempo foi só presente. Viver os meus dias, um de cada vez, leve de sentido e também ausente de sonhos maiores. Como em uma relação já desgastada, porém confortável. Como em uma vida apenas inerte, porém não estagnada.<br />
<br />
Nem a cidade que escolhi já não me atordoava mais com sua beleza. Um tempo desperdiçado esse que não se vive com alguma paixão. Os dias eram todos iguais até eu decidir que era preciso mudar de novo. Mas, mudar dessa vez, sem distâncias geográficas. Era hora de deixar tudo passar. Me desfiz do desgaste que sempre foi a tentativa de cruzar retas paralelas. Restabeleci em mim a rotina que melhor me cabe. Os amigos leves, os shows, a praia e a minha própria companhia. Tem horas que ficar sozinho é a única maneira de se ouvir.<br />
<br />
Tem também horas que o outro é a nossa melhor ponte com nós mesmos. Por bem ou por mal, alguns te mostram impossibilidades absurdas e outros apontam caminhos iluminados. Tem quem esbarre em sonhos adormecidos e nem imagine que te tocou assim. Tem gente que começa, dia após dia, aparecer na sua vida em pequenas sutilezas. Pessoas que timidamente conquistam espaços, gente que você pode voltar a viver sem, mas prefere não.<br />
<br />
O bom é que não existe distância entre essas pessoas. É aquele amigo que aparece com um band-aid ridículo em um machucado conquistado de um jeito pior ainda. É quem se desperta uma tremenda crise alérgica porque comeu camarão sem saber. É quem te quebrou, sem pesar, entre duas cidades e sempre te ajuda a reconectar. É quem você ensinou a andar de bicicleta e quem te ensinou a dividir. São as relações estabelecidas em paz. E é também aquela que...<br />
<br />
ps. dá play ai que o título é dessa música que me dá vontade de morar dentro dela.
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/7NSdIllPIsA" width="560"></iframe>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-1962388976732275152015-03-09T17:40:00.002-03:002015-03-09T17:45:24.661-03:00<b>"E é bom, ein?"</b><br />
<br />
Cinco anos atrás, se alguém me falasse que minha vida seria como é hoje, eu iria dar risada. Tudo foi acontecendo. Uma sucessão de paixões que me levaram até aqui. Paixão pela música. Paixão por rádio. Paixão por alguns ideais. Paixão pelas ideias que discutia com até então minha chefe. Paixão pela garota que abraçou uma ideia vaga e um sonho grande. Paixão pelos caras que entraram nesse barco que a gente nem sabia direito aonde nos levaria. Paixão pelas pessoas que encontrei no caminho.<br />
<br />
Quando se tem 20 anos e uma sede de mundo insaciável, as vontades são coisas difíceis de conectar, se quer tanto e tudo, que a gente se embriaga de meias verdades o tempo inteiro. Hoje olho pra trás, <a href="http://www.pitty.com.br/boteco/?p=193" target="_blank">leio esse texto e lembro que aconteceu tal qual Pitty escreveu</a>. O Segunda Sem Lei, nosso eterno filhote, nasceu de uma entrevista, de uma pesquisa que fiz a fundo da vida dela pra fugir do lugar comum, da minha curiosidade latente do que movia tanta gente ao redor daqueles pensamentos. A curiosidade sempre me moveu, sempre li biografias de cantores na intenção de entender a mágica que envolve a identificação que sentimos com alguns acordes. E, ali naquela entrevista, não encontrei respostas concretas porque a música é uma verdade abstrata. Toquei a identificação, filmes/livros e músicas que dividíamos e até então não tinha me permitido enxergar no que ela produzia. Me tornei uma das admiradoras daquela pequena mulher que virá uma gigante no palco, mas principalmente da pessoa com pensamento rápido, analítico e sempre gentil.<br />
<br />
E, agora cinco anos depois, um ano de terapia, quase dois anos fora da casa dos meus pais e uma sede ainda insaciável porém mais contida. Já não me embriago com as meias verdades. Não me interessam mais metades. Quando se encontra em você aquela ponta solta do que é seu desejo e a as permissões que você dá ao outro; a vida fica mais calma, mais leve e menos urgente. Viver virou mais maresia do que tempestade e foi isso que senti no Circo. O reencontro com aquela garota de 20 anos em paz, sem tempestade, só maresia.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-XKwnbkt5Ka8/VP4FN30zS_I/AAAAAAAAAuY/62olC5sREF4/s1600/segunda%2Bsem%2Blei%2Bnoiz.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-XKwnbkt5Ka8/VP4FN30zS_I/AAAAAAAAAuY/62olC5sREF4/s1600/segunda%2Bsem%2Blei%2Bnoiz.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-69567457421437391842015-03-01T22:21:00.001-03:002015-03-01T22:21:48.822-03:00<b>Viva a carioquice</b><br />
<br />
O Rio completa 450 anos e eu 1 ano e 4 meses de Rio. Porque alguns tem a sorte de nascerem Rio e outros se tornam, começam a marcar o tempo desde que renascem nessa cidade, porque viver no Rio é quase um renascer. Nem tanto pelas praias lindas que encantam no primeiro momento, mas muito pelo que vem junto.<br />
<br />
Aqui todos viram amigos. O moço da mecânica perto da sua casa. O outro que guarda carros. O outro que tem uma concessionária na esquina do seu apartamento. A galera do salão. Os porteiros dos seus amigos. Os amigos todos que você faz ao acaso dos dias, os amigos de amigos que viram seus e os seus que viram amigos dos seus amigos. De repente, você se sente parte de um enorme lugar que é essa cidade.<br />
<br />
Começou com paixão de verão e depois se tornou um amor incondicional. Lido bem com as criticas a quem amo porque até os mais amados guardam seus defeitos e desagradam alguns. Mas, com você é diferente, seus defeitos são quase perdoados. Seu trânsito caótico tem vista pro mar. Suas ruas confusas tem nomes conhecidos da minha cidade de até então. Sua temperatura desumana se tranquiliza dentro do seu mar revolto.<br />
<br />
Feliz ano novo, meu amor, que o nosso amor se renove por mais muitos outros. É a você que quero entregar meus filhos que correrão na praia e crescerão com esse despudor que você dá aos seus. É até esse seu sotaque que quero entregar ao que vier de mim. Que nunca falte Rio e mar. <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-1z9F3yeGmuQ/VPO7Jmdc4XI/AAAAAAAAAtw/PogavZQHk-g/s1600/gildanocantagalo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-1z9F3yeGmuQ/VPO7Jmdc4XI/AAAAAAAAAtw/PogavZQHk-g/s1600/gildanocantagalo.jpg" height="320" width="320" /></a></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-10420978038590816532015-01-18T23:37:00.001-02:002015-01-18T23:37:54.860-02:00<b>Postcards from Rio</b><br />
<br />
Dia 18 de janeiro e um ano inteiro aconteceu dentro desses poucos dias. Desde que aceitei acampar em uma praia muito distante sem nenhum sinal no celular ou qualquer contato com a internet. A partir do momento que respondia com um sorriso nervoso a cada vez que me perguntaram "você vai acampar mesmo?" ou "e se chover?" ou "você comprou remédio, repelente, tá levando protetor o suficiente?". E, foi dada a largada para aventura, muitas horas até a praia foram recompensadas por dias cheios de paz, uma conexão forte e profunda com quem estava ali comigo. É engraçado, mas depois do celular, quase nunca estamos presentes. Nos revezamos para carregar o celular e fazer as fotos que depois seriam enviadas a todos, mostrávamos com o aparelho passando de mão em mão e comentamos ali mesmo, mais pessoais e reais do que os nossos comentários soltos no instagram, que aconteceram dias depois, é verdade, quando cada um já tinha voltado as suas rotinas tecnológicas.<br />
<br />
E foi essa semana que o Rio começou a me mostrar que o calor é forte e meu corpo paulista ainda não está plenamente adaptado. É estranho ficar doente quando se está longe dos pais, mesmo que tenhamos mais do que vinte e cinco. Mas, é diferente quando você está na cidade que escolheu e te escolheu. Com as pessoas que te escolheram também. Meus amigos me chamaram pra ir em uma festa linda, confirmei e logo depois percebi que subir o Cantagalo com a pressão oscilando não era uma boa ideia. Outros me chamaram pro Jardim do MAM, mas o sol forte tão pouco seria sutil ainda que naquele lugar lindo. Como nos dias que queremos colo de mãe, passei o fim de semana onde me reconheço. O almoço de sábado que se estende tarde a dentro com um sacaneando o outro no melhor estilo Grande Família. No jantar de domingo depois de uma visita ao hospital, duas injeções, uma volta no shopping e uma passada na livraria.<br />
<br />
E, assim, eu filha única até os oito anos acostumada até então a me inventar sozinha percebo que o melhor foi aprender a me inventar com os outros. Cada um ocupando seu lugar no meu kit de sobrevivência, com a licença poética da Maria Ribeiro em um dos contos do livro que li hoje, de uma vez só. E se hoje o mundo gira dentro da minha cabeça, eu paro, me equilibro e sorrio. Por cada "se você precisar de qualquer coisa" ou "me liga qualquer hora" ou cada frase que me faz sentir parte de mim e de vocês. E que a vida seja sempre uma viagem sem sinal no celular onde a gente realmente se conecta.<br />
<br />
Agora sim, feliz ano novo! :)<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-EWXriGCy3Lk/VLxf50QU5FI/AAAAAAAAAtc/76uCy3OuBbs/s1600/gildanocantagalo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-EWXriGCy3Lk/VLxf50QU5FI/AAAAAAAAAtc/76uCy3OuBbs/s1600/gildanocantagalo.jpg" height="320" width="320" /></a></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-44648318812799019672014-12-29T23:30:00.002-02:002014-12-29T23:30:57.778-02:00<b>Um dia após o outro</b><br />
<br />
De fato, nada como um dia após o outro. O ano começou em uma plena bagunça, me perdi completamente e Clarice estava certa quando disse que se perder também é caminho. Um desencontro total foi o que precisava para me encontrar. Descobrir o que verdadeiramente era desejo meu e o que vinha dos desejos alheios. Deixei de atender as expectativas alheias e dia após dia fui buscar quais eram as minhas.<br />
<br />
Foi um ano lindo, intenso e com dias mais azuis do que cinzas. A mudança geográfica ajudou, é claro. Tristeza não fica se observada sentada diante do mar. Dia desses um amigo me disse "a vida é bem melhor aqui, estaria fazendo nada se estivesse em São Paulo", estávamos fazendo exatamente isso, nada, só que nada com tomando um matte no Leme.<br />
<br />
Do nada que me permiti esse ano, fiz muito e o mais importante, fiz o movimento que proporcionou diversos encontros. Amigos inimagináveis. Uma família nova que ganhei. Uma ligação mais forte e generosa com a minha família de sangue. A certeza de que tenho amigos verdadeiros que continuarão ao meu lado contrariando quaisquer quilômetros.<br />
<br />
"I don't belonge here" já não faz o mesmo sentido de antes. Minha tatuagem virou marca de um momento e a possibilidade de entender que não pertenço aqui ou a qualquer lugar porque pertenço a todos os lugares se estou em paz comigo. Sou morada de mim e de todos os meus amores, amigos e famílias. Carrego em mim tantas, tantos e todos por quem tenho afeto.<br />
<br />
Foi esse ano também que me conectou com as pessoas de uma forma mais simples. Comecei na longa e complexa missão de destruir diversas expectativas e aceitar cada um nas diferenças. Ainda falta muito, mas pelo caminho do meio, eu sigo mais leve.<br />
<br />
Que o ano novo seja ainda mais cheio de sentimentos bons, pessoas de paz, risos fartos e que não falte saúde nem maresia.<br />
<br />
<b> Namastê!</b>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-50021800487159725972014-11-10T19:30:00.001-02:002014-11-11T17:52:12.532-02:00<b>on my way to heaven</b><br />
<br />
Agora voltar pra casa é seguir o caminho contrário. A cada vinda tudo parece ter realmente tomado uma forma ainda melhor. Por certo, escolher amigos é uma arte que domino, pessoas de almas encantadoras e sorrisos fáceis. Da família, a falta de rotina conserva apenas a leveza e o carinho de encontros.<br />
<br />
São Paulo já não me desgasta tanto quanto antes porque eu já não me gasto assim. Não admito cobranças, sigo livre porque é a liberdade que me prende. Deixo ir tudo que quero que fique para que ficar seja uma opção e uma escolha. Sigo livre para que ficar seja também uma opção e uma escolha. Passei tempo demais gastando energia correndo pela vida, consumindo noites, gastando dias e desperdiçando tempo ao confundir prazer com felicidade.<br />
<br />
Não existe desconhecido maior do que o que não vemos de nós mesmos. E, por vazio, tentava encher a vida com tudo. Sempre o máximo. Grande, alto e desafiador. Aceitava as expectativas de qualquer um só pra não ter que ouvir as minhas. Era mais fácil caber na história de alguém do que admitir que não sabia verdadeiramente o que queria fazer com a minha.<br />
<br />
Inconscientemente, peguei uma estrada de mão única, medida por uma unidade desconhecida, nem passos ou quilômetros. Encarei uma porção de medos. Fiquei sozinha e no silêncio escutei diversas vozes. Com paciência, aprendi a lidar com meus fantasmas. Entendi que o ciúmes era só fruto da minha insegurança. A minha insegurança era fruto da falta de autoconfiança. Já a falta de autoconfiança era fruto de me desconhecer, pro bem e pro mal. Pro bom e pro ruim.<br />
<br />
Agora, parece que é mais simples contemplar dias felizes. Eles tem algumas pessoas, dias na praia, uma trilha nova, sorriso de desconhecidos ou conhecidos nas ruas, encontros e alguns desencontros também. Porque, sim, como diria, Clarice, "perder-se também é caminho", nessa estrada de mão única, tenho evito as bifurcações. Sigo por onde e por quem segura algumas lanternas. Que os dias sejam doces e iluminados com mais verão e mais Ridijaneiro. Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-56316496456870445872014-10-15T23:50:00.003-03:002014-10-15T23:57:14.509-03:00<b>Natural</b><br />
<br />
Uma amiga me lembrou que exatamente um ano atrás ainda não sabia se viria no dia 21 ou 28. Que já tinha avisado que ia sair da rádio e assinado o contrato com a empresa nova. Meus planos eram tantos, acreditava realmente que poderia fazer tudo do meu jeito, mas a vida tem realmente o seu próprio.<br />
<br />
Quase um ano atrás chegava no Rio com uma mala, o travesseiro de sempre, diversos sonhos e apenas uma perspectiva. No caminho um único disco que me acompanha até hoje e coincidentemente começa com um sample do Nação Zumbi que diz "deixar que os fatos sejam fatos naturalmente sem que sejam forjados para poder ser". E a cidade desde a primeira semana, quando trabalhava no centro do Rio, me presenteou com um dia com a sensação térmica fim do mundo, deixando claro que todos os fatos seguiriam naturalmente. Aliás, natural é outra coisa que ganhou mais um significado, quando no Rio você pede uma água e te olham quase com um olhar de desculpas e dizem "mas, tá natural" em São Paulo pensava "sem gás, ótimo" aqui quer dizer sem gelo, ou seja, a temperatura de fazer um chá. Até o natural ganhou mais cores.<br />
<br />
Cheguei e logo senti falta da minha rotina. Tinha a barreira da língua, do trabalho, quase não falava português porque trabalhava com uma francesa. Senti falta dos meus amigos da rádio e de quem conhecia o meu riso já gritando um "manda aí, Su" porque sem dúvidas tinha achado um vídeo novo na internet. Faltava os primeiros acordes de uma música que fazia alguém surgir do meu lado já fazendo a coreografia da nova música do momento. Faltava as mentes malignas pensando na próxima sacanagem que faríamos com um novo estagiário desavisado. Faltava muito e logo faltou tudo. Porque minhas certezas eram frágeis demais para se sustentar.<br />
<br />
Mas, passou, foi passando, fui me encontrando no que seria dali adiante. Nunca me reencontrei porque a estrada criou mais do que uma distância geográfica da minha vida de antes. E, agora, um ano depois, tenho apenas uma enorme gratidão pela família que me acolheu e me fez sentir parte dela. Aos amigos que estiveram sempre por perto ainda que por alguns momentos longe. Aos encontros que a vida me proporcionou. A rotina que estabeleci onde cabe a praia de todo fim de semana. E, principalmente, a música que seguiu sendo a luz dentro dos túneis escuros que atravessei.<br />
<br />
Feliz um ano, para nós, Rio!<br />
<br />
<i> Mas se nada será como foi, mas deixa ser como tem que
ser</i><br />
<i>que seja eterno enquanto acontecer</i><br />
<i>pra mim, pra você e pra quem quer que exista</i><br />
<i>por mais difícil que possa parecer, sempre insista</i><br />
<i>nunca foi fácil, não é nem nunca será</i><br />
<i> sempre foi difícil, é e ainda será</i><br />
<i> ainda </i><i>me lembro.. ainda me lembro</i><br />
<i><br /></i>
<i><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/0Z0lueKg_S0" width="420"></iframe></i><br />
<i><br /></i>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-71216662074496782512014-10-01T23:36:00.000-03:002016-05-01T01:27:25.710-03:00<b>Base de um descanso milenar</b><br />
<br />
Daqui um mês faz um ano que cheguei no Rio sem saber nada do que me esperava. No começo foi bem difícil, sim. Admito, teve momentos em que pensei em voltar pro conforto da minha vida de antes. Demorou um tempo até eu me encontrar, tivemos uma crise, o relacionamento ficou balançado, mas foi depois da crise que passamos da paixão de verão para um relacionamento de amor manso. O Rio me deu o espaço que eu precisava para ser e eu me dei com ele porque nós não nos julgamos.<br />
<br />
Descobri o prazer do nada. Em São Paulo a gente sempre tem alguma coisa pra fazer: um filme em cartaz, a peça de um amigo, o show de um outro conhecido e uma crescente ansiedade movida pela sensação da necessidade de fazer tudo. A gente pouco se permite ao nada. No Rio, descobri o prazer de ficar uma tarde inteira na praia esperando o moço do mate passar ou simplesmente aproveitar a alegria de nada esperar (e nem desesperar). Depois que deixei de procurar a felicidade como único modo de me sentir em paz, ela se tornou o caminho.<br />
<br />
No Rio você diz que vai marcar muitas coisas, mas a verdade é que não vai marcar nada, mas vai encontrar os seus amigos nos bares, nos cinemas ou na praia porque aqui as pessoas estão quase sempre na rua, é fácil encontrar. E não pode criticar a cidade, falar da coisa terrível que eles chamam de pizza, pode causar uma discussão real. Mas, sou paulista, né? E, desculpa, Rio, mas a pizza é um problema.<br />
<br />
Depois de quase um ano, não consigo viver um fim de semana sem ir a praia, fim de semana sem ir a praia é quase um desperdício. E ainda acho incrível ver o Cristo. Também aprendi a "admirar a vista". Já peço mate até em restaurante, mas ainda não consigo gostar de biscoito Globo. Acho uma heresia o que chamam aqui de "tirar a ponta" do esmalte. Ah, confesso, dias desses falei biscoito ao invés de bolacha.<br />
<br />
Até meus hábitos paulistas ganharam mais leveza. Saio pra jantar de chinelo, vou a livraria na esquina de casa de chinelo e já tenho uma pequena coleção de havaianas. Aqui tudo bem, tá tudo sempre bem.
Agora a vida me encanta mais. As pessoas me interessam mais. O outro é também uma conexão que faço comigo. Ainda penso muito mais do que deveria e ainda tenho medos inconfessáveis. Mas verdade seja dita, nesses onze meses o Rio me deu uma fé enorme. Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-66603774838430761972014-09-10T01:51:00.000-03:002014-09-10T01:51:00.157-03:00<b><i>Sob a tempestade que chamam desejo </i></b><br />
<b><i>Que também é o nome do bonde que pego </i></b><br />
<br />
Faz um tempo eu não sabia o quanto me distanciar do até então me deixaria perdida diante do aqui adiante. Faz um tempo vivia projetando todo o tempo. Preocupada demais com o futuro para conseguir viver o presente. Preocupada demais com as expectativas dos outros para conseguir ouvir as minhas. Ouvindo demais vozes que falavam o tempo todo ao ponto de não conseguir me ouvir.<br />
<br />
Faz um tempo que encontrei a vontade e um medo enorme do desconhecido. Tudo parecia tão grande a ponto de me engolir. A insegurança parecia mais areia movediça do que sossego. É diante dela que me encontro hoje ainda mais forte, mais firme, mais certa de que o certo é realmente areia movediça.<br />
<br />
Faz um outro tempo que me sentia sempre sozinha, por mais que rodeada dos meus amigos, da minha família, dos meus amores inventados. Hoje parece que faz tanto tempo que tinha medo de mergulhar em águas frias, em sonhos desconhecidos, em verdades nunca vistas.<br />
<br />
Faz um tempo que me fazia surda diante dos meus desejos. Hoje é tudo realmente muito mais do que apenas sim ou não, sou eu e ser apenas eu tem me feito um bem enorme. As minhas vontades se alargaram, meus sonhos aumentaram, minhas pessoas se abriram em várias e até o meu sorriso platônico se alimenta de uma verdade que até então me parecia sonho muito mais distante.<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/kGeH6QSGe_g" width="420"></iframe>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-19837379535589831082014-08-25T23:21:00.002-03:002014-08-25T23:21:15.296-03:00<b>Por menos homens de lata </b><br />
<br />
Faz meses que desembarquei nessa cidade e nessa vida. Sim, mudar de cidade é quase como mudar de vida, é uma página em branco sem passado ou nenhum futuro pré-escrito. É um infinito de possibilidades onde a gente apenas se perde. Ter muito é sempre ter nada. Queremos ser infinitos e ser infinito é tão amplo. Revi aquele filme, chorei exatamente na cena onde ele no carro diz ouvindo Heroes do Bowie "e naquele momento eu seria capaz de jurar que éramos infinitos".<br />
<br />
Ainda sinto muito por tantos serem e se sentirem invisíveis. Fui na rua em uma madrugada dessas e vi um senhor tentando levantar um número sem fim de latas, tentando equiparar o peso delas nas suas costas, ofereci ajuda e ele me sorriu sem jeito dizendo que conseguiria só. Não sou nem um milimetro melhor do que ninguém, mas não poderíamos ser todos um pouco mais humanos com senhores e vidas assim? Quando construo minha vida aqui vejo tantos indiferentes a situações menos ou tão quanto discrepantes. Não sou um senhor de latas nas costas, porém quase fui alguém sem fim em uma cidade que não era a minha. No exterior reclamamos da indiferença dos outros diante das nossas dificuldades, mas quando vemos a diferença dessas pessoas diante do nosso conforto, me pergunto: o que fazemos? Quanto somos realmente gentis com um gringo sem direção? Quanto realmente ajudamos alguém diferente da nossa cultura a achar um lugar em cidades tão próximas de nós?<br />
<br />
Acho mesmo que como o senhor que se assustou comigo, também não me habituei com enormes gentilezas, tive muitas vindas de pessoas realmente incríveis que me adoram e criaram diante de mim o que é hoje o meu mundo possível. E sei com alegria e conforto que diiante desse mundo existirão quaisquer outros mundos possíveis. Mas, foram poucos e muito bons quem se dispuseram a me ajudar a levantar o meu próprio saco de latas sem jeito.<br />
<br />
Queria realmente ter ajudado ao senhor das latas e pedir minhas sinceras desculpas se minha gentileza o assustou. Torço, realmente, para que um dia em nenhum país ou naturalidade a gentileza assuste. Seguimos assim, um tanto sem jeito, em um mundo por menos homens de lata e mais pessoas reais.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=37838902" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-mCFnuB-br7Q/U_vtsZ8PiDI/AAAAAAAAAsI/TqtBxGtKEto/s1600/as%2Bvantagens.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-mCFnuB-br7Q/U_vtsZ8PiDI/AAAAAAAAAsI/TqtBxGtKEto/s320/as%2Bvantagens.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
and in this moment, i swear, we are infinite!</div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-39095413180391232482014-07-11T00:15:00.000-03:002014-07-11T00:15:31.295-03:00<b>Mulher sem razão</b><br />
<br />
A vida me mostrou um outro mundo possível. Uma vida em branco, onde eu escrevo cada palavra, posso mudar e ainda assim ser constante. Posso ser constante e ainda assim mudar. Me conheço em cada passo dado. Como se fosse um livro sendo escrito, não apenas lido, porque sigo sendo protagonista de mim. Hoje tenho medos diferentes, não mais medo de sentir e nem me entregar, apenas medo de me tornar coadjuvante de um abstrato nós.<br />
<br />
Quero viver sempre apesar de, como disse Clarice, como penso eu hoje. Apesar de tudo sempre viver cada um dos sorrisos e até das lágrimas possíveis. Com menos proteção e mais verdade. Tenho entrado em comunhão comigo, sido mais leve, sido mais e por isso, leve. Me encanta a verdade dos gestos, a delicadeza do outro, os sonhos e o passado alheio que se mostra devagar e em vagar. Quando se vaga aparentemente inerte, porém certo de que a ilha que é outro, é algum lugar que gostaríamos de atracar nosso barco.<br />
<br />
O carinho genuíno me faz sentir esperança. O desinteresse desperta meu interesse porque é onde nada se quer que somos apenas real. A vida, a cidade nova, os sonhos, as pessoas e o estado que estou (não apenas geográfico) me deu outro mundo possível. Que bom.<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/0YzakUik0iM" width="560"></iframe>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-3005796734525408072014-06-24T23:12:00.000-03:002014-06-24T23:34:58.073-03:00<b>É tudo novo de novo </b><br />
<br />
Confesso que gostaria que tivesse sido diferente, que tivéssemos mudado na mesma direção, no mesmo tempo, na mesma sintonia. Que algo em mim harmonizasse algo em você e que a reciproca existisse. Queria ter sonhado sonhos juntos. Queria ter vivido em realidades não só paralelas, porque linhas paralelas nunca se encontram, queria que fossemos mais interseção que distâncias.<br />
<br />
Mas, veio a vida, essa que por si só toma conta dela mesma. Veio o movimento e se fez. Me mudou inteira. Me fez voltar pra roda a fim de ver o que me cerca. Me fez voltar a procurar cor no ar. Alegria no desconhecido. Vontade em possibilidades.<br />
<br />
A vida é realmente como um jogo de xadrez, um passo em falso, e lá se vai um peão. Em uma madrugada dessas, eu e o um amigo voltávamos andando e falando sobre o infinito de possibilidades. Sobre como a vida adulta te cobra posições, decisões e como isso gera uma infinita ansiedade. Uma escolha é também a aceitação de uma perda.<br />
<br />
Eu não fiz todas as escolhas certas, mas aceitei o resultado de todas elas. Já deixei gente incrível partir enquanto abracei meu orgulho. Já acreditei demais e era menos. Já acreditei menos e era mais. Já me apaixonei mil vezes pela mesma pessoa e já me desapaixonei por uma ação do vento.<br />
<br />
Faz pouco tempo que percebo o infinito das opções em mim. Faz algum tempo que sou mais do possível do que do abstrato. Faz tempo que somos apenas retas paralelas.
<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/DJpJlCn1z58" width="420"></iframe>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-14240275332137447602014-06-07T00:26:00.002-03:002014-06-07T00:33:10.175-03:00<b>If your heart was full of love could you give it up?</b><br />
<br />
Minha mãe me perguntou dia desses porque ainda sofro tanto com a sua partida. O problema é que não é ainda, é porque sofro agora, 8 anos atrás transformei a dor em impulso e um tanto de raiva. Impulso para viver porque você não teve tempo, você que sempre amou a vida mais do que a maior parte das pessoas que conhecia até ali, você que sempre dava força pra gente continuar quando era sua a maior batalha. Quando foi você quem ficou 3 meses sem poder tomar água e ficava feliz porque ao menos tinha o algodão para molhar os lábios, um tanto Pollyanna e seu jogo do contente.<br />
<br />
Fiquei os últimos anos todos sendo forte, algumas vezes mais do que poderia realmente, fiquei os últimos anos vivendo sonhos extremamente racionais. Vivendo uma vida que via de regra me levava a não assumir grandes riscos. Eu que te prometi viver, fiquei tempo demais, sem realmente fazer isso. Quando vim morar no Rio, não fazia a menor ideia do que estava fazendo com minha vida, sabia que ia ser diferente de tudo até então e sabia que não saberia lidar com muito daquilo. Para variar, assumi o risco de um movimento completamente desconhecido. Os últimos meses me fizeram olhar mais para dentro do que para fora, me conheci enquanto me sentia completamente perdida, ainda sinto que me conheço a cada dia, quando mudo um caminho conhecido para ver o que acontece se fizer de outro jeito. Deixei de me repetir, os erros e também os acertos. Hoje me sinto mais aberta, mais positiva, mais leve e também mais feliz.<br />
<br />
E se minha mãe me perguntasse porque ainda sofro tanto com a sua partida, hoje saberia dizer que é porque agora sofri, agora olhei pra sua partida sem achar o mundo injusto e sem julgar a forma de sofrer a dor que um outro tem. Hoje vi um filme que cita o "último dia bom" e lembrei do seu, como você se encheu de vida um pouco antes dela escorrer pelos seus dedos, lembrei da última vez que te vi e como naquele momento toquei o sentimento mais complexo e profundo que experimentei. A sua fragilidade exposta me fez por oito anos tentar ignorar a minha. E, como eu perdi por isso, foram oito anos tentando em vão ser forte e sempre alerta, perdi alguns arranhões do destino e muito do acaso dele, grande parte das surpresas boas que nos encontram como estamos simplesmente disposto a sentir. Nem todos os dias vão ser de paz e muito menos de guerra. Mas, que todos os dias, do nosso pequeno infinito, sejam sempre cheios de vida.<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/_jYLZwsTLpQ" width="560"></iframe> Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-37838902.post-45921478900712791542014-05-22T19:28:00.000-03:002014-05-22T19:28:19.920-03:00<b>Espelho</b><br />
<br />
Faz sete meses que cheguei e hoje foi a primeira vez que olhei realmente pra trás, literalmente, em uma viagem pela minha timeline do facebook, onde encontrei infinitas sutilezas que desenharam parte de uma história. Tanta coisa que deixei pelo caminho. Pessoas que ficaram, pessoas que chegaram, noites que imaginei e nunca tive, como outras que jamais imaginei e aconteceram.<br />
<br />
A vida se escreve em linhas tortas. A gente se perde para se encontrar. E vive se perdendo, se encontrando e se magoando com palavras. A gente vive fazendo algumas coisas erradas na tentativa de estar bem. Pensamos em histórias lindas para viver e tropeçamos nos próprios pés. Queremos substituir um amor errado por um novo, sem saber que o erro está em não se esgotar, está no simples fato de que a transferência vem também com o ruim de antes. É preciso viver o luto de um amor para se entregar a um novo. Desfazer o que de ruim ficou até que só fiquem as lembranças boas sem que elas nos façam pensar em voltar ao lugar onde já estivemos. Passar por aquele abismo que é se esquecer da dor a ponto de se iludir com a diferença em um futuro tão breve.<br />
<br />
Estou desatando alguns nós do passado. Olhando pro que minha adolescência fez de mim e o que faltou nela. Revendo a relação com meus pais. Revisitando alguns feridos abatidos pelo caminho. Procurando ouvir o que silenciei na tentativa de racionalizar as dores. É um caminho nebuloso e outras vezes coloridos. É um caminho silencioso e outras vezes barulhento. É um caminho de sorrisos e algumas lágrimas. É um caminho de aceitar que fui o que poderia ser no momento presente. Mas, que posso mudar o meu daqui pra frente. Quero desfazer as expectativas que tenho sob mim e os outros. Quero recomeçar de onde sinto que me anestesiei pro futuro. Quero as alegrias e as dores. Dias e noites repletos de destino. Quero viver o momento presente e me sentir sempre no agora. Pelos próximos dias, semanas, meses e anos.Unknownnoreply@blogger.com