sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Entre julgamentos e encontros

Cansei. Cansei de ter que fingir por quatro horas do meu dia que faço parte daquilo, que as piadas (sem graça) me interessam, que acredito naquela revolução armada de filhinho de papai. Cansei até do bar, dos malucos que caem de pára-quedas do seu mundo particular. Cansei dos sorrisos forçados, da falta de respeito, dos esbarrões que uns dão nas dores do outro. Lembro perfeitamente das piadas sobre alguém com câncer. "Peralá grande, a mãe dela morreu disso". Cansei de fazer do real algo pitoresco.

Foram três anos e falta mais um. Porque me parece besteira essa coisa do encontro de interesses entre universitários. Meu encontro aconteceu antes. Precisei perder meu porto seguro para notar que ele andaria de mãos dadas comigo. E só assim, então, encontraria um teto no irreal. Eram nas letras, nas músicas, nas palavras. Era no que toco e no que sinto. Tive que aprender a conviver comigo e ser suficiente. Encontro no caminho alguns iguais para os quais o paraíso se resume em algo muito simples. Uma noite em um lugar com luzes vermelhas para transformar o tédio em melodia. Uma tarde em um café para verbalizar pensamentos contidos. Andar pela augusta pulando os buracos das calçados, desviando dos malucos (demais), revelando sorrisos enquanto pedidos aos céus para segurar a chuva que sempre tem caído em São Paulo.

Cansei dos que vivem me julgando. Porque você é assim ou assado. Sou crua, pronto. Estou no ponto exato das mudanças. Vou afirmar sem medo de errar que mudarei constantemente.

E, por outro lado, o mundo tem sido bom comigo. Estou vendo utopia virar realidade. Portas se abrindo em lugares desconhecidos. Olho para dentro, com receio porém sem medo. Acredito no que aprendi até aqui e vejo tanto para aprender. O conhecimento me motiva, o que tenho e o que posso ter. Mas, tudo isso está dentro de uma sala de aula ouvindo o óbvio ou na vida?

Sem pular etapas, sigo por elas, impaciente.