domingo, janeiro 18, 2015

Postcards from Rio

Dia 18 de janeiro e um ano inteiro aconteceu dentro desses poucos dias. Desde que aceitei acampar em uma praia muito distante sem nenhum sinal no celular ou qualquer contato com a internet. A partir do momento que respondia com um sorriso nervoso a cada vez que me perguntaram "você vai acampar mesmo?" ou "e se chover?" ou "você comprou remédio, repelente, tá levando protetor o suficiente?". E, foi dada a largada para aventura, muitas horas até a praia foram recompensadas por dias cheios de paz, uma conexão forte e profunda com quem estava ali comigo. É engraçado, mas depois do celular, quase nunca estamos presentes. Nos revezamos para carregar o celular e fazer as fotos que depois seriam enviadas a todos, mostrávamos com o aparelho passando de mão em mão e comentamos ali mesmo, mais pessoais e reais do que os nossos comentários soltos no instagram, que aconteceram dias depois, é verdade, quando cada um já tinha voltado as suas rotinas tecnológicas.

 E foi essa semana que o Rio começou a me mostrar que o calor é forte e meu corpo paulista ainda não está plenamente adaptado. É estranho ficar doente quando se está longe dos pais, mesmo que tenhamos mais do que vinte e cinco. Mas, é diferente quando você está na cidade que escolheu e te escolheu. Com as pessoas que te escolheram também. Meus amigos me chamaram pra ir em uma festa linda, confirmei e logo depois percebi que subir o Cantagalo com a pressão oscilando não era uma boa ideia. Outros me chamaram pro Jardim do MAM, mas o sol forte tão pouco seria sutil ainda que naquele lugar lindo. Como nos dias que queremos colo de mãe, passei o fim de semana onde me reconheço. O almoço de sábado que se estende tarde a dentro com um sacaneando o outro no melhor estilo Grande Família. No jantar de domingo depois de uma visita ao hospital, duas injeções, uma volta no shopping e uma passada na livraria.

 E, assim, eu filha única até os oito anos acostumada até então a me inventar sozinha percebo que o melhor foi aprender a me inventar com os outros. Cada um ocupando seu lugar no meu kit de sobrevivência, com a licença poética da Maria Ribeiro em um dos contos do livro que li hoje, de uma vez só. E se hoje o mundo gira dentro da minha cabeça, eu paro, me equilibro e sorrio. Por cada "se você precisar de qualquer coisa" ou "me liga qualquer hora" ou cada frase que me faz sentir parte de mim e de vocês. E que a vida seja sempre uma viagem sem sinal no celular onde a gente realmente se conecta.

 Agora sim, feliz ano novo! :)