domingo, fevereiro 20, 2011

little by little by hook or by crook

Me sinto espectadora da minha própria vida. Não sei mais o que de mim se faz. Assisto a tudo tomando o ritmo e seguindo o passo que não consigo acompanhar. É ruim gostar e está sendo pior, não mais gostar. Me perdi nas voltas da minha vida, não tenho mais as palavras certas, não recorro mais para as frases prontas que um dia você me deu, a busca agora não tem um guia e hoje percebo que se você foi minha bússola, foi graças a isso que não me perdi.

As luzes brilham muito lá fora, a noite me fascina, abraço a irresponsabilidade enquanto me perco. Cada dia um pouco mais longe de mim. Tô cansada dessa vida toda para fora, sem conseguir olhar o que levo dentro já que todas as impossibilidades me machucam. Minha vida tal como um dia existiu, já não mais me pertence, sinto falta dos abraços e das noites que se transformavam em melodia. Sinto falta dos domingos e do jeito que parecia existir um acordo com a paz. Sinto falta de estar dentro de mim sem que me ocorra nenhum momento ruim. Sou muito do tudo que não consegui desfazer. Alguma parte ainda está no passado, sem conseguir dar um pulo até o presente e me deixar seguir para o futuro. Voltas, voltas, voltas. Angústia. Fim.

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

heaven is a feeling I get in your arms

Tem abraços que nunca esqueço, como se o instante fosse eternizado, os braços ao redor do corpo do outro enquanto um suspiro denúncia a falta que fez a ausência. Não são só abraços de amor. São abraços de encontro e reencontro. São abraços que entregam o tamanho do coração de alguém. São abraços tímidos, são abraços cruzados, são abraços onde se sente mais perto, são abraços que se fazem distantes. Para mim, as amizades, amores talvez efêmeras paixões surgem desses pequenos instantes. Só então se fazem as palavras, se trocam ideias, surge o silêncio que conforta, os sms preocupados, as mensagens engraçadas. Se escreve uma história e se muda o rumo dela enquanto os desentendimentos correm ao lado.

Não lembro de muitas coisas. Do passado, reservo os abraços e conservo os cheiros. Relembro a melodia da respiração que se torna música enquanto na minha cabeça se faz uma sinfonia qualquer.

Por gosto e precaução prefiro seguir entre abraços, silêncios e melodias.

terça-feira, fevereiro 15, 2011

mudou, mudei, mudamos

De repente me pego fazendo planos para o futuro que descartam as mágoas do passado. Vontades que me levam para o desconhecido, me fazem ter coragem e vontade outra vez. Quero tudo o que tiver de novo. Quero poder sentir sem me preocupar com as aparências. Quero me perder e me encontrar, quero me sentir gigante e pequenina, quero vacilar entre extremos para me encontrar em algum ponto entre o que fui, o que sou, o que serei. Quero da liberdade o que ela pode me dar. Quero do ar a leveza que me ajude a flutuar. Quero só ter a certeza de que foi necessário passar. E, daqui pra frente, não existe nada que me faça voltar a rodar. Saí do círculo onde caminhei. Saí da roda e em linhas tortas, algum dia, eu chego. Onde? Não sei.

sábado, fevereiro 12, 2011

looking out on the substitute scene

De repente uma preguiça das coisas e dos outros. Dos outros que misturam as suas vontades com as minhas e transformam a sua projeção em expectativa. Inventam o que preciso ser, como devo me portar, quais são os lugares que devo frequentar. Recriam as amarras infantis que me prendiam a vontade dos meus pais, quando minha mãe fazia de mim a boneca que ela adoraria que eu tivesse sido. Fazem parecer ser completamente inaceitável não corresponder as vontades de um grupo que nunca pedi para fazer parte. Considero rock coisas que o rock não se veste. Respeito a entrega da Elis Regina e das mulheres do jazz. Não tiro de mim a admiração pelas coisas que não se encaixam. Como uma noite no Pelourinho assistindo um ensaio do Olodum. Me reservo o direito as experiências que não preciso classificar.

Tem horas que queria apenas não estar. Me soltar das expectativas dos outros e conseguir voar mais alto. Tem horas que queria apenas estar em pleno voo e não estar sozinha. Quero respeito aos pensamentos que não se completam já que a insistência se torna um fardo. De repente, sumo, desligo o celular e a vida, não respondo e-mails e me coloco a disposição da minha cabeça. Transformo a busca em palavras, esclareço os dias e reforço as vontades.

Já não me diz nada as voltas do meu passado. Andando em círculos, nunca sai do lugar, só aprofundei as pegadas já que os meus pés seguiam sempre o mesmo caminho. Me tornei previsível, irrisível, sem graça e sem cor. Até que... De repente, a vida mude de rumo e você nem vê. Chove lá fora e a vida volta a sorrir aqui dentro.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011


É difícil entrar no mais fundo de mim e perceber coisas das quais não gosto. É complicado admitir que existem medos inconfessáveis de tão banais. Sinto que a cada passo fica ainda maior a estrada dessa busca sem fim por respostas que só se traduzem em mais perguntas.

Partes de mim se trocam por novidades, como se fosse abrindo espaço na vida enquanto me reservo o direito de mudar. O que ontem me interessou hoje já pode não me dizer mais nada. São pequenas mortes, entre o lado negro e a claridade, entre a realidade e o ideal. Me lembro exatamente do momento em que notei que nada jamais voltaria para o lugar de origem, um vacilo certeiro e um novo mundo de possibilidades complexas se abriu diante dos meus olhos.

Faz pouco me pediram para "assumir as responsabilidades", foi literal e o caso se explica. Mas, diante disso me vi na beirada da minha vida olhando para dentro e notando quantas vezes deixei o momento de apenas ter coragem de assumir a responsabilidade. Porque uma das frases do filme (aquele que mexeu com tudo aqui dentro) que mais ecoa na minha cabeça é "você poderia ser brilhante, só que é uma covarde". Isso, sempre, para todo mundo, somos covardes quando deixamos as responsabilidades em segundo plano ou quando nos tornamos tão apegados as regras que vivemos de convenções. Somos covardes. E, quanto de coragem será necessário, para olhar para dentro sem medo do que vai encontrar?

Me pego separando o que me tem. Contando quantas sou para ser apenas uma. Revisito o passado para resgatar algumas coisas que larguei no chão da sala que nunca mais entrei. Dou como mania o hábito de fugir dos que me conhecem, tem horas que prefiro o olhar vazio de quem nada sabe sobre mim, é confortável se esconder nas aparências, sem que ninguém seja capaz de tocar no mais fundo de mim. Faço pose enquanto engano o espectador. Escondo mágoas nas risadas, dúvidas em frases já pensadas e segredos em piadas.

Sei que no fim, depois que uma peça muda de tamanho ela nunca mais se encaixa no mesmo lugar. Enquanto a transição não está completa, sigo sempre vivendo entre várias, eu, uma.

domingo, fevereiro 06, 2011

you make me feel

Te quero em segredo, escrevendo nas entrelinhas da minha vida, preenchendo o lugar que guardei para você. Viajar para um lugar onde ninguém nos conheça e viver a vida como personagens de um filme bobo. Depois voltar para a realidade, para o café da manhã, com as suas manias. Te quero para discordar dos filmes que eu gosto e para me mostrar os filmes de época que ainda não vi. Te quero para questionar minhas verdades enquanto aceita as minhas diferenças. Te quero para ouvir as suas histórias enquanto escrevemos a nossa. Te quero para me fazer acreditar que tudo é possível. Te quero para sentir falta sempre que você não estiver e sentir sede da sua presença. Te quero para sorrir das frases bobas, dos seus pensamentos que se confessam em horas e das nossas besteiras. Te quero no fim da tarde olhando o pôr-do-sol. Te quero na manhã seguinte. Te quero uma noite inteira. Te quero no domingo a tarde. Te quero para entender porque foi você e é sempre só você.