segunda-feira, julho 30, 2007

PRESENTE


Eu tenho uma dor no peito. Insistente e presente. Na fila das dores, essa foi a minha escolha. Viver com o coração com as veias trocadas. Sangue arterial e venenoso separados por tênue linha. Olho para dentro e não acerto os meus botões. Às vezes, esqueço as fórmulas e tudo acontece no susto.
Difícil esconder a dor em sorrisos. Dona da noite. A escuridão coloca meus medos nas esquinas enquanto atravesso sem olhar para os lados. Ando pela Augusta como se conhecesse cada milímetro daquela rua. Distribuo sorrisos escondidos dentro da minha boca fechada.
Qualquer bar é um pedaço de vida despregado em qualquer noite dessas. Uma sucessão de acontecimento baratos. Algumas lágrimas ainda ardem sobre os meus cortes. Ninguém as vê. Elas são invisíveis. Eu me escondo aqui dentro tão fundo e a solidão me põem na parede neste quarto frio e escuro. Cansada de ninguém para dividir verdades e cansada de dividir essas mentiras.

No metrô um garoto reflete minha vida e eu tenho vontade de chorar. Ele estava sentado com um gibi nas mãos, a cabeça quase no colo, com os olhos pregados e um sono terno. Estava com o seu avô que chamou pelo seu nome quando era hora de descer. Comigo os desenhos do plano para viver, os olhos pregados e a cabeça entre os braços. Passo a mão pelos cabelos para deixa-los aparentemente bem. Passo a mão e jogo a poeira da minha vida para debaixo do tapete. Vou aglomerando pequenos erros para pagar por eles no dia do juízo final.
Quero me desprender nessas palavras. Rezar pelo amanhã. Trocar nossos deuses. Tomar uns corpos para perto enquanto não posso ter o seu.
A dor no peito me persegue. Minha velhice de menina agitada. Meus olhos envoltos em verdade enquanto miram os seus naquela luz bagunçada. Na claustrofobia que me dá lugares com pessoas felizes ou bêbadas. Bêbadas e felizes. O álcool empresta fantasia para logo mais acertar as contas com seu fígado. Meu corpo recebe os estímulos e responde a eles com secura ou a falta dela.
Estou cada vez mais fraca e a vida cada vez exige mais de mim. Não desistirei na próxima esquina dos meus sonhos. Recolho todos eles e os carrego na mochila. Andarei. Sóbria ou bêbada. Ereta ou torta. Certa ou errada. Só o meu passo é garantia. E o futuro? A respiração dele me impulsiona para frente e o ronco do meu passado me afasta. O meio do caminho é o presente. O meu presente. Agora, alguém faz chamada lá na frente, quando chamam pelo meu nome em um impulso respondo: PRESENTE.

sexta-feira, julho 27, 2007

AINDA SUA


Todo esse veneno injetado em mim. Os passos me enfraquecem. Seria mais útil amarrar as feridas e estancar o sangue. Guardar minhas últimas palavras para quando você resolver passar por essa porta. O veneno me enfraquece, o conhaque na mesinha me empresta verdades, meus olhos transparecem o desespero da minha alma. Sinto tanto por não te falar e mais ainda por não te ouvir. Queria suas palavras se transformando em paz no ar abafado do meu quarto. Ainda que o vidro estivesse embaçado, tudo respirava aqui dentro. Meu coração. Minha pele. Minha vida. Minhas mentiras. Tudo respirava.
Nossos medos saiam todas as manhãs atrás de algo vago. E hoje, só me lembro das suas costas. Você foi. Eu sei, você sabe, não volta. Nem você e nem aqueles momentos.
Achei que tudo tivesse passado, mas esse veneno conversando com meu sangue para negociar a minha vida, me devolveu você.
E esse silêncio, e esse conhaque, aqueles corpos, aquelas mentiras e você aí preso, onde eu também já estive, onde eu ainda estou. Olho atrás de mim e tudo que vejo é a parede da sala.
Lembro da última vez, você deitado no sofá com aquela cara mais linda e me olhava e eu te olhava de volta. Você não entendeu nada quando levantei e sorri já saindo. Parece que você sentiu que eu saia da sua vida com o mesmo sorriso que entrei. Você sabia, até quando eu não tinha certeza, de que levantar aquela hora era abandonar a nossa história.
E hoje só essa saudade e esse sentimento de impotência dividem esse apartamento. Solidão é estar com alguém e se sentir sozinho. Solidão é perder alguém e não achar a paz. Solidão é antecipar rupturas óbvias e sentir que deviam ter vivido o restinho. Que nem aquela criança no restaurante mais cedo. Engolir o suco até fazer barulho, e depois com os olhos mais ternos sorrir. Mas, eu cresci e já não é educado fazer barulho. Tenho uma vida, algumas dívidas e muitas dúvidas. Você pregado aos batalhões do meu passado e eu sozinha com meu presente.
Mais uma dose e eu vou lá procurar seu cheiro e seu gosto em outros corpos.
Ainda sua...


funhouse, funhouse, funhouse.
:)

quinta-feira, julho 26, 2007

SEM A SUA FALTA

Cada acorde rasga um pouco mais minha alma. Uma voz vestida de fantasia para embalar uma guitarra destoada. E minha vida toda começa a respirar nesse quarto. Como se por um longo período ela estivesse regada a algo que a fizesse respirar de maneira artificial. Ignorei por muito tempo a necessidade de amar. Seguia dia, menos dia, a repetição das minhas piadas. Deixar as pessoas me quererem para depois de súbito notar que não seria delas. Nunca consegui ser de ninguém. Talvez, porque estivesse esse tempo todo pregada a um monte de mentira.
Essas palavras me emprestam sentido e me envolvem de ficção. Chega um momento em que eu deixo de ser eu. E um personagem qualquer, respira minhas falas. Como em um filme antigo na tv. Sem efeitos especiais as coisas acontecem, sem ensaio, quase sem fala. Escárnio da minha realidade.
Os seus olhos me emprestaram calma. E eu senti que tudo poderia desmoronar, se a minha única garantia fosse poder segurar as suas mãos. A sua melancolia misturada a minha. Nossos medos juvenis em comunhão de desgraças. Alguns sonhos pintados no meu quarto. Minha cabeça descansa no seu colo. Seus dedos bobos brincam com meu cabelo. Você enrosca a sua falta de jeito a minha vida e tudo parece ter encaixe perfeito. De repente eu sou a sua mulher. E você só precisa ser meu homem. O resto a gente descobre como faz. O resto não interessa se depois eu ainda tiver o seu olhar.
Conversamos no tom exato. Nem alto, nem baixo. Nem direto, nem indireto. Temos a medida exata para isso funcionar. Conservo seus sonhos amassados dentro de uma caixinha ao lado dos meus. As nossas promessas ainda pairam sobre o ar. Tatuei o seu olhar no meu cérebro e o seu nome no meu braço, mesmo sabendo que não é para sempre. Machuquei meus lábios. Apertei meus olhos enquanto olhava suas costas.
Você saiu pela porta e não voltará tão cedo, eu sei e você sabe. A minha saudades escorrega pelas paredes do quarto enquanto desço as costas por elas. Encontro o chão. Abraço minhas pernas. Descanso minha cabeça sobre meus joelhos. Penso em você aqui, com os dedos atrapalhados sob meus cabelo. Com os olhos mais ternos e tristes.
O silêncio grita aqui dentro. Meu coração todo fodido procura paz em outros corpos. Meus medos estão trancados no armário. E os meus sonhos descansam na caixinha ao lado dos seus.
Me visto de mulher. Levanto o zíper da bota. Prendo o cabelo. Não vou esperar você trazer de volta o tempo. Andarei por ruas e avenidas atrás do seu cheiro misturado a qualquer corpo. E hoje, só por hoje, a sua falta será esquecida.

quarta-feira, julho 25, 2007

PRA VOCÊ VIVER MAIS


Esquece, eu nunca vou fazer sentido. E eu continuava andando por essa cidade. A procura de alguma coisa para trocar pela minha paz. Esquece, não adianta procurar o que não existe. É como procurar luz nas trevas. Pode até ser que um dia algo ilumine aquilo, mas não é garantia de que ela a luz esteja guardada ali. Talvez o sentido esteja me esperando em algum lugar e quando eu virar a cabeça devagar ele se apresente. Mas, eu não ando devagar. Nem agora, nem nunca. Não sei esperar quietinha. Meu medo dura o suficiente para virar um texto e depois vai. Visto uma roupa qualquer. Levanto o zíper da bota. Enfio no bolso tudo que posso trocar e esqueço as mentiras da noite passada.
Continuo, dia após dia. Noite após noite. Acordo muitas vezes com idéias pregadas na minha cama. Rolo e passo por cima delas. Levanto com a sensação que mais uma vez abri a porta sem a coragem para te pedir pra ficar.
Desligo o celular para evitar ligações desesperadas. Desligo o computador para me desconectar da vida impessoal. Perco meu tempo descansando as verdades do meu mundo real.
Quando apago as luzes do meu quarto seus olhos parecem lanternas na minha memória. As suas frases ecoam e batem nessas paredes. Meu travesseiro virá meu confidente. São frases presas e as que eu falei e você não escutou. Queria te pedir para ficar. Mas minha voz não saiu e você foi. Minha coragem não me permitia te poupar da liberdade. Minha prisão é pequena demais para nós dois. Então deixei que você fosse. Te vi sair por essa porta, a mesma que hoje me prende aqui dentro. Não consegui te pedir para ficar. Suas notícias cada vez mais vagas e inacreditáveis. Você desse lado do mundo se debatendo para se embebedar cada vez mais. Sua ressaca chega a mim como um soco no estômago. Sigo com a nossa dor, abraçada aos meus joelhos.
As frases não parecem sair de você. É como se tivessem arrancado de nós mais do que o amor. Sou mais forte do que imaginei. Segui os meus dias, mesmo que eles parecessem quase sempre noite. Olhei pro céu e as estrelas não piscavam. Em nenhuma estava você. Talvez você também olhasse e visse mais do que essa escuridão. Vestido de mentiras enquanto seus olhos distribuem verdades para corpos frígidos. Queria te devolver a paz que nós massacramos com a nossa fraqueza conjunta. Sinto por não te pedido para ficar. Mesmo que dia após dia a vida se encarregue de provar que era o certo. O melhor para todos, principalmente, para mim.
Tudo ainda permanece tão perto. Ouço a sua respiração e a sua cabeça trabalhando, e ainda assim temos um oceano nos separando. Penso na sua voz e o que ela me diria. O quanto suas palavras não me enganam. Promessas jamais cumpridas. Como aquela em que seriamos sempre um do outro.
Sinto falta do seu cabelo. Do seus olhos. Da sua calma, mesmo quando tudo desmoronava, e a gente se abraçava. Nossos corações juntos prometendo em silêncio que seriam para sempre um par.
Minha confiança ruída. Minha vida ruída. Meus caminhos cada vez mais tortos. E as certezas vazias. Em cada corpo só vejo o seu. Em cada voz só ouço a sua. Em cada lembrança só encontro você.
Um pouco mais de paz. E a certeza de que amanhã é outro dia. O cheiro pouco a pouco é mais fraco. Móveis novos apagam as lembranças do nosso sonho equalizado. Minha nova vida me tira do verde que encobria seus problemas. Eu, nova, mais fraca, com o coração em pedaços e a cabeça certa de que tudo passará. Sou eu. Ainda é você. Mas, acima de tudo. Sou só eu. E mais dia, menos dia. Tudo passa.
Quando todo esse sabor amargo sair, você será minha mais doce lembrança.


qualquersemelhançanãoémeracoincidência

coisas que só a soulsista entende.
mais uma porção delas.
abõr (L)

terça-feira, julho 24, 2007

MAYBE IT'S RIGHT


Tudo parece minimamente calculado para cair. Na esquina seguinte pode tudo desmoronar. Todo o julgamento só esperando o momento certo para cair de joelhos na minha vida. As coisas pareciam estar no lugar. Os medos todos, em fila indiana, organizados e cada um respirando no seu ritmo medíocre.
E a vida começa a andar na linha bamba. Um passo em falso e tudo deixa de ser como pode ser o momento certo para tudo acontecer. Ou posso me quebrar inteira na queda.
Não quero levantar se não tiver alguém aqui para sorrir e arriscar um "vaificartudobem", mesmo quando tenho certeza que nada fica bem, e o caminho é só passar a manga no rosto e seguir.
Às vezes queria viver sempre como se fosse sábado, quando meu corpo tira férias do meu cérebro, e tudo adquire aquela simplicidade bêbada. Nenhum tipo de problema. Longe da neura da minha mãe. Da diferença indiferente do meu pai. Da claustrofobia que me causa essa casa.
Mas, tem uma semana toda me separando do meu dia. E essa semana me presenteia com coisas absurdas e incompreensíveis. Quando chove sinto mais a sua falta. São lágrimas abafadas lavando o chão dessa cidade. E aquela gosma preta desce a augusta enquanto eu volto de um dia de trabalho. Tenho quase tudo que gostaria de ter. Mas nada, preenche o que ficou aqui. Sabe, a sua falta? Ela grita todas as manhãs. Vira e mexe, me pego olhando a porta, na esperança de você voltar. Mas você nunca volta. Domingos são amargos porque não te tem aqui para dividir. Na sexta à noite você não chega anunciando o fim-de-semana. O escuro não empresta nenhum foco de luz, porque seus olhos, passaram para o lado de lá.
Nunca pensei que essa coisa com cinco letras pudesse me tirar tanto. Nem que a dor ia passar e essa saudade fosse me envenenar dia após dia. Lembro da minha promessa. Do seu corpo inanimado e das lágrimas que se misturavam ao frio daquela noite.
Queria acordar e ver que tudo não passou da minha imaginação trabalhando. Perceber que pude te ajudar. E no fim, os problemas são impulsos. E a chuva, arranca os restos do meu passado.
"fica tão solitário às vezes que até faz sentido"
c.

segunda-feira, julho 23, 2007

GUARDA-CHUVA VERMELHO

A falta de ar me faz respirar pelos olhos. As lágrimas que rolam pela minha fase alimentam minha solidão. Toda minha aparência desnudada aos olhos de quem passa pelo metrô. Passo a mão no rosto para espantar os fantasmas que andam na linha dos meus olhos. Penso em você lá atrás e a sua morte me dói de novo. Tudo que era comum para mim e hoje é um luxo. Todos meus medos sucumbindo a minha promessa. A que fiz a beira da onde você descansa seu sofrimento. O nosso sofrimento. A minha impotência diante de Deus ou daquilo que chamamos disso. Ninguém entende o que há aqui. Ninguém entende porque muitos acham que conhecem e poucos tem razão. Isso que uns chamam de arte e eu chamo de palavras são gotas de mim. Um conta gotas de dor e sanidade. O que de pior existe continua aqui, preso, me envenenando os dias. Minha maquiagem de alegria dá lugar ao desespero que é me carregar pelo mundo.
Não tem como explicar que às vezes sou duas. A compreensão fingida não me interessa. Sigo sozinha porque no fim só eu me aguento. Ou não. Ainda, existem os meus métodos para fazer tudo virar verdade.
Preciso aprender a manejar essa montanha-russa descarrilada que é minha vida. Arranjar um cinto de segurança. E tirar as pessoas da fila. Não queiram andar por aqui. Não, agora, nem semana que vem, nem na outra. Um dia isso tudo passa. E eu permitirei que a fila se reconstitua.
Hoje, só a chuva me faz bem e meu guarda-chuva vermelho é minha mais perfeita companhia.

domingo, julho 22, 2007

CALÇADA

Ando até as pernas deixarem de responder aos meus comandos. Procuro em algum lugar a paz que me aquiete. Cansada de falar tanto e quase sempre. Ou de simplesmente engolir minhas palavras e silenciar. Minha vida é uma montanha russa sem cinto de segurança. Os trancos me impulsionando para frente e o movimento acelerado me prega as costas na cadeira. Essa rapidez da vida às vezes me tira minha pouca calma. Cansada de pisar sempre nos mesmos cacos do caminho, ensaio um milhão de vezes tritura-los. Fazer do meu passado pó. Depois assoprar para que ele se misture com o ar e vague tanto quanto tudo foi vago. Vestida de mulher para esconder a menina que brinca aqui dentro, caminho pelas ruas dessa cidade. Procuro o lugar onde tudo faz sentido. Alguém para entender minhas palavras. Sem julgar entre alto ou baixo. Pequeno ou grande. Minha vida sem certidão reconhecida em cartório. Fortemente influenciada por algumas coisas e indiferente a outras. Indecisa entre sonho ou ilusão. Pregada ao meu mundo enquanto há tanta vida lá fora. Esqueço as chaves de casa. Aproveito a calçada para relembrar o passado. Aperto minhas pernas enquanto todo mundo que um dia viveu começa a descer a rua.
Lágrimas rolam em um ritmo frio. Tudo que vivi e hoje mantenho longe. As saudades enrolada com a ilusão. Talvez, tudo não tenha passado de um sonho bom. Exatamente o que quero carregar. Sinto saudades. Uma falta enorme de quando acreditei que tudo poderia ser para sempre. Acordar de manhã e encontrar meu porto seguro. Porre. Brigas. Lágrimas molhando os bancos. O eco todo que encontravam nossas risadas dentro dos blocos. E tudo coexistindo. Nossas diferenças brincavam de amarelinha enquanto nossa igualdade produzia elos. Sinto falta. Do pôr-do-sol e do nascer dele. De acordar no escuro e demorar para amanhecer no horário de verão. Tudo que deixamos de aprender com alguém mais velho para puxar de um filme qualquer no cinema.
Acreditei que tudo podia ser para sempre. E que eu seria diferente. Meus mortos enterrados, não como eles estão agora, ainda há vida naquilo que queria enterrar. E muita morte no meu presente. Sinto cada pedaço do meu corpo tremer enquanto minha cabeça se enche do nosso sentido. Uma família grande. Com todas as brigas e até certa falsidade. Alguns blocos e a certeza de que nossa juventude seria eterna.
E agora todos tem obrigações. Alguns as mesmas e pouca coisa mudou. Outros encarando a vida de frente sem poder sentar para chorar quando a vontade é forte. Engolir em seco cada sentimento ruim.
Queria de volta o meu desespero juvenil e as minhas incertezas. Quero queimar como sempre foi. Vontade de gritar mas só há silêncio ao meu lado. Gostaria de rir mas só há indiferença. Queria cantar mas não lembro a letra. Só uma vaga melodia embala minhas saudades.
Alguém conhecido vem descendo a rua. Chegou alguém com as chaves. Escondo minhas lágrimas, odeio enfrentar perguntas óbvias, chorei e choro quando apagam as luzes. Quando a montanha russa tá lá embaixo. Me embebedo de saudades e me nego a matá-las. Por enquanto prefiro a certeza de que tudo não foi uma doce ilusão. No meu quarto sinto minha alma sugada e o sono me desespera. Encontro minha cama enquanto apalpo o escuro. E durmo. Durmo. Durmo.
Amanhã tudo será diferente, ou não.
CORPOS

Queria entender tudo. Encontrar minha paz na minha santa insanidade. Não me preocupar com as verdades do mundo. Criar meus códigos e ouvir os seus. Pintar meu quarto de roxo e me embebedar do cheiro da tinta disfarçando o seu que ficou aqui. Mostrar as suas fotos pros meus filhos daqui 5, 10 anos e nada daquilo tudo doer. Queria andar por todas as ruas dessa cidade e te expulsar da minha cabeça por 30 segundos inteiro. Cada arranhão das paredes parece os da suas unhas no meu ombro.
O coração jorra sangue e molha todos que passam ao meu lado. Assisto seu corpo andar e no meu peito um desespero vazio. É como se eu gritasse e não saísse nada. Como se andasse e tudo a minha volta continuasse igual. Só você tatuado no meu cérebro.
Joguei meu coração na sarjeta e achei que você fosse se abaixar para pegar. Não olhei, esperava você correr e cutucar meu ombro. Você não fez daquela vez. E não fez hoje.
Sai da sua casa com uma música tocando ao fundo. Você não me pediu para voltar. E nem ligou para me dar sua respiração embaraçada. Não tem desespero em você, assim como não há amor, a indiferença me corroí a alma. O seu gosto me empresta algumas mentiras pelas quais sou grata. Sonhava com você me pedindo para ficar. Seus braços me protegendo da vida enquanto ela me obrigava a enxergar através da janela. Sua mão sobre meus olhos filtrando as imagens. Suas mãos apanhando meu coração daquela sarjeta. Mas não. Você nunca fez nada disso. Um produto maldito da minha imaginação. Você, todo fantasia, não existe. Nunca existiu e vai continuar sem existir.
O asfalto lá fora sustenta a mentira do mundo. Embaça a visão. Poderia fritar um ovo no que escorre do meu coração naquela sarjeta. Aquilo fervilha, enquanto aqui, quase morro de frio.
Tremo enquanto tudo isso se passa na minha cabeça. Agora, você assobia, anunciando sua chegada na porta da minha casa. Penso em ficar quietinha e fingir que não estou. Querer isso seria meu maior presente. Não aceitar que você faça comigo o que jamais permiti a ninguém. Te dei o que mantive sob sete chaves. Abaixei as paredes ou você atravessou-as enquanto me distrai. Acreditei em mim, durante muito tempo. Até cometer esse terrível engano e o seu coração começar a bater, ao meu lado, tão alto e me tirar o sono.
Ninguém nunca me viu assim. Simplesmente, porque eu não sou, assim. Sinto muito por toda mentira que te emprestei.
Fecho a janela e me escondo atrás da porta. Não peço pra você ir, porque minha boca não responde aos meus comandos, mas não te quero aqui. Não, por hoje.
Vou me arrumar e sair para comer alguns corpos. Alimentar o falso para aceitar o real. Vai e volta mais tarde. Vai e talvez não volte. Vai, enquanto resgato meu coração daquela sarjeta. Jamais deixarei que isso aconteça de novo. Vou respirar a fumaça, me emprestando o oxigênio que você teima em me tirar. Filtro por lá todos meus medos, anseios e nervoso. Tremo e fico molinha em questão de segundos.
Serei minha até segunda ordem. Minha. Minha. Minha.
E hoje, só alguns corpos, por favor.

terça-feira, julho 17, 2007

E, VOCÊ VEIO.

Queria esquecer tudo e ir em frente. Seus olhos nos meus fazendo juras baixinho enquanto os dois tinham a maior certeza de que nada daquilo seria verdade. meus ouvidos tentando captar suas palavras. Minhas mãos brincando com seus dedos enquanto os seus se enrolavam no meu ombro. Meu corpo todo encolhido perto do seu. queria transpor a física e naquele momentos virarmos um só. Caminhar com você. engolir teu cérebro e te emprestar o meu. Descansar meu coração na sua estante.
Mas amanheceu e a luz sempre aparece pra estragar tudo. Acordamos com os corpos grudados e a cabeça doendo. Lembranças fora do lugar. E o cheiro ocupando o quarto. Sentia pesar minhas palavras e passava pomada nas tatuagens que você fez no meu cérebro.
Queria acreditar que tudo é verdade. Abriria mão da minha mania em me equilibrar na sarjeta se tivesse a certeza que você entraria nela comigo. Seria sua, se você pudesse ser meu. Mas você não pode. Não pode, hoje. Não pôde, aquele dia. E vai continuar não podendo. Simplesmente porque você não sabe o quanto é você e o quanto sou só eu.
A minha liberdade sai com as mãos no bolso. Leva todo movimento e peso que desfilo em palavras. Algumas músicas aqui sempre tocando. Remember. De quando acreditamos que seríamos para sempre. Não esquece de pegar suas coisas e fechar a porta. Levanto antes e me tranco no banheiro. Quando voltar quero meus lençóis no lugar e o seu olhar longe daqui. Não te pedi, mas você sabia. Você sempre sabe. Quando voltei você não estava. Então, me encolhi no canto tentando querer aquilo. Te querer longe. Fui até a janela para acompanhar suas costas se perder no meio da multidão. Tarde demais. Já não tinha mais sinal das suas costas e nem da minha vida naquela rua lá embaixo.
Acendo um cigarro. Tentando te transformar em só mais um. E eu sei. Você sabe. E todo mundo que nos viu também sabe. Não somos mais um. Nem para o mundo. Nem para o outro. Vasculho meu quarto atrás de uma desculpa boa para te ligar e pedir pra voltar. Não acho desculpa. Não tem nada. Nem um botão esquecido. Nem nada.
Te ligo. As som não sai, só o barulho da minha respiração, e você me pergunta o que aconteceu. Te peço para vir até aqui de novo. Você diz que não dá. E não dá porque você não quer. Você tem medo. Eu também tenho. Mas prefiro assumir meus medos. Escolho meu jogo e escondo as regras. Respiro no telefone. Você pergunta o que houve e eu digo que nada.
O canto do meu quarto de novo me têm de joelhos. Ouço o trinco da porta. Levanto a cabeça e é você entrando no meu quarto. Seus olhos garantias gratuitas de que aquilo valerá a pena. Dure o que durar. Seja o que for.Oh, lemme think, lemme think, what shall I do?

sábado, julho 14, 2007

SÁBADO

Agora, eu sei. Tudo não passou da minha imaginação trabalhando enquanto meus olhos se enganavam com qualquer verdade palpável. O seu olhar e o meu ligados por um fio de mentira. A sua voz e a minha misturadas. Os medos socando a porta enquanto trocávamos promessas que não vamos cumprir. E tudo volta ao ponto de partida.
E a partida é o nada. O mesmo que me visita todas as noites de frio. O escuro tingido pelas luzes vermelhas daquele inferno mágico. E tudo faz mais sentido.
Sábados fazem sentidos.
Espero que um dia, todos eles sejam sábado.

sexta-feira, julho 13, 2007

FALTA


Abro a porta de madeira pesada do meu quarto. Olho o corredor e avisto o escuro que toma minha casa. Estou sozinha e não lembrava. Ando sozinha e às vezes esqueço. Luto contra alguns dos meus defeitos. Trato minhas fraquezas como se soubesse transformá-las em força.
No chuveiro minha cabeça vaga e a água quente cai sobre meus olhos fechados. Tudo preenchido do vazio sendo inundado pela água. O box mantém o chão de fora seco. Como na minha vida. Minhas barreiras me mantém seca.
No peito um nó. Como se tivesse uma mão lá dentro trocando as veias de lugar. Misturando sangue venoso com sangue arterial. Deixando tudo uma coisa só. Sinto tudo uma coisa só. Não existem sentimentos aqui. Estou vazia e isso começa a me desesperar.
Minhas palavras sem fim começam a me desesperar. Meus medos. O escuro. E este silêncio. Me desespera.
Atravesso o corredor até esse quadrado onde habita meu inferno e paraíso sem qualquer separação material. Sinto tudo aqui. Ou não sinto nada. Deixei umas lágrimas debaixo do travesseiro. Uns sorrisos em cima da mesinha do computador. Umas máscaras no guarda-roupa. E tudo que uso todos os dias mantém-se no canto. Acordo e elas se pregam em mim. Quando passo as mãos no rosto na tentativa de espantar o sono, levo tudo pra perto, trago tudo pra cá. E ainda, não sinto nada. Nem amor. Nem ódio. Nenhum sentimento intermediário que me preencha de mentira e me empreste pa-az. Nada. Nada. Não há nada aqui. Só um monte de vazio preenchido do escuro que invade meu quarto. Meus gritos abafados. E o travesseiro molhado.
Queimo. Arde. E dói. Meu peito dói. Meus olhos doem. Minha vida dói. Mas, eu levanto e continuo. Seco as lágrimas. Acho os interruptores da minha escuridão. Ilumino a vida no susto. E no instante seguinte, quase nada faz sentido.Você continua longe. Não entende nada. Não entende. Acho que não estamos no momento em que o silêncio é suficiente. Você precisa das palavras que não consegue sair de mim. Não consigo atender as nossas necessidades. Sou a mulher que você poderia ter. Sou a sua mulher em sonho. Porque na realidade falta coragem. Aqui e aí. Falta. Estamos em falta.

quinta-feira, julho 12, 2007

DUAS

Eu quero sair daqui. Deixar esse corpo e só carregar minha alma. Abandonar meu cérebro na primeira esquina. E largar meu coração na mão de alguém que cuide de faze-lo minar sangue. Depois vagar. Vagar. Encontrar as vagas do mundo para o estágio da minha vida. E depois viver em tempo integral.
O meu passado não mais me pertence. Vejo tudo tão estranho. Ando por essas ruas carregando o meu futuro nas costas. Dançando sobre o presente. Algumas pessoas arrumaram suas coisas e se mandaram sem pedir licença. Outras continuam aqui. Me irritam. E nos irritamos. Precisamos de tempo e paz. Mas ninguém me devolve a paz. E eu fico aqui. Com o vento batendo na janela e o medo esmurrando minha porta. Me jogo no canto do quarto entregue ao sono que me consome a alma. Não vou embora antes de apagar essa vela de cima da sua mesinha. A que ilumina suas palavras e te empresta luz. Não cruzo essa porta. Não largo do seu pé. Não apago as coisas que tatuei na sua cabeça. Você está condenada a ser duas. A ser eu. Enquanto eu sou você.
Distribua conselhos ruins na minha ausência. Viva dias calmos enquanto adormeço no seu ventre. Mas, um dia eu acordo. Pode ser em um sábado à noite. Quando você estiver rodeada de pessoas. E depois você não vai conseguir explicar. Quando todos te apontarem, estarei adormecida e você se debaterá tentando se desculpar pelos meus erros. E de repente. Você se enfia aqui dentro e eu assumo o controle. Levanto. Sacudo sua vida e tiro tudo do rumo. O rumo que você vive a procurar. Foda-se o seu rumo. Te jogo na frente do carro em movimento atrás de um cigarro na outra esquina. Renego seus gostos. Não importa que você deteste marlboro. Já disse que não te escuto.
Se fodeu. Me fodi. Quando ela aparece. Não sou eu e ninguém entende.Que morra a censura e me deixa ser dela. Só eu e ela. A odeio por me fazer chegar em casa 6h30 da manhã e acordar às 8h com o maior dos pesos na consciência. Uma tem consciência. Outra nem liga. Uma gosta de algumas pessoas. A outra abomina. Uma é de verdade e a outra pura ficção.
Qual sou eu?
As duas. Sou delas. Sou elas. Sou EU.

Eu devia tomar cuidado com o desejo. Pode se tornar realidade.
E hoje eu acordei querendo tudo diferente e o que tinha era um monte de igualdade.
Vontade de morder a vida.
MORDER.

things
things
things

domingo, julho 08, 2007

TÁ DIFÍCIL ESCONDER


E esse vazio todo aqui me engolindo. Pregada aos meus pensamentos desconexos. O escuro do meu quarto e o buraco da minha solidão. Essa que escolha a cada vez que mando todo mundo que tenta chegar aqui perto pra fora. Quando expulso com cabo de vassoura em riste as tentativas de aproximação. Pro que der e vier. Não deixo ninguém aqui. Me autosaboto com meus sorrisos e a minha mentira em existir sábado à noite.
E no dia seguinte só esse vazio e eu lá dentro abraçada as minhas pernas. Brinco com vagas lembranças. Tento esquecer você que esteve aqui por alguns minutos. Minhas vontades e o seu sorriso nervoso. Queria atender as expectativas do mundo. Entender as pessoas e encher esse vazio de sentimentos bons. Utopia demais. A solidão é o meu mal necessário. Porto seguro. Aqui eu sei que o mal não se espalha e que não faço nada para ninguém em um raio de 1 bilhão de km. Me isolo das verdades dos outros para engolir minhas mentiras e brigar com minha cabeça. Estamos em curto. Alguma coisa tá espremendo minhas entranhas e comprimindo meu coração. Deixa tudo do tamanho exato de um grão de areia. Queria andar a beira do mar. Com os pés na água fria. Segurando meu cabelo. Correr. Correr. Correr e deixar atrás tudo que aconteceu até aqui.
O mar e as minhas verdades como a realidade absoluta do mundo. Engano todos com meu jeito que destoa das minhas palavras. Falar é um jeito de fugir de mim enquanto enceno pros outros o que preciso viver. Todas as garrafas e os comprimidos jogados no chão do quarto, a solidão e o escuro. Dançando de mãos dadas. O vento uivando lá fora e eu imaginando que tudo está bem. Tudo precisa ficar bem com você. Comigo? É assim que é.

2 dias :)
(L)udov
PRA DEPOIS


Nunca quis machucar as pessoas. Enquanto afogo minhas entranhas em veneno a dor é minha e arde só que aqui dentro. Nunca quis ver lágrimas rolarem e perceber que é por minha culpa.Vim ao mundo com a penitencia de ser livre. Sinto muito. Mas não dá para parar. Ou segurar meu olhar sobre o seu o tempo todo. Minha vida vaga e meu coração descansa em estantes que não posso escolher.
Queria a noite de ontem com meu bom senso de volta. Mentira. Nunca fui daquele jeito. Não era eu. Estava possuída, feliz e leve. Não tenta me prender porque eu fujo. Não tenta me ter porque eu desisto. Não tenta me pegar porque eu escorrego. Espera meu tempo se for importante para você. Se você quiser um conselho, é grátis, e eu realmente sinto muito em falar isso: "eu não sou a pessoa certa para ninguém". Só para mim. Porque eu me aguento. Mas não me dê lágrimas. Não me faça sentir a pior pessoa do mundo e ao mesmo tempo a mais impotente.
É tudo. E pode ser que nem fosse para mim. "Mas a dor é muito para mim."


e eu prometo que bebo menos da próxima vez.
existe uma explicação racional para o fato de eu SEMPRE acabar na funhouse?
e toda vez que entro lá me arrepia até a alma. ai, sensações estranhas.
tirando as ressacas. a física e a moral. foi bom...


*realidade vestida de ficção*

quinta-feira, julho 05, 2007

PRÓXIMA RODADA


Encontrei a paz em um céu imundo que nunca saiu de perto de mim. Aquela paz que não cala e aumenta a pulsação. Tudo perfeitamente fora do lugar. Meus horários e minha vida fora do rumo e em pa-az. E tudo sempre esteve no céu imundo que divido com essa cidade sufocante.
Há dias parava na frente dessa tela com uma certeza vazia e vaga de que algo aconteceria. E tudo está bem. Não, nunca está. Tenho as pessoas a medida em podemos nos aguentar. Falta alguma coisa. Claro, que falta. Você me aceitar. E me guiar nessas ruas frias enquanto as meninas desfilam de vestido e salto alto. Vivo grudada ao meu all star. Minha cabeça vaga entre o céu e o inferno das palavras. Esse reino surpreendente vazio vestido de sentido. O sentido que alguns procuram lá dentro tão fundo e não encontram. Porque a pa-az está bem escondida no céu imundo de cada um. E não é deixando-o limpo que você encontra. Nem desmatando passado e pregando suspiros para um futuro.
Sozinha agora. Como sempre estive antes. A cada respirar mais longe. Um tanto mais inacessível e tudo borbulhando em possibilidades. Promessas que não cumpro quando a luz se acende. Não cumpri nenhuma das promessas que te fiz. Ou cumpri aos olhos dos outros enquanto tudo aqui se mantinha intocado. Toda a raiva enrustida naquele 0 a 0. Que quase não chega. Não alcanço o seu sorriso em noite nenhuma. Minhas lembranças são vagas. E você vai querer. Vai. Cedo ou tarde. Isso eu deixo na mão do destino. Na minha vontade de arrumar o passado.
Quero te carregar sem essa dor. Sem fardo e sem pena. Nem de mim, nem de você. Pena são para fracos. Embora, você seja. E era exatamente a sua fraqueza precisa que te tirava do rol dos manés o qual você faz parte. Mas, mais um voto de confiança e da próxima vez nos enfrentaremos no olhar. Com sorrisos falsos. Te pinto de verdade para disfarçar a mentira que você é. Nada.
É só isso.
E na próxima rodada, eu te pego.


"tudo para ir, aonde ninguém foi, onde eu possa rir do passado e te perdoe."
(L)udov

eu e a gords nos xingamos por quase uma hora hoje. carinho violento. e como falei:
"vou escutar ludov até explodir em letras e melodia" hahaha!
implicante, eu ouço o que eu quero. lálálálálá.

NÃO VOLTA

Viver é escrever no escuro. Olhar em volta e ver uma frestinha de luz. E um abismo enorme a sua frente. Me pego em palavras para não notar as mudanças. Não largo o precipício. Preciso viver a beira da vida. Olho tudo lá dentro dando certo. Parada a porta daquele boteco de quinta enquanto meus amigos se divertem. Ouço a mesma música incontáveis vezes. Uma voz macia no fundo da minha cabeça ecoando uma nota alta. E alguém lá de dentro do boteco acenando para eu entrar.
Às vezes acho que a maior dádiva do ser humano é saber ficar sozinho. Não solitário com cara de coitado. Odeio os coitados. Gente que acha ou tem certeza que é. Muita coisa aqui e embora a pieguice seja meu sobrenome. Coitadinha nunca passou perto de mim. Vou ganhando a vida no pulo. Cutuco as costas dela, mesmo odiando que me cutuquem. Simplesmente porque viver é escrever no escuro. E o que vai não volta, com precisão ou igualdade.
Não, não volta.

"preste atenção, não me entenda mal, até que eu sou uma pessoa legal, especialmente com você..."
(L)udov
Pausa no trabalho para esclarecer uma coisa:

Nem tudo que escrevo faço e nem tudo que faço escrevo.
Simples assim :)

agora, já vou, começar a classificação de matérias da BMW.
ahá, divertido néam?
vou virar uma entendida em carros que jamais poderei ter, mas até aí, posso ajudar quem pode ter a escolher. hahaha!

beijo
e mais tarde eu volto.

quarta-feira, julho 04, 2007

ARDER

Viver é como passar o dedo na chama de um isqueiro. Se você passa rápido não queima, mas se parar, arderá. Viver parada arde. O movimento de ida e volta que faço com meus dedos olhando para o isqueiro, enquanto ensaio acender um cigarro. É como o movimento que faço na vida enquanto acendo as luzes de quartos escuros. Circulo por entre lençóis perfeitamente estirados e outros amarrotados com uma mesinha e a luz em um canto quase apagada. Olho as suas costas e você nem nota o barulho dos meus passos pelo corredor até aquele foco de luz em um quarto vazio. Sinto o cheiro da sua solidão do outro lado da rua. Venho partilhar deste seu sofrimento mudo e necessário. Entendo suas necessidades. Porque as tenho vez ou outra. Diferente de você resolvi parar de arder. Coloco o óculos escuro para tentar esconder as olheiras. Prendo o cabelo deixando parte dele solto. E subo essas ruas e avenidas que circundam o seu círculo.
O cheiro da sua solidão me embebeda a cada novo segundo. Ando. Ando. Ando. E me pego mais uma vez parada na sua porta. Penso em fugir. Mas besteira é não aceitar o que se tem. E eu tenho o seu cheiro impregnado. Suas costas tatuadas na minha memória. O seu rosto não consigo enxergar por causa daquela falta de luz. Te aberto os ombros e você não se virá. Continua sentado, curvado e com olhos pregados em um papel. Você está sempre escrevendo. Porque não sai para viver ou virará-se para me olhar no olho. O que tem aí dentro que ninguém pode ver? Deixa de arder enquanto todo mundo está em movimento. Deixa.
Deixo de ensaiar acender o cigarro. Saio na companhia dele. Andando comigo mesma com um sorriso no canto da boca. A parte que me importa é essa que se movimenta. A que quer arder. Que arda. Mas dessa vez calarei sua voz. Prenderei suas mãos na cadeira deste quarto quase sem luz. Engolirei as chaves. Você terá que enfiar os dedos nas minha entranhas para recuperar a chave e a luz. Ou você ou alguém capaz de trazer a vontade de parar e arder.


assisti 'cão sem dono' e descobri que já posso assistir filme em que falam "cancêr" sem passar vergonha debulhada em lágrimas no cinema, não que tenha passado, mas já dá para assistir filme sobre, com o mínimo de dignidade.
sem mais.

baste
a quem baste
o que lhe basta
o bastante de lhe bastar
a vida é breve
a alma é vasta
ter é tardar
Fernando Pessoa

(lindamente musicado pelo seychelles) - lembrado em um belo comentário do brunolds lá oh:
http://www.susinaoandasozinha.blogspot.com/

terça-feira, julho 03, 2007

RODA VIVA

Me visto do mais puro clichê e afirmo por a+b que a vida é recheada de escolhas. Desde aceitar uma coisa que você precisa muito naquela hora mas sabe não é o melhor. Até sofrer sem aquilo e depois receber o que você realmente quer. Do jeito que você quer. Aceitar as limitações. O frio e a fome. Os berros dos censores incapazes de entender quanta razão há na sua vida. Se eu entendesse de matemática mais do que o suficiente para passar, ou conferir, troco faria uma equação aritmética da minha história. Minha vida é exata regada de humanidade. Tudo tem encaixe e dá para tirar a prova real.
Esse meu olho ressaco banhado de lágrimas inconvenientes. Não quero chorar. Não tem porquê. A fonte secou e a vida começou a florescer por estes campos.
É estranho olhar tudo dando certo e eu sem fazer nada para chutar o alicerce. Estou calma. Preparando cimento para concretizar tudo isso na minha vida. Coisas novas chegando e pessoas velhas voltando. O destino te coloca na roda viva da minha vida. Vamos rodar e tomar sorvete. E rir do nosso passado. Falar de coisas e pessoas. Momentos bons que ficaram para trás. Você que me rega de boas lembranças com um sorriso. Você que é o meu passado mais presente. Quem tirou do meu jardim as ervas daninhas daquele outro. No dente. Sem perceber, sem notar e principalmente sem saber o quanto aquela uma semana foi importante. E a amizade e a nossa sintonia. Nossos gostos misturados.
Tudo é bom. Você aqui de volta é bom. Meu amigo. Meu, querido, amigo. Que nunca deixou de estar aqui. E todas aquelas palavras bêbadas trocadas aos berros porque o som era muito alto continuam aqui.
Um gosto em um copo e o seu olhar nas garrafas que você carregava abraçado a ela. Sem cena de tv ou ciúmes. Nada. Só isso. E você atravessou tudo com ela. O final daquela noite você não sabe, mas eu e o meu banheiro não esqueceremos jamais. Hoje eu olho e acho graça. Porque passou. E não sei porque o destino te enfiou aqui do lado da minha casa. Não sei.
Mas, eu ainda acredito.



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edição 01 - fechada e no ar para todo mundo ver :)

segunda-feira, julho 02, 2007


MANHÃ DE SEGUNDA-FEIRA

Parei por tempo indeterminado de falar que ninguém entende. Todo mundo entende e sabe por que todo mundo entende? Porque todo mundo passa por isso também. Só que eu passo mordendo a bochecha e disparando palavras. Eu me jogo inteira nesta tela com essas letras e com as minhas palavras. Vou de cabeça. Sempre vou de cabeça. Deve ser por isso que tenho tanta enxaqueca. Mas não importa. Quem vai deixar um saco de ossos recheado de carne calar? Eu não. Então, ignoro todos os sinais e vou. Sem cordinha. Sem pára-quedas. Nada me pára e o final é sempre o mesmo. Diferente dos contos de fada e o seu "felizes para sempre". Na vida de verdade engoliram o "para sempre". Tudo pode durar um final de tarde ou uma manhã fria. Ou dois segundos. Um olhar e a certeza que você queria parar ali. Mas eu não paro. Eu nunca paro.
Atravesso a rua com seu olhar tatuado no meu cérebro. Mantenho os meus princípios. E a cabeça cheia do que farei amanhã. Preencho o vazio com a lembrança do seu olhar. Só o seu olhar. A sua calça rasgada, camisa preta, uma guitarra do lado da mesa daquele bar. Hoje passei na frente do bar e é claro você não estava lá. Segunda-feira de manhã. Você deve estar sendo engolido por obrigações ou ainda se revirando na cama. Não sei seu nome. Endereço. Profissão. Só o seu olhar tatuado aqui dentro. E o meu dom de me apaixonar pelo o irreal.


o que eu fazia lá em uma manhã de segunda-feira?
entrevista de trabalho e a parte boa. contratada. YEHA! x)
fazer clipping.
pro futuro e avante. :)

e dia 1 de julho, susi começou a andar.
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