terça-feira, julho 17, 2007

E, VOCÊ VEIO.

Queria esquecer tudo e ir em frente. Seus olhos nos meus fazendo juras baixinho enquanto os dois tinham a maior certeza de que nada daquilo seria verdade. meus ouvidos tentando captar suas palavras. Minhas mãos brincando com seus dedos enquanto os seus se enrolavam no meu ombro. Meu corpo todo encolhido perto do seu. queria transpor a física e naquele momentos virarmos um só. Caminhar com você. engolir teu cérebro e te emprestar o meu. Descansar meu coração na sua estante.
Mas amanheceu e a luz sempre aparece pra estragar tudo. Acordamos com os corpos grudados e a cabeça doendo. Lembranças fora do lugar. E o cheiro ocupando o quarto. Sentia pesar minhas palavras e passava pomada nas tatuagens que você fez no meu cérebro.
Queria acreditar que tudo é verdade. Abriria mão da minha mania em me equilibrar na sarjeta se tivesse a certeza que você entraria nela comigo. Seria sua, se você pudesse ser meu. Mas você não pode. Não pode, hoje. Não pôde, aquele dia. E vai continuar não podendo. Simplesmente porque você não sabe o quanto é você e o quanto sou só eu.
A minha liberdade sai com as mãos no bolso. Leva todo movimento e peso que desfilo em palavras. Algumas músicas aqui sempre tocando. Remember. De quando acreditamos que seríamos para sempre. Não esquece de pegar suas coisas e fechar a porta. Levanto antes e me tranco no banheiro. Quando voltar quero meus lençóis no lugar e o seu olhar longe daqui. Não te pedi, mas você sabia. Você sempre sabe. Quando voltei você não estava. Então, me encolhi no canto tentando querer aquilo. Te querer longe. Fui até a janela para acompanhar suas costas se perder no meio da multidão. Tarde demais. Já não tinha mais sinal das suas costas e nem da minha vida naquela rua lá embaixo.
Acendo um cigarro. Tentando te transformar em só mais um. E eu sei. Você sabe. E todo mundo que nos viu também sabe. Não somos mais um. Nem para o mundo. Nem para o outro. Vasculho meu quarto atrás de uma desculpa boa para te ligar e pedir pra voltar. Não acho desculpa. Não tem nada. Nem um botão esquecido. Nem nada.
Te ligo. As som não sai, só o barulho da minha respiração, e você me pergunta o que aconteceu. Te peço para vir até aqui de novo. Você diz que não dá. E não dá porque você não quer. Você tem medo. Eu também tenho. Mas prefiro assumir meus medos. Escolho meu jogo e escondo as regras. Respiro no telefone. Você pergunta o que houve e eu digo que nada.
O canto do meu quarto de novo me têm de joelhos. Ouço o trinco da porta. Levanto a cabeça e é você entrando no meu quarto. Seus olhos garantias gratuitas de que aquilo valerá a pena. Dure o que durar. Seja o que for.Oh, lemme think, lemme think, what shall I do?