sexta-feira, junho 29, 2007

CHUVA E A PORTA FECHADA


De repente tem tanta gente aqui. Olho para o lado e vejo rostos. Milhares deles. Sorrisos os que tive e os que chegam a cada segundo. Minha vida é guiada a novidades. A cada andar encontro uma coisa esquecida no chão dessa cidade. Ando de cabeça baixa procurando elos perdidos no chão. O meu elo. Aquele que me prega ao meu passado e sustenta meu futuro. O presente me dá de presente a saudades. Uma saudade fina que evito matar. Ela me alimenta de passado e não deixa eu me perder nesta bagunça que é aceitar os sonhos. Ando cada dia mais para longe. Cada dia um pedaço do meu sonho sendo moldado sem massinha. Ele vai no susto, busca abrigo em algumas casas que mantém a porta fechada. Fico ali tomando chuva, braços cruzados, grudada a sua porta. Você está lá dentro. Não abre porque não me quer aí dividindo os seus fantasmas. Eu também nunca quis ninguém aqui. Maldita idéia procurar a sua porta nesta noite fria. Deixei o guarda-chuva pendurado na cadeira do bar fazendo companhia para o meu juízo.
Não sei o que me deu, quando resolvi acreditar que este sonho vai acabar em um lugar bom. Guiado por uma calma desesperadora que arrancarei no dente com mais problemas. Sempre arranjo alguma coisa para me preocupar. E desta vez é a sua porta fechada. Um pedaço de teto entre a rua e a sua porta. Me espremo fugindo da chuva e do seu medo que bate nas paredes. Ele também quer vir até mim. Mas você, um saco de ossos recheado de carne, tem medo. O seu medo entrava todo o futuro. Qualquer que seja o futuro. A sua mão escondida nas suas costas e o seu sorriso sádico nunca estiveram no meu sonho. E quem disse que o sonho condiz com a realidade? Quem disse isso, não te conhecia.
Saio na chuva. Braços abertos, rodo na praça fria e solitária, abro a boca para sentir o gosto dessas gotas. Rodo, rodo, rodo e a roda dá vida me leva. As gotas e o sal das minha lágrimas misturadas. Um gosto bom. O meu gosto. O gosto das minhas verdades. O meu sonho que toma forma a cada dois passos. A faculdade. As músicas. A procura por algum trabalho. Tudo. E eu queimo no inferno da solidão. As pessoas. Sempre tem algumas aqui que me salvam os dias e me arrancam sorrisos. Tem as que me matam com a dor fina da saudade. E as que chegam anunciando um carinho gratuito e enorme.
Cansei. Cansei de toda a alegria que todo mundo finge. A vida faz sentido enquanto rodo, com a boca aberta sentindo cada gota na ponta da minha língua. Tudo faz mais sentido quando há dor aqui. Alegria é calmaria frígida. E tudo que é frigido me acomoda. Ainda tem muito sonho me esperando. E muitas portas fechadas com um pedacinho de telhado para me proteger da chuva. Se você abrir a porta eu entro. Bebemos. Conversamos e quem sabe escrevemos as palavras que vivem grudadas na nossa cabeça. Mas o seu medo é maior. Você é maior que o seu medo. Mas você prefere manter a porta fechada. Me acomodo na praça. Os pés brincando um com o outro. Acompanhado dos meus mortos que me olham lá de cima. E sorriem. Eles sorriem porque eu não desisto. Jamais desisto. Prego minhas palavras na vida, enquanto elas se pregam em mim. Sou uma mulher vestida de realidade pintando a ficção. Sou eu e isto me basta. Sou minha e isto é o que me importa. É assim que é. E assim que será. Até. Até o dia que tiver que ser.

quinta-feira, junho 28, 2007

COISAS BANAIS


Me despeço de todo mundo para parar a frente desta tela em branco. No escuro. Meus dedos guiados pela prática. Minha cabeça ainda dói tanto quanto na noite de ontem. Deve ser para me forçar a dormir cedo e calar tudo que tem aqui.
Não consigo mais olhar para dentro e ficar espiando por debaixo de cortinas pesadas. Tão pesadas que só consigo levantar o suficiente para que um olho veja lá dentro. Um olho é muito pouco. Tenho feito muito pouco por mim nestes últimos dias. Se ao menos soubesse o que causa essas dores. Cabeça. Estômago. Pontadas no peito e falta de ar. Mas hoje eu ouvi uma voz que me jogou direto no passado. Estou molhada de lembranças e feliz. Não por ter passado. Mas por perceber que certas coisas simplesmente continuam aqui. Posso correr pelo mundo, parar e ligar para algumas pessoas e sentir que jamais corri. Uma parte de mim gosta disso. Não há andarilha e bêbada. A serena que espera alguma coisa inominável. Como se eu fosse duas.
Me disseram uma coisa hoje engraçada. Existem as certinhas, as erradas e a Suellen. As certinhas são aquelas que não parecem perder a linha e estão sozinhas porque tem gente errada demais no mundo. As erradas que estão com os caras fodas porque eles não acreditam que existam certinhas. E a Suellen. Inconstante. Uma surpresa a cada respirar. Rodeada de clichês que manejo com as pontas dos dedos. A que a liberdade prende. A que sabe o que quer, mesmo que não queira nada. Às vezes eu quero pa-az. Sem perguntas. Pessoas que perguntam o tempo inteiro me irritam. Prefiro afirmações. Como vai você? Bem, obrigada. E a sua mãe, pai, cachorro? Bem. E o seu tatatataravó? morto. E. E. E.
Pessoas, não precisam perguntar. Perguntar nem sempre é educado. O principio básico da convivência humana: o silêncio é um grande aliado. Cale-se. Ou me cale. Mas fiquemos em silêncio olhando o céu. Tentando alcançar a lua sem sair do chão. Vamos nos olhar a noite inteira até que nossos olhos ardam e precisemos descansar. Venha. Volte. Às vezes, 'o mundo é pequeno, sem ter com quem dividir as coisas banais'.

quarta-feira, junho 27, 2007

TRÂNSITO


Debruçada na grade que separa a praça roosevelt dos carros. As vozes começam cada vez ficar mais longe e os carros cada vez mais perto. Um estacionamento com mais carros na linha dos meus olhos. E lá embaixo um desfile de vidas em um compasso manso. A vida daquelas pessoas em movimento. As vozes cada vez mais longe. Cada carro como uma gota do meu sangue. E o trânsito o compasso que transita esse líquido vermelho que engloba meu corpo.
Cada gota um carro. Cada carro uma história. Cada história uma vida ou cinco delas. Meus sentidos em um desfile do trânsito dessa cidade que eu transpiro pelos poros e espero nunca soltar. As vozes cada vez mais longe e eu quase posso sentir o sangue transitar. Meu coração cada vez mais rápido, minha cabeça cada vez mais cheia e no instante seguinte tudo se esvai e ficam os carros. O trânsito e a certeza de que ele não espera nada de mim. O sangue e o trânsito. Estou alheia. Não sou capaz de interferir em nenhum deles. Apenas uma espectadora dos seus passos.
Aquelas ruazinhas todas lá embaixo se cruzando. E todos eles iguais. Desde da pajero até a kombi. Todos iguais. Sem distinção de importância. Assim como o sangue. Tanto faz estar no cotovelo ou no coração. Sem a licença poética a importância é a mesma. Às vezes chego a acreditar que alguma veia na minha cabeça explodiu e só pode ser essa a explicação para essa dor insuportável. Tenho tido dores estranhas. Meu corpo apresenta sinais de cansaço visíveis mas eu não paro. O movimento é o meu combustível. Assim como o do trânsito. Não dá para parar. O que eu quero ainda está ali adiante e eu caminho. Entre passos largos e recuos estratégicos. Entre verdade e mentira. Sonho e realidade. Entre o que eu posso e o que eu tenho. Entre o possível e o impossível. Eu sempre pulo para o lado de lá. Debruçada naquela praça que sem um quê me dá um jorro de histórias. Como se eu já tivesse vivido parte daquilo e cada um daqueles botecos fossem velhos conhecidos. Aquelas ruazinhas e aquela vida toda ali dentro escondida. Entre toda a história e a verdade da vida das pessoas. Eu penso em vocês todos. Que estão ou estiveram aqui. Assim como o sangue. Ele muda o rumo mas nunca se perde. Vocês nunca vão. Afinal, "o passado é uma prisão", mas eu perdi a chave da minha. Tenho uma cabeça cheia de lembranças. E alguma saudades. Sinto falta de alguns de vocês. E no momento que tudo alcança esse marasmo chato. Penso em reviver meu passado. Mas seria como dar marcha ré no meio do trânsito das 6h da tarde. Não dá. Preciso ir para frente. E se você quiser. Caminhe até mim. Vamos por mais alguns passos juntos. Só mais alguns. Não prometo que por muitos. Não consigo prometer nada. A não ser quando o escuro esconde meu olhar mentiroso. Não dá. Eu não sei ser de ninguém. A minha liberdade é o que me prende. O meu 'umbigo particular'. Tem coisa demais para deixar alguém entrar aqui. Sou de quem pode comigo. E não vejo ninguém que possa. Não agora. Sigo entre o vazio das noites falsas e do meu silêncio necessário. Uma mentira entre o que aparento ser e o que sou. Entre o que acham e o que existe. Sinto muito, para quem vive de achismos baratos. Mas aqui não é o seu lugar. Se quiser tentar, lave as mãos e venha. Munido de palavras e sem as suas máscaras. Eu mantenho as minhas. Vamos rasga-las uma noite dessas e depois ver o que sobra. Entre álcool, música e uns cigarros. Meus textos em uma mesa de bar. E alguém cantando minhas mentiras, sem conhecê-las. Sinto a sua presença. Como se você estivesse por aí tão perdido quanto eu. Você que ficará aqui e depois fará companhia para eles. Os seus novos companheiros de passado. Mas enquanto isso. Quando você chega no presente? E de presente me traz uns sorrisos e um olhar tímido. Eu quero você. Aquele cara que eu vi ontem em um bar e nunca mais verei. Eu tenho o dom de me apaixonar por um olhar que nem era para mim mas cruzou os meus enquanto eu continuava a andar e o deixava a minhas costas. Quando tudo começa ser verdade?
Cansada. Com as minhas dores e as minhas mentiras. Vestida de verdade, maquiada de aparências falsas e bêbada de sentimentos. Sempre assim. Sempre.

domingo, junho 24, 2007

NÃO IMPORTA

Hoje tenho vontade de falar para o mundo que ele não importa. Não importa a peste e a fome. Nem os meus medos todos enfileiradinhos na minha estante. Os livros que estou lendo e os que tenho para ler. A voz dele aqui embalando minhas palavras para viagem. Não importa. Nada disso importa. Nada importa. Tenho por dois segundos a pa-az me fazendo companhia. As pessoas certas. Aprendo a jogar o jogo que é uma das melhores metáforas da vida. É só fazer a bola branca acertar a outra e enfia-la na caçapa. A bola branca é a neutralidade e a pa-az e as outras são os problemas. A caçapa é o decreto de que tudo fica bem e fim. Tudo fica bem. Eu fico. Eu e algumas pessoas. Só isto importa. O resto? Passa amanhã que hoje a pa-az é o meu grito. O silêncio meu quarto. E a solidão cambaleia pela rua.

o centenário foi comemorado no fotolog e na vida como uma apostila cheia disso aqui.
obrigada. obrigada.

quinta-feira, junho 21, 2007

FORTUNATO

Resolvi ser de verdade e aceitar. Aceito todos meus fantasmas vestidos de noivo, esperando cada um a sua hora, para que cassemos e finjamos por aí que somos felizes. Como todas as pessoas que casam uma vez só. Eu não. Eu vou casar um milhão de vezes. Com cada um dos meus fantasmas. E vou deixar eles me usarem inteira. Porque eu devo ser uma pessoa possuída por um cérebro que não é meu. Eu gosto da minha unha vermelha, dos meus blazerzinhos, do meu all star branco e do meu brinco de argola mesmo que ele distoe de todo o resto. Já o meu cérebro ele gosta e joga no teclado coisas que não estavam aqui quando eu subi a ladeira da faculdade fumando um cigarro que me deixou molinha por uns 15 minutos. Deve ser alguma entidade, mal resolvida, ou é um dos meus maridos. Porque agora meus fantasmas passaram a ser tratados como maridos e os eventuais serão amantes. Se não tem homem de verdade por aqui, neste momento, porque eu estou vaziazinha e adorando esta fase (mentira). Vou desfilar pela vida de mãos dadas com meu novo marido. O que tem medo do futuro. Este é meu marido. Ele chama Fortunato. Fortunato teme o futuro. Vou contar o começo da nossa história de amor. Bonita história de amor. Desde quando eu era uma criancinha, o Fortunato ficava ao meu lado me observando e já dizia que casaríamos um dia. Eu não dava bola para ele, porque era a época do meu amor juvenil, o Paulo, sim o meu primeiro amor chamava Paulo eu gostei dele até ele operar de alguma coisa que não sei bem o quê até hoje.
Era um amor puro, até me contarem que ele ia operar uma "pelinha que fica lá". Como eu não sabia lá onde. O amor passou. Então o Fortunato se aproximou, quando tive que mudar de escola eu até dei uma chance pra ele. Eu e o Fortunato conversamos sobre o futuro. Eu dividia o medo com ele, mas o meu medo era momentâneo e o Fortunato também seria. Doce ilusão. Tive que mudar de escola outras tantas vezes, à medida que o dinheiro escorria pela conta da família. E o Fortunato sempre presente. O medo do futuro e o Fortunato. De repente passei três anos sem pensar no Fortunato. E agora, eu resolvi que a gente vai casar para eu ter alguém com quem dividir o meu medo do futuro. Às vezes eu o traio. O Gónario o que tem vergonha de quem ele admira me ataca e eu deixo o Fortunato de lado uns dias para me dedicar a ele. Agora, no presente momento, estou comprometida com o Fortunato. Até mais e além.


*e o próximo texto, é meu centenário.
100 textos de claritromicina
OBEDIENTE

Estou cansada desta forma dramática que soa a minha vida. Existe drama aqui e um monte dele. Mas algumas pessoas precisam começar a enxergar a comédia que existe na minha desgraça. Soa utópico. Minha vida inteira é. Todos os caminhos se cruzam e viram tortuosos. Até ir até a padaria pode acabar em uma história. Meu cérebro e minha vida trabalham sem descanso. Nem quando durmo as coisas parecem largar minha perna, meus monstros chatos ficam zunindo a noite inteira e puxando o edredon pesado e amarelo. Acordo a noite inteira em saltos, sem abrir os olhos, com medo de encontrar você no meu quarto olhando através da janela de madeira pesada. Meus medos andando na rua de baixo. Meus problemas forçando o portão. Minha vida suspensa no quarto escuro enquanto os monstros puxam meu edredon e você espia as coisas lá fora. Parado na frente da minha janela. E eu ali imóvel e os olhos fechados. Tenho vagado nestas noites que você me espia. Ando bêbada na noite, em companhia de santos e profanos. Acordo todos os dias com uma idéia rodando na minha cabeça, corro pro teclado para pregá-la nesta tela branca e o que me vêm são só as lembranças de uma noite que não tive. Aquela na qual você espiava pela janela fechada e eu vagava entre o sagrado e profano. Sem sentido algum. Sem nada fazendo sentido. Muda e obediente e só.

ALL MY DREAMS ARE WAKING UP

Queria saber onde tudo isto vai dar. Onde minha vida desemboca. Ter a menor noção de quais são os meus sonhos. All my dreams are waking up. Mas ainda dormem e a minha falta de pretensão se explica pelo simples fato de não saber por onde começar.
Sair por aí e gritar que dentro de um negócio que ela deu o nome de claritromicina, existe uma menina de 18 anos que escreve sobre a vida e pretende um dia ganhar reais vendendo, não a vida e nem o corpo, entendam, isto é outro departamento, e sim as palavras. Não quero virar só mais uma que escreve porque precisa. Mesmo porque quem precisa são essas palavras pentelhas que ficam andando pelo meu quarto, vagam pelo ônibus, entopem minha cabeça e me saem pelos olhos quando não dou os dedos para servi-las. Malditas, pedintes, folgadas palavras. Se não quisesse viver disso talvez fosse fazer medicina, caso conseguisse ver sangue ou ouvir histórias trágicas de verdade. Já ouvi o suficiente no departamento de oncologia da Santa Casa, não imaginei que sairia viva daqueles dias, a espera torturante e a saída sempre agarrada a má notícia de que o fatídico dia chegaria antes que pudéssemos ter uma despedida digna. Os dias se encarregavam de matá-la aos nossos olhos. A dor era amenizada por quem agonizava. As forças eram vindas de onde deveríamos mandar. Todos egoístas, sem perceber que dali a pouco, nosso egoísmo viraria pó.
Aqueles corredores da "santa" casa. Ironia este nome. "SANTA". Como "santa" se aquilo parece mais o inferno. Corredores marcados de dor. O clima pesado e as lágrimas lavando o chão a cada maca coberta que passa.
Alguns daqueles dias me tiraram a pretensão. Quero o suficiente para viver, quero aquilo que preciso, no momento preciso vender palavras porque daqui a pouco a coisa fica insustentável. Mas, não quero o além. Tenho medo dele. Ou talvez já saiba que no final somos todos iguais. Se debatendo e definhando para ganhar mais um dia ou perder um a menos. No fim é um jogo sem grandes vencedores. É uma viagem, da qual não sairemos vivos, já dizia leminski com as suas palavras que não são toscas como as minhas. Não me acuse de não ter pretensão. Nem diga que ergo fortalezas para me proteger. Certas coisas as vidas se encarregou de me dar adiantado. O preço é essa leveza falsa. E essa saudades que me come a cada segundo. Às vezes a falta é tão grande que tenho vontade de queimar todas as fotos e os fatos que desfilam na minha lembrança. Deus, ou o que chamam disso, levou uma das melhores pessoas que conheci. Agora eu acredito nos meus deuses, acredito no que quero acreditar e no que me mantém respirando. A arte. Esta escrita de dor e verdade. Dói. Ainda tem um monte de coisa impregnada aqui, passado machado de perda e presente suspenso em dúvidas.
Preciso organizar a vida e as coisas. E ir atrás do que eu quero. O que eu quero primeiro. All my dreams are waking up.

quarta-feira, junho 20, 2007

AO PÓ

O frio e o mundo fazem sentido. O mundo é uma coisa que nunca fez muito sentido para mim. Nunca encontrei alguém que colocasse em palavras tudo o que eu sinto. E eu preciso beber palavras tanto quanto preciso comer. Tanto quanto preciso respirar e viver. Invento um monte de vida. Vivo tudo que queria viver aqui neste teclado. Prego meus olhos nesta tela e estas letras na minha vida. Minha ficção vestida de realidade. E a realidade toda enganada pela maldade do mundo. Por estes malditos ladrões de coisas e de vida. Por pessoas agonizando em si enquanto se vestem com um sorriso. Por sonhos que fazem sentido no frio e no compasso da rede.
Meus medos desnudados numa escrita de coração e entranha. O começo e o decorrer da minha vida escritos a uns 70 anos. A minha morte parece estar anunciada a cada página que rasgo para comer. Engulo cada linha. Paro. Cubro meus braços desnudados pela blusinha rosa que me veste da farsa que os outros vêem. Encolho as pernas e quase posso tocar meu coração. Meus olhos cansados da culpa que me deram no dia de hoje e das lágrimas silenciosas e ridículas que derramei no ônibus. O mundo está me pregando peças. Estou no maior teste de fogo. Os problemas parecem desfilar e sorrir na minha frente para a foto que eu não sei tirar. As palavras cortantes da minha mãe. Cada uma como uma navalha. Ela afia a lâmina no meu coro e me arranca a carne. A frustração dela, aparentemente, não me atinge. Conservo as aparências para que ninguém entre aqui dentro tão fundo que não consiga jamais expulsar. Tenho problemas. Milhares deles. Em fila indiana. Mas não vou ficar pelos cantos como a pobre coitada. Não sou coitada de mim. Invento meu personagem nestas palavras que por um momento parecem tirar uma porção de coisas ruins. No momento seguinte encaro os fatos. Sinto frio. Fome de vida. Vontade de gritar na multidão. Queria fechar a conta. E mandar o recibo para eles todos que me enlouquecem. Meus malditos, sagrados e profanos. Pergunto ao pó e espero ir encontrando as respostas. Ou não.
O pó me dá alergia. Espirro minha vida a cada nova página de verdades cuspidas em fila. Quero meus problemas resolvidos por decreto. Me convenço que a culpa não é minha. A culpa não pode ser minha. Não desta vez. Assim como de quase nenhuma que ela destila em veneno. A cada segundo morro um pouco mais no veneno de quem me pôs no mundo. Preciso ser de verdade. Conseguir um emprego e me mandar. Antes que ela me mande para dentro de mim e eu me perca. Não consigo me achar com facilidade, estou me perdendo nesta redoma de vidro, embaçando as paredes com minhas lágrimas silenciosas. Cada segundo uma coisa nova. Mais um corte. O sangue está jorrando do meu cérebro. Lavando o chão de palavras, matando meu sonho. Preciso ser de verdade para terminar de vez com estes cortes. Mesmo que ser de verdade seja colocar meu sonho para dormir e me prender em um emprego de merda. Minhas lágrimas lavam meus pensamentos e me mostram que não há outro caminho. Emprego. Qualquer. Até o de merda. Preciso de um e pronto.
Enquanto isto, me perco, no pó. Pergunto a ele. Pergunto a John Fante e Arturo Bandini. Sinto que alguma coisa vai acontecer. Sinto isto e ainda estou na página trinta. O trabalho para conseguir o livro e a certeza de que este é o momento. Não sei de que. Mas é o momento.


"Eu tinha vinte anos, na época. Que diabo, eu me dizia, você tem tempo, Bandini. Você tem dez anos para escrever um livro, vai com calma, sai por aí e aprenda a vida, ande pelas ruas. Esse é o teu problema: ignorância de vida."
john fante

segunda-feira, junho 18, 2007

MATAR O QUE TE MANTÉM VIVO


Acho a coragem uma dádiva humana, das mais preciosas, se não a mais preciosa. Não é paciência que me falaram no telefone, semana passada, a maior das dádivas. Mesmo porque jamais me convenceria de que não possuo a maior dádiva humana. Não possuo paciência, assim como não possuo reais, assim como não possuo a vontade de fazer o que me mandam, só na hora que eu quero e ponto. Eu quero muito uma coisa, mas se me mandarem querer aquela maldita coisa, não vou querer mais. É um saco. Porque as vezes eu realmente preciso daquilo, naquele momento e só.
Agora eu fico aqui remoendo minhas entranhas e lembrando de coisas que nada tem a ver comigo. Só pra poder chamar o mundo de cuzão e repassar mentalmente a história de algumas pessoas. Então comecei a esmiuçar a morte de um monte de gente desde cedo. Nem sempre minha memória me ajuda e o google estava de mal de mim. Então vou as óbvias para chegar onde eu quero . Caio Fernando Abreu, Hunter S. Thompson e Kurt Cobain. Três vidas distintas unidas por um mesmo destino. Aquele de quem escolhe a fuga como caminho mais fácil.
Eu acho o suicídio a pior maneira de calar. A dor. O medo. O pânico. A frustração. Todas estas coisas que as pessoas sentam a janela para espiar o mundo lá fora e se perder dentro de si. Encontrem o caminho de volta. Nos gritos. Nas lágrimas. No fim de romances ou no começo deles. Inventem. Vivam em palavras se for o caso. Mas não deixem o mundo pela porta dos fundos.
Todo mundo pode ser genial, todo mundo é um pouco gênio, mas a genialidade é água que escorre pelos dedos. Três pessoas que tem minha admiração. Em campos diferentes, deixaram a genialidade escorrer pelos dedos e abriram a porta dos fundos. Aquela por onde sai quem não tem coragem de levantar a cabeça e seguir.
Ferir o que te mata. É matar o que te mantém vivo. Para Kurt Cobain, seus pensamentos o mantinham vivo, enquanto o estômago doía de forma inexplicável. Thompson tinha no coração as entranhas molhadas de combustível e a cabeça sua ligação com o mundo. Tiros na cabeça . Silenciar. Talvez a morte não passe do silêncio incomodo da sala de espera. E a vida não seja nada mais do que a ante-sala do médico. Dos médicos. Da casa das pessoas. Da prisão incomoda que a gente se mete sempre quando a preguiça de ir viver lá fora bate. Do caio fernando abreu eu desisti de falar. Mantenha imaculada a alma de escritor que ele tinha. Deixe na minha memória os fragmentos de dor que ele deixou antes de partir pela porta dos fundos.
Esmiúço minha vida em palavras. Vivo nestas palavras o inferno que não é meu. Renego o paraíso quando ele se aproxima. Deve ser muito chato viver no paraíso. Deixo ele para os censores, para os que não conseguem manter o olhar, para quem não tem coragem, para anônimos e homônimos. Deixo para as verdades parciais ou as inventadas para embebedar as pessoas. Não minto. Sou eu aberta pro mundo ver. Assumindo todas as conseqüências de deixar todos os dias minha vida pela porta da frente, de cabeça erguida, com os bolsos vazios e a dignidade inteira. É um diário. É um fotolog. Um blog. É meu. Protegido por direito autorais e o diabo. Cuidado com meus demônios rodopiando pela sala. Cuidado.

domingo, junho 17, 2007

COCA AGUADA

O último gole da coca aguada. Os sentimentos todos ali saindo pela porta da frente com uma música de fundo e os créditos subindo. Cada um daqueles personagens é um pouco de mim e no final eu não sei quem escolho para ser o principal. Estava testando minha vida. Quando decidir começar a encenar este teatro de arena, que é viver, quero ter certeza de quem serei. Enquanto isto, ou para sempre, sinto que não foi à toa que larguei o teatro duas vezes. Nasci para pregar letras na vida ou a vida se prega inteira nas minhas letras. Não sei. Não penso e os meus dedos simplesmente vagam pelo meu teclado já apagado. E eu desisto de encenar qualquer coisa. Ou vou no improviso. Minha peça é toda no improviso. Esqueço os detalhes e às vezes volto no meu ensaio para acertar aquela ligação feita sem discar o número. Como nas aulas que tive, os detalhes eram comidos, e eu precisava acertar. Ensaiei o suficiente. Não escolhi o personagem. E agora sigo no improviso.
Se fosse para ser alegre o tempo inteiro fugiria com o circo e passaria a noite vestida de palhaço. Seria uma mulher inteira pintada de piadas. Não sou. Leveza e alegria são outro departamento e ele só abre em ocasiões especiais. Não sou alegre o tempo inteiro e nem vou me forçar a ser para agradar meia dúzia de pessoas que se escondem atrás do anonimato.
Isto me atinge. Confesso. Mas me atinge do jeito inverso ao esperado. Tenho dó de quem não tem coragem de ser o que é. Porque se dói, eu berro aos quatro ventos. Se é bom, eu sorrio. Se é de verdade, deixo meu sorrisinho leve sair. Deito molinha, com o céu rodando e as estrelas brilhando, e a bebida misturada ao meu sangue. Aponto as estrelas e tento achar a estrela que vive meu sonho. O meu sonho está lá brilhando. Ando atrás dele. Às vezes, a luz quase me cega. E é nestes momentos de cegueira que me pego ligando para certas coisas ridículas. Estou cega porque há muita verdade. Muita coisa boa acontecendo. Muitas pessoas que fazem a diferença brotando.
Aqueles personagens, o último gole da coca aguada. O meu eu que tem medo de aceitar as coisas e as pessoas. O outro que quer viver a sucessão do ontem sem se preocupar em mudar. A que se enche de coisas para não viver a vida. E a menina que chora ao perceber que ninguém entende nada. Um filme que prometia ser só mais um. Mas "não por acaso" me fez chorar as quase duas horas. Me via desfilar por ali e não conseguia me pegar. Não quero ser nenhum deles. Porque não vou ficar aqui tentando segurar a vida com as mãos. Elas vão correr por está cidade. Descer as escadarias do centro. Atravessar a praça Roosevelt correndo. Olhar a cidade do morro mais alto. E vou levar a minha mala sem pesar. Porque ela vai comigo agregando as coisas. E que sejam bem vindos todos os meus eus. Nem sempre alegre e nem tão pouco triste. Tenho a maior alegria que alguém que vive com a pressa de um amanhã, poderia ter. A certeza de que sou eu e o mundo de mãos dadas. E essa cidade respirando e transpirando pelos meus poros. Tenho certeza. Talvez a única. De que vou conseguir ser o que quero ser. Independente do que queira ser. Porque eu não paro no caminho para tacar pedras nos outros. Se não há o que ser dito, mantenho meu silêncio. E as pedras no caminho eu mesmo levo. Eu mesmo me taco pedras para tê-las que arrancar e chegar no final mais forte. O que eu preciso está em mim. E isto ninguém me tira. Obrigada por toda a atenção dispensada. E pelos comentários anônimos. Por mais pedras que me fortalecem no final. Realmente, obrigada.
E agora engulo meu último gole de coca aguada, amasso o pacote de pipoca, saio de cena com os olhos ainda vermelhos e uma leveza que não saberia explicar.

sexta-feira, junho 15, 2007

PRECISO

Hoje eu acordei e percebi que ainda precisava dormir. Tenho os olhos ressacados e a cabeça toda embaralhada. Sem respostas. Não acho as respostas das minhas perguntas. Nem nos finais daqueles copos todos de ontem à noite. Ninguém entende. Ninguém além da minha cabeça entenderia o que vai se formando aqui. É um turbilhão. E tudo estava bem. Mentira. Nunca esteve tudo bem. Nunca está tudo bem. Mas estava melhor do que agora. Te encontrar me tirou do meu centro. Se bem que acho que nunca estive muito perto do meu centro. Mas era mais perto do que estou agora. Completamente perdida. Com todos meus dezoito anos fazendo valer os dias. Até a minha pose está prejudicada pelas olheiras e pela cara de quem não dorme. Meu sono é agitado. Quando tenho sono. Ele é agitado e vai me matando enquanto meu corpo viaja e te encontra. Te encontro todas as noites. Conversamos, bebemos e rimos. É assim que tem sido. Deve ser por isto que acordo com fragmentos de vida que não são meus e bêbada. Acordo sempre bêbada. E com vontade de dormir mais quinze minutos. Quero mais quinze minutos de você. E depois? Depois, eu prometo que aprendo. Me prendo a todos os livros que não li. Ouço meus discos. Paro no canto do bar e deixo você ir lá com seus amigos e as suas verdades. Me ajuda. Me pára. Me cega. Me guia. Eu preciso. Preciso de um guia para não cair em nenhum buraco da vida e não conseguir levantar nunca mais. Preciso.
ESTABANADA

Acho que esta mania de me autosabotar não me levará a lugar algum e ainda me tirará mais do meu centro. É inaceitável ver meus sonhos no caminho certo. Prefiro meus medos. Eles são minha melhor companhia. Me fazem pensar e não me deixam parecer boba. Me impedem de falar com as pessoas. Com algumas pessoas eu não deveria falar jamais. Simples assim. Silêncio.
O grande. O maior. O silêncio escuro. O escuro do meu quarto e os meus medos enfileirados na estante. Grudados aos meus livros. Os meus medos. Os meus modos. Grudados. Meus medos fazem parte de mim. Não consigo ver tudo bem. Sempre invento um amor novo quando tudo está bem. Te perdi porque achei que queria ele. E quando ouço a nossa música percebo que o queria era sofrer. E você estava impedindo. Entravando. Me fazendo feliz. As suas imperfeições. Os seus medos juvenis. Piores do que os meus. E eu sai. Nem olhei para trás. Deixei o tempo me levar pra longe de você. Queria você aqui. Sentado. Me olhando com aquele olhar de que eu estava quebrando tudo. E você nem ligava que eu quebrasse tudo. Você sabia que eu sempre quebro tudo. E no final me quebro inteira. Quando eu percebo que o final chegou e isto pode ser tanto tempo depois. Tanto tempo. Percebo que você foi. E eu nem te pedi para ficar.
Queria abafar meu cérebro. Engolir esta ansiedade que me engole inteira. Flutuo. Vou arrastada pelo mundo. Bêbada. Equilibrada no meu mundo. O meu mundo. O mundo que eu invento e contraceno. Eu sou a protagonista da minha vida, buscando locações e escrevendo minhas falas. Brinco com a vida. Rodo-a em meus dedos. Confundo tudo e te confundo inteiro. Me divirto com as suas fraquezas e a sua incapacidade de me deixar derrubar as coisas. Você tem preguiça de abaixar. Mas eu continuo derrubando. Eu, sempre, derrubo tudo.

segunda-feira, junho 11, 2007

AREIA MOVEDIÇA


Acordei mais cedo do que o comum. Tem alguma coisa na minha cabeça impregnada querendo sair, mas eu coloquei um travesseiro na cara dela e vou apertar até ela parar de se debater. Não aguento mais me debater e ir afundando mais e mais. Minha vida é como areia movediça. Preciso parar e esperar. Se começar a me mexer muito afundo mais e mais rápido.
Ontem não dormi quase nada e hoje acordei cedo. O que me incomoda poderia virar uma lista enorme e crescente. As pessoas. As coisas. Minha cabeça. Meus dedos e minhas palavras. Tudo me incomoda. Pra caralho. Malditas. Malditos. Engulam minhas verdades e me deixem ficar aqui. Preciso de pessoas que respeitem meu silêncio. É a lei da selva e da minha vida. Só é possível conviver comigo se aprender a respeitar meu silêncio. Quando sento no canto do bar e descubro que não queria nada daquilo. Viver atrás das palavras não é fácil. Mas quem disse que viver TINHA que ser fácil. Viver em um copo não é fácil. Mas é o momento que não sou escrava da vida. Bebo o que queria não pensar e penso em tudo enquanto o mundo roda.
Eu mordo. Leia: eu mordo. Me deixe recolhida no canto do bar lutando com meus defeitos e bebendo o gole de amanhã. Me deixa ser eu e vai ser você. Se divirta. Nos divirta e divida.

tenho andado fraco

levanto a mão
é uma mão de macaco

tenho andado só
lembrando que sou pó

tenho andado tanto
diabo querendo ser santo

tenho andado cheio
o copo pelo meio

tenho andado sem pai
yo no creo en caminos
pero que los hay
hay

leminski. LEMINSKI. 18 anos sem. ele foi e eu vim. troca não justa mundo, deixasse ele aqui, deixasse.
INFERNO

eu queria mudar o mundo e sair desta casa. abrir as entranhas do mundo e operar a verdade lá dentro. arrancar os esparadrapos da vida no dente. sinais. tenho recebido vários deles. os esparadrapos não sabem até quando seguram as pontas. é melhor colocar meu dente para fazer o trabalho sujo logo. antes que eles se rasguem. antes que a vida vaze. meus medos estão desfilando na sala. as pessoas estão comendo minha paciência no quarto ao lado. e eu estou aqui. sentada. esperando que você entenda que porra é essa e me explique. quem porra é você? maldito. maldito. maldito.
porque escrever as minhas coisas antes. porque ser tão igual a mim. o que inferno você ganha com isso. pra que me fazer ganhar os olhares de censura quando grito "inferno" na rua. dou de ombros e continua andando. passeio no inferno enquanto o paraíso está fechado para reforma.quando acabar, eu volto, só que pode ser tarde demais.
você é o que eu sempre imaginei
com riqueza de detalhes
e um pedaço meu grande demais.
BOA NOITE E BOA SORTE


Os meus excessos estão me sufocando. Este excesso de vida e esta mania chata de fazer tudo que eu quero, como eu quero, mesmo que o eu quero seja do outro lado da cidade e dure 10 minutos. Estes excessos estão me comendo as tripas e o coração. Meu cérebro me agride enquanto alguém toca uma música ruim e alta na minha cabeça. Enxaqueca. Puta dor de cabeça do inferno. Me deixa curtir a minha dor de cabeça em paz, eu pedi isso, com estas mesmas palavras. Para única pessoa que entende em todo o universo que eu preciso do meu tempo. A única pessoa que entende. O ruim de ser alguém assim tão foda, é que você espera que o resto do universo também seja, e não é. Você me disse isso. E eu repito em palavras para você e para todo mundo ter inveja da minha soulsista que vai comigo e com meus excessos. Que odiava tudo. Mas estava ali do meu lado. Para depois me explicar os meus sentimentos. Que é os dela e eu nunca tinha conseguido pensar assim. As vezes eu preciso de dois. Ou mais. De novo, o maldito excesso.
Ver alguém lendo dá uma sensação de claustrofobia. É tanto sentimento e uma pessoa ali presa em um papel. Alheia a tudo. Olhando o seu papel e batendo a mão na água que deixou ir. É pouco. Muito pouco. Apenas um papel separando e prendendo o sentimento todo. Sinto vontade de ficar muda quando vejo alguém se debatendo no seu mundinho enquanto destila em voz alta todo seu veneno. Um dia, vou imprimir um texto meu, e pedir para alguém ler para mim em voz alta. Alguém foda. Alguém que não escolhi quem. Quero me prender nesta casinha com espaço definido. Ver qualé. Eu sempre quero saber qualé. E eu vou, um dia.
Bebida. Cigarro. Amores inventados ou não. Desgraças de verdade ou a ficção. Os excessos. Hoje alimentei uma alma faminta contra a minha vontade. Ou ele me alimentou enquanto me sugava os reais. Fui roubada e ele me levou um pouco mais do que o dinheiro. Ou deixou aqui algo que aqueles reais não compraria. Cheguei da rua e tremia. Tremia muito. Era medo. Raiva. Vontade de gritar INFERNO. Mas eu já tinha feito isto hoje e as pessoas que estavam na pracinha me censuraram com o olhar, eu senti e continuei andando. INFERNO. Sim. Estou ardendo no inferno da minha vida. O paraíso esta fechado para reforma. Me deixa no inferno.
Olhei nos olhos daquele homem. Sinto tanto pela sua desgraça. Ele não queria, tremia e parecia estar com tanto medo quanto eu. Disse que estavam atrás dele. Mas não tinha ninguém atrás dele. Eram os monstros potenciados com toda a maldita droga que ele usou. Os olhos. O jeito. E a minha certeza de que meu dinheiro viraria mais. Ele pode estar em alguma boca de fumo. Ou em qualquer lugar. Pode ter tido uma overdose. Morrido e estar olhando de longe o mundo impregnado de ódio. Ele levou meu dinheiro. Foda-se meu dinheiro. Nunca fui apegada a certas coisas. Claro que aquele dinheiro era parte da grana com a qual ia comprar uns livros. Fim bem melhor do que as drogas daquele infeliz. Mas não consigo ter raiva. Tenho dó. Pena. Piedade. O que para mim é infinitamente pior. Não gosto de sentir pena das pessoas. Acho um dos piores sentimentos. Eu acho.
Sinto muito pobre homem. Que você encontre o que procura, um dia, boa sorte e boa noite.
AFINAL, QUEM É ELE?

Minha bochecha fica rosa. Meu corpo flutua entre verdade e mentira. Meus dedos se perdem no teclado. Meus olhos miram esta tela branca sendo preenchidas pelas minhas palavras. Alguma coisa faz efeito aqui dentro e eu sei qual é. Cansei de tentar fazer sentido. Para mim e para os outros. Não vou fazer sentido nenhum. Jamais. Andarei e subirei ruas e avenidas sem fazer sentido. Rindo e brincando com meus botões.Cansei destas pessoas e destas coisas que estão aqui. Cansei das pessoas, pouca gente me dá vontade de conversar, pouca coisa me tira um sorriso verdadeiro.
Olho para minha cama atrás desta cadeira. Dá vontade de abraçar meu travesseiro e chorar. Desatar este nó que trava minha garganta. Soltar meu coração apertado, dolorido, vazio. Liberar toda esta mentira que tem aqui dentro em palavras que sejam verdades.
Talvez eu me prenda as palavras para não ter que viver a minha vida. Ou para viver a vida do jeito que quero. A vida? Ela me vive e não ao contrário. As coisas simplesmente acontecem e as pessoas aparecem para arrumar ou foder tudo. Quase sempre foder tudo. Me rendem uns textos, uns sorrisos, algumas mentiras para enfiar na minha caixinha. Saem arrastando sacos pretos pela minha vida com meu nome neles.
Estou cansada das pessoas me fazendo perguntas. Porra, não estou brava com ninguém. Vivam suas vidas e me deixem. Eu e a minha solidãozinha. Se eu falo demais, estou bêbada. Se falo de menos, estou brava. Se não falo, morri. Eu sou mole demais para deixar que todo mundo veja. Eu sou de verdade demais para deixar que notem que existo. Eu tenho medos demais para ligar a luz quando entro no meu quarto. Tenho toda uma pose que esmago com o cigarro e o copo desajeitados em qualquer uma das mãos. Uma vida inteira tentando fazer sentido. Um sentido mágico que me coma as palavras e me tire toda esta necessidade de viver o que esta aqui dentro guardado.
Quero a insanidade. Os berros dos meus monstros. O sorriso das crianças brincando com meus projetos. As mãos dele na minha, mesmo quando tento me soltar. O sorriso desajeitado dele. O cheiro. A nuca. O gosto. Quero ele. O maior de todos. O melhor de todos. Ele. O que me tira daqui e me joga na cama como uma puta. Me acaricia como uma menina. E me olha como um velho amigo. Quero ele. Os nossos passos se misturando na amarelinha que alguém pintou na minha rua. Os nossos cigarros perdidos em todos os cinzeiros desta cidade. As garrafas enfeitando o chão da minha sala. Um dia eu as abro e bebo tudo de uma vez. Abrirei os olhos e ele estará aqui. Ele. Agora, quem é ele?

sexta-feira, junho 08, 2007

AQUI DENTRO

Uma grande inconveniente. Como a música que toca na hora errada. Frases presas durante meses que esperam o pior momento para sair entre um sorriso. Uma grande e desajeitada pessoa. Espremida em lugares vazios para sobrar espaço pras neuras todas.
Solidão calada. Falta alguém. Mas ela não está lá fora. Está aqui dentro perdida. Se debatendo. Tentando resolver todos os problemas. Quando o que sai da minha boca é um foda-se bem grande. Tudo fora de controle. Eu estou fora do meu controle. Meus gostos, minhas vontades, meus anseios me escapam dos meus dedos.
Vivo fingindo que sei. Para o que não sei parar de fingir que sabe. Cansada. Ando cansada. Ando. Os meus passos me levam a lugares dos quais gostaria de fugir assim que boto os pés lá dentro. As pessoas. Sinto falta de algumas pessoas que jamais estiveram aqui. De algumas coisas que não vivi. De alguns cheiros que jamais senti. Sinto falta e parece que existe um vazio tão grande aqui. Minando pus.
As pessoas. As suas verdades e as suas mentiras. Um desfile de vidas. Ando na rua imaginando o que há ao meu redor. O que aflige aquele cara sentado cobrindo os olhos. O que incomoda aquele menina com cara de choro. Quem é o amor daquela mulher que perde seus olhos em outra órbita. Não sei o que me para. Sinceramente. Não sei o que me salva. Não sei se tenho salvação. Se vou consumir tudo que há aqui dentro. Assim como o suco gástrico come meu estômago e me dá um mal-estar idiota.
Engulo meus gritos quando fico em silêncio. Maquio minhas verdades quando encubro os olhos. Fujo dos meus monstros quando brinco de pega-pega com a minha sombra. Alguma coisa esta lá fora. Uma carta. Uma palavra. Uma frase. Uma coisa que desprendi enquanto perdia coisas nesta vida. Uma pessoa que passou porque eu não o queria aqui naquele momento. Os meus momentos todos em fila indiana. Tanto amor. Tanta raiva. Tanta coisa e eu não sinto nada. Não sinto. E não choro. Queria chorar três dias e três noites. Até minha cabeça e meus olhos explodirem em um mar de palavras. Mas não choro. Não consigo chorar. Estou seca e oca. Com o coração furado e vazando pelas beiradas. Distribuo coisas que queria manter aqui dentro. Viro uma menininha feia e boba quando alguém que um dia entendeu tudo isto se aproxima. Tenho medo de quem me conhece. Tenho medo de quem me lê. Tenho medo das minhas palavras. Elas me comem inteira e não aceitam devolução. Alguém. Queria sentar com uma pessoa, expulsar a menina feia e boba, prender ela na minha cabeça e falar. Falar. Falar. Porque eu falo tudo que esta aqui dentro tão fundo em uma frase sem perceber que ali me desnudo mais um pouco.
Tenho vergonha. Medo. Uma sensação estranha. Uma coisa estranha e minha. Tenho a vontade toda de chorar. Mas sequei. Sugaram minha alma de canudinho. Sugaram minhas palavras com um aspirador de pó. Sugaram minha vida com uma lente de contato. Comeram minhas palavras. Todas elas. Eu existo. Eu sei que existo porque ontem me recusei a colocar uma blusa de frio porque queria sentir alguma coisa. O frio. O cigarro. A bebida em um copo. Queria sentir. E sair de lá. Correr. Correr. E não ouvir mais nada. Não queria mais nada. Me perdi diversas vezes aqui dentro enquanto as pessoas conversavam alheias a mim. Me perdi. E ri. Porque eu sorria de contentamento e dor em um compasso só. Eu sorrio. Eu ando e eu continuo. Eu sempre, continuo.
'AMIGOS PUNKS'

Quando você entrou aqui, me viu no canto sentada, quando você entrou. Sabia que estava no canto sentada. Jogando o jogo da vida com meus monstros. Rindo com meus amigos. Cumprimentando pessoas. Achando metade do universo babaca. Quando você entrou aqui você sabia. Vocês todos sempre sabem.
Eu sou de verdade demais para deixar que vejam o que há aqui dentro. Precisa de tempo. Paciência. E conquistar minha confiança a ponto de eu falar tudo, nunca foi fácil. E nunca será. Tenho uma soulsista e ela é a única que me conhece. A única que consegue rasgar as máscaras todas que coloco para me proteger. Só ela. Os outros entram e ficam aqui. Se tiverem paciência quem sabe subam de patamar. Quem sabe.
Eu nunca te prometi nada. Nunca. E nunca irei prometer. Sou só um emaranhado de palavras querendo fazer sentido. Não sou a salvação. As respostas. Nem as perguntas de ninguém. Tenho as minhas todas e não procuro nada em outros. Não quero ser a salvação de ninguém. Responsabilidade demais. E as minhas necessárias já me bastam. Sinto muito. Se não posso ser nada demais para você. Simplesmente não posso. E não serei.
Você entrou e eu continuo no canto daquele bar. Sentada. Rodando o celular. Dando meu reino por um trago a mais de vida. Ninguém me salva, ninguém. Simplesmente todos os outros aqui começam a se descaracterizar. Os poros crescem. Os olhares ficam estranhos. Me sinto em um clipe do Marilyn Manson. Bêbada. Leve. Presa. Pregada ao mundo de verdade. Sim eu sou de verdade e preciso existir. Eu existo. Para mim e para os meus amigos todos. Os amigos de verdade. Aqueles pros quais eu posso falar: "hoje não". "Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro". E nem quero ser alegre o tempo inteiro. Enfiem a alegria comprada e frígida no c*. Quero ser de verdade. Sofrer e me apaixonar a cada dois segundos. Eu preciso me apaixonar. Mas parece que meu coração parou. Parou. Não sente nada. Nem dor, nem amor, nem nada. Esta batendo maquinavelmente e só. Só bombeando o sangue. Esquentando minhas entranhas. Aquecendo minhas mentiras. O sangue. Só o sangue continua aqui. Nada mais. Estou mais ansiosa do que o comum. Mais estranha do que o comum. Sem conseguir me concentrar ou falar devagar. Não consigo me concentrar e nem falar com minha soulsista no telefone. Não consigo. E depois lembro das milhares de coisas que precisava dizer e não disse. Mando milhões de scraps. Milhões deles. Eu tenho lidado melhor com as palavras escritas. Elas correspondem o ritmo do meu cérebro.
Tem certas coisas aqui guardadas que eu não sei lidar. Não sei escrever e não quero falar sobre. Queria fugir. Sair do meu cérebro. Fugir para bem longe. Com algumas garrafas na mão. O álcool me dá coragem. Me dá.
Ando com medo de atender o telefone. Ele tocou agora até cair a ligação. Gritei a minha irmã para atender, ela não ouviu e ninguém atendeu. O telefone esta a um braço de distância. Mas eu não quero atender. Ando com medos tolos. Atender o telefone, dormir, ler. Não quero ler mais nada. Nunca mais. Isto ainda me enlouquece. Estas coincidências todas. Estas coisas todas. Vou guardar-las debaixo do meu travesseiro. Quero ouvir ela ler. Mais uma vez e tantas outras. O mesmo texto. Aquele que ela diz: "O passado é uma prisão. Mas todo mundo tem a chave dessa prisão. Todo mundo. Só que ninguém sabe disso". Depois queria encontrar a lispector e ela ler: "queria entender apenas que não entendo" ou uma coisa assim. E depois o Caio falando: "meu ontem sujo". O leminski: "sossega coração". Dançar pogo com eles todos. Meus 'amigos punks'.
Foda-se. Fodam-se. Ninguém entende nada nunca. Ninguém entende. Então eu saio. Vago pelo mundo e tenho dias felizes. Vários deles. Meus amigos e a minha 'faking life'.
Agora chega que eu vou ali viver um pouco. Ou não.

terça-feira, junho 05, 2007

DE VERDE-LIMÃO


Existem dois tipos de pessoas. As que fazem o que precisam e as que fazem o que querem. Eu estou de verde-limão no segundo grupo.
O tempo ou a falta dele é meu. Queria poder sentar aqui e passar os dias escrevendo. Os dias exercitando esta arte de viver em palavras. Mas às vezes preciso pintar a unha e ir lá fora existir. Eu e esta puta poluição do inferno que consegue me deixar mais doente.
Hoje eu levantei e tudo parecia como ontem. Meus dias tem sido uma sucessão sem fim, de obrigações. Eu odeio com todas as minhas forças obrigações. Adoro o stress de prazos. Eu funciono melhor quando sou pressionada. As coisas clareiam quando aquele professor fdp grita deadline. Sim. Mas não tem sido assim. Ninguém grita. E eu sinto que é a linha da morte. Ninguém para ver se meu corpo esta inanimado ou se eu preciso de morfina.
Eu preciso de morfina para deixar o corpo sem sentido. Acabar com o sentido do meu corpo. Anestesiar minha alma. Quero minha alma anestesiada e calma. Achar paz de espírito. Coisa bonita e poética por três segundos. Queria três segundos de trégua da minha cabeça.
Nem dormir eu consigo mais. Não dormi nada a noite passada. Minha cabeça pesava e eu sentia um frio sem igual. Levantei peguei outra coberta e ainda assim não conseguia dormir. Meus fantasmas zuniam lá fora e minha cabeça pesava. Não dormi. Não durmo. Tenho olheiras ridículas. E saudades da minha menina que não vejo a um tempão. Amigos deviam ser obrigados a morar perto. Deveriam. Sinto falta da paz de quando tudo era simples. E eu tinha o dom de complicar. Porque minha vida é uma complicação e acontece em dobro. Eu sempre me apaixono em dose dupla. Eu sempre quero tudo em dois. Eu vivo por duas. Uma que sabe o que é e o quer, e outra que queria fugir e gritar tomar chuva, abrir a boca para gotas caírem doces. Queria mais uma dose. Só mais uma. Queria te beber. Te ter. Te ver. Perder uma tarde rindo e comparando desgraças e pensamentos. Eu me divirto com as fraquezas dos outros. Eu quero as fraquezas dos outros. Eu sou melhor pros outros do que sou para mim. Faz parte da autosabotagem. Nas minhas coisas eu toco o foda-se mas, não consigo ver ninguém sofrer. Não consigo. E se hoje o meu eu que corre e grita é o mais presente porque o outro esta impregnado de uma lembrança triste. Me pediram a vida e eu não pude entregar. Pediram um remédio que diminuísse a dor e eu não sabia como fazer. Deus? Ele existe. Ah tá. Nos contos de fada ou na vida de outras pessoas. Quando eu mais precisei dele. Desculpa, mas ele não estava aqui. Não é ingratidão e várias outras vezes coisas aconteceram 'graças' a Ele. Mas não no momento que meu outro eu morria, e ela se foi junto com uma vida. Enterrei as duas juntas. E pronto. PRONTO.
Quem acha que eu só escrevo sobre meu umbigo. Ou eu acho que tenho problemas demais. Ou qualquer merda que achem. Achem. É bacana esquecer de viver a sua vida para achar coisas das dos outros. Realmente, muito útil. Façamos o seguinte: deixo o número da minha conta e quando você achar uma mina de dinheiro manda para lá. Enquanto isto, bom 'achismo', boa noite, boa sorte. Espero que você encontre o que procura aqui.

segunda-feira, junho 04, 2007

CONTINUARÁ

Quem sou eu? Quem? Quantas interrogações posso pregar na vida? Quantas?Quero respostas. As respostas que estão aqui. Só as minhas respostas. Não espero nada de ninguém.Ando cansada. Presa nesta casa sombria trancada pelo lado de fora. Faz frio aqui. O edredom não dá mais jeito, ele não aquece minhas entranhas gélidas. É ali que este frio congela. Meus nervos. Minhas juntas. Meus medos. Congelados. E eu aqui, presa nesta casa trancada pelo lado de fora. Janelas trancadas com as madeiras do futuro, presas com os pregos que furaram meu coração. Os furos que o deixou assim. Acho que não sou capaz de amar ninguém. Sou incapaz de me dar. Egoísta, com todas a letras. Tenho medo do mundo lá fora. Queria que alguém abrisse a porta e fosse. Não quero ninguém aqui. Faz parte da auto-sabotagem. Se eu me machuco, foda-se. Os outros, eu odeio machucar os outros. Odeio o sofrimento alheio e ele não liga meu foda-se. Não quero um coração. Não quero nada nas minhas mãos quando sair daqui. Quero medos. Quero a loucura. Não um coração, sangrento e belo. Deixe o sentimento do lado de fora e entre sem limpar os pés. Acho piegas e inútil esta vontade universal de amar. Acho mesmo, afirmo isto sabendo que tentaram me retaliar. Mas eu acho, escrevo e falo o que eu quero. É assim, sempre foi assim e enquanto não me pagarem por ajustes continuará sendo.

domingo, junho 03, 2007

EU PRECISO EXISTIR

Chega um momento na vida que a única necessidade básica é a solidão. Ficar sozinha com seus monstros. Trancados e presos num quarto escuro. Se enfrentando em uma gincana que você inventa enquanto pula algumas verdades. Não há alguém. NEm que esteja ali e nem que você queira. Simplesmente você quer ficar sozinha. Sem que alguém venha querer entrar neste buraco que é só meu. Este buraco que eu cavo com minhas unhas e tenho medo de entrar nele tão fundo que jamais encontre a saída. Mas foda-se o medo. Eu quero errar. Eu vou errar e parecer idiota o quanto for. Eu vou. Porque bater a cabeça na parede diminui minha enxaqueca. Viver não dói.
Esta sensação de encontro me desespera mais do que estar perdida. Eu gosto de vagar. Sair sem saber onde chegar. Andar que nem uma filha da puta. Parar em um bar e acender um cigarro. Não, fumar não é bonito. Não é legal. Não é cool. Mas eu me mato um pouco para não matar alguém. Tá. Nunca tinha falado isso. E nem queria que ninguém soubesse. Mas é, é verdade. O mundo. Essa verdade. Me desespera tanto quanto o irreal que eu crio a cada segundo. A minha capacidade criativa brincando de dança das cadeiras.
Não quero respostas. Muito menos para perguntas que não sei fazer. Não crio expectativas. Não mais. Larguei a mão da vida e ela me leva.É você parado na frente da minha janela. Esperando eu cuspir minhas verdades e destruir a janela. É você esperando os meus cacos. É só você esperando eu voltar atrás nos meus pensamentos todos. Não, não volto. Eles são meus, assim como as verdades que vivo para inventar. Não espero resoluções mágicas e nem finalidade pras minhas palavras. Elas saem e vão ao mundo para existir. Se ninguém lê não existiu e eu preciso existir. É, eu preciso.