segunda-feira, junho 11, 2007

AFINAL, QUEM É ELE?

Minha bochecha fica rosa. Meu corpo flutua entre verdade e mentira. Meus dedos se perdem no teclado. Meus olhos miram esta tela branca sendo preenchidas pelas minhas palavras. Alguma coisa faz efeito aqui dentro e eu sei qual é. Cansei de tentar fazer sentido. Para mim e para os outros. Não vou fazer sentido nenhum. Jamais. Andarei e subirei ruas e avenidas sem fazer sentido. Rindo e brincando com meus botões.Cansei destas pessoas e destas coisas que estão aqui. Cansei das pessoas, pouca gente me dá vontade de conversar, pouca coisa me tira um sorriso verdadeiro.
Olho para minha cama atrás desta cadeira. Dá vontade de abraçar meu travesseiro e chorar. Desatar este nó que trava minha garganta. Soltar meu coração apertado, dolorido, vazio. Liberar toda esta mentira que tem aqui dentro em palavras que sejam verdades.
Talvez eu me prenda as palavras para não ter que viver a minha vida. Ou para viver a vida do jeito que quero. A vida? Ela me vive e não ao contrário. As coisas simplesmente acontecem e as pessoas aparecem para arrumar ou foder tudo. Quase sempre foder tudo. Me rendem uns textos, uns sorrisos, algumas mentiras para enfiar na minha caixinha. Saem arrastando sacos pretos pela minha vida com meu nome neles.
Estou cansada das pessoas me fazendo perguntas. Porra, não estou brava com ninguém. Vivam suas vidas e me deixem. Eu e a minha solidãozinha. Se eu falo demais, estou bêbada. Se falo de menos, estou brava. Se não falo, morri. Eu sou mole demais para deixar que todo mundo veja. Eu sou de verdade demais para deixar que notem que existo. Eu tenho medos demais para ligar a luz quando entro no meu quarto. Tenho toda uma pose que esmago com o cigarro e o copo desajeitados em qualquer uma das mãos. Uma vida inteira tentando fazer sentido. Um sentido mágico que me coma as palavras e me tire toda esta necessidade de viver o que esta aqui dentro guardado.
Quero a insanidade. Os berros dos meus monstros. O sorriso das crianças brincando com meus projetos. As mãos dele na minha, mesmo quando tento me soltar. O sorriso desajeitado dele. O cheiro. A nuca. O gosto. Quero ele. O maior de todos. O melhor de todos. Ele. O que me tira daqui e me joga na cama como uma puta. Me acaricia como uma menina. E me olha como um velho amigo. Quero ele. Os nossos passos se misturando na amarelinha que alguém pintou na minha rua. Os nossos cigarros perdidos em todos os cinzeiros desta cidade. As garrafas enfeitando o chão da minha sala. Um dia eu as abro e bebo tudo de uma vez. Abrirei os olhos e ele estará aqui. Ele. Agora, quem é ele?