DE VERDE-LIMÃO
Existem dois tipos de pessoas. As que fazem o que precisam e as que fazem o que querem. Eu estou de verde-limão no segundo grupo.
O tempo ou a falta dele é meu. Queria poder sentar aqui e passar os dias escrevendo. Os dias exercitando esta arte de viver em palavras. Mas às vezes preciso pintar a unha e ir lá fora existir. Eu e esta puta poluição do inferno que consegue me deixar mais doente.
Hoje eu levantei e tudo parecia como ontem. Meus dias tem sido uma sucessão sem fim, de obrigações. Eu odeio com todas as minhas forças obrigações. Adoro o stress de prazos. Eu funciono melhor quando sou pressionada. As coisas clareiam quando aquele professor fdp grita deadline. Sim. Mas não tem sido assim. Ninguém grita. E eu sinto que é a linha da morte. Ninguém para ver se meu corpo esta inanimado ou se eu preciso de morfina.
Eu preciso de morfina para deixar o corpo sem sentido. Acabar com o sentido do meu corpo. Anestesiar minha alma. Quero minha alma anestesiada e calma. Achar paz de espírito. Coisa bonita e poética por três segundos. Queria três segundos de trégua da minha cabeça.
Nem dormir eu consigo mais. Não dormi nada a noite passada. Minha cabeça pesava e eu sentia um frio sem igual. Levantei peguei outra coberta e ainda assim não conseguia dormir. Meus fantasmas zuniam lá fora e minha cabeça pesava. Não dormi. Não durmo. Tenho olheiras ridículas. E saudades da minha menina que não vejo a um tempão. Amigos deviam ser obrigados a morar perto. Deveriam. Sinto falta da paz de quando tudo era simples. E eu tinha o dom de complicar. Porque minha vida é uma complicação e acontece em dobro. Eu sempre me apaixono em dose dupla. Eu sempre quero tudo em dois. Eu vivo por duas. Uma que sabe o que é e o quer, e outra que queria fugir e gritar tomar chuva, abrir a boca para gotas caírem doces. Queria mais uma dose. Só mais uma. Queria te beber. Te ter. Te ver. Perder uma tarde rindo e comparando desgraças e pensamentos. Eu me divirto com as fraquezas dos outros. Eu quero as fraquezas dos outros. Eu sou melhor pros outros do que sou para mim. Faz parte da autosabotagem. Nas minhas coisas eu toco o foda-se mas, não consigo ver ninguém sofrer. Não consigo. E se hoje o meu eu que corre e grita é o mais presente porque o outro esta impregnado de uma lembrança triste. Me pediram a vida e eu não pude entregar. Pediram um remédio que diminuísse a dor e eu não sabia como fazer. Deus? Ele existe. Ah tá. Nos contos de fada ou na vida de outras pessoas. Quando eu mais precisei dele. Desculpa, mas ele não estava aqui. Não é ingratidão e várias outras vezes coisas aconteceram 'graças' a Ele. Mas não no momento que meu outro eu morria, e ela se foi junto com uma vida. Enterrei as duas juntas. E pronto. PRONTO.
Quem acha que eu só escrevo sobre meu umbigo. Ou eu acho que tenho problemas demais. Ou qualquer merda que achem. Achem. É bacana esquecer de viver a sua vida para achar coisas das dos outros. Realmente, muito útil. Façamos o seguinte: deixo o número da minha conta e quando você achar uma mina de dinheiro manda para lá. Enquanto isto, bom 'achismo', boa noite, boa sorte. Espero que você encontre o que procura aqui.