quinta-feira, junho 21, 2007

ALL MY DREAMS ARE WAKING UP

Queria saber onde tudo isto vai dar. Onde minha vida desemboca. Ter a menor noção de quais são os meus sonhos. All my dreams are waking up. Mas ainda dormem e a minha falta de pretensão se explica pelo simples fato de não saber por onde começar.
Sair por aí e gritar que dentro de um negócio que ela deu o nome de claritromicina, existe uma menina de 18 anos que escreve sobre a vida e pretende um dia ganhar reais vendendo, não a vida e nem o corpo, entendam, isto é outro departamento, e sim as palavras. Não quero virar só mais uma que escreve porque precisa. Mesmo porque quem precisa são essas palavras pentelhas que ficam andando pelo meu quarto, vagam pelo ônibus, entopem minha cabeça e me saem pelos olhos quando não dou os dedos para servi-las. Malditas, pedintes, folgadas palavras. Se não quisesse viver disso talvez fosse fazer medicina, caso conseguisse ver sangue ou ouvir histórias trágicas de verdade. Já ouvi o suficiente no departamento de oncologia da Santa Casa, não imaginei que sairia viva daqueles dias, a espera torturante e a saída sempre agarrada a má notícia de que o fatídico dia chegaria antes que pudéssemos ter uma despedida digna. Os dias se encarregavam de matá-la aos nossos olhos. A dor era amenizada por quem agonizava. As forças eram vindas de onde deveríamos mandar. Todos egoístas, sem perceber que dali a pouco, nosso egoísmo viraria pó.
Aqueles corredores da "santa" casa. Ironia este nome. "SANTA". Como "santa" se aquilo parece mais o inferno. Corredores marcados de dor. O clima pesado e as lágrimas lavando o chão a cada maca coberta que passa.
Alguns daqueles dias me tiraram a pretensão. Quero o suficiente para viver, quero aquilo que preciso, no momento preciso vender palavras porque daqui a pouco a coisa fica insustentável. Mas, não quero o além. Tenho medo dele. Ou talvez já saiba que no final somos todos iguais. Se debatendo e definhando para ganhar mais um dia ou perder um a menos. No fim é um jogo sem grandes vencedores. É uma viagem, da qual não sairemos vivos, já dizia leminski com as suas palavras que não são toscas como as minhas. Não me acuse de não ter pretensão. Nem diga que ergo fortalezas para me proteger. Certas coisas as vidas se encarregou de me dar adiantado. O preço é essa leveza falsa. E essa saudades que me come a cada segundo. Às vezes a falta é tão grande que tenho vontade de queimar todas as fotos e os fatos que desfilam na minha lembrança. Deus, ou o que chamam disso, levou uma das melhores pessoas que conheci. Agora eu acredito nos meus deuses, acredito no que quero acreditar e no que me mantém respirando. A arte. Esta escrita de dor e verdade. Dói. Ainda tem um monte de coisa impregnada aqui, passado machado de perda e presente suspenso em dúvidas.
Preciso organizar a vida e as coisas. E ir atrás do que eu quero. O que eu quero primeiro. All my dreams are waking up.