segunda-feira, março 09, 2015

"E é bom, ein?"

Cinco anos atrás, se alguém me falasse que minha vida seria como é hoje, eu iria dar risada. Tudo foi acontecendo. Uma sucessão de paixões que me levaram até aqui. Paixão pela música. Paixão por rádio. Paixão por alguns ideais. Paixão pelas ideias que discutia com até então minha chefe. Paixão pela garota que abraçou uma ideia vaga e um sonho grande. Paixão pelos caras que entraram nesse barco que a gente nem sabia direito aonde nos levaria. Paixão pelas pessoas que encontrei no caminho.

 Quando se tem 20 anos e uma sede de mundo insaciável, as vontades são coisas difíceis de conectar, se quer tanto e tudo, que a gente se embriaga de meias verdades o tempo inteiro. Hoje olho pra trás, leio esse texto e lembro que aconteceu tal qual Pitty escreveu. O Segunda Sem Lei, nosso eterno filhote, nasceu de uma entrevista, de uma pesquisa que fiz a fundo da vida dela pra fugir do lugar comum, da minha curiosidade latente do que movia tanta gente ao redor daqueles pensamentos. A curiosidade sempre me moveu, sempre li biografias de cantores na intenção de entender a mágica que envolve a identificação que sentimos com alguns acordes. E, ali naquela entrevista, não encontrei respostas concretas porque a música é uma verdade abstrata. Toquei a identificação, filmes/livros e músicas que dividíamos e até então não tinha me permitido enxergar no que ela produzia. Me tornei uma das admiradoras daquela pequena mulher que virá uma gigante no palco, mas principalmente da pessoa com pensamento rápido, analítico e sempre gentil.

 E, agora cinco anos depois, um ano de terapia, quase dois anos fora da casa dos meus pais e uma sede ainda insaciável porém mais contida. Já não me embriago com as meias verdades. Não me interessam mais metades. Quando se encontra em você aquela ponta solta do que é seu desejo e a as permissões que você dá ao outro; a vida fica mais calma, mais leve e menos urgente. Viver virou mais maresia do que tempestade e foi isso que senti no Circo. O reencontro com aquela garota de 20 anos em paz, sem tempestade, só maresia.


domingo, março 01, 2015

Viva a carioquice

O Rio completa 450 anos e eu 1 ano e 4 meses de Rio. Porque alguns tem a sorte de nascerem Rio e outros se tornam, começam a marcar o tempo desde que renascem nessa cidade, porque viver no Rio é quase um renascer. Nem tanto pelas praias lindas que encantam no primeiro momento, mas muito pelo que vem junto.

 Aqui todos viram amigos. O moço da mecânica perto da sua casa. O outro que guarda carros. O outro que tem uma concessionária na esquina do seu apartamento. A galera do salão. Os porteiros dos seus amigos. Os amigos todos que você faz ao acaso dos dias, os amigos de amigos que viram seus e os seus que viram amigos dos seus amigos. De repente, você se sente parte de um enorme lugar que é essa cidade.

 Começou com paixão de verão e depois se tornou um amor incondicional. Lido bem com as criticas a quem amo porque até os mais amados guardam seus defeitos e desagradam alguns. Mas, com você é diferente, seus defeitos são quase perdoados. Seu trânsito caótico tem vista pro mar. Suas ruas confusas tem nomes conhecidos da minha cidade de até então. Sua temperatura desumana se tranquiliza dentro do seu mar revolto.

 Feliz ano novo, meu amor, que o nosso amor se renove por mais muitos outros. É a você que quero entregar meus filhos que correrão na praia e crescerão com esse despudor que você dá aos seus. É até esse seu sotaque que quero entregar ao que vier de mim. Que nunca falte Rio e mar.