segunda-feira, agosto 31, 2009

Sem explicação


Ele sabia que eu não seria a sua paz, principalmente, porque eu parto do princípio do caos. Sabia que nos meus olhos se esconderia verdade demais e por isso cobriria as certezas com sorrisos. Sabia que eu era uma pessoa arisca, se encosta demais eu fujo, se fica longe demais, eu parto. O meio termo é difícil de encontrar quando se trata de mim. Às vezes acho que minhas certezas são irredutíveis, mas só até os mesmos olhos de perdição me encontrarem. Perdição no seu mais vasto sentido em se tratando dessa situação. Então, longe ou perto, vivemos perdidos, enfim...

domingo, agosto 30, 2009

i am the key to the lock in your house

Você foi um dos meus maiores erros, o preço que paguei pelo impulso e a consequência da intensidade. Vejo em você o desperdício que vivi, os meses inertes, sem sentir felicidade ou tristeza, era simplesmente na-da. Me envolvia cada dia mais com qualquer coisa que pudesse me fazer sentir, até o frio parecia mais interessante do que a falta de alguma coisa além.

Vivia procurando um jeito de ficar ou algo que fizesse eu me soltar de vez. Queria voar muito mais alto e para muito mais longe. Queria sair de dentro do caos que criamos. Queria que você entendesse que, um pouco de drama me faz bem, que eu preciso de letras, de músicas, de inspiração, de alguém que viva além do que sente, que viva antes e sinta depois, que sinta e depois viva, que viva sem ordem, sem regra, sem fórmula, que viva assim como podemos morrer, sem previsão.

Eu olho para trás e não consigo achar cinco minutos de arrependimento, é claro que se pudesse faria algumas coisas diferentes, nem de longe acertei completamente em todas as atitudes. Errei, bastante até, mas com o que escolhi, com o que era verdade naquela hora, com os sentimentos sempre falando muito mais alto do que a razão.

Mas, aí, de repente, mudou...


ps. o título é Radiohead, acho que não é exagero falar que é a minha banda preferida embora eu goste de um monte de coisas.

sábado, agosto 29, 2009

i'm well aware of how it aches

é uma dessas coisas que a gente não explica, não pensa, não calcula e não procura um resultado perfeito. é dessas coisas que sempre chamei de acaso. é um show no dia do aniversário do seu amigo que você nem sabia que ia acontecer. é uma tarde fria com um filme sem expectativa. é um domingo no parque. é a saudades sempre forte de alguém que foi para longe e nunca deixou de estar aqui. é o sol tímido. a chuva molhando sem piedade as ruas. é o jazz, o rock, as músicas bonitinhas e as que batem forte. são as palavras dos outros, as minhas e as poucas que você arriscou. é tudo aquilo que sempre foi indispensável e agora está meio fora do lugar...

são noites guardadas em madrugadas esquecidas, é como você acha que uma porta pode esconder os seus sons de dor, é o seu medo das minhas atitudes. hoje li uma frase que me fez ter dó da humanidade, "é preciso que cada um aprenda a viver, para depois acusar os outros!". e quem vai te dizer quando está pronto, quando você vai ter certeza absoluta de que é assim que se faz, como definir esse verbo abstrato? e quem, um dia, será digno de julgar?

a vida deve ser como um jogo muito longo onde você nunca conhece o ganhador... Mas, sempre, joga outra de novo. dessa vez posso ser o pino vermelho?



ps. o título é dessa música.
ps². e a frase é dostoievski.

quarta-feira, agosto 26, 2009

um silêncio profundo e declarei...

faz dias que não me permito reclamar. Minha garganta dói, uma noite de sono e amanhã tudo estará bem. Tenho trabalhado infinitamente mais, mas tenho feito o que gosto, como gosto, do jeito que gosto, pensando e produzindo. Reencontrei nos meus amigos do passado a chave do meu futuro, aceitar que mudei, cresci. São outros gostos, outros dias, parei de procurar a felicidade do meu passado nos meus dias do futuro. É tudo novo e, de novo, é minha responsabilidade fazer essas pequenas coisas, funcionarem.

Estou leve porque deixei de andar pela mesma estrada a procura de uma segurança que nunca existiu. Deixei de beber em uma fonte seca. Simplesmente caminho para novos lugares, sem a menor garantia, sem ao menos um destino.

Me reinventei do começo ao fim, não sei se é aparência que reflete ou sou eu quem reflito, vejo as minhas vontades tão mudadas, minhas certezas tão livres, tenho vontade de descer a Augusta só para sentir se reconheço naquelas luzes alguma parte do que passou, tenho vontade de sair da cidade para respirar longe de qualquer lembrança. Ao mesmo tempo, quero viver os meus sonhos presa no cinza dessa cidade colorida.


quero...



ps. o título é da Pitty porque a Bruna e Denise cantam essa música o dia inteiro na rádio e porque a gente vive tendo ótimos papos na hora do almoço, queridas!

terça-feira, agosto 25, 2009

Queria te contar antes de virar essa última página que poderia reescrever essa história no seu corpo enquanto colocava vírgulas onde cravei um ponto final. Mas, daí, eu acordei pensando que precisava voltar a viver os meus dias, que não poderia mais deixar em suspenso as minhas vontades, era a hora e o momento de realizar.

É...
a intensidade...
outra vez.

domingo, agosto 23, 2009

rollercoaster

Engraçado como as pessoas acham que te conhecem pelas letras que você escolhe. Nunca escondi que sempre fiz da minha realidade os meus escritos, mas sempre alterei a verdade, deixei tudo melhor, maior, mais bonito. Transformei meu descaso em carinho para te tratar assim com as palavras já que não me resta vontade na vida. Te desenhei de tantas formas em letras já que ao te olhar você me parece tão pouco. Passado o momento de cegueira inicial comecei a ver os seus defeitos, a sua personalidade falhando, as palavras faltando, as vontades mudando para virar uma peça daquele quebra-cabeça sem graça.

Acho que sou cheia de sonhos, demais; uma pessoa com muitas vontades, caprichos, certos mimos, a garota que sempre quis o doce que estava na prateleira mais alta. Não aprendi a me contentar com menos do que o máximo, quero ter as coisas até onde eu posso chegar, me cubro de amigos para fazer das estradas mais seguras. Não caberia na sua prateleira, ficaria estranha, desconfortável, parece pequeno o lugar que você reservou para me esquecer. Prefiro me sentir solta demais estando livre para encontrar outras pessoas. Quero subir e descer a Augusta me sentindo em casa, escrevendo nas calçadas do centro dessa cidade de concreto uma história cheia demais, nunca vazia.

Tenho medo de parar, tenho medo do que quase aconteceu comigo, de viver de novo aqueles dias de profunda indiferença. Tenho medo de que esse carrinho desça, o mundo é bem mais bonito visto de cima dessa montanha-russa.

sábado, agosto 22, 2009

All of me


Ah, o frio. O conjunto do acaso com a minha preguiça me prendem ao meu fone de ouvido escutando a Billie Holiday perguntando porque ele não leva tudo dela? Perguntando, sentida mesmo, cheia de amor e alguma dor se ele não nota que sem ele, ela não é boa. Mendigando um pouco de atenção na arte para evitar fazer isso com a vida, mendigar qualquer coisa que seja não está entre as coisas possíveis para quem faz da história, algumas palavras. O platonismo, o erro e a verdade ficam muito bem numa estante. Acho que de alguma forma, elas, assim como algumas de nós, não aceitavam o meio termo, não queriam pouco da vida. Sempre soube com quem queria ficar, era urgente, emergencial e rápido e alguma dúvida sobre com quem não queria. Algum ponto dele é bom para mim. O jeito que ele é bobo me faz rir. A vida certa que ele leva me faz ter para onde voltar. Ou o jeito que o outro me beijou aquela vez, embora ele fosse melhor, muito melhor, mudo, me faz querer outra vez. Não tenho certeza de não querer. Ah, mas quando quero, sei. De imediato.

Graças ao frio estou presa a essas palavras tristes e bonitas da Billie. O adeus deixou meus olhos chorando e como poderia continuar, sem sem sem sem, você. Já que ele levou uma parte do coração dela porque não a levou? Ah, Billie, o que seria de nós se não fosse você, o que seria da música se o seu coração não tivesse sido partido e o que seria de mim nessa tarde de sábado fria, without you?

quinta-feira, agosto 20, 2009

Lembrança


Acordei com o sabor do seu beijo e a confusão dos seus olhos na minha cabeça. Fazia tempo que não te via nos meus sonhos e, que não sentia a sua presença na minha manhã. Você estava naquele lugar que é meu, onde passo a maior parte do tempo, feliz. Era um intruso no meu espaço, assistindo algo que fazia parte da minha vida, cercado pelos meus amigos. Te parei no corredor e de repente te dei um beijo para te colocar dentro de mim. Você retribuiu e depois me olhou cheio de surpresa, me perguntou o que (afinal) queria da vida, se fazia de tudo para te ter longe para que te ter ali. Te respondi em silêncio que você fazia parte de mim, mesmo que não quisesse, mesmo que não pudesse. Sentamos naquele sofá preto e você procurou abrigo no meu pescoço enquanto eu evitava te olhar. Acordei no segundo beijo, o mesmo que te deixou o dia inteiro, dentro de mim.

terça-feira, agosto 18, 2009

All you want


Admito, em letras garrafais, mas sem emprestar a ela grandeza alguma, ao medo que existe entrego o meu desprezo. Mas, admito, eu tenho medo, de você e principalmente, de mim. De te tocar, de sentir necessidade de você, de querer a sua presença e me incomodar com a sua falta. Tenho medo de me entregar aos sentimentos revisados e dos erros já descartados.

Mas, basta os seus olhos de novidade, a sua insegurança juvenil. Você, ali, na minha frente, me pedindo um abraço para calar as suas dores. Você me falando de-va-gar dos seus últimos dias e de como a felicidade pareceu finalmente te encontrar, até ficar ali, na minha frente, indefeso e arrependido de ter feito o que você acredita ter feito comigo. Babe, tudo que aconteceu foi também uma escolha minha, eu me prestei ao ridículo de permanecer enquanto tudo apontava para o outro lado. Logo, naquele jogo não teve polícia, ladrão ou vítima.

Tenho medo de tocar a sua pele e sentir o calor dos meus dedos se transformarem em desejo. Tenho medo de ficar perto demais. Não quero ter você para não te ferir com a minha instabilidade e nem, tão pouco, te dar a chance de ganhar pela primeira vez o meu jogo. Eu não conheço a segunda fase, a que te deixaria entrar de-va-gar na minha vida e se aventurar cal-ma-men-te pelo meu corpo.

Todas as minhas resoluções ficaram em segundo plano na tarde daquele dia que fui te encontrar nisso que você chama de casa e, eu, de Rua Augusta. Você, ali, sentado no sofá preto, com um pequeno bar ao seu lado e uma garrafa quase vazia de Jack Daniels. Você me recebeu tocando uma música que eu não conhecia, me contou que tinha feito aquela nova música, para a minha nova letra que você tocaria com a sua nova banda. Eu te lembrei que não tinha escrito nenhum música e você, com os olhos calmos, me falou que estava escrevendo naquele instante. "Era eu". Eu o que? Não sei.

Não temos nenhuma pequena garantia, nenhum pequeno segredo, só um grande desejo de sermos maiores e melhores, diferentes e simples, só uma vontade de sermos nós.


ps. o título é Dido, porque ela voltou a só representar coisas e pessoas importantes e, de quem, eu adoro lembrar.

segunda-feira, agosto 17, 2009

Countless lovers under cover of the street

Hoje, eu posso dizer que estou onde sempre quis estar, tenho um futuro pela frente com pequenas garantias e grandes possibilidades. Tenho as pessoas necessárias e pouco me importo com o que sobra. Sei para onde ir e de onde fugir. Conheço o meu fim caminhando pelas velhas estradas e enxergo novidades por onde nunca estive.

Em dois anos essa é a primeira vez que me sinto plena de tudo, não sinto medo, só uma vontade incrível de viver. É como se o mundo tivesse diminuído e as minhas certezas aumentado de proporção. Sinto dó do meu passado e esperança no futuro. Tenho doces e amargas lembranças e uma esperança ainda sem gosto.

O seu abraço é novidade, as suas palavras nunca foram ouvidas e o inédito é a minha linha de chegada. Quero o ainda nunca vivido...

um novo começo, por fim.

domingo, agosto 16, 2009

O prédio do Banespa e a cidade inteira vista de cima. O alto de uma montanha e todas as árvores aos meus pés. O alto da CN Tower e Toronto 500 metros abaixo. O telhado da bolsa e o centro de São Paulo todo misturado com o meu centro. Tudo isso e o silêncio me fazendo me sentir gigante. Como se uma outra de mim estivesse ali em baixo carregando todos os problemas na bolsa, procurando soluções na arte, sou eu sendo vista lá de cima. Distante dos meus problemas e perto do topo do mundo. A versão de mim que está no chão é engolida pelos arredores enquanto a do alto engole o mundo e encosta os dedos no céu.

Tem horas que sinto vontade de me jogar de cabeça e voltar para os problemas e outras que peço, em silêncio, que eu nunca precise voltar a pisar no chão. Mas, a hora passa, a noite chega, as semanas de distância necessárias e preciosas, acabam. Daí vem a realidade acabar com tudo outra vez. Uma hora é preciso descer e encarar os problemas, os mesmos que pensei ter deixado com a garota aqui em baixo. Doce ilusão, eles estavam lá comigo, o tempo todo.

A minha melhor amiga escreveu "porque você pode se distanciar, mas uma hora tem que descer e encarar, saca?".

Foi dada a largada...

de novo!



(o texto é todo de uma conversa com a melhoramiga)
Amizade


Hoje eu ouvi Sonic Youth e lembrei daquele festival que a gente sentou na lama para ver os caras e brincamos que aquilo parecia Woodstock.

E agora, tanto tempo depois, alguns shows e outros anos...

ainda é a mesma coisa.

sábado, agosto 15, 2009

Encontro

O meu amigo me perguntou porque não te dei a mão naquele dia que subimos a augusta conversando sobre nada em especial, dei de ombros, não achei relevante ou simplesmente não quis notar que as minhas mãos são importantes demais e longe demais do que tínhamos. Te queria sentado ou em pé na hora que o desejo dominasse os instintos primitivos, mas nunca te quis para ser meu. Gostava da conversa, da companhia, das risadas e de tudo que uma amizade poderia ter. Era uma amizade com certas vantagens no momento de carência extrema. Era estranho, mas foi bom te ter, até te encontrar e não sentir mais nada, foi mais um fim.

quinta-feira, agosto 13, 2009

Cansou de esperar

Se eu procuro querer tantas coisas é para negar que quero exatamente o que não deveria. Contrariando todos os meus amigos, todas as certezas e até você, que me diz em silêncio, que pode me salvar e acabar comigo com a mesma facilidade.

Quero um abraço inevitável como o daquela noite. Um sorriso sem jeito para rasgar o silêncio que nossos olhos criaram. "Tudo que fala é do amor, é se isolar ou se render". Já me isolei porque sempre tive medo de me render, de esgotar todas as possibilidades, de sacrificar o que me restava de qualquer coisa que não sei dar um nome.

Já fiz muito. Agora? Agora, eu quero paz.

24/05/2009

terça-feira, agosto 11, 2009

Love me or leave me


Sabe, queria te contar algumas coisas. Encosta na parede e presta atenção e só se mexe quando eu te falar que pode. Sim, pode pegar um copo e acender o seu cigarro. Eu vou fazer o mesmo, mas você vai ficar encostado me olhando nos olhos até eu te dizer que pode parar de ser assim. Pode me chamar de maluca, sim, pode me chamar de maluca. Babe, seria ridículo eu falar que escrevi até não sobrar mais nada de mim que pudesse sair em forma de poesia, porque eu não escrevo poesia, não sou fã de poesia, gosto de uns dois poetas e outros que vezenquando fazem poesia, gosto do Leminski e gosto do Bukowski fazendo poesia e das poucas poesias do Caio Fernando Abreu, não precisa me lembrar que eu gosto de qualquer coisa do Caio, eu ainda sei quem eu sou. É a primeira vez que eu chego tão longe, que te encosto na parede e exijo silêncio e te olho desse jeito, meu. Não gosto de falar de sofrimentos, a Nina Simone sofreu bem mais e melhor do que eu serei capaz e, ainda por cima tinha aquela voz de negra. Então, não vou falar algo de "i put a spell on you", nem te contar que estou tentando aprender a cantar "ne me quitte pas". Você deve se perguntar porque eu simplesmente não fico com algum deles, deve parecer ridículo, mas eu prefiro ficar só a ser feliz com outro alguém que seja conveniente. Minha felicidade é cheia de oscilações estranhas, preciso de alguém que tenha meu respeito, antes do meu desejo, parece simples? Mas, não é, babe, não é. O clima dessa noite parece exato para acabar com as meias palavras. Não, você não precisa de outro cigarro, fica quietinho, bem quietinho, os meus dedos nos seus lábios falaram mais do que o meu pedido de silêncio, né? Interessante. Faz cinco minutos que não digo nada, sim, mas é nada perto dos dois anos que você fez isso comigo. Falou, falou, falou.. sem nunca, jamais, dizer nada. Você quer me agradecer por ter acabado com os seus medos? Por ter feito você se entregar a uma aventura e por ter mudado o rumo das coisas? Oh, bonitinho, de nada. Eu, eu, eu queria só te contar que...

Sem falar nada, sai do bar e nunca mais o coloquei na parede, nunca mais olhei naqueles olhos, voltamos a ser dois estrangeiros... Já vivíamos em outro país.



ps. esse vídeo a melhor amiga gravou pra mim no festival internacional de jazz de montreal, porque ela lembrou que eu ouvi essa música sem parar uns bons dois meses, é o título do texto e uma das minhas músicas preferidas da Nina. :)
O que aconteceu nos últimos dias?

Tenho gostado cada vez mais do silêncio embora esteja vivendo dentro do caos. Me recolho a um canto enquanto todos rodam no centro da sala, me visto para passar por mais um dia e, me apresento pontualmente a cada obrigação. Tudo que sentia foi congelado, está mudado, estava errado; dentro da minha falta de regra nenhum dos últimos acontecimentos fazia o menor sentido. Embora não seja difícil me encontrar em um bar qualquer da augusta, as minhas certezas tem cheiro de naftalina. Preciso de certos momentos, de certas palavras, de certo carinho. Preciso viver o ontem para que o meu amanhã faça um pouco mais de sentido.

Queria algo guiado a puro e simples desejo, sem cobranças, sem a necessidade de se encontrar no que eu escrevo. Alguém que entendesse que as relações da vida real não podem ser escritas para não estragar o acaso. Todas as pessoas que admiro morreram sozinhas porque trocaram a companhia pela arte, viveram e morreram para produzir seres inatingiveis. Eu não posso ser assim, apesar de gostar das palavras, não quero segurar um livro no leito de morte. Quero a vida. Quero sorrir sem uma razão aparente. Quero viver e cantar bem alto em um lugar com luzes vermelhas. Eu quero voltar no meu lugar de sempre...

Quero visitar aquele velho sobrado da Bela Cintra e me sentir em casa.

domingo, agosto 09, 2009

Domingo

Quero sentir essa paz aos domingos. Essa ausência de mim e a união perfeita do acaso com o meu dia vivendo a preguiça do que passou. Quero ler mais alguns desses livros que tem frases perfeitas. Quero me sentir plena de tudo mesmo quando não tiver nada. Quero a perfeição do improvavel enquanto te pego em alguns momentos, preso, na minha lembrança. Quero escrever o roteiro da nossa história. Te sequestrar em uma tarde para te mostrar como vejo a vida. Te levar para experimentar o melhor sorvete de cupuaçu da cidade e discutir os pontos mais simples das histórias mais complexas.

Depois, quando todos estiverem dormindo, te mostrar a vida de dentro dos meus olhos enquanto vejo a vida de dentro dos seus. O instante exato que acabam as promessas, os medos e os pensamentos somem.

É o começo do fim.

Enquanto isso: te sinto cada vez mais longe e sinto que volto cada vez para mais perto...
Descansa...

eu sei que poderia ter alguém como você. alguém que pense como a pessoa com quem passaria noites inteiras pelo prazer te ter por perto. alguém que falasse sem medo dos dias vividos e que sonhasse com novos horizontes. você sabe que eu poderia usar alguém.

não seria difícil encontrar alguém que soubesse tudo que você sabe, falasse todas as suas línguas. quem sabe alguém com menos cabeça e com um jeito diferente. alguém que aceitasse ser meu e, por entrega, fosse simplesmente sua.

não sinto falta de você como uma presença. sinto falta das conversas no ritmo da sinceridade. agora, será que você foi uma doce invenção da minha cabeça esse tempo inteiro?

odeio ver você inalando felicidade para pertencer a algum lugar. odeio ver você se adequar. odeio ver você sempre repetir frases feitas para tentar justificar alguma coisa que você não deveria explicar para mim. odeio o jeito como te odeio por um dia inteiro e quase nada nas horas seguintes.

as noites que você considera vida, eu dedico ao sono. os dias aos quais você se entrega, eu desfaço a rotina. e nesse desencontro, me encontro em um lugar onde jamais estive.

Cansei de tanto procurar
Cansei de não achar
Cansei de tanto encontrar
Cansei de me perder

Hoje eu quero somente esquecer
Quero o corpo sem qualquer querer
Tenhos os olhos tão cansados de te ver
Na memória, no sonho e em vão

Não sei pra onde vou
Não sei
Se vou ou vou ficar
Pensei, não quero mais pensar
Cansei de esperar
Agora nem sei mais o que querer
E a noite não tarda a nascer
Descansa coração e bate em paz
Nara Leão


ps. texto baseado nesse texto. na música "use somebody" do kings of leon. e na música "descansa coração" da nara leão, só que na voz da fernanda takai.

sábado, agosto 08, 2009

SEIS

São 180 dias sem te contar, todos os dias, como me sinto. São 4320 horas que em nenhuma delas tive a sua presença. Mas, mesmo que a distância seja enorme e eu precisasse de um dia inteiro até chegar aí, minha vida nunca saiu de perto da sua. Você sabe que eu já não sou mais apaixonada como fui, conhece os meus medos mais escondidos, sabe das minhas aventuras mais inacreditáveis.

Quando você voltar vamos ter que ir a tantos lugares, teremos que ter tantas tardes de conversas. Continuaremos sem deixar nada interferir na nossa amizade. Quero te contar os detalhes e não só os fatos consumados. Quero ouvir os seus detalhes, guardar as suas histórias, porque a minha memória temporal sempre foi bem melhor do que a sua.

Já se passaram 6 meses, você tem mais 6 para fazer tudo caber e preencher ele de experiência. Quero encontrar no aeroporto alguém muito maior do que levei. Quero chorar de felicidade dessa vez. Quero o abraço que mais me fez falta nesses últimos tantos dias. Melhor amiga, soulsister, gordinha, irmã que escolhi para chamar de minha, são só mais seis meses.

quarta-feira, agosto 05, 2009

a visita

do lado contrário, andando na contra-mão, contrafluxo, contra-regra. a favor do instante, do momento agora, das ruas de duas mãos, da falta de regras.

queria me fazer verdade dentro do seu sorriso. saber o que dizer sempre que você me acusasse das mesmas coisas de antes, eu, que nunca neguei nada nem por um instante.

te vi partir sem querer te conter. acordar com você ao meu lado foi estranho, não reconheci nas suas costas a proteção que sempre notei em silêncio, a sua respiração estava fora do ritmo que encaixávamos nossos desejos. você era um fracasso e eu, uma insistente.

achei que reconheceria o fim antes dele congelar as expectativas, deixaria uma brasa morta, mas ainda existente. mas, o que sobrou foi pó, mero resquício de uma chama.

o maior perigo sempre foi a ligação quase infantil a qual me entreguei para estar ao seu lado, nunca senti nada além das coisas em comum que ligassem os nossos pontos, eram pensamentos parecidos que pareciam terem sido moldados para ser seu. eram sempre os seus filmes, os seus livros, os seus lugares. era tudo tão seu, só seu. eu, sua, só sua.

tudo assim... até aquela noite de lua cheia que deixou um visitante na manhã seguinte. era o fim, eu sabia.

segunda-feira, agosto 03, 2009

someone like you, and all you know, and how you speak

tantas palavras gastas para te mostrar que o silêncio seria muito mais valioso, que a falta de palavras entre um acorde e outro é o que dá ritmo a poesia do nosso cotidiano. pontos fracos variados, espalhados, perto de você ficou um, a sua capacidade de me fazer mudar algumas decisões, dessa vez, não. decisão tomada para facilitar o inevitável, essa não se desfaz porque não existe coragem em você e quase nenhuma força em mim.

domingo, agosto 02, 2009

do you believe in what you see?

Nunca lidei com começo, meio ou fim. Sempre percebi que o destino escrevia dentro do seu próprio ritmo e que haveriam paradas obrigatórias, pessoas que atrapalhariam os passos da minha felicidade mas, que, seriam necessárias para fazer do meu futuro algo menos conto de fadas. Não guardo mágoas mas, concedo a mim o direito de não gostar de todo mundo, de ser chata e particular, me faço assim para os outros enquanto permito a alguns conhecerem uma garota que não sabe onde deixar a vida. Minha falta de regras é o meu bilhete de ida para lugares onde jamais imaginei estar.

Um beijo seu carrega a surpresa de uma música desconhecida, sem letra, só uma melodia leve que embala o corpo para chegar a um lugar além do que imaginamos, planejamos, quase um risco que jamais assumimos. Será obra do destino te fazer poesia?

Já não sei o que se passa aqui, não consigo desvendar os meus sentimentos, nem entender os meus pensamentos. Tudo tão misturado com a vontade que apareceu, assim, de repente.

Enfim... uma nova fase.

ps. o título é zero 7 (in the waiting line)

sábado, agosto 01, 2009

25 minutos

Lembrei do jeito como cada beijo seu me dava mais palavras e, de como quando eu encostei a cabeça na parede enquanto te fazia imóvel e você colocou mais palavras em mim. Acho que tenho um quê dessas mulheres dominadoras de filme que ao mesmo tempo preservam a doçura das músicas de garotas.

Gosto do falso controle, da respiração falha, do ato reflexo de cada gesto. Foram me dados 25 minutos para te fazer ficar comigo, cada minuto gasto com palavras seria um a menos, cada segundo gasto com explicação seria descontado no meu arrependimento. Talvez, te colocar contra a parede fosse um bom jeito de aproveitar o tempo, só que por pura sacanagem, escolhi outra coisa.

Te levei em um dos prédios mais altos da cidade, um restaurante charmoso com um sundae de chocolate maravilhoso, era tudo que tínhamos para viver naquele tempo, um sorvete. Você gastou 10 dos nossos 25 minutos com ele. Durante cinco você olhou a cidade do topo e disse que naquele momento se sentia gigante. Foram mais cinco até voltarmos ao ponto de partida, o carro, que acabaria com o meu tempo. Os últimos cinco foram de silêncio presos a um beijo longo, carinhoso e forte. No último minuto dos meus vinte e cinco, você me pediu para ir com você, para sempre, mesmo sem saber quanto tempo teríamos até lembrar que o "para sempre, sempre acaba".

Depois de 25 minutos tínhamos o fim de uma espera de dois anos e o começo de uma história sem prazo de validade. Talvez o amanhecer, o ano novo ou quem sabe... muito mais.