terça-feira, agosto 11, 2009

Love me or leave me


Sabe, queria te contar algumas coisas. Encosta na parede e presta atenção e só se mexe quando eu te falar que pode. Sim, pode pegar um copo e acender o seu cigarro. Eu vou fazer o mesmo, mas você vai ficar encostado me olhando nos olhos até eu te dizer que pode parar de ser assim. Pode me chamar de maluca, sim, pode me chamar de maluca. Babe, seria ridículo eu falar que escrevi até não sobrar mais nada de mim que pudesse sair em forma de poesia, porque eu não escrevo poesia, não sou fã de poesia, gosto de uns dois poetas e outros que vezenquando fazem poesia, gosto do Leminski e gosto do Bukowski fazendo poesia e das poucas poesias do Caio Fernando Abreu, não precisa me lembrar que eu gosto de qualquer coisa do Caio, eu ainda sei quem eu sou. É a primeira vez que eu chego tão longe, que te encosto na parede e exijo silêncio e te olho desse jeito, meu. Não gosto de falar de sofrimentos, a Nina Simone sofreu bem mais e melhor do que eu serei capaz e, ainda por cima tinha aquela voz de negra. Então, não vou falar algo de "i put a spell on you", nem te contar que estou tentando aprender a cantar "ne me quitte pas". Você deve se perguntar porque eu simplesmente não fico com algum deles, deve parecer ridículo, mas eu prefiro ficar só a ser feliz com outro alguém que seja conveniente. Minha felicidade é cheia de oscilações estranhas, preciso de alguém que tenha meu respeito, antes do meu desejo, parece simples? Mas, não é, babe, não é. O clima dessa noite parece exato para acabar com as meias palavras. Não, você não precisa de outro cigarro, fica quietinho, bem quietinho, os meus dedos nos seus lábios falaram mais do que o meu pedido de silêncio, né? Interessante. Faz cinco minutos que não digo nada, sim, mas é nada perto dos dois anos que você fez isso comigo. Falou, falou, falou.. sem nunca, jamais, dizer nada. Você quer me agradecer por ter acabado com os seus medos? Por ter feito você se entregar a uma aventura e por ter mudado o rumo das coisas? Oh, bonitinho, de nada. Eu, eu, eu queria só te contar que...

Sem falar nada, sai do bar e nunca mais o coloquei na parede, nunca mais olhei naqueles olhos, voltamos a ser dois estrangeiros... Já vivíamos em outro país.



ps. esse vídeo a melhor amiga gravou pra mim no festival internacional de jazz de montreal, porque ela lembrou que eu ouvi essa música sem parar uns bons dois meses, é o título do texto e uma das minhas músicas preferidas da Nina. :)