25 minutos
Lembrei do jeito como cada beijo seu me dava mais palavras e, de como quando eu encostei a cabeça na parede enquanto te fazia imóvel e você colocou mais palavras em mim. Acho que tenho um quê dessas mulheres dominadoras de filme que ao mesmo tempo preservam a doçura das músicas de garotas.
Gosto do falso controle, da respiração falha, do ato reflexo de cada gesto. Foram me dados 25 minutos para te fazer ficar comigo, cada minuto gasto com palavras seria um a menos, cada segundo gasto com explicação seria descontado no meu arrependimento. Talvez, te colocar contra a parede fosse um bom jeito de aproveitar o tempo, só que por pura sacanagem, escolhi outra coisa.
Te levei em um dos prédios mais altos da cidade, um restaurante charmoso com um sundae de chocolate maravilhoso, era tudo que tínhamos para viver naquele tempo, um sorvete. Você gastou 10 dos nossos 25 minutos com ele. Durante cinco você olhou a cidade do topo e disse que naquele momento se sentia gigante. Foram mais cinco até voltarmos ao ponto de partida, o carro, que acabaria com o meu tempo. Os últimos cinco foram de silêncio presos a um beijo longo, carinhoso e forte. No último minuto dos meus vinte e cinco, você me pediu para ir com você, para sempre, mesmo sem saber quanto tempo teríamos até lembrar que o "para sempre, sempre acaba".
Depois de 25 minutos tínhamos o fim de uma espera de dois anos e o começo de uma história sem prazo de validade. Talvez o amanhecer, o ano novo ou quem sabe... muito mais.