quinta-feira, novembro 30, 2006

MOM, I'M TIRED.


O foda é quando você tem o mundo a seu favor e uma das poucas pessoas que te importam contra. Não é fácil viver por aí fingindo que a sua genitora não te importa. Que a opinião idiota e sempre errônea dela não importa. Ela ganhou um dom e perdeu o manual de instrução. E o pior é que a vejo se debatendo, tentando fazer as coisas certas e só conseguindo errar mais, e foder mais ainda esta relação de merda.
Ela diz que eu não sei o que quero. Não, eu não sei. Eu tenho 17 anos, pô. Como eu vou saber o que quero?! Se eu não sei quem eu sou. Se quem deveria ser meu modelo de conduto só serve pra mostrar tudo o que eu não quero. Não quero ser igual, não quero pensar tanto em grana e ser o ser humano mais infeliz e vazio que conheci. Não quero reclamar de tudo e todos. Não quero ser modelo aparente pra ninguém. Quero conhecer gente que goste de mim pelo que sou de verdade e não pela merda que aparento ser. Se liga mané, viver com mascaras impregnando o ser é fácil. Difícil é acreditar que somos sim, imperfeitos pra caralho.
I'm tired, babe. Fingir que tá tudo bem, quando o que eu mais queria é jogar na sua cara que você faz tudo errado sempre. Que eu não vejo a hora de sete se tornar um oito, e eu poder trabalhar em 10 empregos pra poder viver sozinha. De sair e não ter de dizer aonde vou, porque eu nunca sei pra onde vou. Eu saio e tento chegar em algum lugar que vivo procurando. Um lugar que me acalme e que tenha toda a porra do mundo impregnada. Porque eu sou muito menos santa do que você imagina. Porque eu sou mais puritana do que você diz. Porque eu sai de você, e você me conhece menos do que um passante no metrô. Passantes as vezes te olham nos olhos e vêem; mais do que você acha que enxerga.
I'm tired, babe. De falar, brigar, chorar, espernear por ajuda e você não enxergar. Você não conhece os meus sinais, não entende quando eu peço ajuda. Não viu todas as vezes que eu sofri por paixonitis agudas, porque eu vivo sofrendo por paixonitis. Não sabe que eu me apaixono e desapaixono, todo o tempo. Nunca vai saber que um gesto muda uma pessoa pra mim. Nunca, porque estas coisas não se dizem, percebem e você tá longe de conseguir isto.
I'm tired, babe. De você reclamar da música que eu ouço. Dos shows que eu vou. Dos amigos que tenho. Sem ao menos saber quem são... Não me venha com falso moralismo, não finja que se importa, não preciso mais disso. São poucos meses até o 7 virar 8. I'm tired, babe. De fingir que não me importo. Importo, importo sim e importo pra caralho.
I'm tired, babe. Mas eu não sou a bonequinha de luxo que você imagina, as suas farpas se transformam em muletas. E é assim que vou me apoiando nos obstáculos. É assim que tenho certeza maior ainda que é no mundo de modelos metidas a jornalistas que quero entrar. Não por você, porque confesso e peço desculpas JAMAIS pensei em você. Eu faço tudo errado sempre, tenho os melhores amigos, ouço as melhores músicas, uso os melhores clichês. Porque o mundo me ensinou. Mundo o qual pertenço, desde que tinha 14 anos e pude pegar ônibus sozinha. Já conheci tanta gente estranha, gente normal, boazinha. Gente como você sempre correndo, gente diferente de você que vivem numa tranqüilidade chata. Gente como eu, e são estes que me ajudam a transformar farpas em muletas.
I'm so tired, para desistir. O cansaço me ajuda a seguir em frente de cabeça erguida, porque eu sou orgulhosinha e isto eu puxei a você. Um dia, espero não daqui a muito tempo, te mostrar que sempre fui melhor do que você imaginou. E vou mais longe do que você pensa. Vou mais longe porque sempre andei com as minhas pernas. E ao contrário do que você pensa, o seu tratamento será vip, porque é assim que eu trato quem me fere, com presteza e amizade impar.
Agora, presta atenção. So, I'm tired, babe. Mom, i'm so tired.



ps: vou ficar um bom tempo até arrumar este blog. Blogspot complicadinho de merda.
Mas, este é paradeiro fixo. Logo, me cobrem tenho obrigação de ficar por aqui até ao menos metade do ano que vêm. Claritromicina.
ps2: o nome não tem explicação.
ps3: Miss pie, i miss you! ; )


ouvindo ~ chico buarque
DENTE DO CISO



Momento mais louco de vida. Nada de concreto acontecendo, mas tudo tá o melhor que poderia estar. Não saberia definir como esta, repito não há nada de concreto. Não ganhei na megasena, meu cabelo clama por uma progressiva, duas coisas "boas" quase aconteceram, quase passar na usp e a outra poucos sabem.
Putasacanagem, tudo ter que mudar quando tá tão bom. O fim se aproxima e as idéias vão se enrolando. O que será de tudo o ano que vem?! Quem continuará comigo!? Quem já, se perde no mundo?! Com quem vou alimentar um saudosismo chato, até que eu encha o saco e esqueça tudo. Quem vai ser minha pupila nostálgica?! Fim de estudar a merda toda que não serve para nada. Nunca mais, irei olhar uma cadeia carbônica, cadeia só se for com presos estranhos, loucos para dar, um furo de reportagem, e outras cositas mas que não me interessam. Nunca mais vou pensar na reprodução das plantas, reprodução só de formas mais interessantes. Putabesteira, aprender estas coisas.
Pára tudo. Vou aprender um monte de coisas legais, agora me diz aonde?! Escolhas que podem mudar tudo. Escolher a facú que vou estudar é se jogar no escuro. Gosto de gente, nem que seja para odiar. Onde eu acho os melhores tipinhos?! Onde estão as pessoas que querem cometer a loucura de fazer jornalismo no Brasil com este mercado lindamente servido de modelos, pelo mesmo propósito que eu, estão? Quem gosta das músicas que eu gosta?! Quem gosta do Brasil, mesmo com todos os problemas?! Quem ouve Chico e arrepia. Quem é você?! Quem sou eu!? E quem seremos, a partir de agora?! O agora chegou e eu tô perdida. Querendo grudar nas paredes da adolescência irresponsável e não largar mais.
Adolescência?! Em melhor fase, grau e tamanho. Juízo?! O mais perto disso foi o dente do ciso [by fee]. Alegria?! Pode ser só ilusão, mas ela tem estado comigo. Confusão?! Quer maneira mais divertida de levar esta putalouca vida.Este ano, quero as bebidas mais fortes. Os shows mais fodas. Os amigos que eu tenho e uma porção de novos. Algumas cositas que não pega bem colocar aqui. Logo, tudo que não pegar bem falar. Eu quero, muito, e pra ontem!

Miss pie! Só para raros.
PERIGO

Perdi completamente a noção do perigo. Entro em joguinhos sem saber as regras. Me coloco em perigo constante pelo gosto do experimento. Não aguento ver a repetição do ontem como se fosse novo. Passei da fase de negação. Não nego minhas vontades. Não nego o que quero. Não nego, que querer é pouco. Olho ao redor e vejo tudo tão igual, e procuro a peça que eu perdi. Onde foi parar o marasmo!?Onde foi parar a segurança. Onde se esconde o meu porto seguro. Você veio e mudou tudo. Deixou tudo mais divertido, perigoso, diferente.

PS: estou abandonando mais um blog.
www.amoramora.zip.net over!!

bem vindos ao claritromicina!
ESTE PARA SEMPRE, NUNCA ACABA!

Vivo com a certeza de que algum dia verei ela entrar pela porta como se jamais tivesse saído. Os natais voltarão a ser bom. Os aniversários serão completos. A minhas não idas ao cemitério, terão sido certeiras porque ela não estava ali. Ela estava viajando, sem tempo pra voltar. Ali está ela na porta, com uma bolsa do lado ainda magra, ainda sem cabelos, ainda pálida mas com a bolsa de quem veio ficar algum tempo.Ninguém entende o quanto vale a vida até alguém te pedir ela e você não poder dar. Alguém te olhar nos olhos desesperadamente pedindo algo que amenize a dor sem que você possa ajudar. Alguém que definhe aos poucos, que troca seus 55 kg por 35 e precise ser carregada nos braços pela escada.Até saber que seu pai quase morre no desespero de salvar a vida de quem não tem salvação longínqua. Deus? Ele existe? Existe pro futebol? Existe pra quem tem grana? Existe pra quem finge ser um monte de merda que não é? Pra quem finge? Pros hipócritas adinheirados?Cadê Ele nos hospitais? Cadê Ele nas ruas? Cadê ele na distribuição de renda? Cadê Ele?Foda-se seu ego, foda-se a busca desenfreada pela porra do dinheiro.Daria tudo, daria a minha futura carreira, daria o meu computador, celular, luxos e lixos por mais um sorriso dela. Mas não, a troca não é justa. Ela esta melhor do que eu. Longe desta merda sendo atirada no ventilador. Longe das dúvidas, das incertezas, da desigualdade, do sofrimento e da dor de ser aquilo que não é.Esteja onde estiver não precisa se moldar para viver num teatro de arena. Não precisa nadar contra a corrente para procurar um sonho que nem sabe se vale a pena.Ser jornalista um dia, vai ser para mim e vai ser o meu presente para ela.Tia, te amo para sempre. Porque este para sempre, nunca acaba.
EM QUE ESQUINA QUERER É PODER?

Queria falar para você tudo que se passa aqui. Não consigo, tenho medo de você não entender minhas palavras. E de botar tudo a perder para sempre, mesmo que o para sempre seja muito tempo. Não estou preparada para não te ter mais no meu rol de pensamentos. Você que entrou aqui tão de repente, impregnou como limo em paredes sujas de poços velhos e sem uso.Te dei o que não queria dar a ninguém. Te dei o que roubaram de mim, e o que jurei não dar a ninguém. Te dei sem querer, o que eu queria ter. Te dei e fiquei sem. Sem o meu e sem o seu.Deito ouvindo a música que me lembra você. Faço do meu travesseiro meu confidente e confesso a ele tudo que queria te dizer. Faço dos meus amigos meu público e saio por aí fazendo piada do que queria chorar.Já não choro mais, porque a vontade secou na última vez que eu quebrei a cara. Na última vez que dei o que não deveria dar a ninguém. Chorei tanto que já não consigo mais.Errei por excessos. Agora sinto errar por prender demais, prendo em mim as conversas que gostaria de ter. As palavras que gostaria de dizer. As vezes que gostaria de te olhar nos olhos. Não consigo te olhar nos olhos, sinto que eles falam mais do que eu quero que você saiba. Controlo minhas palavras, atitudes, gestos, mas o olhar não dá. Não dá para segurar a onda, não tá dando mais.E eu não vou solta-la. Vou parar na praia e olhar o mar. Até o dia que ache outro alguém que sente ao meu lado, segure minha mão e sem me olhar nos olhos diga tudo que eu preciso ouvir. Alguém que goste de tudo que eu gosto, mas não me deixe falar tanto. Alguém que tenha visto todos os filmes que vi e tantos outros que passará tardes intermináveis falando que eu deveria ver tanta coisa pela janela. Alguém que tenha lido tantos livros que saiba todos os clichês do mundo. Alguém que ache todos eles em mim, mas finja que eu sou única. Que minhas histórias são únicas. Que minhas verdades são únicas. Que meus vícios são únicos. Que meus medos são únicos. Agora, me segure pela mão. Me leve para fora e diga que tudo isto foi um começo bom, num momento errado. Que eu não fui nada pra você, fui menos do que você foi pra mim e só. Que cada palavra minha não soa piegas como o que escuto. Cada gesto sem jeito, foi o jeito de mostrar que estava aqui. E agora já não espero nada. Não espero você. Percebi que você não vem. Os homens já não me surpreendem mais. Queria ser louca, louca e puta. E boa. Queria ser boa, boa menina, boa moça, mulher boa. Queria ser louca, mas louca eu sou. Não, não sou. Sou confusa, e isto não é mérito. É desgosto. Sinto o gosto do desgosto de gostar de quem não gosta de mim. Queria ainda assim ser boa. O mundo é dos bons, e quem não é bom ainda assim tá no mundo. Mundo filhadaputa, mundo mudo. Sem você, sem grito, sem choro e sem vela. E eu sou chorona. Bixa e chorona. Queria o ontem. O mês passado. Queria a noite de amanhã só que um mês atrás. Queria um mês atrás. Queria voltar no tempo e não ter começado isto. E não ter visto você. E não ter ouvido nunca strokes, arctic monkeys, subways e esta merda toda que me aproximou de você. Ou que te aproximou de mim, porque eu ouvi esta merda toda antes. Antes porque eu já tinha amigos que tem bom gosto. Queria ser menos confusa e idiota. Queria ser louca e puta. Queria, em que esquina querer é poder?
0,1 PORCENTO

O que fazer quando você acha 99,9 da população mundial intragável. Quando o cigarro é intragável. Quando a bebida pedi um tempo pra pensar sozinha. Quando os amigos vão se indo e você ficando. Nunca sei quando é a hora de fazer alguma coisa. Saio por aí fazendo coisas, todo o tempo, estragando, construindo, acabando, começando vidas que teimo em não deixar em paz. Não me sinto a vontade com o mundo, ele me encabula eu encabulo ele e juntos cabulamos todas as aulas de adaptação. Fingir que sou alegre apaga minha tristeza. Ela existe, tá aqui guardada com vários restos, junto com o seu resto. Guardo com carinho os seus restos porque é chegada a hora de plantar coisas e lá se vai você adubar a terra, já que seus restos já não podem mais gerar frutos é como a merda, um bom adubo natural.Divido meus dias em remoer o passado e sonhar com o futuro. O agora vai como um dia que chega após o outro. Vou rindo das minhas desgraças. Me iludindo com pessoas que chegam e saem com a mesma facilidade, sem pedir licença.Confusa, vou levando meus dias entre pensamentos e ações impensadas. Entre amigos e colegas. Entre vida e morte. Tenho medo da vida de adulto. E ao mesmo tempo pressa em chegar ao conforto da idade. Ser feliz como quem bebe da mesma água todo dia e sabe que ela sempre estará ali, de maneira regrada. Votar, é um passo para vida adulta. Era daquelas crianças que iam votar com o pai desde pequenininha e ficava pensando quando seria minha vez. Me imaginava adulta, independente [desde criancinha], com um namorado bacana. Não sou adulta, voto e não tenho namorado. E a cada dia que passa e chega mais perto dos meus 18 anos percebo que as coisas não estão como esperava.Contudo, ainda acho 99,9% da população intragável.E os outros 0,1% são meus amigos. Tô bem servida. ; )
GATOS

Queria colocar a vida numa garrafa e beber tudo de uma vez. Ter alucinações dos excessos. Saborear o necessário. Colocar para fora o que de amargo tiver. O mar, como faz falta o mar. Ele me diz tanta coisa numa fala mansa e silenciosa. Olhar aquela imensidão que esconde tanta vida, me mostra que você tá escondido na garrafa que gostaria de beber. Queria saber seu nome. Descobrir seu endereço. Olhar seus olhos e ver que é neles que vou passar uma grande temporada de calmaria. Mesmo que grande para mim signifique dois dias, dois dias em que eu seria a mulher mais feliz do mundo. Um dia que seja. Algumas horas, horas onde seus braços me encobrem do mundo. Sua boca me dê verdades que duram só até o nascer do sol. Onde emprestam alegria de verdade? Brincar de ser feliz esconde a tristeza. Diminui o vazio e preenche lacunas. O buraco é tão grande que eu já não sei por quanto tempo o esparadrapo segura as pontas. Tenho medo de viver o hoje sem pensar no ontem sujo. Não consigo acreditar que tantas coisas boas aconteçam juntas só porque já é hora de acontecerem coisas boas. Vivo pensando e esperando o próximo buraco, como se tivesse vivendo milimetricamente num campo minado. São tantos sentimentos e idéias enroladas dispostos como novelos de lã numa caixinha de costura. O único problema é que os gatos estão por demais ocupados procurando ratos que não ajudam a desenrolar numa bagunçada descompassada os novelos.Sem gatos, sem linha, sem ajuda, sem a tua palavra, sem a tua história. Com a metade de mim que teima em acreditar que no fim tudo da certo, saio por aí desenrolando vida. Fazendo pequenas paradas para ilusão..Bem vinda a ilusão. De verdades inventadas é que é feita a vida.
CONFUSED... NOW OR NEVER? MAYBE, AFTER...


Sinto como quem bebeu tudo de uma vez. Quem engoliu o mundo e agora teima com uma indigestão, sem estomazil que dê jeito. Engoli possibilidades e fico agora a remoe-las, numa confusão mental que não há o que dê jeito. Não sei esperar, nunca soube. Vivo de uma imediatalismo chato. Pau o pedra. Vai ou racha. O MEU tempo. A MINHA vontade. Primeira pessoa. Não aprendi a dividir a vida. Nunca soube usar as palavras bem, feri quando não queria, acariciei quando queria punir, chorei quando queria sorrir, mas acima de tudo jamais calei quando quis calar.Queria sair por aí tatuando o mundo nas costas. Cravando em mim gostos, pessoas, palavras, viver de maneira passional, sentir o vento no rosto e quando virar não sentir falta de ninguém.Jamais beijarei alguém pensando em outro. O outro provavelmente não pensa em mim. Então, decidi beijaria pensando em quem tô beijando. Pensando no quanto ele não é você, babe. Mesmo que ele seja melhor e porque não? Mas ele não é você, babe. E quem diria que eu escreveria isto para você, babe? E deixaria você saber se lesse, porque o babe é seu, só seu ao menos por enquanto. Porque eu continuo não sendo de ninguém por muito tempo. O difícil já teve mais graça do que agora. A vontade de deixar que você venha até mim, se desvencilha num abraço que faz tudo parar, porque meu mundo pára quando eu estou nos teus braços, e quem diria babe? E quem diria que eu deixaria tudo acontecer tão rápido dentro de mim, sem saber o que acontece aí.Você soube de mim, antes que eu pudesse se quer dizer. A música nos ligou e para mim não existe elo maior. Ver o ipod, encontrar tom Jobim e Chico Buarque foi uma regalia que jamais pensei achar. Era mais do que só um mero cara, era o cara que ouve Chico, o cara que eu falei assim sem querer. E ainda mais sem querer, não soube me fazer esperar.Tava tudo tão bom. Que acho que já não dá pra voltar. Embora eu queria. Não sei lidar com as palavras e talvez pela primeira vez, deixe o silencio preencher este vazio. Confusa. Agora ou nunca? Talvez, depois. Quem sabe?Só uma coisa, o tempo agora é seu. Porque o meu sempre fica em palavras. Em textos que tiram a agonia. E lá se foi mais um.
RODA

Cheguei agora de perto da vida que muitos queriam ter. Era longe, suja vazia e divertida. Frágil como algo que dura o suficiente para ser inesquecível e só. Prazos, validades, horários, regulamento. Vida regrada como para quem não sabe o que isto significa.Corri pela praia como quem procura uma vida que se perdeu, areia grudada, amigos sentados beira mar juntos ao vinho. O vinho me fazia achar que tinha achado o que procurava. E todas as vezes que o vinho me encontrava a sensação voltava, mais forte mais precisa e mais ilusória. A ilusão de quem vive se embebedando pra procurar uma verdade impossível, uma verdade que vive se pondo. Uma pessoa que vive por aí, tão dentro de si que fica difícil se colocar numa posição confortável. Será que eu já fui isto pra alguém? O que será isto? Eu realmente não entendo, confusa como uma criança de 5 anos brincando com o cubo mágico. Tudo esta misturado, cada cor é uma parte da minha vida e eu vou tentando arrumar um lado esquecendo o outro, porque eu sou uma criança que vive cada lado de uma vez, que esquece que não necessariamente as cores tem encaixe perfeito no fim. Vivo sempre procurando o fim e com uma vontade enorme que ele não chegue.
Vivo num liga e desliga eterno. Numa roda viva. E que rode a roda até que eu canse demais dela, e mude, só que de direção.
UNHAS VERMELHAS

Minhas unhas vermelhas desfilam pelo teclado, enquanto minha mente me dá jorros de idéias desconcertadas e desconcertantes. Olho para elas e chego a acreditar que elas acham mesmo que tem vida propria. Unhas vermelhas. Uma putadordecabeça de um resfriado mal curado e mal vindo. Resfriado que teima em fazer o ciclo da vida. Vem aos poucos. Vem devagarinho, e um dia me joga na cama para dormi o sono dos adoentados. É assim que vem a vida, me deixa livre dela por dias incontaveis mas daí chega e me joga num canto para pensar em quanto eu não pensei nela nos dias todos de folga.Pensar não resolve nada. Sò te faz remoer um passado amargo ou e apresenta a saudades de algo doce. Te dá sentimentos sem os quais você saberia perfeitamente viver.Não sou doce, nunca fui. E muito provavelmente nunca venha a ser. Tenho necessidade de fazer piadinhas infames quase sempre com fundo de verdade. Tenho necessidade de não calar quando acredito minimamente em uma coisa e as vezes quando não acredito. Nunca soube escolher o caminho mais fácil. O que é mais dificil me suga mais, me tira mais, me cansa mais e o gosto fica por mais de 48 horas. Não importa se bom ou ruim, mas 48 horas nunca são o suficiente.Não sou modelo de nada, nunca fui. Talvez tenha sido, mas isto já faz tanto tempo que já não me lembro. Não aconselho ninguém a ser minimamente parecida comigo, entenderam? Não tente e não seja como eu. Dá muito trabalho. Dá muito tarbalho pensar e querer resolver o mundo, mesmo quando o mundo se resume ao seu proprio umbigo, não sei se você já percebeu mas umbigos todos tem e sempre o seu esta ligado a tantos outros. Sei, você é incapaz de imaginar. Já agi a meu delprazer. Mas faço isto tão pouco, que quase não conta. Já abri mão de coisas e me arrependi. E tantas outras que agradeço ter feito.Já encontrei tanta gente idiota, que não cabe falar. Mas vale a pena citar. Pessoas idiotas que não sabem ter mais do que 2 min de conversa civilizada, sem que ela caia direto em seu umbigo. Pessoas que só pensam numa coisa e nesta coisa e só. Pessoas que esquecem dos umbigos alheios. Pessoas carentes de atenção, assim como eu e tantos outros.Deixei pelo mundo pedaços inteiros de vida, porque não era aquela que queria levar. Esqueci lugares. Quase não lembro de gostos. Lembrar o que comi ontem não é muito dificil, porque esta putavidalouca não me deixa comer bem. Tempo, onde você se esconde? Sinto falta de poder fazer nada, sinto fácil do ócio, sinto falta de nunca ficar doente. Sinto falta, mas jamais saberia viver daquele jeito. Deixei o pedaço de vida por aí e não voltei pra buscar. E mesmo que agora o quisesse não lembraria onde deixei.Discuti muita coisa com muita gente. Não me recordo de ninguém em especial. Porque vou deixando-os junto aos pedaços de vida.Aprendi tanta coisa. Esqueci tanta coisa. Conheci tanta gente. Descolori o mundo e agora sigo com uma caixa de lápis, daqueles baratos, tentando colorir coisas e pessoas. Agora, venha a mim quem me odeia.Porque quem me ama sempre ganha em força, mesmo que perca em número.Minhas unhas vermelhas, cansaram de passear pelo teclado e minha mente já não jorra com tanta intensidade. Melhor parar antes que isto fique pior do que esta.
SEM PRETENSÕES


Faz tempo que a ação se desvencilhou de mim. E em tudo que procuro fazer, sempre me acompanha um marasmo chato. Até o mais diferente feito parece ser uma sucessão de coisas pequenas que vinha tentando fazer. Parece mais um bolo pronto, prestes a ser devorado e só.Divido os dias em pessoas que conheci e pessoas que gostaria de conhecer. Coisas que fiz e que deveria ter feito. Palavras que deveria ter dito e agora existe uma remota chance delas chegarem aos destinatários.Necessidade de passar a vida a limpo, enterrar pessoas. Adubar a terra para daqui a pouco, colher novas flores. Mas passar a vida a limpo dá uma preguiça flhadaputa, e as flores tem me feito espirrar.Sem flores, sem enterrar, sem pretensões além de vomitar o mundo que se agarra ao meu estomago, causando uma super produção de acido gástrico, aquele mesmo que me ataca a gastrite. Lembrar casos, não resolve meus problemas. Mas diminui o que eu deveria ter feito, mesmo que os destinatários tenham se perdido no mundo.Senta. Espera, vou atrás dos meus óculos e volto assim que você desistir de ler.Cabelo meio preso meio solto. All Star nos pés e o relógio me acusando de ter que estar na escola. Meu quarto tá aquela zona arrumada. Assim como minha vida.Tá tudo uma zona. Perdi sentimentos. Deixei outros nas estantes de amigos. Esqueci sonhos atrás da porta. Guardei lágrimas embaixo do travesseiro. Não é fácil admitir que sofri, sofri sim pracaralho. Não pelo que você pensa. Não por você. Reduza-se a sua insignificância. A sua tinta, a sua caneta, a sua pena, a sua crença, a sua verdade. Reduza-se. Quanta pretensão achar que eu deixo o relógio me acusar, para te agredir. Quanta pretensão achar que depois de tudo você ainda importa.Não, meu bem. Não importa. Tô em processo de re-obter meus sentimentos. Tentando lembrar as estantes que deixei. Recuperar os sonhos que estão atrás da porta, pegar o secador e dar uma mãozinha pras lágrimas sumirem.Hoje, meu ar blasé contempla a tua necessidade de atenção com pena. Contempla a sua vida vazia, com dó. E nada jamais será igual porque passou, e foi ótimo.Obrigada.
QUASE NUNCA


Não sei bem do que eu preciso. Se eu preciso de férias. De dias de vida desperdiçados na frente de um computador. Guiado a um teclado com letras misturadas e minha digitação confusa. Com minha mania de escrever. Com a necessidade de botar para fora verdades inaudíveis, verdades desimportantes, verdades minhas e foda-se tudo que todos acham a meu respeito. Não, não preciso parar para ver passar a vida que amo. E vejo chegar todos os dias, como uma música idiota que teima em estar na tua cabeça. Como um filme que teima em se repetir em câmera lenta na tua mente conturbada. Não, não preciso de uma mente conturbada. Não preciso de diálogos intermináveis. Não preciso de pessoas impressionantes e impressionadas. Preciso desta vida idiota que teima em chegar dia após dia. Preciso acreditar no irreal. Para que o real não me engula e me jogue para fora num surto de indigestão. Preciso das pessoas irreais que teimam em tomar forma na minha vida. Preciso acreditar que algum dia a realidade se mistura com as ilusões e a vida idiota cria um sentido melhor. Um sentido, onde eu tenha respostas para minhas perguntas mais cretinas. Espero por um dia em que você não faça o menor sentido. Que eu não pense no teu olhar, no teu jeito bobo e infantil. Na tua maneira imatura. Que eu seja mais do que uma menina idiota romanceando o que nunca chega. O dia em que ir em festas será só ir em festas. Ouvir músicas ruins, beber uma cerveja e estar em estado de semibebedeira. Perder o medo do descontrole, dos meus limites tradicionalistas. Da minha mania de princesinha. O dia em que eu não pergunte se você vai. E que isto não importe de verdade. Ou o dia que o irreal se misture e tudo seja uma sucessão de dias imprevisíveis. Dia após dia. Enquanto os dias são previsíveis. Eu continuo na mudança constante de humor. Na "encheção" de saco com coisa frívolas. Nos shows que nunca chegam. Nos filmes que nunca saem. Nos textos que nunca escrevo. Nas coisas que nunca falo. Nas coisas que nunca faço. Nas descobertas que quase nunca tenho. Na minha vida que eu não deixo que ninguém entre.
SÓ VAZIO E SURPRESA

Se as vezes é tão difícil acertar a chave na porta, como pode ser tão fácil nos perder em sentimentos? Se as vezes esta coisa banal é assim tão inconstante. Parece que a chave mudou de cor, tamanho, forma ou a fechadura engordou, cresceu, diminuiu. Não importa, não cabe, não entra e não abre. MAs não abre de jeito nenhum. Ou simplesmente assim como eu, você esta tentando a chave errada, ou mesmo a porta errada. Depende da perspectiva. A chave estranha, gorda, magra, menor ou maior há de ser de algum lugar. Talvez não desta porta a qual insistentemente você tenta abrir. Sabe, tenho uma chave aqui. Ela é pequena, curta, magra e esta pressa num chaveiro colorido que não sei ao certo que figura tenta ser. Não sei o que ela abre e também não me recordo de te-la visto a tempos. Talvez, eu esteja perdida assim como ela. E se alguém achar minha chave, não tente abrir portas pode ser perigoso. Considerações finais para um texto vazio: nada termina até que chegue o fim. E o fim ainda não é aqui. Talvez seja para algumas pessoas, talvez eu esqueça chaves pelo caminho, talvez as deixe com estranhos, talvez seja mais feliz assim, talvez precise de pessoas que saibam fechar histórias, que tenham respeito pelo sentimento alheio, que não estejam sempre procurando a si mesmo nos outros, que tenham o egocentrismo controlado, que não entrem comigo em um duelo de egos, que seja amigo até quando os chaveiros fecham. Nem eu. Nem você. Nem ele. Nem ela. Nem vocês. Nem nós. Nem vós. Nem eles. Nem chaves. Nem fechaduras. Nem teclado. Nem celular. Nem telefone. Nem amigo. Nem amiga. Nem melhor. Nem pior. Nem certo. Nem errado. Nem começo. Nem fim. Nem mágoa. Nem alegria. Nem felicidade. Nem tristeza. Nem fome. Nem sede. Nem frio. Nem calor. Só vazio e surpresa.
I KNOW IT'S OVER

Cansada com sono gastrite atacada doenças mal curada exames parcialmente feitos e remédios devidamente tomados. Este é o pano de fundo. A história é diferente.Pensando seriamente em passar minha vida a limpo. Com cartas abertas. Com nomes dados e pessoas.Mas bate uma preguiça filhadaputa. Então eu olho pro meu umbigo e penso só no hoje. Ou na minha vida recente, recente até onde chegue a lembrança de nomes. Olhei pro lado e não vi mais ninguém. Estava sozinha como jamais estive. Porque não era só em carne que não tinha ninguém os meus pensamentos afugentavam qualquer ser que ousasse tentar entrar nesta linha cara e nobre.Sozinha com os fatos. Remoendo perdidamente acontecimentos. Fingir que nada aconteceu dá menos trabalho, mas sinto que me mata mais. Me agride mais. Me dá mais raiva, me consome e me ataca mais a gastrite. Este silencio que eu te prendi e esta posição de ignorar a tua existência não é tão bom quanto eu achei que fosse ser.Por outro lado te reduzo a tua insignificância. E agora me pergunto, como um dia pude gostar de alguém tão sem sal. Porque eu gosto de gente ruim e nem ruim você sabe ser. Falta muito para você conseguir a proeza dos que tem um mínimo de personalidade.A procura da maneira ideal de agir não se resume a uma pessoa. Não se resume a uma situação, não se resumi em perdoar e viver como se nada tivesse acontecido. Porque é quando vejo seu rosto vencedor me contemplando, que sinto tanta raiva quanto naquele dia que levantei sem olhar para trás. Não olhar foi o jeito que arrumei de não te deixar com nada que é só meu. Te fiz responsável pelo pior acontecimento da minha vida. E por quanto tempo ainda, conseguirei segurar esta pedra em cima?A pedra esta insustentável. Preciso gritar aos 4 ventos, para que de fato tudo acabe. Porque o jogo é meu e eu quero que acabe. Porque a vida é minha e já não quero mentiras sinceras. Não quero manter relações por pura cordialidade.Eu gosto de gente ruim, mas que seja ao menos ruim de verdade. Aprenda a lidar com a ironia de quem sabe ser chato. Aprenda a procurar na verdade a mentira que me convence. Aprenda, porque eu já sei como evitar tudo isto. E melhor como evitar vocês.Tô confusa, leve e vacinada. Pena que agora ficou tudo mais difícil. Quando acho um mar no qual mergulhe de cabeça? Um mar bonito cheio de pedras que me leve de cabeça.Enquanto isto não acontece, pulo de cabeça em piscinas confortáveis que só duram até o nascer do dia...
GOSTO DE UVA

O colorido se transformou num cinza opaco. A vida se transformou num marasmo chato. As vontades se transformaram em obrigações. As obrigações são coisas boas que me obrigam a levantar desta cadeira. É o vazio que me força a ouvir músicas que não me preenchem. Porque é isto que procuro, algo que preencha a lacuna chamada desamparo. Não é uma coisa. Muito menos uma pessoa. Talvez um sentimento. Não sei o que falta. Nem tenho a certeza de que falte algo. É só um enorme vazio que corrompe minha entranhas. É como o sangue que corre em minhas veias, não existe um curso pré definido, diversos são os orifícios os quais cada gota deste liquido vermelho poderia explorar e ele de fato o faz. Talvez, eu precise tomar aula com este liquido mal-visto.Alguém conhece um bom curso? Um bom professor? Ou simplesmente tenha uma boa formula?
Talvez, eu precise dar a este liquido companhias mal-vistas. De mesma cor. Líquido que me faz ver este mundo de uma óptica bela, engraçada, colorida. Liquido que me traz a felicidade dos que são predestinados a serem vazios. Liquido que me agrada o aroma. Que me une com o meu hoje vazio e meu amanhã sujo.Acordar amanhã, com a amnésia de quem nada soube na noite anterior. Acordar com a certeza que o incerto não me fará mais companhia. Acordar pensando em você, mesmo que não saiba seu nome. Enquanto isto a companhia só do liquido vermelho com gosto de uva.
GOSTO DE UVA

O colorido se transformou num cinza opaco. A vida se transformou num marasmo chato. As vontades se transformaram em obrigações. As obrigações são coisas boas que me obrigam a levantar desta cadeira. É o vazio que me força a ouvir músicas que não me preenchem. Porque é isto que procuro, algo que preencha a lacuna chamada desamparo. Não é uma coisa. Muito menos uma pessoa. Talvez um sentimento. Não sei o que falta. Nem tenho a certeza de que falte algo. É só um enorme vazio que corrompe minha entranhas. É como o sangue que corre em minhas veias, não existe um curso pré definido, diversos são os orifícios os quais cada gota deste liquido vermelho poderia explorar e ele de fato o faz. Talvez, eu precise tomar aula com este liquido mal-visto.Alguém conhece um bom curso? Um bom professor? Ou simplesmente tenha uma boa formula?
Talvez, eu precise dar a este liquido companhias mal-vistas. De mesma cor. Líquido que me faz ver este mundo de uma óptica bela, engraçada, colorida. Liquido que me traz a felicidade dos que são predestinados a serem vazios. Liquido que me agrada o aroma. Que me une com o meu hoje vazio e meu amanhã sujo.Acordar amanhã, com a amnésia de quem nada soube na noite anterior. Acordar com a certeza que o incerto não me fará mais companhia. Acordar pensando em você, mesmo que não saiba seu nome. Enquanto isto a companhia só do liquido vermelho com gosto de uva.
SE NÃO FOI POR ACASO, QUAL É O CASO?

O meu problema hoje é não saber o que quero. Não saber o que espero. E cada dia fica mais difícil saber quem sou. Fica mais difícil identificar o que sou eu, e o que é o meio. Sou como o sal sendo misturado na água, difícil de dissolver, insolúvel diria. Mas um hora depois de alguma insistência é quase impossível a olho nu saber o que é água e o que é sal.Gosto cada vez de metáforas ridículas que nada são além de palavras tentando significar mas do que significam. Porque eu sou assim, uma adolescente perdida tentando ser mais do que a minha insignificância me permite. Indo além do que me convém. Falando sempre mais e calando menos, sempre menos. Rindo mais e chorando menos. Sendo mais dura e mais paciente. Mais paciente, porque eu sei que nada termina até que chegue o fim. E o fim sou eu quem dou. Sou o cara que dá as cartas numa partida de pocker. Sou eu quem mando na minha estúpida vida e sou eu que descarto ou recolho pessoas para colocar no meu jogo, porque este é meu jogo. Jogo que aceito a presença de poucos e selecionadas pessoas. E que junto cartas que vão ficando caídas e as carrego com a saudades.Saio andando com meus baralhos, e se te esqueci pelo mundo. Não foi por acaso, nada é por acaso.
COMENDO RESTOS

Tô me sentindo sozinha. E isto não é um sentimento passageiro, é um estado de espírito que teima em me acompanhar. Estar rodeada de gente e se sentir incomoda. Parece que eu tô me tornando imprópria ao convívio humano.Não consigo ir até onde minha vã memória tenta me levar. Não acho o ponto onde tudo mudou. E tudo mudou muito, eu mudei muito, as pessoas, as coisas tudo mudaram e eu não consigo achar o começo.Queria que tudo fosse como antes. Queria realmente acreditar nas pessoas, realmente amar as pessoas, sentir realmente tudo que um dia fui capaz.Os meus dias são uma sucessão de perda. Perda de mais um dia que poderia viver. Perda de muitos fios de cabelo. Perda da crença. Ganho, assim como deveria ser. Com a troca grata da vida de quem tira com uma mão e dá com a outra. Ganho mais espaço, para completar com o vazio, ganho mais saudades, ganho mais amigos que passam sempre apressados e sem querer esbarram em coisas que outros deixaram.Tô saindo pela vida catando restos, e comendo-os para tentar conter a fome do novo que me corrói. Saio pelo mundo derrubando coisas que nem percebo. Batendo o cotovelo na quina da tua porta, a dor fina me faz voltar e sentar quieta como uma criança que assopra a ferida. Venho sentar a abraçar os joelhos. É assim que sinto ter o controle, é assim que sinto meu corpo e acho que me pertenço. É assim que alguma coisa por alguns segundos faz sentido. Mas o sentido passa, e o que fica depois é um vazio que não sei explicar.É como tentar agarrar o ar, ele existe mas teima em escorrer por entre seus braços. É como fazer um texto ridículo, com um monte de comparação ridícula. Que depois você vai colocar em algum lugar, para que alguém possa ver. Que ainda depois, você vai perceber que não interessa. A tua vida não interessa, as tuas indagações não passam de frivolidades, a sua vida não passa da quina onde alguém bate o cotovelo e volta.Agora? Vou atraz de mais restos, para saciar a fome do novo.
SAUDADES EMOÇÃO, SAUDADES...

Eu sou daquelas que precisam sofrer tudo de maneira plena. Chorar, passar dias intermináveis com olheiras profundas, com o chinelo a flip-flopear, o cabelo meio preso e meio solto, com os óculos dando descanso as minhas lentes que me ajudam a enxergar este mundo.Sofrer. E depois de maneira menos lúcida do que parece, continuar. Para um pouco mais a frente voltar a sofrer. Hoje, eu to engasgada com toda a porra do mundo acumulada na minha garganta. Com a porra que saiu de você, e que você tão mal soube soltar. Com as minhas entranhas cravadas de puro rancor. Com os olhos molhados pelo colírio que umedece meu olhar vazio. Não consigo dar ao mundo o que ele quer de mim. Não consigo dar as pessoas o que elas querem. Não consigo ser para ninguém o que hoje não posso ser para mim. E se hoje não posso ser nada, como poderei ser algo para alguém?Não é papo de depressivo. Embora a vontade de enfrentar o mundo lá fora seja cada vez mais escassa. Puta mundo louco da porra, o qual eu pareço não fazer parte. Ir para balada ouvir música ruim, de gente que acha que aquilo é o ápice, ouvir pessoas que acham que as tuas vidinhas em planos variados são o ápice. Pessoas que não sabem o que é ápice. O mesmíssimo barato de quem só procura no mundo um lugar pra parar. Desculpa, mas não é para mim não.Meus heróis estão ou foram presos por overdoses. Overdose de vida, overdose de cansaço, overdose do acordar consigo e dormir com um alguém descaracterizado. As vezes acho que meu lugar é uma rua da paulista, meus amigos deveriam ser todos aqueles que eu ainda não conheci. Mas, sinto que assim que conhece-los eles serão só mais um passante na minha vida gélida.Não encontro nos meus muitos sorrisos a verdade que tento passar. Não encontro nas palavras a convicção que tento dar. Não encontro no vazio o lugar onde quero estar. Tudo era tão bom que eu não poderia saber o quanto. Saudades emoção. Saudades.
THANK YOU

Queria acordar agora, ir procurar o mar. Atravessar o horizonte. Encontrar coisas realmente grandes com as quais me preocupar. Fugir do marasmo, esquecer que tenho uma rotina enfadonha e sou obrigada a manter. Esquecer que por algum tempo, estou afundada em tédio. Procurando lugar para respirar. Procurando o ar que você me tomou com suas verdades impostas. Com a sua vontade ridícula de ser mais do que se é. A sua maneira divertida de não ser nada, enquanto tenta em vão ser tudo. Tento por dentre o meu pouco caso, achar o caso que termina tudo isto de maneira dolorosa e fria. Por agora nada, é tudo que posso te dar. Sinto não aliviar o seu mal estar com palavras postas de maneira sangrenta sobre o seu ego inflado. Sinto aumentar a maledicência com o silencio que lhe é de grande grado.Não sei uivar, não aprendi, esqueci de pedir aos meus, para me ensinar que muito é nada quando não se acredita que valha a pena. Já não vale manter as aparências. Não importa se sentes assim como eu, não importa se valho mais do que você. Nunca se esqueça, sou melhor porque não saberia ser pior do que você.O esforço não me pedi em palavras para ser visto. A vida não me pedi em lágrimas para acalmar os sentimentos de alguém. O sono me encobre com um manto negro que sinto falta. Sono bom, que me é escasso. Insônia que trava comigo uma briga de letras. Música que nada diz sobre o que é de verdade. Verdade que não existe, porque verdade nada mais é do que aquilo que queremos fazer com o que o outro acredite. Nada mais é do que a invenção pura e sórdida de alguém que esqueceu de inventar culpados.Deixo porque não saberia viver com a tua presença. Não ouço porque já não há o que falar. Não falo porque já que não há mais o que falar. Escrevo, pois só assim tudo chega ao fim.Chorei e se hoje já não choro mais, é porque o vazio me faz companhia. Obrigada ao vazio.
SOU

Eu tenho, você tem, duvido que aquele ali ajoelhado diante de um santo, também não tenha. Raiva. De banalidades ou de grandes coisas. Raiva de ter escolhido errado. De persistir no erro. De não enxergar tanto quanto precisaria. De precisar de lentes de contato, meramente materiais.
Raiva de ser você enquanto o universo pedi para que seja outra. Raiva de mesmo sabendo que ser você é inadequado, persistir na certeza de que a pena. Vale a pena sofrer escancaradamente. De repente, fechar os olhos e abrir os ouvidos para os gritos os quais você sempre abafou.Raiva por perder a amizade que você pensou existir. Raiva por pensar existir coisa assim tão mentirosa. Raiva por não ter estado junto ao lado confortável da situação. Raiva de escolher sempre o mais difícil. Apoiar quando devia deixar o prédio cair. Segurar, reforçar os alicerces. Ir limpar-se da sujeira causada e na volta ver que o alicerce esta ótimo, tão ótimo que vai de encontro a outros. Com o intuito ou não de derruba-los. Com a vontade e a certeza, ou não, de que vai destruir. Raiva de deixar destruir-se. Raiva do orgulho desmedido. Raiva da classe e da maneira blasé que tudo tem me parecido. Raiva e conforto. Conforto, por saber que faço o que é certo. Conforto, por saber que desta vez o perdão não será dado em forma de turbilhão de palavras. O perdão não é necessário. E mesmo que o fosse, de nada vale esta inconstante alegria de quem nada é. Raiva da superficialidade cômoda que todos vivem. Raiva de ser diferente e ao mesmo tempo ter de ser tão igual.Raiva e orgulho de ser aquilo que realmente sou.
NÃO ESQUECE DE FECHAR A PORTA

Senta. Escuta. Arrume as armas. Deixe-as a seu lado. Prepare-se para briga. Escolha palavras. Pense códigos. Seja irônico. Não seja meu amigo. Esqueça que me conhece. Lide comigo com lidaria com qualquer uma. Como seria se não me conhece, se não gostasse de mim, de qualquer jeito que seja. Vamos para guerra, escute, me deixe falar, espere sua vez. Ouça, este é o tiro inicial.Tudo deixa de ser como sempre foi. Por hoje, por favor não seja assim tão indiferente. Saiba onde estão as palavras. Saiba quem é você para que eu procure alguma verdade nos seus olhos. Não seja assim como sempre, tão vazio. Não faça com que eu apaixone ainda mais pelo seu jeito vazio. Pela sua personalidade falha. Pela sua sempre boa maneira. Vamos, brigue. Revide, não me dê o controle da conversa. Me tire este que é o único controle que tenho desta relação platônica.Deixemos a boa maneira na porta. Entre, sente-se. Sirva-se, há vinho na mesinha. Desculpa, se a garrafa está pela metade, mas não é fácil pensar em você por tanto tempo. Bebi, para ter coragem de te pedir isto. Não pedirei ainda. Vamos conversar, beber o resto desta garrafa e pegar mais algumas que estão guardadas.Como esta tua vida? Poxa, bacana, procurar menininhas no orkut, visitar as crianças que poderiam ser suas irmãzinhas mas graça ao bom Deus, são só menininhas doidas pelos caras do colegial. Nossa, ela é mais velha, bacana, experiente. Talvez, ela te faça crescer. Minha amiga? Háá, tudo bem, vai lá cara.Como vai a minha vida? Divido meus dias com esta meia garrafa de vinho, com meu rosto rosa, com minha saliva cada vez mais escassa, com minha mente enrolada, com brigas de maternal com minha mãe, com uma relação boa e vazia com meu pai, com meu sonho pelo jornalismo. Com programas empacados, com livros, textos e muita gente viva e morta irreal.Como vai nós? Bem, em separado, mesmo porque nunca estivemos juntos. Bem, cada um com o seu momento. Tão bem, que chegou a hora das minhas verdades. Escuta, fica quieto, bebe e espera sua vez de falar.Sentimentos misturaram-se pelo caminho. Você era só um garoto como qualquer outro, um amigo, uma incógnita, um mistério. Passou. O menino que beija minha amiga. Não mais. O menino que beijou minha amiga. Passou. O menino que beija outra amiga. Passou. O menino que beijou duas amigas. Um e-mail, o cara que me arrancou lágrimas. O amigo, a incógnita, o bonitinho que todas pagam pau. Passou. O cara que duma maneira racional não tem coragem de falar que tá dando em cima da ex de um ano do nosso MELHOR amigo, o cara que acabou com uma amizade (não isto não é tua responsabilidade, aliás obrigada foi bom descobrir quem é a pessoa antes que se passasse mais tempo e eu deposita-se ainda mais confiança). Você é o cara que minha razão quer esquecer e meu burro coração teima em por no rol dos meus pensamentos.O cara pelo qual eu iria no fim do mundo secar lágrimas, pelo qual eu me dobraria em milhões para arrancar um sorriso. Pelo qual eu faria este mundo parar de girar.Quieto. Continua bebendo. Não terminei. Me faz mais um favor, um único favor?Me ajuda a te esquecer?Levanta. Deixa a taça. Esquece o resto do vinho. Vai embora, deixa aqui o teu olhar. Não, não deixa nada. Vai embora. Só não esquece de fechar a porta quando sair.
CADÊ ?

Sabe aquele dia em que nada parece encontrar lugar certo. Seus programas não dão certo. Seus amigos não estão certos. Sua vida de um jeito sem explicação esta errada. Errada, e sem muito o que fazer, já que não sei se existe certo. Se tem um jeito de destruir todos meus pensamentos. De diminuir a luta pela "perfeição".Preciso sair no mundo e ver o dia se pôr. Preciso procurar a pureza impossível. Uma pureza que vive se pondo. Ou talvez, eu não precise de nada disto.Preciso deixar para trás o mundo que me faz pensar. Encontrar um jeito de não pensar em nada, ser mais irresponsável, mais propensa a erros enormes e acertos em igual proporção. Preciso de você que nem sem quem é. Que não sei se existe. Não sei seu nome, não sei seu endereço, não sei sua idade. Só sei que você existe em algum lugar. E um dia, nem que eu encontre vários erros pelo meu caminho, que eu ache várias vezes que encontrei o que me faltava. Num destes erros, eu encontro você. E nem que pelo espaço de um instante, tudo vai sumir. Todos meus amigos vão desaparecer e só existirá eu e você e mais uma porção de gente que não sei o nome, que não conheço, que não conhecerei, porque neste instante só importa você.E depois?! Depois, terei meus amigos de volta. E você continuará sendo meu erro constante.Se é que você existe. E se você existe, cadê você?