quinta-feira, maio 27, 2010

Sete minutos (ou mais)

A incompreensão é um presente. Aceito sem defeito que não existe um efeito para as causas que você me entregou. Atravesso o continente com uma leve melodia enquanto a música se faz cada vez mais importante. Escrevemos em linhas tortas uma história em letras que nunca são ditas. O grito cada vez mais alto e silencioso. São os ouvidos dos que sentem de forma leve o que não está certo. Certo e errado. Certo e errado. Errado e certo. Inverte a ordem e quem criou isso? Quem afirmou que estar certo é bom ou que estar errado é ruim. Quem definiu céu e inferno. O que é o inferno além daquele lugar na augusta?

Tem horas que a vida me faz sentir minúscula. Em outras, gigante. Não caibo nos estreitos que possuo e me sinto pequena ao olhar inúmeras possibilidades. Sempre quero mais de algo que não conheço, não sei, não tenho. E quero menos. Paz, grama, música boa, vento gelado, a vida passando lenta enquanto me sinto bem. Tenho me sentido bem. Apesar de. Apesar da angústia continuar intacta, dos sonhos se renovarem e serem incompreensíveis, de ter me afastado de várias pessoas, de ter saudades de outras, de esquecer algumas coisas, de lembrar de outras, da falta, das cidades longe, dos países distantes. Apesar, apesar, apesar. Sem pesar, eu repenso e acalmo os monstros enquanto ouço uma música de sete minutos. Sete minutos. Só mais...

terça-feira, maio 25, 2010

Capricho

É a sua segurança. O seu jeito de correr no mundo. O som do sorriso e a forma das suas mãos. É o seu abraço que me recolhe em calma. São os olhos que se cruzam e se repelem. É a impossibilidade e a distância. São as diferenças e as igualdades. É complementaridade de quem te empresta loucura enquanto se alimenta de sobriedade. Me envolve sem escolha enquanto ainda estou aqui. Me toma e se toma. Me dê e se dê o direito de ser. Me empreste um minuto do seu silêncio. Grite mudo as palavras que adoraria ouvir. Me toque e recolhe o que é seu. Longe, não quero. Por perto, espero. Minha cabeça não acredita em você, te vê uma farsa que respira leve a profusão de sons desinteressantes só para continuar. A sua inércia se precipita quando fala perto. Seus minutos se transformam em horas. Seus dias se fazem semanas. Os meses virão anos. Seus segundos correm. Não nota o instante agora e continua. A minha cabeça te acha desinteressante. Porém, ainda existe algo que não decifrei e é por desafio, por teimosia, por angústia, por fim que quero carregar o seu cheiro (em mim).

quinta-feira, maio 20, 2010

o meu você pra mim

Notei que ao meu lado existe um vazio que preencho com nada. Me coloco tão distante de todos, protejo minha solidão, reconheço uma canção, lembro de um filme, leio um livro e me reservo. Conservo um pedaço de mim intocável, escondido, guardado até que ele seja tomado por alguém que entra sem pedir licença. Os olhos sorriem, as palavras se formam, cada vez mais perto, perto, perto. Longe. Por proteção, por certeza, por medo.

Queria segurar a sua mão e garantir que tudo vai dar certo, que certo e errado é só uma variante insignificante e que o futuro é realmente agora. Desejo, impulso, perto, perto, perto. Longe. Me seguro, te seguro e desenho um novo momento.

"Viver é não ter que transplantar, doar, sangrar, trocar, chamar, pedir, mentir, falar, justificar no caixa". Tulipa Ruiz, aqui.

terça-feira, maio 11, 2010

nova era


Me desarmei. Acabei com todas as ilusões do passado para dar lugar a planos novinhos em folha, com menos ilusões, é verdade. Quero mais de um monte de coisas e ao mesmo tempo quero paz. Me sinto leve e livre pelas ruas de San Pablo, me emociono com passantes enquanto os observo em silêncio. Tenho estado cada vez mais longe de todos para estar perto de mim. Sempre tive milhares de problemas para confiar nas pessoas, não divido os mesmos gostos e tenho completa repulsa por obrigações. No colegial você bebe para fazer parte, não queria, não bebia, não fiz parte. Na faculdade você precisa saber discutir política internacional da Árabia Saudita, não queria, não podia, não discuti e fiquei com a turma dos que ouvem música e usam xadrez, éramos os macacos em um circo onde os outros queriam se divertir. Nunca fiz parte dos que tinham um tratado com a diversão. Me divirto absurdos conversando sobre nada em um café esquecido ou olhando uma estrela brilhar.

Hoje lembro das vezes que amei errado. Porque tenho um faro sensacional para o erro, para o desafio, para alguma coisa que sempre parece fora de foco. Vejo beleza onde não tem. Me interesso pelo desinteressante. Sou vários mistérios que não sei decifrar. É o mal de quem é milhares, nunca vai ganhar no UNO, não importa quantos jogos e quais as cartas que você tem na mão. Porém, vamos jogar mais uma rodada?

quinta-feira, maio 06, 2010

i wonder where you are now

Você apareceu quando eu jurei que não me apaixonaria por mais ninguém. Quando tinha aceitado do destino que o meu amor era irreal demais e só seria correspondido pelas letras, pelos livros, pelas frases cantadas de músicas que transbordam. Foi quando você apareceu com belas frases e a birra com a minha escritora favorita, você nem ao menos respeitar Clarice sempre foi o que mais me incomodou.

Me mostrou meia dúzia de músicas, me contou alguns segredos, se revelou e acabou com o meu juramento. Mas não podíamos, não dava, não conseguiríamos. E, agora, toda vez que ouço Slide Away voo até você. Uma pena, não encontro, agora eu sei, nossa história chama desencontro.