quinta-feira, agosto 30, 2007

MAIS PRO SEU SILÊNCIO

Às vezes eu me perco interrogando certezas. O que seria eu, se não fosse simplesmente, isso. Crua. Sem graça. Sem um monte de coisas desenhadas no corpo e na vida. Um vazio preenchido por um monte de pessoas que vêm e vão.
Uma menina com seus doze anos fazendo tudo errado. Não entendo nada do turbilhão de sentimentos. Não entendo os sentimentos. Nem a vida e nem qualquer coisa. Pegando tudo no susto. Caindo nos abismos que eu cavo. Escolhendo meus erros. Fugindo da felicidade. Ou a procurando nos copos errados. Parece tudo tão estranho. Prefiro quem não entende. Prefiro quem não enxerga aos que vêem. Prefiro os idiotas. Prefiro meia dúzia de pessoas para me trazer luz a um turbilhão de claridade. As bebidas mais fortes. As dores mais insuportáveis. Os problemas de estômago mais incompreensíveis. O impulso de carne e osso. Sem cortes aparentes. Eu não me empresto dor. Só essa que a vida dá, sem gilette.
É mentira. Talvez, eu não passe de uma mentira. E você, também. Cheia dos desenhos que você faz o tempo todo. Os que você pinta e os que mantêm cinza. Eu perdi as canetinhas ou simplesmente não as encontrei ainda. Talvez.
Essa trinca maligna na forma de astrologia. Áries, escorpião e gêmeos. Impulsiva que nem um cabrito. Venenosa como um escorpião. Dupla como um gêmeo. Estranha. Estranha. Estranha.
Ainda bem que eu só tenho 12 anos e depois piora. Ainda bem. Que eles venham a mim. Que venham. O que tiver que vir. Os frutos das minhas escolhas. As escolhas dos meus frutos. O passado pro meu presente. E o presente pro passado. O futuro sem a menor noção. Acho que estou lá no cantinho aprendendo economia enquanto minha cabeça tá em uns livros, umas músicas e uns seres irreais. Tudo muito errado. Nada certo. Mas, tudo respirando enfileiradinho.
Sábado parece que minha fonte secou. Tudo secou. Oca e estranha. Filha de ninguém. Cria de qualquer um. Amiga de poucos. Risadas para minhas piadas sem graça. Platéia pro meu teatro sem arena.
Ainda bem, que eu só tenho 12 anos.
E porque eu tenho 12 anos vou continuar batendo a cabeça na parede. Cheia de calombos. Cheia de marcas. Com o orgulho ferido pelo seu silêncio.
Eu prefiro grito ao silêncio. Sempre prefiro.

terça-feira, agosto 28, 2007

HEART IN A CAGE

Sabe, passei essa noite me revirando nos lençois atrás de respostas. Entre o barulho que atravessava o concreto e aqueles fios de algodão que filtravam as coisas. Ouvi. Talvez, meus gritos internos ecoando naquelas paredes. Essa maldita inércia. Ninguém para acender um cigarro e ouvir os meus planos pro futuro. Ninguém para me olhar nos olhos e falar que eu sou louca por sonhar tanto e querer ir por todos os caminhos ao mesmo tempo. Ninguém para sorrir enquanto eu perco o olhar lá fora. Tudo ainda continua aqui. Mas falta um pedaço. Como feridas abertas. Como um coração esquecido na sarjeta depois de uma noite bêbada. Se alguém visse. Simplesmente se alguém visse. Talvez as coisas diminuissem e eu conseguisse sair um pouquinho daqui de dentro. Queria colocar tudo isso para fora num turbilhão de água. Mas não sai nada. Não saiu naquele dia e nem hoje. Estou seca, oca, inerte. Antecipando o futuro. Esquecendo os meus planos. Perdendo a inspiração e a respiração nas madrugadas frias. Falta de sono, falta de vida, falta de vontade. Todas minhas manias virando luxo. Meu corpo não responde mais aos estimulos. Já não levanto com idéias na cabeça. Rolo por cima delas. Acordo carregada e cansada. Tudo grudado nas paredes e os gritos ainda aqui. As idéias longe do papel. Longe da minha vida. Volto ao meu passado na forma de música. Ouço as mesmas coisas mas dessa vez, não sinto nada. Ando por aí cantando alto atrás de algum olhar. Mas não tem ninguém. Sou eu e o mundo. Sem coragem, sem vontade, sem movimento. Tem alguma peça aqui realmente fora do lugar. Ou simplesmente, no lugar demais. A incompreensão sempre foi o meu combustivel. Minha cabeça, o meu guia. Cadê as minhas noites de transpiração na forma de palavras? Cadê minhas verdades? Cadê minhas vontades? Quando o nada aparece o jeito é esperar. Não tenho vontade de fazer acontecer. Simplesmente queria me esquecer em alguma esquina com um copo e uma idéia qualquer na cabeça. Com alguém para me arrancar lá do fundo enquanto eu grito que quero ficar. Alguém que me pare. Me cale.
Alguém ainda mais complicado. E real.



strokes, como nem tão antigamente.

segunda-feira, agosto 27, 2007

CONTRADIÇÃO

Sabe, você me perguntou várias coisas e eu não soube responder. Sinceramente? Isso pouco me importa. Pouco me importa as perguntas alheias. Mais cedo ou mais tarde, as respostas simplesmente aparecem nas minhas falas. Ontem, no meio de uma conversa estranha. Achei as respostas para sua pergunta. Às vezes eu não preciso de nada. E a minha solidão me basta. Aquelas fontes de alegria ou simplesmente o que me arranca o stress na forma de fumaça. E nas outras eu preciso de alguém forte para me puxar de lá de dentro quando grito que quero ficar. Ninguém nunca sabe quando é o momento. Ele é meu. Pessoal e intransferível. Sem interação. Com a cara amarrada ou com sorrisos. Com alegria ou tristeza. Saúde ou doença. Prazer, a contradição.

sexta-feira, agosto 24, 2007

UM PEDIDO EM SILÊNCIO

Às vezes só existe esperança na forma de palavras. São nesses momentos que tudo falta e eu me prendo em um enorme vazio . Quase ninguém percebe, eu me escondo aqui dentro tão fundo, de fora só uma leve farsa. Quando achei que tinha encontrado, perdi de novo. Sempre que pulo os buracos do caminho caio dentro deles e quando me acostumo com o aperto e o escuro minha vida resolve simplesmente andar. Porém, meus passos são apertados. Meu amigo me disse e eu me pergunto por que é verdade? Eu não consigo ser sincera comigo. Meus sentimentos são tão frágeis. Parecem as mentiras da fé cega. Se assoprar com força eu caio. Caio de joelhos diante das suas palavras.
Eu preciso admirar as pessoas para gostar delas. Se não as admiro não passa de uma relação vazia, dessas que a gente enche de mentira para passar o tempo. Meu tempo não passa, ou ele simplesmente não chega. Você apareceu quando era época de procurar alicerces e delimitar o meu pequeno lugar no mundo. O suficiente para que tudo seja claustrofóbico e arejado nas mesmas proporções. Os opostos nos quais eu deixo minha vida transitar e me prender. Meus pensamentos vagam enquanto olho algumas pessoas nos olhos. É um misto de felicidade e inveja. Tudo seria mais fácil se não fosse essa a minha vida. As coisas suportáveis e coloridas. Esse escuro e as minhas canetinhas falhas me impedem de escrever com cor. Não consigo viver de outra forma. Aceitar de outra forma. Tirei da sua solidão a minha força. E dela fiz a minha. Da sua vida tirei escolhi os erros e nem pensei que fosse ser assim. Uma estrada estranha e eu resolvi ir pelo acostamento. Sempre mais rápido do que é permitido. Nunca devagar. Agora, aquele guarda ali parado me fazendo sinais para encostar. Penso em seguir em frente e se possível levá-lo junto. Mas, preciso de algo que me pare. Espero que isso seja melhor do que continuar dentro dessa cabeça. Preciso que alguém me prenda e me tire daqui.
Esse carinho descarrilado. Essa montanha-russa. Tudo que essas paredes respiram me fazem mal. Você aí com a sua solidão me faz mal. Me socorre ou me pára. Mas, me ajuda?

domingo, agosto 19, 2007

SOZINHA

Chega. Abre essa janela. Troca essa música depressiva. Larga esses livros na mesinha. Sai daí de dentro e vem ao mundo dourar a pele. Ranger os dentes. Sentir a raiva e a incompreensão que te impulsionam. Larga a mão do marasmo e se joga de cabeça, como sempre. Abra os pontos mal costurados que ele deixou. Deixe tudo doer até que não haja mais lágrimas nem dor e nem nada. Só um vazio enorme. Ouça os seus gritos internos. Encha o quarto de samba-canção, com o ritmo enganando as palavras, o sangue preso nas beiradas do ritmo gostoso e leve. Melhor do que essa dobradinha melodia&letra tristes. Para de se encolher nos cantos esperando o que te salva. Quando nada salva o segredo é se bastar. Pule num pé só no equilíbrio daquelas sarjetas que você adorava e hoje pega a preguiça como desculpa para não comprar ilusão. Você cansou da ilusão, mas é só isso que tem para hoje. E se é no samba que você sente prazer. Se arranca daí de dentro e vai ali bater na caixinha enquanto cartola faz o seu jogo de poesia. Deixe de cavar abismos com os pés. Seque suas cicatrizes.
E se você não fizer nada disso. Sinto muito. Eu vou, sem você.

quarta-feira, agosto 15, 2007

HEART FOR SALE

Talvez eu tenha esquecido minha alma no fundo de um copo. Alguém a bebeu e agora transita por aí sem notar que me carrega. Mas eu sei que me perdi. Garoto, você me olhou naquele bar e entendia todas as palavras que eu dizia. E entendia as mais altas piras da minha cabeça. E os meus olhos. E quase conseguia amenizar o meu desespero. Mas, daí apareceu a luz e a minha cabeça foi andar por outros lugares e o meu corpo foi testar outras mãos e o meu coração resolveu se espremer em outro canto. Nunca certo demais. Nunca antes. Sempre errado, sempre depois, sempre mais tarde, sempre em outro lugar.
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Sempre.

segunda-feira, agosto 13, 2007


quinta-feira, agosto 09, 2007

RAZÃO

Você lembra daquele dia em que te vi no balcão daquele bar. Senti que naquele segundo eu te escolhi para ser meu. De repente o mundo desligou, as vozes simplesmente se congelaram, e ali eu tive certeza que perdi um pedaço de mim. Mas eu não quero nada, nunca quis e não ia querer naquele momento. Eu quero a minha liberdade respirando grudada nas minhas botas. Carrego minha vida debaixo do meu braço. Uma falsa auto-suficiência vestida de solidão.
Eu mostrei pra você, deixei você tocar e então me encolhi no sofá daquele bar. O meu celular tocou e aquilo parecia ser o momento errado se não fosse o certo e o necessário pra me tirar dali. O resto, eu quase não lembro, uma porção de fatos sugestivos. Uma porção de mentiras enevoadas naquele bar.
Ontem me falaram que eu vou morrer. Dei um sorriso como quem espera pela novidade. Mal sabe ele que eu já morri. Naquele dia que não te aceitei e te transformei em ficção pro meu futuro. Então, morro a cada trago de vida coloco a morte mais perto. O sorriso de quem pouco se importa. Eu não tenho medo. Eu não tenho medo da minha cabeça. Eu não tenho medo do meu sono. Eu tenho medo do meu sonho. Eu não tenho medo da minha voz. Eu não tenho medo.
Les pensées qui glacent la raison.

segunda-feira, agosto 06, 2007

NO SURPRISES


Finalmente, depois de um monte de dias com um nó na garganta tudo vai saindo pelos meus poros. Fazendo a fotossíntese como uma planta sem graça. Lá fora balançado na rede enquanto o tempo não se decidi entre o frio e o calor. Na cabeça um monte de coisas.
Um monte de coisas sem coerência. Ou melhor, nada. Um vazio tão grande que o espaço que sobra é tão desesperador quanto estar presa num quarto minúsculo e escuro. Cadê tudo que estava aqui? Onde foi parar as minhas coisas?
O ar me falta e tudo começa a rodar. Faz dias que tenho tido vertigens que desconhecia. De repente tudo escurece e eu fico aqui segurando algum produto da minha imaginação. Não tem forma, nem cor, nem cheiro. É uma mentira que vesti de realidade para não viver caindo por aí. Meus copos estão secos, minha garganta está seca, meus olhos estão ressacados e nem aquele colírio estúpido empresta umidade pra minha vista.
Cansei dessa montanha-russa. Não é legal machucar as pessoas que você ama. Não é legal. Não é. E depois pedir desculpas, essa desculpas cristãs que o mundo carrega e eu nunca tive. Nunca tive porque sempre fui dona dos meus atos. Livre, pobre e com a felicidade que é só minha. Mas o meu carrinho descarrilou e agora eu não me reconheço nesse corpo. É como se tivesse alguém agindo por mim. Mas sou só eu e a minha solidão necessária.
Vários medos escondidos dentro dessa força que todos acreditam que eu tenho. Ou alguns acreditam, ou eu acho que acreditam. No fundo, não tem explicação. Eu sou a contradição com firma reconhecida. Eu sou o meu ponto de interrogação com várias exclamações desesperadas no final.
Sou eu e essa minha auto-suficiência imaginária.
Só isso.

ouvindo radiohead compulsivamente.

sexta-feira, agosto 03, 2007

IT'S BEEN SO LONG I'VE LOST MY TASTE


Chega. Vou parar de gritar. Ganhei a rouquidão enquanto você continua aí com as mãos sobre seus ouvidos. Seu coração bate, sua cabeça gira, seu corpo treme e você continua com as mãos sobre as orelhas.
Você levantou e caminhou até a beira da cama. Eu continuo aqui. Com os olhos pregados no teto desse quarto. Perdermos no mundo a nossa capacidade de aceitar essas mentiras. Deixamos nossas pegadas nas sombras. Tiramos da vida as nossas vozes fazendo juras embriagadas.
Estou sozinha. E é sempre assim. Sempre. Recolho o meu pensamento da beira da sua cama do outro lado dessa cidade estúpida e sufocante. Apanho pela casa os restos da farsa que aceitar o nada dessas noites. Busco minhas últimas forças e me levanto para enfrentar esse dia. Esse lindo dia filho da puta, sem a sua voz, sem o seu cheiro, sem o seu gosto misturado com o meu. No fim, só uma sexta-feira, uma abafada sexta-feira. Queria te fazer entender minha vida. Mas você não consegue. Ou, renega nossa proximidade para manter o pouco de sanidade que você compra na farmácia.
Vou quebrar meu silêncio. Levantar o zíper da bota. Colocar preto para celebrar o seu funeral. Amanhã de manhã, espero não lembrar nosso nome. Nem o meu. Nem o seu.
Eu sabia. Sempre soube. É verdade, nunca quis acreditar que você ia, e você foi. Agora sou eu e minhas palavras contra o mundo.
Hoje sentei naquele bar que a gente foi algumas vezes e você não gostava e eu gostava porque era quentinho e eu podia me esquentar e te esquentar com as minhas mãos. Você não gostava e mesmo assim ia. Hoje não era você. Era o meu amigo e eu tentei explicar pro meu amigo o que achava das pessoas e falhei. Falhei porque depois de você eu acho muito pouco. Esqueci dos meus planos, da paz, do mundo. Eu e o meu amigo ficamos observando as pessoas com 12 anos e suas 2 cervejas para 8 pequenos-burgueses-rebeldes-sem-causa. Sinto falta do seu mau-humor. O meu amigo também tinha, mas não era o seu. Nem era você. Eu amo meu amigo. E, eu ainda amo você.

quinta-feira, agosto 02, 2007

ME AJUDA?


Vou bater a cabeça na parede até meu cérebro ficar em silêncio. Queria um botão. Um maldito botão. Só uma coisa simples para apertar e deixar tudo em off. Assim como é simples não falar com os outros, quando não quero. Assim como é simples detestar várias pessoas só porque elas me olharam e eu não gostei. Como é simples me apaixonar pelos pêlos que estão debaixo da blusa dele. Como é simples engolir essas palavras.
Mas minha cabeça gira. Meu estômago dói. A falta de álcool e a sobriedade me emprestam uma verdade que não queria conhecer. Tenho medo da nossa proximidade muda. Você entende, mas não me ouve. Você não quis daquela vez e continua sem querer agora. No fundo você sabia tudo que eu falava. Ou eu achava que sabia. Ainda, acho que sabe.
Só queria bater minha cabeça na parede. Enfiar o dedo na goela. Costurar o meu peito aberto enquanto você opera essas mudanças. Você conhece todas as peças certas. As muda de lugar sem pedir licença. Usa meu corpo como se fosse seu lego. Você, uma criança sentada com as pernas abertas e as pecinhas espalhadas a sua frente. É só isso que eu sou. É só isso que você é. Peças. Recheado delas em forma de palavras.
Não quero as suas palavras. Se você não é capaz de me dar nem que seja a sua raiva e a minha sina é lidar com o seu silêncio, não quero. Não quero nada. Nada. Nada. Fica com tudo que você construiu. Com seu castelo de cartas marcadas. Com suas tatuagens. Com o seu karma em forma de solidão.
Ninguém nunca vai te aguentar, porque você é real demais para alguém te tocar. Ninguém nunca vai me aguentar, porque os seres humanos não possuem mais paciência, assim como eu não tenho e você não tem.Todo o meu ódio gratuito pelos olhares que não escolhi e pela ausência de alguns. A ira do meu despertar e a vontade de continuar sonhando. Esses dias sonhei com você. Não lembro o que era. Você sorria com aquele movimento débil de ir para trás e para frente. Você segurava o meu braço entre as suas risadas me pedia para ter paciência. Eu não sei esperar. Nunca soube. E menos ainda quando não existe nenhuma garantia.
Queria você para me guiar entre esses livros. Me mostrar a vida e os lugares que conheceram os seus restos de uma noite vivida. Eu falo o tempo todo comigo, com eles, com esse computador, com essa tela em branco e uma música embalando minhas palavras. Falo, falo, falo. Mas falar sozinha cansa. Minhas respostas pregadas em algum passado. Meus cheiros se misturam ao calor que transpassa minha matéria e o frio que embala minha alma. Queria um mestre, uma certeza, alguma verdade e a sua ajuda.
Me ajuda?


alguém mais com 18 anos ou mais, se diverte e ri, com saltimbancos?!
SIM, néam?
sabia :)