quarta-feira, abril 30, 2008

BREVE

Quando você entrou eu folheava livros sem interesse, ouvia sem prestar atenção, sorria sem nunca saber porquê. Então, você trouxe a confusão para porta e se retirou. Me deixou aqui revirando palavras atrás de verdade.
10/02/2008

Eu continuo aqui, revirando palavras e fazendo a minha verdade.


Alguma coisa mudou e eu só não sei o que.

terça-feira, abril 29, 2008

Pela cidade,

quanto mais voltas ela dava, mais tonta, mais estranha, mais confusa ficava. Saia todas as noites, procurava paz no caos, no barulho, na zona daquela cidade. Voltava dos erros carregada com pensamentos, não sabia usar as pessoas, não queria usar as pessoas, sabia que no fundo é inútil tentar fugir de si. Tudo que tinha que ser feito, seria, mais cedo ou mais tarde, erraria e acertaria, mas faria. Não tinha contas com o passado, tinha feito tudo, e se entediado, sorrido, chorado, tinha chorado por achar que empurrava sua vida pro abismo naquela vez. E depois sorria porque foi o erro mais maravilhoso de uma vida inteira. Abriu a janela das possibilidades e agora já precisava de mais para se contentar. Relações por comodismo a deprimiam durante a semana inteira. Odiava pensar que alguns eram capazes de amar, enquanto ela sentia só que era um lugar para onde voltar, era estranho pensar que amor não existia daquela forma para ela. Amor só vem com dificuldade, facilidade pode falar no próximo guichê a esquerda, a garota dali é legal, simples e descomplicada, a garota do guichê a esquerda não tem amor, só um dia após o outro e o dedo apertando o foda-se.

Na verdade, ela poderia ser muitas, só não conseguia deixar de ser ela.

segunda-feira, abril 28, 2008

Entendi,

depois de usar a fantasia, de se vestir de qualquer coisa só para suportar as impossibilidades, depois disso fica dificil.

Se eu não tivesse virado jantar de pernilongos no fim da tarde, quando tive a idéia gênia de dormir com a janela aberta, é tudo muito bonito quando um passarinho pousa na janela e tudo uma merda quando pernilongos te picam e você lembra da alergia, maldita alergia. Se não tivesse acabado com o resto do meu orgulho no sábado. Se não tivesse deixado tudo menos pior para mim e pouco importa, digo de verdade, o resto.

Um daqueles momentos em que você escolhe atravessar pela correnteza ou ficar parada, esperando, quem sabe um dia, e só esperar esperar esperar. Céus, quando termina o inferno astral de quem fez aniversário dia 9?
ask me why,

Foi em uma manhã quente que ela andou pelo centro da cidade como se estivesse transitando pelo seu centro. Nas ruas os seus pecados se misturavam em ruazinhas, os seus medos esbarravam em prédios enormes, os sonhos atingiam o céu azul manchado por concreto no seus pés. Sempre achou que o céu começava no topo do prédio mais alto da sua cidade pintada de ilusão.

Tinha tudo aquilo, havia ouvido as palavras. Acreditava no mundo. Pensava sempre nele. Queria falar com ele, falar dela, dele, deles, queria retomar os acertos, apagar os erros, queria consertar desde o começo aquele momento fadado ao fim sem explicação. Era a a manhã de um sábado e a noite de sexta parecia ter sido apagada com uma leveza estranha. As pernas faziam o caminho da casa dele. Chegaria lá sem saber o que a levará, chegaria lá, depois de fechar aquela mesma porta atrás de si e dizer nunca mais. Vinha usado mal as palavras, não entendia os sentimentos dele e de repente, lá estava ele sendo compreendido por outra. Achou que era hora de sair do jogo e deixar compreensão.

Queria olhar pra ele mais uma vez e ver quanto era costume, queria medir o costume e a vontade de ficar para sempre ali, aos pés dele. Não ficaria. Jamais ficaria aos pés de alguém, dele ou de qualquer um, não sabia ficar no chão muito tempo, sua vida exigia paixão para continuar. Um livro, filme, uma pessoa, não importava a que. Seguia apaixonada então pelos passos trocados com a solidão em madrugadas quentes.

Só precisava mais uma vez olhar nos olhos dele. Contar que sentiu saudades naquele show, falar do filme e de como sem ele não tinha feito sentido nenhum, xingar por ele não ter aparecido naquele dia do cara lendo coisas que a levaram do chão para a cadeira, sentada e obediente. Falar como as palavras tinham feito companhia e como as ouvia. O prédio e o cheiro eram velhos conhecidos, as paredes do elevador e o sorriso para a câmera com o bom dia gesticulado que eles davam todas as manhãs para quem perdesse tempo assistindo aquelas fitas.

De repente os passos dela pareciam fazê-la entrar direto em um corredor cheio de lembranças. Sorria pra algumas, pensava em fugir de outras e de repente viu que sua vida estava naquele corredor. Era tudo que lembrava e o que construía. Era simplesmente complexa.

Mudou o sentido e de repente ia em direção a sua casa, foi quando viu ele subindo a rua, sabia que se encontrariam assim. Um indo e o outro voltando. Aumentou o passo decidida a continuar, foi quando com um sorriso dele desarmou a construção inteira. E falou:

- a compreensão.
- a incompreensão.
- essa me deixou seguir com os sonhos.
- e qual é o sonho?
- ter a compreensão sempre ao meu lado.
- opa, boa sorte.
- você dá sorte.

Nesse segundo tudo voltou para aquele corredor cheio de lembranças.

domingo, abril 27, 2008

TEMPO

Naquele dia tudo parecia acontecer devagar, o tempo era enorme, os minutos se arrastavam e as horas não faziam o curso delas. Os últimos dias tinham passado rápido, enquanto ela se perdia em obrigações e procurava saídas para sentimentos inexplicáveis. Sempre se encheu de vida para não pensar. Navegou sobre obrigações em tempestades. Muitas coisas, ao mesmo tempo, feitas com cuidado e zelo como tinha por tudo que gostava.

O dia simplesmente se arrastava e a espera por aquela noite parecia sair das pontas dos seus dedos, passos apressados em direção ao guarda-roupa. O telefone tocava inúmeras vezes e ela não atendia nenhuma. Esperaria a hora chegar em silêncio. Tudo na vida daquela garota teve o tempo particular. Os problemas vinham de mãos dadas com a solução, onde trocava passos com o tempo, e no fim da equação a solução aparecia com milhares de aprendizados como brinde. Talvez ela tenha agradecido pouco pelos problemas que teve, porque não é dessas coisas que as pessoas comuns fazem. Existem promessas e penitências para tudo de maravilhoso que essa entidade dos homens pode oferecer. Nunca ligou de ser diferente, desde que fosse ela e poucos contra o mundo. Gostava muito de poucas pessoas. Se importava com pequenos detalhes e esquecia coisas grandes demais para serem só detalhes. Não gostava de brincar com o sentimento dos outros, embora sentisse que fazia sempre isso com uma pessoa, não era ele. Mas tinha um porto seguro longe da segurança dos sentimentos, a vida dela isenta de sentimentos permitia pequenos prazeres, dos quais desviava o assunto sempre que questionada.

Bastou a noite chegar, o acaso ajudar e ela notou: o seu melhor amigo era o tempo.



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sobre a virada:
música - semáforo do Vanguart (cantada, recantanda, dupla, trio, coro...)
show - Orquestra Imperial
horas lá - 17
top fofura - Mallu Magalhães
lembranças - Jorge Ben
saudades - Os mutantes
pensamentos - Fernanda Takai
diversão - Marina de la Riva
e o D2

Rever os garotos crescidos depois de dois anos, um pedido de desculpas, risadas até não conseguir se manter de pé, mais risadas do mesmo nível com a Lee, conversas no Parlapatões. Pessoas e mais pessoas encontradas e outras perdidas. Ah, saudades de dias como esses, até o carnaval que vem, São Paulo.

E fica o registro:

phoebe weatherfield diz:
a fernanda tinha visão de futuro
۶.livya |            olê, porco!      diz:
é mesmo... a gente sempre falou que ele ia ficar master bonito quando ele fosse menos criancinha. confirmado então! aeae!
phoebe weatherfield diz:
confirmado ;D

sábado, abril 26, 2008

a virada com isso:


phoebe weatherfield diz:
HAHA.
risadas e fumaça, beeeeeeeeeeeeeijo =*
lee. diz:
ah, cara, vcs precisam se conhecer mesmo
lee. diz:
mesmo mesmo mesmo
phoebe weatherfield diz:
só espero estar em condições de conhecer pessoas.
lee. diz:
uma porção de risadas com fritas

ou a da pree-

summer babe diz:
antes de tudo, vou lá no edificio london acompanhar a reconstituição do crime


HAHAHA. ôsaudades.
beeeijo
VIRADA [1]

Tem horas que eu queria simplesmente acreditar.

interesseiro e bonito...

manter a integridade da pessoa_ diz:
perdon, vous non me comprend, et moi somment j'taime

.

alguém me ensina a falar francês também?

sexta-feira, abril 25, 2008

baby, it's a fact

Sentou no mesmo lugar de sempre, o mesmo pedido de sempre, com a própria companhia como sempre. Mas havia algo de estranho com ela. Os dedos passavam infinitas vezes pelo seu cabelo e o seu rosto era coberto pelas mãos vez ou outra, parecia que tentava devolver com elas o sorriso desaparecido.

Ela já não tinha ele e isso trazia um misto de alivio e dor. Dor? O jeito que a vontade chegou ao fim, sem aviso, e mesmo que tentasse reanimar aquele sentimento vazio, era como segurar uma sacola pesada demais para carregar e importante, naquele momento, para deixar ficar. Mas o que fazer quando nem nela existe vontade? Era melhor deixar o fardo e carregar esse misto de reações opostas.

Queria se render ao mundo e as possibilidades. Queria tudo, e na sua cabeça a confusão continuava. Ele tinha sido sua última fuga do outro. Achou que em seu corpo encontraria refúgio para o caos iminente. Se preparava aos poucos para se render e render. Queria escrever mais, falar e ficar mais em silêncio, sorrir mais, queria mais do que teve naqueles dias. Os dias em que estiveram juntos tinha levado o passado e apagado o presente, substituiu isso por dias bons, acabados. Ele carregou o presente que ela não sabia/queria viver sem.

No mesmo lugar de sempre, com o mesmo pedido de sempre; notou: não tinha porquê fugir de si.

Pagou a conta. Ligou o mp3 e sorriu enquanto pensava que ele, o último, finalmente tinha deixado ela voltar a sonhar e ser livre. Os sonhos e a liberdade caminhavam com a simplicidade que poderia existir no caos do outro.

Ela queria com força de criança. A voz trêmula, os passos no ritmo da música, e os pensamentos eram dele. No número dele, o caos e o paraíso em um só corpo, com aquela cabeça cheia de piadas e mistérios.

- hey, você? devo fechar as janelas? hoje cai uma chuva de estrelas, um milagre, como é ouvir sua voz.
- nenhum milagre é maior do que você me atender assim, depois de tudo.
- tudo? tudo o que?
- tudo.
- sim, tudo que não importa, é a sua liberdade e é daquele jeito que te contei: não sabia conter liberdade. teria você aqui pelo tempo que quisesse, que quiséssemos. você foi pelo caminho mais fácil e eu continuo aqui.
- saudades.
- de que? - ele perguntou em impulso.
- tudo que só você me dá.
- o tudo é seu, garota. nunca te dei nada, o que tem em você, falta em mim. trocávamos enquanto te levava a mexer nessas coisas escondidas. só te tirei do meio daquilo que você julgava certo, mas você voltou.
- voltei, agora, para você.
- e ele?
- ele é você. dele, eu tirei a certeza que é só você.

com o sorriso na voz ele disse:
- então vai pro café de sempre, pedi o de sempre e eu vou como sempre. por hoje, sempre seu.

A falta dele é simples de entender: ele entendia, ouvia, falava, brigava, xingava e a pedia calma.

Um café, dedos brincando, e ele a levou para casa: deles.

quinta-feira, abril 24, 2008

GOLD TICKET

Era ainda uma menina com quinze anos. Como seria quando chegasse aos dezoito e muito provavelmente quanto passasse dos trinta. Seria menina no corpo de mulher e com obrigações de adulto, ainda assim uma menina, com suas manias guardadas e o jeito que procurava alegria na vida.

Caminharia pelos sonhos, sorriria para o acaso, teria muitos relacionamentos vazios e outros cheios demais para ser verdade. Conheceria milhares de pessoas e se sentiria sozinha, o mundo é pequeno sem ter com quem dividir coisas banais, teria uma grande amiga. Seria salva pela vida milhares de vezes e morreria por ela. Trocaria a tristeza por palavras, as lágrimas por risadas, deixaria do lado de fora da vida tudo que julgasse insignificante demais. Os problemas grandes e sem solução, ela resolvia com o tempo deles. As brigas dos pais, as dúvidas quanto ao futuro, amores e desamores que o tempo sempre tratou de levar pela mão. Entregou a ela as lembranças de tudo que é bom. Deixou em suas mãos o que não poderia ficar longe. O tempo e o jeito que a menina sorria para embrulhos prateados.

Nunca teve tanta certeza quanto os outros acreditavam. Não entendia e não conseguia acreditar que alguns fossem simplesmente passar pela vida. Odiava o jeito que as pessoas carregavam vontades e deixavam em pensamentos ilusões maravilhosas.

Essa garota caiu algumas vezes, é verdade, depois olhou para trás e viu o quanto tinha aprendido e como tinha tirado proveito das dificuldades. Até da morte e do jeito que ela nunca soube lidar com perdas. Preferia não ter a perder. E certas coisas tem o tempo limitado demais. É certo demais. E o demais sempre deu a ela um desespero infantil, como se a tivessem entregue o gold ticket da fábrica de chocolates e ela pudesse comer tudo, sem passar mal como aquele garoto guloso.

O problema dela sempre foi o jeito que lidou com o demais. E como queria com força de criança as coisas. Choraria, algumas noites em silêncio, quando notasse que as vontades não passavam com o sono e a certeza de não ter. Choraria em tardes frias quando a falta apertasse e ela soubesse que tudo estava ao seu alcance e tão longe dele. Até que lembraria do seu amigo, ligaria para ele, e conversaria sobre a vida e a falta de cor. Perguntaria se estava sendo ridicula, mesmo que soubesse a resposta, e ele negava porque também sabia que ela só sabia ser daquele jeito.

Graças a um embrulho prateado, com o livro da adolescência/infância, dos dias idos ela percebeu: graças a vida e ao passado, ela não conseguiria conter a vida. Jogaria o jogo do contente, mesmo que fosse destrambelhada demais para ele, precisava de esforço e ela não sabia medir força nem espaço. Jogaria do jeito dela, com a tristeza aparecendo vez ou outra, mas sem se fechar dentro de buracos. Ela sempre foi boa equilibrista, se mantinha entre cordas bambas de sonhos coloridos, e se caisse tinha aquele braço que sempre a amparava. Sozinha, ela nunca esteve, mesmo que no mundo ela só soubesse ser assim.

E sabe por que eu não falo: 'pára de drama, falta pouco, é assim mesmo'. Porque eu já fiz drama e reconheço eles, não é, só o cansaço natural, o cansaço saudável de quem não parou na vida. Falta pouco, é verdade, sempre falta pouco até o próximo passo e a gente não consegue medir ele. E não é assim mesmo, porque sempre é possível melhorar ou piorar as coisas, é a nossa responsabilidade torta com a vida.

Eu acredito.
Eu ainda acredito.









ps: ah, um dos melhores presentes de aniversário atrasado, não dá pra falar o quanto eu gostei. Dois livros infantis gênios ganhos no meu aniversário de dezenove anos. Obrigada, obrigada, obrigada.

quarta-feira, abril 23, 2008

Falsa companhia

Naquela noite quente, andava por essas ruas com certezas amarradas ao all star, e a bolsa leve da vida que deixou para trás. Aceitou o presente, desenhou o futuro e deixou o passado com um cartão na mesa da cozinha.

Esperou ele repetindo na cabeça mantras intermináveis. Como se pudesse com aquilo convencer seus sentimentos que mais tarde seriam entregues a ele, em troca de paz, e colo. Queria ser acariciada como uma criança encontra o pai. Não era ele, era só a figura paterna ou o encontro calado que faria dela menos sozinha. Ele chegou sorrindo, arrumando a camisa, pegou na sua mão e juntos desceram as ruas. Trocaram passos com a solidão enquanto estiveram juntos. Mas ela sabia que não era ele. Não naquele momento, e ela tinha cansado do vazio do dia seguinte. Tentou em vão se livrar das mãos dele, a vontade era ligar para o dono dos seus pensamentos, reclamar dos dias de separação. Perguntar como ele via o amor e o que significava a vida. Queria ouvir dele as dúvidas, colorir a sua vida, rasgar cartas do passado. Reescrever a história desde o começo. Queria tanta coisa...

E fez.

terça-feira, abril 22, 2008

mágica...


Ela ficou na janela, escondendo as lágrimas enquanto ele se despedia do apartamento revirado. Olhava aquela noite linda e lembrava das que eles tinham tido. E de repente, como tudo sempre foi inesperado, uma chuva fina apareceu para selar a despedida. Eram finas como as lágrimas que teimavam em cair dos seus olhos. Olhou ainda mais uma vez para fora, até que se virou quando o viu a porta.

- ESPERA!

Era um pedido, saiu como um berro, e sem pensar ela segurou as mãos dele. Olhou no fundo dos seus olhos e falou. Tudo. Desde o começo. O dia em que o viu e achou que ele mentia, omitia do mundo tanta coisa boa que guardava para si. De um jeito egoísta, segurava palavras, frases, uma mente brilhante que ela notou ao ver seus olhos. Os mesmos olhos que via naquela noite e que a cada frase parecia viver. Ela tinha apagado tudo com as incertezas, tinha jogado toda vida pela janela na qual estava parada até o pedido, o berro, e as palavras saindo uma atrás da outra.

Ele diminuiu a distância dos corpos, interessado naquela voz cada vez mais fraca.

- Naquela janela pensei nos detalhes que você pregou nesse apartamento. Mentira, pensei nos detalhes que você desprende na minha vida. Em como sua voz, uma carta, um bilhete, ou só o pensamento em você tornam o dia mais suportável. Quando tudo, tudo, tudo dá errado. Como foi naquele dia do resfriado incontrolável e reunião importante. As suas piadas me faziam sorrir e foi o que me deixou inteira diante daquelas pessoas. Tossi um pouco, um ou dois espirros, desculpas pedidas e tudo recomeçava nas suas certezas. Longe ou perto. Eu sempre achei que não importava. Mas, te ver a porta me vez perceber quanto é tolo aquele que finge não se importar. Os beatles cantaram isso, hey jude... For well you know that it's a fool,
who plays it cool, by making his world a little colder.

Ele ainda a olhava e a voz praticamente sumia. Até que tomou suas mãos, a olhou e disse:

- É tudo, eu só o que precisava saber. E eu vou continuar. Com você e com os detalhes. Os pequenos detalhes nossos, só nossos.

Foram até a janela, juntos, abraçados, misturados. A chuva tinha aumentado e dos olhos dela caiam lágrimas de alegria no ritmo dos sorrisos misturados a música que faziam da cena: mágica.










the stories have all been told before



Sentido vazio

As frases eram truncadas pelos pensamentos inacabados.

- Tá vendo ali?
- Onde?
- No céu.
- Ah, sim, uma estrela.
- Ela é diferente,
- É uma estrela.
- Ela pisca, como...
- Uma estrela.
- Os seus olhos...
- Cansados e com olheiras.
- Seus olhos como as estrelas, piscam. São incognitas como elas, tenho tantas teorias quantos os velhos tem para as estrelas. O seu olhar indecifravel. O jeito que mexe com o cabeça para des.. arrumar o cabelo.
- O meu cabelo?
- Não, os olhos.
- Sim, meus olhos...
- E os seus cabelos.
- Você inteiro.
- Eu nunca fui inteiro seu...
- E nem de ninguém.
- Talvez tenha sido daquela garota no colegial.
- Sim, aquela que você não lembra o nome.
- Ela tinha o seu..
- O meu?
- O seu jeito...

(silêncio)

- E o amor?
- Amor?
- É daquelas coisas bonitas de ouvir...
- Melhor de viver.
- Você sempre teve medo, medo de voar, de amar, de ser feliz. Medo, deixou o medo entre nós quando poderíamos ser estrelas, deixou a vida passar enquanto ninguém mais existia. Destacou os nossos sorrisos da multidão para olhar mais uma vez. Fugiu de mim, de você e encontrou nele o que me garantia em sorrisos ser o amor.
- E era...
- Era? E agora?
- Agora? as estrelas, o jeito, o seu sorriso. Agora e talvez o tempo todo tenha sido: você.

Foi aí que as frases voltaram a fazer sentido.

segunda-feira, abril 21, 2008

Destino

Era um daqueles dias em que o sol escondia-se atrás das montanhas e os passarinhos brincavam como crianças atrás da janela fechada para enganar o frio. Ela procurava, fazia e relia anotações no seu bloquinho. Enquanto ele procurava o primeiro cd que ela fez, aquele cd que ele guardou, riscado e ouvido a exaustão, com o segundo fez o mesmo. O terceiro não ouviu tanto, guardou como se fosse o primeiro, só queria ter a prova da existência daquelas coisas. Então, pegou eles todos, os enfileirou e perguntou a ela:

- Nas suas anotações quem sou eu?

Estranhou a pergunta, estranhou os cds ali enfileirados, na cabeça dela ele não deu importância nenhuma e ela já não ligava tanto. A importância tinha preenchido os vazios que ele não notava e isso era o suficiente. Tirar ele daquela vida monótona e o colocar entre essas montanhas, observando aqueles passarinhos, com a paz nos silêncios. Nunca perguntaram porquê das coisas. Não queriam respostas óbvias e muito menos falar que elas não existiam. Não havia cobrança e daí a estranheza. Ele nunca quis saber porque as histórias delas continuavam triste mesmo com toda a poesia. Nunca perguntou de onde vinha tanta piada nas histórias alegres. Ele não queria o porquê. E então ela disse:

- Você, você é o todo das minhas anotações. A melhor história criada pela vida. A sua ficção fez da minha realidade melhor. As palavras são injustas com você, porque são complexas demais para desenhar a sua simplicidade.

Ele a olhou sorrindo e ali, eles souberam, nada precisava ser dito. Bastava um olhar e a paz que eles sentiam em poder dividir o silêncio. O jeito que ele mexia nos cds e ela revirava anotações. Não precisava de nada, tudo o que aconteceu e o que aconteceria já havia sido ouvido e escrito no destino deles, e o melhor, isso, nem eles sabiam...

.
.
.

Quebrando o silêncio ela deixou o bloquinho, ele colocou um dos cds e eles se beijaram como se não houvesse amanhã.
um oceano de palavras



o texto daqui debaixo era para lá e o que tá lá, é de lugar nenhum, só que nasceu de uma espécie de desafio da Milla. Eu percebi que é impossível se desvencilhar completamente de mim para escrever, mas é possível fazer diferente.


Clica na imagem ou clica aqui.
apague a luz

Lembra quando te contei o quanto queria encontrar alguém igual, que completasse as minhas frases, falasse a minha língua, dividisse os mesmo sonhos. Nós conversavámos infinitas horas sobre as expectativas com o mundo e todas eram diferentes. As discussões sempre apareciam e eu me divertia em te deixar confuso. Era o que parecia e talvez no que você acreditasse. O que eu não sabia, era que dentre aquelas conversas todas, eu descobria muito de mim. Esse muito, que você mostrou, aumenta a simplicidade das coisas e volta nas nossas conversas, porque (sempre) um dia eu já falei com alguém sobre isso. Como se tivessemos conversado sobre tudo e o que falta seria melhor dito para você. Não importa o quanto menina eu seja, você me escuta e no seu olhar, me sinto cheia de vida. Mesmo que você cante olhando outro rosto ou durma pensando em outra voz. Não me importa futuro ou passado, todas as histórias foram, todas elas, contadas antes.

Sempre achei que quando encontrasse aquele com quem dividiria igualdade e que completaria as minhas frases, teria a certeza de que era aquilo a simplicidade do gostar. Mas quem garantiu que gostar ia ser simples? E na minha cabeça eu percebi que igualdade me irrita profundamente. Prefiro as discussões, descobrir com o contrário o que é certo para mim, preciso dos medos e das incertezas alheias para entender as minhas, preciso daquele jeito sem peso e com reclamações que não me cansam. Com piadas no volume certo, do jeito que as conversas acontecem em silêncios e as risadas são praticamente infantis. Quem sabe "viver seja só essa grande incompreensão", como escreveu a Clarice.

Talvez eu tenha cansado de corpos e hoje seja um pouco mais do que isso. As noites que começavam e terminavam iguais já não me interessam. O mesmo vazio, aquele mesmo vazio que experimento quando estou com a pessoa errada, a vontade de ficar sentada quando querem que eu levante, a vontade de ficar parada quando querem que eu ande, o abraço que me pedem quando eu quero ser abraçada.

Ainda não é na igualdade e as diferenças já não sei se encaixam. Talvez seja em lugar nenhum, porque romance está preso naquelas páginas lidas, a vida é essa complexidade muda e eu já não quero a sorte de um amor tranquilo.


I don’t go down anywhere
I guess it’s just how it goes
The stories have all been told before*



* a bela música tema de My Blueberry Nights, aqui você pode ouvir até a sua caixinha de som explodir de tanta delicadeza.

domingo, abril 20, 2008

I want you to want me


Enquanto guardava as verdades, mantinha as palavras juntas ao lado dos enigmas todos e não contava deles para ninguém. Talvez nem ela soubesse a força das cartas. Sendo como aquela garota do desenho japonês, buscando os efeitos e defeitos de cada carta, como se fossem todas um passo adiante. E por isso, preferia estar parada, com as mãos debaixo das pernas enquanto as balançava risonha na beira do abismo. Não se importava em cair ou continuar ali a vida inteira. Nada importava se pudesse ter os sorrisos que a contavam do mundo, enquanto se mantinha ali, talvez ainda como a garota do desenho japonês e aquela espécie de gato, esquilo, o diabo pequeno, a quem ela ouvia e respeitava, o pequeno ursinho que guardava as cartas.

E ela só respeitava e ouvia ao máximo as palavras não ditas. Até que o silêncio foi quebrado e dali em diante todos dias foram incertos. A garota já não era como a menina do desenho japonês, talvez ela tenha desistido de capturar as cartas e seguiu com seu baralho incompleto. Como poderia ser naquele momento, no caminho apareceram algumas pessoas que a ajudariam a buscar as cartas e fariam dela outra vez completa, mas a garota sem querer deixou todos eles longe do jogo que era dele enquanto balançava as pernas. Sem querer ela ficou sem ninguém...

A menina não tinha os doze anos do desenho japonês e por fim, descobriu que só sabia ser ela, e para aquele jogo só havia mais um jogador.


a imagem que estava aqui e, por pedidos de força maior, tirei, era essa.
De outros,

eu nunca fui boa em elogios de textos, fico sem jeito de falar, então não falo e as pessoas nunca sabem que leio. Mas, dessa vez é diferente, leio ela há algumas semanas, talvez um ou dois meses, quem lê o Claritromicina, poderia e deveria passar por lá. Porque ela escreve coisas nessa linha ou melhores. Parabéns e não, eu não a conheço. Ela: Marjorie Rodrigues.



It’s not so badAbril 17, 2008

But then you call me and it’s not so bad, it’s not so bad

É nessas horas que eu percebo que não posso desistir de você. Quando o mundo todo pressupõe antes de checar ou julga antes de dialogar, quando o ônibus não passa, quando chove, quando não dormi quase nada, quando estou com dor de cabeça, quando estou sozinha, quando as pessoas são escrotas, quando lembro que a maioria dos bons amigos se mudaram pra longe ou fui eu que mudei, quando escorrego, quando levo bronca, quando tudo-tudo-tudo-tudo dá errado…
Nessas horas, você aparece, escreve, liga ou me vem em pensamento. E, se não fica tudo bem, pelo menos parece suportável.

Afinal, você me sabe. Você me aprendeu.
ESCOLHAS

Ouvi alguma frase parecida com: "se você tiver dois caminhos, a felicidade e a tristeza, será socialmente empurrado pro segundo".
Não acredito em ser empurrado, são opções feitas pelo medo de mãos dadas com a facilidade. São opções.
E depois do jogo do São Paulo x Palmeiras, eu JURO que não acredito no impossível.
A última notícia da noite fez dela maravilhosa.

:)

E então eu lembrei da mensagem naquele momento certo:
"Let's dance to Joy Division! Everything is going wrong but we are so happy!"

sábado, abril 19, 2008

Intimidade é uma merda


phoebe weatherfield diz:
vou dormir
phoebe weatherfield diz:
=*
phoebe weatherfield diz:
ah não, eu preciso sair daqui a pouco.
۶.livya diz:
nada, tenho que começar a trabalhar. ganhar dinheiro deitada só em outras circunstâncias...
phoebe weatherfield diz:
hahahahahaha. muito boa
phoebe weatherfield diz:
=*
۶.livya diz:
é, na sua velocidade, pode ir saindo JÁ que já tá atrasada.
phoebe weatherfield diz:
tá foda, ein?
۶.livya diz:
oxe. 50min da oscar freire a augusta. da sua casa... dá 3h.
phoebe weatherfield diz:
haha, tá, tchau! =*

sexta-feira, abril 18, 2008

Com amor,

bom mesmo é jogar o mesmo jogo, falar a mesma língua e querer chegar ao mesmo lugar.
Em estradas de ilusões fazendo delas realidade...

com você.
Dear Prudence,

Sentei naquela mesa com os pensamentos saindo um de cada vez. Remodelando as frases que pensei em dizer e desfazendo as ditas, como se você pudesse ler meus pensamentos mesmo estando longe.

E naquele dia que você perguntou se podia ir. Eu e o meu desdém falamos que era hora de acabar com tudo. E que se você saísse por aquela porta fazia um favor para nós. Seria mais fácil lidar com a sua desistência a desistir.

Mentira. Quanta merda e fraqueza. Tem aquelas coisas que poderiam ter sido vividas. O céu que te mostrei aquele dia enquanto estávamos sentados na cama pensando em cosias diferentes. Você pensava na sua aventura e eu pensava em como queria que tudo estivesse certo.

Eu sempre achei que o céu fosse o único limite e era. Depois dali minhas mãos se perdiam em seu corpo e e refaziam o caminho do seu prazer. Entre sorrisos infantis e gemidos adolescentes. Nós nunca fomos adultos o suficiente para enfrentar a dificuldade que essa vida carrega. Sempre sorrimos e gostavamos de ser assim. Vivemos no nosso infinito particular

Talvez você esperasse um pedido de volta e eu só pude entregar a sua liberdade, a mesma que você não sabe viver sem, e que precisa o tempo todo ser lembrado de que é preciso rever o passado, sorrir com os amigos antigos e continuar com os novos. Sempre foi importante o bem estar.

Não pense que renunciei ao seu amor, ainda conheço o caminho do seu prazer, sem você notar. Não pense que desisti, entreguei o que era necessário para nossas certezas.

Voltei a escrever no meu bloquinho, e no fim tocava Dear Prudence e eu respirava fantasia.

Boa sorte nas aventuras, para nós.

quinta-feira, abril 17, 2008

Carta

O dia continuava nascendo, pelos dias que seguiram e eu só queria apagar a luz e fazer dos dias todos noites, mas o dia nascia e eu imaginava o mau humor matinal dele. Do jeito que ele acordava com o sol no rosto naquele apartamento minúsculo sem cortinas. A solidão me machucava e os pensamentos duravam os instantes de um banho. As mensagens matinais de quando estávamos separados ou o braço pela minha cintura como se quisesse me colocar na frente do sol, na frente dele e de todos os problemas do dia que começaria, já não existem e faz quase um mês. Vinte e oito dias e 6 horas, alguns minutos, outros segundos e infinitos milésimos. O meu celular lembrava ele, os meus caminhos, a minha vida, tudo tinha o cheiro dele.

Era hora de enfrentar o dia e as pessoas. Enquanto ele ainda devia se debater no seu apartamento com pequenos passos possíveis. Se enroscando entre filmes e com pensamentos pessimistas quanto ao futuro e o salário de fotografo.

O seu trabalho escreve palavras diferentes das horas que passo colocando letras em um computador. Você usa da luz e faz texto com a subjetividade da vida. Usa dos dicionários pessoais ao invés dos que uso.

Me contaram que você anda mais magro e a sua barba não feita me dá saudades do passado. De um mês, minto de 28 dias, 6 horas, mais minutos e milésimos. Não te dei um porquê, não existe, e os cigarros devem ser o cheiro predominante no seu quarto. Quanto tempo você deixa as janelas fechadas? Quantos cafés você tem tomado? Onde estão os seus amigos? Ouve as suas músicas, lê seus livros, tira as suas fotos e me faz feliz.

Hoje entre as suas contas, as propagandas, convites para lançamentos deve chegar a minha carta. E quando você ler, finalmente, vai ser hora de colocar a roupa de cama para lavar.

O interfone tocou e não é você.



baseado nesse dele.
MEMORY

Queria viver onde a alma encontra o corpo. Naquele lugar que realidade e sonho não importam, tudo é um só, e dentro das possibilidades tudo é verdade. Sonho ou não. Sempre sentir como é bom estar nova.

Na minha cabeça existe um lugar de onde saem meus pensamentos. Alguns tem a chance de encontrar um lugar mais leve e vazio do que o turbilhão daqui. E a confusão caminha com meus passos, enquanto procuro retas e vivo nesse eterno vai e volta.

Eu aindo acredito que é verdade. Só que entre sonho e realidade, os caminhos jamais são os mesmos, e uma única música para ouvir e sorrir.

Se tudo era insincero, eu fui a sua memória, e pintei no cinza das incertezas palavras para tentar te fazer sorrir. Detalhes pequenos que me dão sentidos de uma vida inteira.

E no fim, as escolhas foram feitas.

quarta-feira, abril 16, 2008

Eternal sunshine of the spotless mind



Felizes devem ser os esquecidos. Esquecendo do mundo e sendo por ele esquecido. Você escreveu isso no cartão, e comprou minha felicidade com ele, só o cartão já seria um imenso presente. Embora eu tenha dito que não precisava de nada. Você já me deu o bem maior. Me mostrou que eu era interessante sendo eu e desde então eu só acredito nisso. Me mostrou que amizade é uma daquelas coisas que você ganha do mundo sem pedir. Uma das melhores coisas e ela é simples.

E se esquecer, se a felicidade vier daí, e com isso eu ter de deixar toda nossa vida para trás, eu desisto de ser feliz e fico com as memórias. Dúvido disso. Dúvido, porque a minha felicidade está nas lembranças. Até nas doloridas que são certeza hoje. Minha raiva, meu passado, meus medos endurecidos e sorrindo na minha cabeça enquanto ouço qualquer um cantar alto.

Você me mostrou que a nossa juventude vai durar para sempre, enquanto formos capazes de persistir em erros, enquanto a dor não afastar nossas certezas, enquanto levantarmos e continuarmos pelas mesmas estradas. Do jeito burro e incessante que um adolescente faz. Com a trilha sonora certa, e os momentos desenhados para serem lembranças, até nossos tombos são aprendizados. Todas as vezes que eu balancei, você esteve por perto. Você conhece todos os meus amores, até os que não chegaram a ser, conhece e sabe antes de mim que vem problema. Mas me deixa ir, me permiti viver, amizade não é aquele que te tira sempre das pedras, é o que deixa você se machucar e fala depois: "vamos embora, garota", quando você está no chão e grita que quer ficar. E então você me puxou milhares de vezes. E eu fui a sua voz para ele. Quando ele falava comigo sobre tudo e dentre as entrelinhas eu falava mais. Só que você é esperta, garota, escolheu o seu karma muito bem, a sua altura como não poderia ser diferente.

Não importa quantos milhares de km, continentes ou oceanos nos separe. Eu sei que você fica bem, porque é a minha fortaleza em forma de garota, te amo tanto. Sis, respondendo a pergunta cretina do seu cartão "would you erase me?" teria que esquecer de mim antes, seria como abandonar a vida e a gente jurou que ia viver tudo. E vamos.

"Blessed are the forgetful, for they get the better even of their blunders" - Nietzsche

gênia do cartão e do dvd sensacional de presente.
rá, sis e hermano, e coisas que vão pra sempre.



ps: o livro da Anaïs Nin, que ganhei da Carla, fodeu bem grande, mas disso eu falo com calma depois.

terça-feira, abril 15, 2008

SEGUNDA


isso me pegou completamente de surpresa
não estava preparada para soltar
presa demais para voar
e então você me contou
quando eu não queria escutar

depois de alguns dias como esse
algumas semanas como essas
sentimentos enlatados como aqueles

era tudo inofensivo
um cachorro morto a grito
a garota sentada falando
alguns andando
ela sempre no canto

eu sento no banco vazio
caminho na linha das palavras
sorrio para os caminhões de possibilidades
faço piada da vida
e não espero

o amor é louco
e logo
você conseguirá um pouco



bitôus é o preto da semana.
I've just seen a face
It won't be long
em especial
Everything

Como parar por medo do abandono. Como gritar até ficar sem voz e não falar nada. Como falar até cansar e ninguém te ouvir. Como fazer tudo dar certo e no fim ficar sem o sorriso de conquista.

Quando você me perguntou se tudo estava bem, eu sorri, e balancei a cabeça te dando as certezas que você precisava para continuar. E você continuou enquanto eu fiquei ali, tentando mudar a direção que mostrei pra você.

Algumas coisas para fazer e eu tenho calma. Me perdi nessas ruas e me encontrei em linhas retas escritas com alma demais por um velho qualquer. Fui até o bar da esquina encontrar algumas pessoas e dentre elas, ninguém era você. Andei na chuva com o meu guarda-chuva vermelho com a certeza de que tudo estava limpo. Eu estou cansada mas tenho esperança. Eu recomeço jogos intermináveis sabendo que largo o tabuleiro daqui a pouco. Quase nada me prende e igualdade me irrita.

Eu não fico mexida, não sinto raiva, assoprei sentimentos ruins e sorri. Eu não estou assustada, talvez seja só o começo de uma nova história, sem o final dessa. E a minha energia mostrou para você quem eu jamais poderia ser. Me fez menina diante dos seus olhos, enquanto eu deixava as palavras saírem e esquecia o mundo. Eu não fico tão para baixo assim. Nem me desanimo. Não quero ser pessimista. Manter o rosto seco faz parte também. Eu protesto demais?

Eu ainda gosto do jeito que você dança, e se solta, o jeito que o seu rosto se ilumina e você é verdade. Sinto falta de olhar seu rosto brilhante em sorrisos e do jeito que você me pedia para ficar quieta, estando em silêncio.

Cansada e continuo trabalhando. É óbvio que me importo, mas estou inquieta. Eu estive aí, mas na verdade não estou. Eu sempre estive errada e sinto muito, honey.

Tudo isso quer dizer que tudo vai ficar bem. Lembra, quando eu te garantia que tudo terminava bem, e se não estava é porque não tinha terminado. Quando eu falava que ia dar tempo mesmo quando nem eu tinha certeza disso. O jeito que eu te coloquei em um castelo de cartas que eu não sei construir. Tudo vai ficar bem, uma das minhas mãos está no bolso e a outra acende um cigarro. O que tudo isso se resume? Sou uma garota, tentando soltar a pretensão, também ainda não entendi tudo.

Eu sou livre, mas sou dedicada. Sou imatura, mas sou esperta. Choro com força de criança por tudo que quero demais. Faço dos meus livros companhia e da música força. Me esforço para ser apoio pro seu cansaço. E talvez renunciar não seja o mais difícil.


Tudo está bem e eu acredito naquela frase do Salinger.









a frase:
"Ah, meu Deus, se há algum termo clínico que me sirva, sou uma espécie de paranóico ao contrário. Suspeito que as pessoas estejam sempre conspirando para me fazer feliz."


J.D. Salinger
no blog dele.

segunda-feira, abril 14, 2008

HEAD OVER FEET

Sem fazer da dor o meu lugar, sem aceitar as coisas como elas são só pela simples imcapacidade de olhar o mundo de outro jeito. As pedras sempre fizeram escadas, foi assim com minha mãe, e graças a minha aparente coragem de mulher eu faço jornalismo, a única coisa que não sai do lugar quando o vento leva tudo para longe.

Então eu tomei a maior chuva do universo na manhã de hoje, minha jaqueta, minha blusinha, a camisa e a calça estão molhados. E enquanto eu sorria desacreditada, percebi que meu sorriso nervoso me salva do inferno. Porque eu sempre escolho dentre os males aqueles que me tiram risadas. Ou são eles que me escolhem, nessa vida, eu só entendi que toda desgraça tem piada.

E os pássaros podem voar direto no meu rosto, me deixar assustada, podem correr pela minha casa e derrubar tudo,e eles vão fazer. E é só olhar para eles e ver o quanto são bonitos para que nada disso importe. A minha liberdade voa nas asas de um passarinho.

Como se eu estivesse assustada, aterrorizada com tudo que o mundo me tira e devolve em piadas enlatadas e a água para ajudar na tosse de ontem, como se eu estivesse brincando com fogo, e como meu amigo tentou me convencer daquela vez, não é a minha vez de controlar a chama, tudo isso tem vida própria. Tudo isso anda como quer e eu sou só uma coadjuvante dessa história que se escreve sozinha. Relax, take it easy, girl.

E quando o medo da incerteza chega a me incomodar não há nada a fazer, a não ser perguntar por quanto tempo eu vou deixar isso me guiar, já guiou antes e eu lembro quanto errei e dos arrependimentos que eu falo aos quatro ventos não existir nenhum, esse é um deles. Deixar o medo e a incerteza me guiarem, enquanto eu sempre fui sem cordinha, deixei uma vez e é essa vez que carrego até hoje, pensando o que teria sido melhor para mim, de tudo que eu não deixei ser. E depois, depois disso, tudo foi tão melhor. Tão melhor quando eu tirei a minha vida das mãos da incerteza. Mas certezas não são assim irredutíveis e eu me pego sentada no ônibus vendo um livro infantil fazer sentido na minha vida. Os elefantes são amáveis por sempre grandes e fortes, os tigres são perigosos por atacarem com o medo que sentem, e eu vivo como os dois. Grande e certa, pequena e arisca. Foi quando eu renunciei a minha chance de ser mais uma e fui ser o que podia para mim e para os outros. Eu vou com um caminhão de defeitos e fico com as piadas sem graça.

No fundo, eu só queria terminar essa página, mas só encontro ponto e vírgula e tudo vira versículo de uma história sem fim.





claro, que depois da chuva a febre já apareceu e eu vou com a nati procurar um lugar pra comprar meia na augusta às 9h da manhã. genia, pode hablar, haha.

ps: claro que desgraça pouca é bobagem, sem internet no trabalho, trabalhar da lanhouse, aquela minha lanhouse porque a de sempre do trabalho fechou, "- hey, ibotirama".
ps²: tanta Alanis é saudades da sis, e é graças a ela falar que sempre existe uma música dela para tudo, e existe. minha garota gênia, amor.


i care but i'm restless

domingo, abril 13, 2008

I KNOW


Eu te falei que não ia deixar você sair assim, que alguma coisa no meu mundo ia cair, dentre todas as certezas você foi o maior colorido. Só que você resolveu escurecer os sonhos, tirar deles o brilho que cegava, e todos me olhavam sem ver. E da minha solidão tirei companhia, ele apareceu entre livros e transformou tudo em frases bem formuladas enquanto eu esperava as suas respostas, que nunca vieram e eu cansei de esperar. Te deixo com o jogo que você escolheu e caminho para falta de escolhas. Pela última vez quero que você entenda: tudo isso era seu.

Vou me curar, sem nada para fantasiar, sem você para devolver a paz que perdo nessas ruas, sem você para sorrir, sem você para sempre, ou pelo tempo que for. Sem você e com o certo, por mais alguns passos, eu devolvo a luz a minha vida. Alguém devolve, você sabia, mais cedo ou mais tarde alguém apareceria naquela porta com alguns livros e me levaria pela cintura. Você quis assim e me empurrou o mundo enquanto ninguém tinha graça. Agora tem, agora vai ter, e para você: o meu abraço sincero e as mãos na sua cintura que nunca te deixam longe demais.

Baby, I can't help you out while she's still around
So for the time being, I'm being patient
And amidst this bitterness
If you'll just consider this
Even if it don't make sense all the time, give it time
And when the crowd becomes your burden
And you've early closed your curtains
I'll wait by the backstage door
While you try to find the lines to speak your mind
And pry it open, hoping for an encore
And if it gets too late for me to wait
For you to find you love me, and tell me so
It's ok, don't need to say it
Menina

"no canto do cisco, no canto do olho, a suellen dança. e dentro da menina, a suellen dança.

até o sol raiar
até o sol raiar"

a menina dança, os novos baianos.

Leemarie. em scrap na volta do reveião/carnaval.

sábado, abril 12, 2008

TORCH


No começo eu achei que jamais ia poder ouvir aquelas músicas sem carregar você. Até que as músicas pararam de pesar e deram aos fatos o gosto das lembranças. Achei que só a sua banda seria marcada pelo passado, mas agora, em todas as letras tem você, as letras daquela cantora. O nosso amor em dois mundos diferentes.

Falta do seu cheiro e de tudo que ele passava nas manhãs de poesia que você fez sem notar. Falta do seu estilo e do jeito relaxado como você amarrava o all star. Saudades da sua pureza e de como você ria quando não tinha o que dizer e, sem dizer nada o seu sorriso eram as palavras mais bonitas. Sinto falta de como você encara a vida e do jeito que o caminhão de problemas na sua porta sempre viraram piada, a pollyana fazia festa nas suas histórias, quando você ligava para me tranquilizar e falava "tô bem, garota, poderia ser pior" e depois disso vinha uma das suas sacadas geniais com a ironia do universo.

As suas gargalhadas, o jeito que encostava na parede para sorrir, e como balançava o corpo ou deitava sobre o braço quando não se continha. Não era preciso muito para você me fazer feliz, o jeito simples que as suas piadas encaixavam e como era bom te ter sempre por perto. Sinto falta dos nossos papos nos finais do dia e como um 'bom dia' na manhã seguinte parecia fazer renascer uma vida inteira, mesmo que estivessemos separados pelas suas poucas horas de sono e pelo meu sono quase comum.

As coisas das quais sinto saudades, são os momentos para quem sente devagar o mundo se colorir em possibilidades, o momento em que você descobre amar os detalhes e como dói perder eles. Dias de dolorosa melancólia, nunca achei que tivesse um dia que me desapaixonar por você. As suas escolhas foram feitas e no seu jogo eu não encaixo mais. As minhas também, só que eu estaria disposta a mexer no meu baralho, se você quisesse.

Sinto falta do seu pescoço, do jeito que caminha e como corre nas manhãs de um dia frio. Saudades de te ver dividindo comigo o que escreve e tentando me fazer entender que era simples, mesmo que eu te olhasse quieta e você notasse que não entendi, não entendia, talvez hoje eu me esforçasse mais ou te pedisse para olhar aquela frase de outro jeito. Mas você não faria, jamais tiraria de um texto o que é você, e de você, você sempre achou que entendia. E nas suas convicções era você, eu e o mundo, além daquele caminhão de problemas na frente da sua casa. Sinto falta de te ver entrando pela porta, sorrindo, se desculpando pelo atraso, esquecendo o mundo e sendo por ele esquecido enquanto me envolvia em um abraço que terminava com um beijo apertado no rosto, como se eu fosse a sua menina. E depois de largar o meu rosto encontrava meus lábios até nos olharmos em sorrisos.

As viagens, diversão e os seus loucos amigos adoráveis. Engraçado como você conhecia as mais diferentes pessoas e atendia ligações grudadas umas na outra, e resolvia com todos como usaria o tempo. Sinto falta de ver você amando meus cachorros e outras coisas para as quais você inventava apelidos seus e fazia de tudo um pouco seu também. Meu quarto nunca mais foi o mesmo, se dividi entre antes e depois de você notar as coisas, juntar os pedaços e me fazer sorrir por entender entre brincadeiras os detalhes que a vida criou e eu não notei.

Mais um passo, uma música, outras palavras, alguns livros, a falta do Kardec, a sua falta. Eu me mantenho firme, simulando, seguindo em frente.

Sinto falta dos seus abraços e nos outros braços nenhum jamais é o seu.


ps: Torch é uma música do cd novo da Alanis Morissette, que só sai dia 30 de maio. :\


"Você me deu muito mais do que palavras
Quando tudo não passava de ilusão
Eu nunca te agradeci por ser sempre assim

Eu sei, nada vai mudar"


Nx - a música é ruim
a letra é boa

sem pré-conceitos.


foto Toledano
BETTER LIES



Preciso fechar as portas e janelas da minha vida, não deixar pássaros entrarem nela como se fosse uma cozinha, e saírem derrubando tudo pelos cantos; guardar as coisas no lugar delas, fechar, limpar, escolher e pensar antes de fazer qualquer coisa. Pensando eu tenho paz no dia seguinte, sono na madrugada, saudades na manhã e não essa necessidade de me desculpar outra vez. Mais uma, e é como o muro das lamentações, me lamento por isso e aquilo. E no fundo, é tudo mentira, sou coadjuvante em cenas dos meus filmes favoritos e eles perderam capacidade de pregar coerência como protagonistas.

Então, tudo sai pela culatra, com mais força, e se não fecho as portas e janelas, pássaros livres e soltos, continuam derrubando tudo. E eu continuo só sabendo viver desse jeito. Caos é ordem.

O mundo é a minha ostra, às vezes, saio dela com ajuda de coisas que me deixam hiperativa, e eu só queria calma. Uma garota assustada, inconstante, lutando, chorando, chutando, praguejando e sem saber o que fazer. Só a minha paz é proposital, mesmo que ela funcione melhor com o pleno controle dos meus sentidos, e se eu estiver certa, você vai concordar.

A raiva me enganou e voltou a ser o que era. O ponto de partida, tudo que espero tem um belo e imponente "antes". Como as pequenas marcas do meu passado e das noites vividas. Você deixando tudo ir pelas margens, e eu jogo com todas as cartas baixas, longe da manga, eu jogo, eu falo, eu faço, eu eu eu eu. Pretensão pura achar que palavras resolvem, não, elas complicam, escancaram, falam e falar torna tudo mais real.

Depois de esperar, o resto se cansou primeiro, menos eu. Mas isso vai pelas margens, se esquece e sorri.

Chega garota, de deixar todo mundo te ler, todo mundo perceber, todo mundo opinar. Chega garota, de colocar o mundo para longe, eles sabem de você, e sabem que eu coloquei a minha cabeça em um filme com detalhes demais. E um sorriso é como um objeto azul que mudava o destino dela naquele filme. Chega, chega, chega. Chega, Suellen.


Mentira.




Assistir um filme, sentar em um café e conversar sobre coisas complexas do jeito mais simples...
NOITE

Das coisas todas esquecidas e lembradas, das imposições, das verdades ouvidas e que eu não precisava ver. Acho que hoje eu precisava de pouco para ser pior. E foi. Okay, a vida pode ser realmente engraçada, o encosto no carro além de não te deixar quebrar o pescoço em uma batida, serve para dormir e a noite com o cd da amy no carro, o encarte lindo, as letras, as músicas. A minha companhia eterna e indispensável. Quem me xinga, antes, do cara vir brigar comigo porque estava interessante descontar qualquer coisa em um taco na parede. Os textos lidos em voz alta enquanto eu me ouço engasgar, e a coca-cola começa a apagar as gotas de álcool, a falta evidente do beatles naquela mesma jukebox e o blink relembrando a adolescência sempre renascida.

adolescência, infância e a necessidade de reconhecer erros. Nada é culpa de ninguém, mas eu aponto culpados, uma responsabilidade que não existe. Para tirar de mim a dificuldade em apagar tudo, mesmo quando tenho outros braços, mais abraços.

No dia que colocaram uma maldita pilastra no Juke Joint, não é possível aquilo existisse há tanto tempo, e eu só queria a funhouse. As coisas não mudam, nunca mudam, o eterno retorno. A tatuagem que precisa aparecer na minha pele e a certeza que não apaga. Vai tudo se repetir infinitas vezes, do mesmo jeito, e as escolhas parecem ser as mesmas. Muda o cenário, mudam as pessoas, mudam as situações, muda a verdade, muda, muda, muda e continua igual.

Poderia enumerar erros, e a bem da verdade, só me preocupa aquele casal perfeito que se desentendeu. Só me preocupa a verdade e o resto coloco debaixo do meu travesseiro, enquanto o floral faz efeito e a noite se apaga...

Bom dia, boa noite, boa sorte. Mundo, sem você, as coisas seriam impossíveis.





ps: o pai da ju é gênio e me diverte no fim da noite
ps³: melhor quando não existia?
ps³: boa noite para quem deita 6h da manhã.


a música da semana e da madrugada:

sexta-feira, abril 11, 2008

FESTA!!

"Tudo para ir onde ninguém foi"
Ludov

Festa daqui a pouco,

Juke Joint
Rua Frei Caneca, 304
15 reais
Sol shot 1,50 a noite inteira
é a vida, galhera!

Comemoração do b-day e lançamento da segunda edição do Susi
Show do (L)udov, banda que mudou tudo e muda.


Existiu e ponto,

quinta-feira, abril 10, 2008

DOCE VONTADE

Depois de tudo, a gente se esbarra por essa cidade, como se ela fosse minúscula. E no entanto, é só o destino fazendo as coisas ficarem mais perto. A minha necessidade de descer a augusta, no mínimo uma vez por semana, o máximo que eu fico longe dela. E agora, os planos e conversas são outras, alguma nostalgia e a compreensão dos outros que a gente foi incapaz de ter. A leveza, mesmo que as preocupações existam e no fundo, o conhecimento dos erros aparecem sempre, lado a lado, perto um do outro, juntando os cacos, remoendo o passado, relembrando tardes intermináveis.

A hora passa rápido e as piadas persistem, a nossa amizade é selada pela capacidade de rir de si, da mania de continuar que eu não consigo soltar. Nas minhas certezas fortes no tempo que elas tiverem, tem coisas que duram uma semana e outras me perseguem pela minha eternidade, o tempo das coisas não correspondem ao ponteiro dos relógio.

Atrás das nuvens o sol, a lua, colorindo o céu as estrelas e o quanto elas significam ao meu dia seguinte. Sem saber de quem gostar, incontrolável sentir, e na pureza das palavras eu me entrego. Você, ele, talvez, quem sabe, eu acho que é preciso ficar com alguém. Comigo por um tempo. Me apaixonar outra vez pelos meus defeitos e tirar de mim os cacos do passado remoto, o passado no qual continuo escrevendo. Pulo linhas ao invés de começar outro capítulo.

Os dias me cansam mais do que o comum, o tempo, a cidade, o calor, a água no fim da noite, a preguiça de me virar para suas certezas.

E de tudo isso, do mundo, eu tenho os encontros marcados com a necessidade de fechar os ciclos, sem infantilidade, sem movimentos involuntários, é preciso pensar, medir e arrumar as coisas. Até que eu possa andar pelas ruas do centro e esboçar um sorriso, ao invés de procurar qualquer coisa para filtrar nervosismo.


, sotaque.


ps: hermanito, ótemo presente, leminski, rá, eu queria (muito) esse livro, quase comprei cinquenta vezes. mas, com dedicatória eles ficam muito mais especiais.
amor,

-- que tudo se foda,
disse ela,
e se fodeu toda
Leminski
O DIA

As maiores trocas vem de onde se menos espera e das pequenas certezas. Nada feito e de longe um dos melhores aniversários. Fato nenhum capaz de apagar pequenas piadas com graça que são só nossas. Bolas encaçapadas com beatles ao fundo e eu ganhei o jogo que brinca com aa nossa vida. A sis já foi melhor ou eu já fui muito pior. Mas, só importava estar com ela e os beatles ao fundo, simplicidade que nada tira, e aquele brechó com coisas esquecidas e a vontade de levar a geladeira vermelha de quase três mil reais para colocar livros. Mentira, porquê se eu tivesse três mil reais, não estaria aqui, não mesmo. A geladeira vermelha ficaria linda na casa de quem tem três mil reais para colocar ela lá, ficadica.

Uma tarde vivida e o inesperado cruza a consolação. No dia que eu estava feliz comigo, plena e certa, segurando a incerteza e sendo menos garota. Sem fugas que aumentam abismos e sem me jogar neles. Sentada, balançando as pernas e a cabeça com uma música qualquer. O café e as conversas que eu tenho com você e mais ninguém.

Outro ano vivido e as lembranças acendem o que começa, tudo sempre igual, menos o que muda. A vida se repetindo em ensaios inacabáveis sem lugares na platéia.

Uma garota intolerante, o all star, as mesas de bares esquecidos, a sinuca, a irmandade escolhida. A menina que cresceu um pouco e faz questão de manter no rosto aquele sorriso bobo das pequenas coisas que entregam felicidade. Eu e os meus detalhes nos damos bem e dos outros, fico com as diferenças que encaixam. A leveza da arte, das músicas, da vida e dos meus amigos piadistas em scraps.

Continuo valorizando nada e sorrindo para o pouco.
Até quem sabe quando.
Até quando for eu, as músicas, meus livros, alguns e o mundo.

Dois scrapês:
"Espero que seu dia tenha sido excelente! Que ninguém cole nenhuma figurinha nas suas costas nem amarre seus cadarços na cadeira! Heh..."
Rá, como se eu conhecesse alguém que fizesse dessas coisas de amarrar cadarços na cadeira ou colar todas as figurinhas de cadernos alheios nas costas de alguém. Quem fez isso? oO
haha. saudades

e o outro:
"Ah, minha querida garota chata!
menina sorriso colgate com a língua vermelha de vinho falando que gosta de Chico...
guarda chuva vermelho que me guarda da chuva...
i-pod rosa paty gay, tocando blues sujo...
baiana...
all star branco encharcado na paulista, que faz splosh quando pisa...
soroko do meu coração!"

O all star furou, o guarda-chuva (quase) quebrou, eu não bebo mais vinho, o ipod rosa não é gay, e o soroko vende sorvete de cupuaçu. As coisas mudam e as lembranças são iguais.


obrigada pelas ligações, scraps, mensagens no celular, abraços, e-mails, sinais de fumaça.
Sis e hermanito, amor.

bituôs

quarta-feira, abril 09, 2008

B-DAY

Me falaram: "se prepara, os dezoito foram e agora é só pedrada". Eu não me preocupo o mínimo com o destino, amor fati, ame o fardo, ame o destino, ame o que tiver que ser e o que é. Ame e com isso as distâncias e diferenças são minusculas. Se eu errei nesses anos, foi porque senti tudo com a força que a minha razão nunca conseguiu segurar, se eu acertei foi graças a essa mesma força. O sentir entorpece qualquer certeza, e de verdade, eu tenho a preocupação infantil e um total descompromisso com a facilidade das coisas. Ela me falou uma vez: "é suellen, quanto mais problema, mais esquema".

É.

Na execução aleatória do meu computador, a primeira música do 1.9 é minha versão mais adolescente, o acaso sempre dá uma força as incertezas.

And I'll miss your laugh your smile
I'll admit I'm wrong if you'd tell me
I'm so sick of fights I hate them
Let's start this again for real

Always - Blink 182



A FESTA:
Sexta, dia 11, no Juke Joint
15 reais
ingressos antecipados na Mint da Galeria do Rock e na Sick'n'silly da ouro fino.

Além de ser meu aniversário, ludov, tem o lançamento da segunda edição [impressa] do Susi não anda sozinha.


o flyer:



para ler direitinho, clique com o dedinho-inho-inho.

terça-feira, abril 08, 2008

MAIS

Todos as minhas fugas terminam no mesmo lugar, algumas coisas não saem de onde deveriam e vão para onde seria melhor descansar. Os mesmos círculos, outras pessoas, a mesma vida, outros lugares, os mesmos momentos, outras palavras. O eterno retorno, sabe?

domingo, abril 06, 2008

I keep running round in circles



Graças a uma ajuda dos céus e quatro gotas, eu durmo, bem, muito bem. E sonho, lembro dos sonhos, passo a manhã pensando o que é mais estranho: sonhar a noite inteira com uma única pessoa ou acordar sorrindo. Como se todos aqueles desconhecidos no meio das cenas fossem amigos distantes. É o fim das saudades dos dias possíveis e outra vez, caminho para onde dá, com quem dá. De volta ou por voltar, outras estradas o meu mesmo passo.

Me leva pra longe daqui, e escreva como só você escreveu, sorria como só você sorriu, ande como só você andou. Sozinha no ônibus, lembro de estações esquecidas, vergonha compartilhada, lembro de coisas que me fizeram sorrir no meio de lembranças. Você sabe, nós não teremos uma chance, eu me estabelecerei com alguma história velha, alguém como eu. Com os defeitos falando alto e as vontades soltas ao vento. E eu era tão ingênua, mas enquanto a chuva molhava as certezas o sol nasceu outra vez.

foto tirada por ela
texto adaptado dessa música e do vídeo eu acrescento: não seja idiota a ponto de deixar o cigarro cair no seu colo aceso, claro que eu não fiz isso sábado passado, hahaha. claro.

tag: Ficção

sábado, abril 05, 2008

BIG SIS

As pessoas que foram, as que voltam e as que usam o para sempre como identificação. E as costas, eu sempre achei que o fim representavam as costas, como os começos eram sorrisos e olhares bobos. Como é isso e a implicância antes do abraço que deixa tudo pequeno. As despedidas sempre doem, é sempre difícil ir e deixar que os outros vão. Eu já quis ir para longe, com a ilusão de te ter por perto, e hoje eu penso em todos que foram.

Despedidas, aeroportos, bares e festas. Penso em como gostaria de dividir sexta-feira com gente que não está mais por aqui. Seja por milhares de km ou por histórias terminadas. E os meus números já são de outros, e a minha vida já é outra, e a minha saudades eu troco por músicas e palavras.

O passado é como uma pessoa que não gostaria de ir, vai e volta cinquenta vezes, coloca e tira os sapatos, dá meus beijos intermináveis de uma despedida que não gostaria de chegar. O passado recente, com a saudades e a vontade de dar a cabeça o brilho eterno de uma mente sem lembranças. Tudo simples. Sem marcas, sem mágoa, sem mecanismos de fuga para usar da próxima vez. E a próxima vez chega a mais uma despedida. Algumas voltas anunciadas e eu só queria não ter que ir e perder ninguém jamais.

E os finais são recomeços, e a saudades marcas de alguém que sentiu demais muitas vezes.
THAT PARTICULAR TIME

Naquele momento em particular eu sentei com as palavras saltando dos meus dedos. E então eu ignorei tudo que me pediam para fazer. As vozes da minha cabeça enforcadas pelas cordas daquele momento.

Os sentimentos tinham me desafiado a ficar, naquele momento em particular, eu sabia que ia ficar. Nenhuma fuga possível seria completa e nenhum novo começo seria possível. Só podia ficar ou ficar. As alternativas válidas não usavam da razão para me fazer pensar. Meu estomago fazia carnaval no meu corpo, meu medos eram brilhantes, e a luz me cegou quando você entrou depois de tudo. Quando seu sorriso apagou tudo dito e ouvido. Naquele momento, em particular, eu deveria ter saído.

Eu estive pronta para investigar com você, te responder, e te calar com um beijo em um momento inoportuno. Nós achamos que um tempo tiraria as dúvidas, e então, eu decidi ficar e brincar com a pontas dos dedos. Naquele momento em particular eu achei impossível fugir.

Eu sempre quis pra você tudo aquilo que você queria para si. As águas do céu, o calor do inferno, a calma da terra, as risadas do paraíso. Eu continuei ignorando a minha inconstância, mesmo depois de tudo, eu continuei ignorando tudo. E fui ficando, me perdendo, se perdendo, te perdendo. E ainda deve ser duro acreditar que existe aquele momento em particular.

Junto ao meu caminhão de dúvidas, eu penso, que em um céu cheio de pessoas só algumas querem voar. E eu não sei se sou uma delas.


quatro gotas e o céu é o paraíso.
QUESTIONS

E eu mentiria se falar que não importa? Eu poderia provar para mim e para você se sorrisse mais? Como eu explicaria, se tivesse que fazer isso a alguém, como eu falaria que não posso, porque eu não posso mesmo. Não dá mais para ser mal interpretada. Falar a e entenderem z. Não dá mais e eu não poderia explicar nada.

Você me abraçaria se eu te contasse que precisei de um abraço? Você sorriria das minhas histórias e dos momentos que você não viveu? Porque toda aquela sabedoria não ouvida, e como eu posso continuar com convicção, como posso parar de rir das opiniões. Será que isso me afeta ainda?


Do you derive joy when someone else succeeds?
do you not play dirty when engaged in competition?
do you have a big intellectual capacity
but know that it alone does not equate wisdom?
do you see everything as an illusion
but enjoy it even though you are not of it?
are you both masculine and feminine?
politically aware?and don't believe in capital punishment?
do you derive joy from diving in
and seeing that loving someone can actually feel like freedom?
are you funny?à la self-deprecating?
like adventure?and have many formed opinions?
are you uninhibited in bed? more than 3 times a week?
up for being experimental? are you athletic?
are you thriving in a job that helps your brother?
are you not addicted?

...are you courios and communicative?


these are 21 things that i want in a lover
not necessarily needs but qualities that i prefer

Alanis Morissette

sexta-feira, abril 04, 2008

THIS WINTER I RETIRE

Olho para mim e me pergunto setenta vezes porque alguns se aproximam e outros voltam. Porque nesse momento eu preciso decidir entre continuar ou ir para o caos, que você me ajudou a organizar, que ajuda me lembrando que é impossível resolver tudo de uma vez, daí eu penso no quebra-cabeça, naqueles que ainda monto com a mini me e quando em uma determinada hora eu queria que eles tivessem vida própria. Ela teria o desenho montado e eu gastaria minha paciência com outra coisa.

O quebra-cabeça não se resolve sozinho, então eu fico sentada no chão da sala, com ela achando que aquilo encaixa em qualquer lugar. Então peço para ela buscar água na cozinha, tiro as peças desencaixadas da mini me, ainda tão criança e já tão grande.

O meu paraíso particular cheio de confusão. De pequenas confusões que eu alimento, crio, desafio, e depois penso nelas com carinho. Penso nisso e tento desorganizar minhas certezas para encaixar verdade. A minha vontade de ficar é inversamente proporcional ao que me mostram longe daí. Possibilidades e a falta tremenda de cumplicidade. O silêncio incomodo como não é com você. Os problemas com a fumaça e a minha intolerância para questionamentos sobre o meu modo de viver. Eu perderia tanto e resolveria isso de uma vez por todas. Tiraria esse peso das ilusões e do futuro.

Mas, sabe, eu não tenho o direito de colocar mais gente nisso, não posso com os outros, não consigo comigo. Então, outra vez, desculpa, eu não posso ser, hoje, o que poderia ser. Não seguro a sua mão sem que seja a sua na minha cabeça, hoje, eu não seguro mão nenhuma. Algumas coisas são extremamente insubstituíveis.

quarta-feira, abril 02, 2008

MINI ME

Esses dias a mini me perguntou o que era brochar. Deveria ter contado sobre o desabrochar das flores, o cheiro dos sentimentos, a falta dele. O que deveria acontecer, o que aconteceu ontem e o que fica para amanhã.

De uma jeito simples eu falei: tem um dicionário logo ali na minha mesinha, e com as risadas dela descobrindo o significado, foi a minha oportunidade de aprender a falar de coisas que eu nunca falo.
WITH COFFEE

Esperar nunca foi uma das minhas pequenas virtudes. O tempo dos outros sempre me desanimou. Isso, a paciência, e mais uma porção de coisas foram presentes seu. E hoje, no mesmo café, não é você que espero.

De tudo que jamais chegou a ser, eu levo o melhor. Tudo que é bom e para o que ainda sorrio. Você entregou outra garota pros outros. Uma garota que nunca foi sua, nem de ninguém. Cabeça dura. Estupidamente cabeça dura, certa dos meus erros que você não entende. Talvez tente ou não. Talvez. Com as ilusões mortas e novos passos. Até a próxima rodada, quem sabe um dia, até você.