terça-feira, abril 22, 2008

mágica...


Ela ficou na janela, escondendo as lágrimas enquanto ele se despedia do apartamento revirado. Olhava aquela noite linda e lembrava das que eles tinham tido. E de repente, como tudo sempre foi inesperado, uma chuva fina apareceu para selar a despedida. Eram finas como as lágrimas que teimavam em cair dos seus olhos. Olhou ainda mais uma vez para fora, até que se virou quando o viu a porta.

- ESPERA!

Era um pedido, saiu como um berro, e sem pensar ela segurou as mãos dele. Olhou no fundo dos seus olhos e falou. Tudo. Desde o começo. O dia em que o viu e achou que ele mentia, omitia do mundo tanta coisa boa que guardava para si. De um jeito egoísta, segurava palavras, frases, uma mente brilhante que ela notou ao ver seus olhos. Os mesmos olhos que via naquela noite e que a cada frase parecia viver. Ela tinha apagado tudo com as incertezas, tinha jogado toda vida pela janela na qual estava parada até o pedido, o berro, e as palavras saindo uma atrás da outra.

Ele diminuiu a distância dos corpos, interessado naquela voz cada vez mais fraca.

- Naquela janela pensei nos detalhes que você pregou nesse apartamento. Mentira, pensei nos detalhes que você desprende na minha vida. Em como sua voz, uma carta, um bilhete, ou só o pensamento em você tornam o dia mais suportável. Quando tudo, tudo, tudo dá errado. Como foi naquele dia do resfriado incontrolável e reunião importante. As suas piadas me faziam sorrir e foi o que me deixou inteira diante daquelas pessoas. Tossi um pouco, um ou dois espirros, desculpas pedidas e tudo recomeçava nas suas certezas. Longe ou perto. Eu sempre achei que não importava. Mas, te ver a porta me vez perceber quanto é tolo aquele que finge não se importar. Os beatles cantaram isso, hey jude... For well you know that it's a fool,
who plays it cool, by making his world a little colder.

Ele ainda a olhava e a voz praticamente sumia. Até que tomou suas mãos, a olhou e disse:

- É tudo, eu só o que precisava saber. E eu vou continuar. Com você e com os detalhes. Os pequenos detalhes nossos, só nossos.

Foram até a janela, juntos, abraçados, misturados. A chuva tinha aumentado e dos olhos dela caiam lágrimas de alegria no ritmo dos sorrisos misturados a música que faziam da cena: mágica.










the stories have all been told before