quarta-feira, abril 23, 2008

Falsa companhia

Naquela noite quente, andava por essas ruas com certezas amarradas ao all star, e a bolsa leve da vida que deixou para trás. Aceitou o presente, desenhou o futuro e deixou o passado com um cartão na mesa da cozinha.

Esperou ele repetindo na cabeça mantras intermináveis. Como se pudesse com aquilo convencer seus sentimentos que mais tarde seriam entregues a ele, em troca de paz, e colo. Queria ser acariciada como uma criança encontra o pai. Não era ele, era só a figura paterna ou o encontro calado que faria dela menos sozinha. Ele chegou sorrindo, arrumando a camisa, pegou na sua mão e juntos desceram as ruas. Trocaram passos com a solidão enquanto estiveram juntos. Mas ela sabia que não era ele. Não naquele momento, e ela tinha cansado do vazio do dia seguinte. Tentou em vão se livrar das mãos dele, a vontade era ligar para o dono dos seus pensamentos, reclamar dos dias de separação. Perguntar como ele via o amor e o que significava a vida. Queria ouvir dele as dúvidas, colorir a sua vida, rasgar cartas do passado. Reescrever a história desde o começo. Queria tanta coisa...

E fez.