terça-feira, abril 22, 2008

Sentido vazio

As frases eram truncadas pelos pensamentos inacabados.

- Tá vendo ali?
- Onde?
- No céu.
- Ah, sim, uma estrela.
- Ela é diferente,
- É uma estrela.
- Ela pisca, como...
- Uma estrela.
- Os seus olhos...
- Cansados e com olheiras.
- Seus olhos como as estrelas, piscam. São incognitas como elas, tenho tantas teorias quantos os velhos tem para as estrelas. O seu olhar indecifravel. O jeito que mexe com o cabeça para des.. arrumar o cabelo.
- O meu cabelo?
- Não, os olhos.
- Sim, meus olhos...
- E os seus cabelos.
- Você inteiro.
- Eu nunca fui inteiro seu...
- E nem de ninguém.
- Talvez tenha sido daquela garota no colegial.
- Sim, aquela que você não lembra o nome.
- Ela tinha o seu..
- O meu?
- O seu jeito...

(silêncio)

- E o amor?
- Amor?
- É daquelas coisas bonitas de ouvir...
- Melhor de viver.
- Você sempre teve medo, medo de voar, de amar, de ser feliz. Medo, deixou o medo entre nós quando poderíamos ser estrelas, deixou a vida passar enquanto ninguém mais existia. Destacou os nossos sorrisos da multidão para olhar mais uma vez. Fugiu de mim, de você e encontrou nele o que me garantia em sorrisos ser o amor.
- E era...
- Era? E agora?
- Agora? as estrelas, o jeito, o seu sorriso. Agora e talvez o tempo todo tenha sido: você.

Foi aí que as frases voltaram a fazer sentido.