domingo, agosto 28, 2011

freedom never greater than its owner

A vida vive se pondo, o sol e a confusão, a manhã seguinte fria e a noite quente, a tarde abafada e os sentimentos conturbados. Tudo se põe em movimento enquanto fico parada no balcão do bar assistindo aos que parecem mais perdidos do que eu ali, aos que discutem na mesa ao lado, aos que pertencem, aos embriagados e os que pedem a terceira saideira.

Fim de tarde, o sol ilumina a casa em raios desencontrados. E se fizermos da vida, um roteiro de cinema, aproveitamos o cenário para te contar do instante em que eu encontro um daqueles discos que queria dividir com você sorrindo contra a luz enquanto me acusa de ser sentimental demais. Sorrindo, me acusando, implicando e ao mesmo tempo, marcando o ritmo do som com os pés até que interrompe o movimento com um ar sério, me encara e só então estica os seus braços para encontrar o meu corpo, me abraçando e colocando mais perto. Mais perto do seu rosto sorridente, da sua vida, do seu jeito só seu de ser.

Queria que você fosse viajar com os meus amigos e estivesse nos momentos mais engraçados. Queria que você fosse conquistado e conquistasse cada um deles. Queria te contar as histórias, os momentos, o que faz cada um ser especial e que você não me julgasse por ter os mesmo amigos há tanto tempo. Não julgasse a minha dificuldade em me entregar, em confiar, em chamar de amigo apenas tão poucos já que coleciono tantos conhecidos.

Acho que o problema é esperar alguém que caiba no meu sonho. Alguém que não é mais quem um dia, eu sonhei. Alguém que eu não conheço, alguém que já não sei quem, só alguém... pra mim.

terça-feira, agosto 23, 2011

Entre canis

O mundo se refaz em cumplicidade, essa vinda das amizades mais profundas, dos sorrisos mais intensos, da verdade que se esconde dentro das risadas que se multiplicam ao vento. E, nos multiplicamos, iguais e diferentes, metades e inteiros, muitos e vários, cheios das mais diversas histórias, vestidos das mais belas diferenças. Nos escondendo, jogando, fazendo birra, se perdendo enquanto nos encontramos. Seria mais fácil se pudéssemos anular a falta que se sente em um momento de extrema embriaguez. Quem sabe assim pudéssemos fingir melhor que nada se sente quando os sentimentos se embriagam de lucidez.

Mas, é só pensar que eu quero desfazer os jogos e fechar os pesares. É só pensar que me sinto leve outra vez. É só pensar... e eu sei... não é mais você.

segunda-feira, agosto 22, 2011

Não digo que não sinto falta

Tem dias que o mundo parece mais hostil e a vontade é ficar em um lugar onde só ouça a sua voz e a dos passarinhos, a das melodias leves que escolhemos para aquecer o frio da solidão que corre lá fora, de tudo que corre, por fora. O dia, as contas, as impossibilidades, as frases nunca ditas e as nunca ouvidas, o que faz falta e se cala, o que cala e por isso faz falta, a sua falta. A falta do melhor de mim que só encontro com você por perto. O peito dói e sinto um nó na garganta. Tudo parece ainda mais hostil quando a sensibilidade simplesmente se espalha por todos os poros. Transbordo as lembranças e faço do passado um veneno letal. Mato, sem querer, o presente enquanto massacro as minhas relações fragéis graças a sua onipresença em todas as minhas expectativas.

Eu, criança habitando vida de adulto, me faço menina diante do que é vão. Te vejo partindo e me roubando o chão. Tenho medo das minhas perguntas porque não sei se quero conhecer as suas respostas. Queria saber da sua vida agora. Mas, temo já não caber mais nela e me forçar, mais uma vez, a partir. Me reparto em partes minúsculas enquanto me largo a seu bom guardo. Te peço, sem palavras, que saiba, mesmo que nunca de fato: é sempre você.

E, então, me perco na madrugada, sem nada de verdade, esperando que o vento me sopre para longe... de ti. E, por sorte ou por tempo, eu esbarre em outro mundo onde o seu não caiba. Torço para me sentir plena, mesmo que me doa o fato de passar você. Por fim, espero que da dor sobre a doação do amor que não coube.

domingo, agosto 14, 2011

Quase uma guerra

Achei que tinha passado até você voltar a habitar os meus pensamentos. O acaso colocou em prova a minha doce ilusão de esquecimento e então tudo veio a tona, outra vez. É claro, existiram os momentos que a paz era maior que as lembranças, que eu acreditei na plena substituição, no ato de um outro alguém tirar você de mim ou me tirar de você. Só queria ser capaz de me desvencilhar da sua capacidade de fazer tudo desmoronar ao meu redor pela simples menção do quanto tudo parecia completo com você por perto.

Quero respeito quando decidir que a tristeza é a minha companhia na tarde de domingo fria. Quero carinho quando quiser uma semana inteira quietinha. Quero alegria quando os amigos se cruzarem e a vida for festa. Quero alguém que me conte os livros que não li e me deixe interessada em tudo que ainda não vivi. Quero alguém que desperte em mim os sete mares e me liberte ao vento. Quero os sonhos de Ícaro com a inteligência de Galileu. Quero só deixar o meu passado, passar, pura e simplesmente. Um passo de cada vez em pequenos gestos que iluminam o futuro. Fim de semana com gosto de paz e batalha vencida. Vamos adiante, vida.

quarta-feira, agosto 03, 2011

Pode parecer óbvio

É claro que sinto falta. Daquele jeito seu de me acalmar e do jeito que tudo parecia paz ao seu lado. Sinto falta do jeito que eu era paz ao seu lado, de comentar um dia difícil de trabalho enquanto você absorvia os meus aborrecimentos para me devolver em risos uma dica qualquer que poderia ter tornado tudo mais simples. E, no dia seguinte, quando algo sem importância viesse a me aborrecer, usaria a sua dica que se fez em sorrisos breves.

Sinto falta de me apaixonar. Sinto falta de me sentir uma adolescente e dos textos, das músicas, da vida, da entrega, do sentir algo que não a falta.

Me encontro diante de uma vida inteira de possibilidades e me entrego a novos sorrisos, novas perspectivas, novas expectativas, novos momentos e segredos compartilhados. E, a grande novidade é que por não ser mais indiferente, você se faz presente... Mas, não é mais você quem me faz falta, são as coisas boas que senti por você e que podem se renovar, se refazer, se reencontrar com um outro alguém. Alguém.