sábado, maio 26, 2007

TEMPO

Me achei e me perdi. Vivo entre perdas e achados. Sou assim. Me acho e num pulo já não sei onde me esqueci. Esqueço. A vida, as coisas, os números. Esqueço. Simplesmente apago coisas da minha memória. Entre estas coisas vivo indo e me perco. Vago sem rumo nestas ruas frias desta cidade congelante. Fria, só, sombra. Largada a minha própria sorte remoendo passado, presente, futuro. Bêbada de sentimentos misturados. Em uma embriaguez constante. Sempre bebendo o gole de amanhã antes que ele anuncie a chegada. Pulando etapas, comendo sonhos e engasgando com esta realidade filhadaputa.
Me ouça, eu sou uma farsa, uma grande e descolorida farsa. Nada na cabeça. Algum liquido qualquer em um copo. Qualquer não. Conhaque. O que aquece meu sangue e borbulha nas minhas entranhas. O que me dá a desculpa de amanhã. O meu mais novo amigo culpado. Eu sou uma farsa. Isto que você esta lendo pode ser produto da minha cabeça e a idéia não é te enlouquecer. Escrevo pra me libertar de mim. Consumir quem me consome inteira. Não tente me ter. Não tente me parar. Não tente.Te olharia nos olhos. Amarraria você com minhas verdades. Te comeria inteiro e depois o deixaria virar matéria-prima. Não tente. Não me tentes. As pessoas perderam a noção do perigo. E o perigo sou eu. Tenho o dom de enrolar tudo. Dar nó nas pessoas e deixar que o tempo nos afaste. O tempo me afasta cada vez mais de mim. Mal sabe o tempo filho da puta, que carrego comigo uma cordinha, vou soltando com os meus passos. Sei como voltar, sei, tempo. Você corre. Faz eu me perder. Mas eu sei quando é hora de voltar. E não é agora. Eu vou conseguir as coisas que minha cabeça sonhadora fantasia. E quando todas estas coisas estiverem aqui. Eu puxo a corda e transformo tudo numa coisa só. Enquanto isto. Tempo, larga do meu pé. Que eu vou ali me perder mais um pouco.
SEM O NUNCA

Nunca. Me recuso a usar esta palavra. Simplesmente não consigo aceitar. Nem entendo como a colocaram no dicionário. Em tempo nenhum, jamais, não. É assim que aparece o nunca no meu dicionário de estimação, eu já avisei que sou bizarra e tenho coisas estranhas de estimação, e um dicionário é uma delas. Só queria saber o que esta acontecendo com a humanidade e a minha pessoa simultaneamente. Elas estão se entendo, só esqueceram de me avisar e de me mandar uma vaga de emprego. Mas é o nunca que está em questão. E o meu repúdio por ele.Tenho arrepios e não são dos bons, quando ouço pessoas destilando veneno e o nunca nas mesmas frases. Nunca fiz. Nunca farei. Nunca usarei. Nunca. Acho que preciso ter aula de como prever o futuro com estas pessoas. Ou de como viver de forma previsível. Não sei. Não trabalho com o nunca, obrigada.
E o sempre, só mais tarde.
Até que o nunca me separe, continuarei escrevendo e não entendendo nada. Ou até NUNCA.

SEM NOÇÃO

Tudo se foi. Fez-se em pacotes e se foi. Nestes pacotes foi-se também a noção de algumas pessoas. Gente sem noção. Nenhuma. Nenhuma, mesmo. Eu vejo uns quaisquer falando 'meus fãs' e penso pera lá. Você é quem? Faz o que? Escreveu que nem um filhodaputa pra pagar a pensão? Bebeu álcool zulu? Fumou haxixe pra anestesiar a boca? Não? Ah tá. Não tem fã. Não tem esta de fã. Eu odeio a palavra fã. Me lembra fanatismo. E fanatismo é burro e cego. Odeio admiração cega, por isto sou uma filhadaputa, com quem admiro. Por isto a clarah deve me detestar. Por isto discuti 3 anos com a Astrid, mas hoje ela fala de mim no programa da Marília Gabriela. Pau no c*. Porque as pessoas passam. E eu já agradeci o suficiente, pela última vez obrigada, e se rolar um empreguinho eu retiro o pau.
Odeio a palavra fã. E eu não sou fã de ninguém. Pago paus desmedidos pra um monte de gente. Da música, das letras, de porra nenhuma, de gente arrogante e cercado por uma leva de idiotinhas de 12 anos. É gostoso de ver.
E esta coceira de filhadaputa no braço por causa da agulha. E nem é de droguinhas. Porque eu não me furaria para isto. Quase arrisco um nunca. Mas eu não trabalho com esta palavra. Não tem coisa mais detestável do que agulhas. E agora eu estou com um roxo, um rombo e uma coceira monstra na veia. E o resfriado continua aqui. LINDO.
Tem mais um monte de pacotes aqui no canto do meu quarto. Vou passar aquela fita marrom grossa e despachar junto com o resto da noção dos seres humanos. Fui.

SEM PARAR

Aqui, com mais frio do que o comum. Com as mangas levantadas para não atrapalhar meus dedos congelados de transitarem por este teclado.
Não sei o que trava minha cabeça. Não sei o que trava o coração e a coragem das pessoas. Pra mim tudo merece ser vivido. Subo no precipício e me atiro do alto. Vivo morrendo aos poucos. Já morri tantas vezes, simplesmente, porque me deixo cair. Me permito a queda e aprecio o abismo.
Dispenso a caixa de lenços e as noites de alegria fingida. Troco por alguns segundos de felicidade. Aquela de quem dá a cara a tapa. De quem tem todos os motivos racionais do mundo para viver uma vida morna. Mas prefere o calor do inferno. Prefiro pegar fogo no inferno a ver minha alma na temperatura ideal. Quero mais, quero o além, o que ninguém tem. Quero os boêmios, os bêbados, os sujos e marginais. Quero o irreal. O que não existe ou o que não percebi ainda. Quero o ainda. O que ainda pode acontecer. O que ainda vai acontecer. Porque não sento e espero. Corro. Levo minha gastrite e carrego minha vida. Não paro. Simplesmente não consigo. Não consigo parar. O mundo não me para. Você não me para. Ninguém me para.
E eu não paro. As coisas me empurram. As palavras me empurram. O irreal me empurra para mais um abismo. Não fico no topo. Eu pulo. Caio. Fico imóvel. Atada, atônica, fico. E quando tudo passar. Quando a tontura se for. Levanto e continuo. Eu, sempre, continuo.

quarta-feira, maio 23, 2007

DEIXA, ME DEIXA

Preciso me mandar. Sair deste quarto. Desta cabeça. Deste corpo. Vagar com minha alma de mãos dadas. Estou pressa. Jogada no canto de uma cela suja. Pregada a pensamentos desconexos. Medo. Eu tenho medo, assim com todas as letras, eu tenho. Não me nego. Nem vontades, nem feitos, nem nada. Simplesmente assumo. Cada passo em falso. Cada amor passado. Cada loucura que me monta inteira de verdades inventadas.
Mas já chega. Chega de inventar. Não é assim, não vai poder ser assim para sempre . Não terei este teclado a vida inteira e nem esta vontade de escrever. Não releio. Coloco o corretor automático pra tapear os acentos que como nesta gana por pregar palavras na vida. Queria impregnar ela inteira de palavras. Escolher só as que quero usar. Não dá pra ter tudo. Para, volta, começo da fita. Uma menina sozinha, sempre sozinha, é o mal de ser filha única tanto tempo. Você se acostuma a fantasia de ser só. Adolescente rodeadas de pessoas. Pessoas mutáveis. Grupos. Pessoas. A quem eu engano? Quem acha que estar rodeada de gente é estar completa? Quem queria ser como eu?
Esquece. Pode ser que você se encaixe, se enxergue, pense igual a um ou dois textos. Mas tem muito mais aqui que é tão meu que não abro nem para mim. O inconsciente inteiro cheio de passado. Passado. Passado.
Saudades só sobra ela. Elas preenchem os buracos todos. Como algodão. Como algodão que colocam nos buracos das pessoas antes de enterra-las. Vou arrancando os algodões no dente e deixando doer. Deixa. Me deixa.


*importante:
Subi os três últimos textos às 3h30 da manhã ao som de main theme da trilha de requiem for a dream no repeat. Eu não vou reler, mas não vou, mesmo. Então, qualquer erro pede-se seja perdoado.
Obrigada
A direção

eu vou morder o insert. EU VOU! Inferno de tecla.
QUEM ME CALA?

Eu não sou de ninguém. Não sou porque esquecerem de colocar um manual de instruções quando me fizeram. Não existe manual e ninguém é capaz de me entender. Ninguém. Nem quem acha que entende tudo o que eu falo. Ou entende de verdade quem eu sou. Eu não sou nada além de um emaranhado de palavras querendo fazer sentido. Não sou nada além de uma menina que se guia por um teclado. Não sou. Não adianta tentarem me fazer melhor do que e possível me convencer de que sou. Não tem cabelo bom, roupa boa, gostos bons. Nada dá jeito. Porque eu desacredito. Não sei ser de ninguém. Não sei. Não quero ser. Não vou ser. Ouviu? Ouviu? Não tente me parar. Ou tente. Mas, se for tentar, consiga. Cale minha boca e a minha cabeça. Segure meus dedos e meu cérebro me deixe tão perto de você que não conseguirei mais respirar sozinha. Me prenda. Segure minhas mãos. Meus dedos. Meu olhar. Não me censure, jamais, odeio que o façam. Eu sou minha, minha com certidão assinada em cartório e firma reconhecida. Nada me para. E eu sei, sei mesmo, que se eu quiser de verdade uma coisa, lá dentro, bem fundo. E se não for só para mim. Eu consigo. Porque eu preciso de outros. Não consigo pensar só em mim. Nem sei se eu existo ou se sou fruto da minha imaginação. Não sei. Imaginação, como a tenho. Tanta. Fértil e recheada de clichês. Porque a vida é um grande clichê redondo. Bolo de merda. As merdas todas dos certinhos, dos errados, dos bonitos e dos feios. Merda. Um monte dela. Minhas merdas e meu teclado conversando num compasso desigual. Não, eu não sei ser só. Não sei. Não sei. Não sei mais o que me prende. Nada. Ninguém me tira as palavras. Preciso de alguém que as leve daqui tão longe. Alguém que me dê paz. Você. Simplesmente você.
QUALQUER SEMELHANÇA PODE NÃO SER MERA COINCIDÊNCIA


Estou presa a arquivos de uma outra pessoa. A pessoa que escreve tudo que eu seria incapaz de colocar em palavras. A pessoa que conheci numa quarta feira como qualquer outra. Não era como qualquer outra, eu tava com os nervos fervilhando depois de ficar fazendo a progressiva do inferno. Peguei um ônibus, fiquei sentada nele mais de uma hora. Quem tem a brilhante idéia de ir do interlagos até a vergueiro de ônibus, além de mim? Ninguém. Mas lá ia eu, andando naqueles ônibus que jamais chegava a lugar algum. Passei do ponto, que novidade, passei e tive que pegar outro ônibus. Cheguei até o começo da vergueiro. Eu e minha cabeça andando por ali. Até lembrei que minha prima faz uma faculdade ali perto. Lembrei, porque não queria vê-la. Cheguei cedo, era muito cedo ainda. Fui tomar cappuccino e ouvir os meus pensamentos sussurrando algo como: "vai pra faculdade, é aula do faro, vai pra faculdade sai daí, corre" não ouvi, nunca ouço. Continuei ali com uma grande xícara de cappuccino vendo alguns rostos conhecidos. Ali.
Ela entrou exatamente como eu achei que fosse. Não tinha uma fantasia. Eu odeio fantasiar as coisas. Era ela. Só ela. E ela começou a falar e procurar os rostos. Observar. As pessoas fazem isto. Ela faz isto. Fazíamos isto. Mas daí eu caguei no pau como sempre e pronto. Chega de romance. É vício, é medo, é estranho mas é real. Alguém já escreveu tudo que eu penso. Mundo injusto.
Ela ou eles todos. Alguém já escreveu. Mas eu não sou nada original. NADA mesmo. Então foda-se em fila indiana quem me censura. UHU!

domingo, maio 20, 2007

SEM SABER

Ouço a mesma música um milhão de vezes sempre esperando a hora que a letra começa. Não começa. Não começa nunca. Simplesmente porque a letra não existe. É uma melodia, só uma melodia doce, ecoando em notas que a minha pouca capacidade técnica para qualquer coisa não me deixa enumerar em uma analise profunda. Eu gosto, é eu gosto dessa doce melodia, algumas outras faixas do cd tem voz. Uma voz que de tão linda me arrepia. Arrepia de verdade e me leva pra longe. Me joga na sarjeta sozinha com meu coração. Seguro meu coração com uma das mãos e com a outra ajudo a forçar um sorriso. Este o qual carrego neste rosto que não sabe o que é dor, ou sabe tanto que a maquiou, tão bem, que precisa manter uma das mãos livres para retoques no caminho.
O bêbado da rua. O otário que fala mais do que sabe. A atendente cansada e chateada. O cara do caixa na balada. A menina rica que anda pela oscar freire. O menino que se esconde atrás de um livro no ônibus. A menina que toma para si toda a atenção que não consegue dar. O ator encenando a vida que gostaria de ter. O cantor que fica nu todas as noites de alegria alheia. O compositor que coloca em um papel suas desgraças. O escritor que usa sua vida de matéria-prima. O roteirista que sonha as verdades da vida de alguém. As pessoas. Todas elas. Todas diferentes. Cor, credo, classe social, profissão. Retaliadas pela solidão. Não está, visível, que acomete os meus escritores malditos e sagrados numa contradição muda que é só minha. A solidão do caminhar. A solidão do carnaval. Engana-se quem diz que solidão é um fim de tarde no topo de uma montanha desacompanhado. Engana-se, meu caro. Solidão é estar entre milhões de pessoas e não entender nenhuma. É não parar e falar "uow" pra ninguém, e todo mundo deve achar que o 'uowww' tem que vir com apelo sexual. Não, não tem. Conheço milhões de pessoas 'uow' e nem por isto peguei nenhuma delas, me apaixonei, confesso por quase todas. Minhas relações são de paixão. Pela vida, pelos amigos, por algumas coisas e algumas situações.
Adoro sentar na minha cadeira com uma das pernas suspensas e a outra se apoiada na mesinha e colocar pra fora o que me come por dentro. Palavras. Um monte delas. Vazias por si. Ou não. Engana-se mais uma vez quem não acredita nas palavras. Elas tem cor e forma. Podem ser carregadas de sentimentos e associadas a muitas outras resumem minha vida. Resumem, tentam resumir. Palavras são presunçosas como só elas. Eu? Eu sou mais uma. Só mais uma que queria um puta emprego, estágio oka, mas um puta estágio com uma coisa que me desse burburinhos todas as manhãs frias. Uma pessoa legal pra dividir. Uma casa no campo pra ficar vendo os bichinhos se multiplicarem e serem felizes. Um apartamento nos arredores da paulista. Passar as horas vendo a vida pela janela. A vida das putas, dos artistas, dos loucos, dos amantes, dos enamorados, das pessoas vazias, da minha vizinha de cima que me daria coisas (vizinhas velhas dão coisas para moças sozinhas) é quase uma relação de cumplicidade elas entendem o sentido de solidão. Elas e eu, às vezes, acho que a peguei pelo pé e trouxe num puxão só para perto. Não me incomoda, quando incomodar, prometo, dou um jeito. Enquanto isto, vivo meus momentos todos em fila indiana. O próximo? Xiu, eu não conto nem pra minha razão qual será, e eu confesso aqui em silêncio: nem eu sei. NUNCA sei mesmo.

ps: as músicas todas são do zero 7
SANGRIA

Aqui dentro tão fundo que não sei se conseguirei sair sem ajuda. Eu e o vírus todo que me consome e me faz sentir fraca. Atchim. Nestes momentos me sinto tão impotente. Não tenho a fórmula mágica que resolve os problemas de todos os meus amigos. Não posso colocar todos aqui dentro e fechar junto comigo. Seus folgados, porque vocês ficam por aí se estendo em vidas quaisquer, venham para cá. Vamos conversar, ouvir música, tentar entender a vida, olhar a lareira. Tá frio e não é lá fora. Atchim. É aqui dentro. Não tem ninguém com um isqueiro fazendo sombra. Nem um copo. Nenhuma verdade. Tô aqui jogando meu jogo sozinha. Pessoas, cadê elas? Cadê as pessoas que tem alguma coisa dentro dos olhos. Cadê as pessoas que sofrem quietinhas só porque é mais fácil. Cadê as pessoas que tem coragem.
Cadê quem rouba meus pensamentos todos. Ninguém. É pra todas estas perguntas só há o ninguém. Nem um amor inventado pra passar o tempo. Atchim. Nenhum momento mágico pra ficar em loop na minha mente. Viver em loop é perigoso. Pra caralho. Não aconselho. Atchim. Ou talvez aconselhe. Aconselho a todos viverem. Chega de tanta coisa entravada. Sai de dentro da sua cabeça antes que ela te engula. Sai. E vem aqui, puxa a cadeira, senta, coloca uma música boa. Vamos ouvir amy winehouse e deixar doer. Deixa doer. Deixa. Sem band-aid. De uma vez só. Atchim.
Sangria. A febre vai diminuindo. Seu corpo inanimado e agora te deixo ocupar minha cama, minha vida, pára um pouco, fica. Conversas, palavras, verdades. Atchim. Gostei de você. Eu gosto de pessoas gratuitamente e estas são as pessoas que mais gosto. Fica. Atchim. Pega uma taça. Bebe e fica. Só fica. Atchim.

é, é um texto resfriado, atchim.
HAVE FUN

A vida que tive assoprei junto com as velas do meu último aniversário. Dei o start de uma coisa nova que tá se formando, vivendo, respirando e se guiando por si só. Minha vida tem vontade própria e eu sou toda ouvidos.
Não sei viver neste mundo de puta gente louca. Preciso olhar no olho e ver uma pessoa lá dentro. Trocar palavras, ser ouvida, ser xingada. Preciso de gente. Pessoas com capacidade de indignação. Enfiam o espeto na suas costas e você simplesmente dá um passo a frente? Caralho, berra com o filhodaputa, que fica enfiando coisas sem gosto bom em você.
E depois se diverte. Se divirtam. Por favor. Se divirtam. E diversão é uma coisa extremamente relativa. Eu me divirto vendo filmes, lendo coisas de gente foda, ouvindo música, bebericando com amigos velhos e os que conheço nessa situação, em baladas, na vida. Porque as vezes me pego rindo das minha próprias desgraças.
Viver dá menos trabalho e cansa menos.
VIVAM!
PASSADO, PRESENTE, FUTURO

Cidade fria. Ar sombrio. Fantasmas. Felicidade em pó. Momentos instantâneos. O nada que não ilumina. O tudo que dá aquela mesma sensação de nada ter. Fico aqui, hoje, sentada escrevendo minhas palavras todas, com uma dor de garganta chatinha e os pensamentos flutuando em várias pessoas que desconhecem fazer parte de mim. Eu sou assim, quietinha, tímida embora muitas vezes possa não parecer. Falar é o meu jeito de não me prender aqui dentro tão fundo que não ache nunca mais a saída. Escrever é o jeito que encontro pra ficar nas pontas dos pés e olhar pra fora deste buraco que sou eu.
Não adianta falarem que é drama. Talvez seja mesmo. As vezes, só as vezes, gosto dos meus probleminhas enfileirados, das minhas neuras e de todas as minhas crises que bebo diluídas em álcool quando tento esquecer por uns instantes quem eu realmente sou.
Sem grandes dúvidas. Dezoito anos. Nenhum emprego. Alguma vontade de arrumar um e a crença de que não quero vender meu cérebro, troco horas por reais, desde que meu cérebro continue propriedade privada e só estuprado por vocês, meus fantasmas. Venham a mim todos vocês. Armados até os dentes com meus medos todos. Vamos nos enfrentar nesta noite fria. Eu dou as cartas. Acomodem-se. Sentem-se. Sirvam-se do vinho da mesinha. Não toquem no meu teclado, nem cheguem perto dos meus livros, larguem meus cds. Tirem as mãos de mim. Não me toquem, obrigada. Não, não, não fiquem perto. Falem de longe. Sem mãos, sem gestos grandes demais. Cuidado, não derrubem nada. Não sei o que sustenta o alicerce.
Ouçam, este é o tiro inicial.
O passado. Você filhodaputa que aparece todas as manhãs solitárias. Você que teima em me lembrar o quanto foi boa a vida que tive. O quanto era bom ser criança. Você que me lembra todos que passaram. Você, filhodaputa, que me traz ele, eles, todos eles enfileirados em lembranças. Os rostos, os gostos, os gestos. O gasto. Passado, vai. Mas vai pra longe de mim e me deixe viver sem lembranças. Nas manhãs frias só me contemple com cheiros, porque eu gosto de cheiros, não dele, nem de nenhum deles. De flores, da natureza morta e a viva que estão tão longe agora.
Presente. Você que não me deixa dormir. Você que não larga a mão do futuro. Você que teima em queimar etapas. Seu filhodaputa. Presente, você não deve ser assim tão apressado. Larga a mão do futuro e me deixa viver uma coisa de cada vez.
Só sobrou o dono das minhas tardes e das minhas aulas noturnos. O futuro. O que não consigo enxergar. Pro qual não tenho planos. Nenhum. Talvez só uma vaga idéia na cabeça e um gosto ímpar pelos dedos no teclado. Futuro, se apresente e represente. Se mostre, me mostre, me guie e faça de mim o seu melhor emprego. Futuro. Caminhemos um ao encontro do outro como todas aquelas coisas mágicas e inexplicáveis que vejo em filmes.
Vocês três se revezando em um compasso desigual. Mudam minha vida a cada respirar. Isto quando me deixam respirar. Quando um de vozes não resolve parar bem no meio da minha garganta. Travar minhas palavras, guiar meu olhar, confundir meu coração. Como vocês conseguem fazer isto tanto e tão bem? Só tenho a certeza de que um dia enfio tudo isto numa garrafa e bebo vocês de uma vez só. E neste dia. Passado, presente e futuro se dissolverão num momento bom. Enquanto isto não chega. Continuo aqui, com uma dor chata, ouvindo alguém cantar minha vida numa voz que me arrepia a alma. E sem você. Onde está você? Só queria o seu cheiro pro passado exalar amanhã pela manhã. Só.

sábado, maio 19, 2007

BE YOURSELF

Você vive todos seus dias arquitetando um amanhã. Como se isso fosse possível. Você vive todos os seus dias pensando em alguém para dividir. Como se ele fosse possível. Você vive todos os seus dias pensando em roupas e sapatos. Como só isto fosse possível. Você vive seus dias dividindo-os entre obrigações, textos, músicas e pessoas. Como se eles fossem possíveis. Você vive com medo de se tornar todos os idiotas de quem você ri silenciosamente. Como se isto não fosse possível. Você vive pulando de sonho em sonho. Como se isso fosse preciso. Você vive cantando alto como se ninguém a ouvisse. Como se isto fosse o que você quer. Você vive gritando baixinho, olhando todos e procurando quem a entende. Como se alguém não entendesse. Você vive como se fosse possível só que o é impossível viver. Be yourself.

Live fast and die pretty.

minha vida, minhas notas, meus medos, minhas vontades NADA absolutamente NADA tem explicação. Contradição? A todo segundo e a cada meio segundo que passa. Eu me contradigo inteira e isto não é pecado e se for fodam-se todos os pecados em fila indiana.

sobrevivo e não reclamo, pouco, de não ter ido ao resfest.

sexta-feira, maio 18, 2007

NO CHOICE

Ontem me perguntaram uma coisa. E ela ficou ecoando na minha cabeça o resto da noite. Na hora desconversei, disse que simplesmente não era nada daquilo. Não é nada daquilo, este não é realmente o ponto. Não vivo pra escrever, mas escrever serve para eu viver. Serve. É usado. Sugado. Puxado. Como uma puta que é arrastada pelo cabelo, por aquele cara idiota não sabe a diferença de uma mulher e um avestruz. Eu não sei a diferença de escrever e esconder as coisas. Pra mim é uma coisa só. Eu sou uma coisa só. Grande e estranha. Desajeitada. Me debatendo em pequenos espaços. Procurando. Vivendo. Respirando. Querendo ficar sozinha em casa com uma garrafa de conhaque (sim, eu adoro conhaque, desde quando eu gosto, p***a). Às vezes, eu me sinto tão cansada. Queria me prender numa redoma de vidro, a la sylvia plath, o meu respirar embaçando tudo, sem deixar ninguém ver de fora o que há dentro e sem que possa ver quem está fora. E se você devagar chegar virando a manga da blusa pra tentar desembaraçar o vidro espesso de proteção imaginária, deixo esta bolha e sigo até você.
Acredito em amor. Claro que acredito. Em todas as suas formas. Mas, principalmente nas formas que imaginei. Verdade. Carinho. Respeito. Sinceridade. Conversas. Mãos. Pernas. Gostos gastos. Cheiro vários, todos quase como um só. O seu cheiro.
A verdade. Eu acredito mais na verdade do que no amor. Deve existir uma verdade a qual tudo explique, os mais românticos diriam que esta verdade é o amor. A razão que o coração desconhece. E todo o mimimi que eu respeito porque eles tem licença poética. Tenho uma vida ideal, mas nada se aproxima disso, seria como viver na teoria, e eu não sei seguir teoria nenhuma, nem de vida nem de nada. Vou na prática. Me jogo do alto sem cordinha de proteção. Olho para cima e dou risada. Como consigo viver fazendo isto, meu deus. Como não aprendo que preciso cuidar dos meus ossos antes que eles se quebrem inteiros. Preciso cuidar dos meus olhos antes que eles ardam tanto e eu jogue soda num âmbito de loucura. Preciso cuidar da minha vida antes que ela vire um emaranhado de textos e só. Assim como você virou um sonho bom e só. Assim como outro você me tirou umas lágrimas silenciosas e virou um ponto e só. Assim como todos vocês juntos deixaram uns cheiros misturados aqui e só.
Vou contar o final. Mesmo que tenha achado brilhante um texto que li, no qual dizia que a gente vive querendo contar o final, sem ao menos saber se ele existe. Eu vou contar o meu final, o final ideal, aquele teórico que vocês sabem não faz parte alguma da minha realidade. Vou enfiar todos meus sonhos num copo, todos meus gostos numa garrafa, todo meu amor num comprimido. Andar com eles a tira-colo. E quando encontrar você. Vamos tomar, juntos, tudo de uma vez. Depois, vamos sentar com uma garrafa de conhaque e falar do antes, agora e o depois. Isto em uma noite, por uma noite, vou sentir tudo que todo mundo canta, fala e escreve. E neste dia. Neste dia, fodeu, não serei mais eu. Terei você lá dentro do meu buraco. Lá dentro. No choice.

quarta-feira, maio 16, 2007

PRAZER, SUELLEN.

Amor precisa sair do imaginário das pessoas. Passar a ser uma coisa com dentes. Mãos. Ofegante. Sem suspiros, suspiros mais não. As pessoas acham que no fim aparece uma coisa mágica que as salvam. Tá todo mundo tão doente, a procura de um remédio. Uma pessoa só para isto. Ser o remédio, ser o seu placebo, aquela coisa vazia que você toma com a ilusão de que trata suas doenças todas. Não, não trata. Não existe alguém para tomar que te cure. Não existe cura. Nem salvação. Talvez as músicas, uns textos, alguns amigos. Mas isto é só até a próxima vez que você quebre a cara. E não é bater a cara na porta de um coração. É subir BEM alto e quando olhar pra trás ele não te seguiu. Ficou lá embaixo se embebedando. Sem as suas neuras, sem os seus medos, sem suas verdades. Sem você, sozinha, qie queria apenas dividir o pôr-do-sol. Ele está lá embaixo e você mais uma vez vai na ponta do abismo. Só sobra o salto, você salta. Sempre saltamos. Não há amor, paixão ou o que quer que seja, sem entregar a vida pra morte. Dividir é sempre deixar morrer alguma coisa. Não que seja ruim, algumas pessoas especiais tiram toda a sua parte podre e você nem percebe. Quando chega o fim e aquele ritual belo de coisas que você nem ao menos acredita sendo ditas só porque neste momento a idéia é agredir. O respeito, este mesmo que é a base, se esvai. Dá pra sentir o ódio e o rancor entre pessoas que disseram tanto tempo se amar. Dá pra sentir dó dessas pessoas que não aprenderam o desamor. Não é necessário odiar para deixar de amar. Um pouco de respeito, pelo passado, por aquele passado que vocês ostentaram como a perfeição. O amor não acaba, se transforma. Como na química nada se perde, tudo se transforma. Sem gritos. Sem dor. Sem sofrimento. Sem verdades cuspidas em palavras todas. Com mais dialógo. Conversas honestas. Se não for assim. Amor é coisa chata. É calmaria. É uma calmaria muda. E o que seria de mim sem meus gritos? Pessoas que namoram quase sempre são chatas. Esquecem da vida, do mundo, da política, da nação. Vivem duas vidas quando nem sabem manejar uma. E ainda tem a posse. As ligações desesperadas interrogando lugares. Esquecem os amigos e o que é encher a cara só porque sim. Na primeira briga o mundo cai e elas começam a perceber que existe vida além daquele conto de fadas que criou para si. Se amor é conto de fadas, eu passo. Se amar é esta calmaria frigida, eu passo. Se amar é posse, eu passo. Se amar é ter você só para mim, eu te deixo. Eu acredito em amor. Que isto fique claro. Só não acredito nesta fórmula. Nem nesta e nem em nenhuma delas. Não entendo como as pessoas dizem ter encontrado o amor e o deixa escorrer pelos dedos por questões ideológicas que a bem da verdade não passa do medo de deixar acontecer. Medo, que merda é este medo todo. Vejo vidas travadas e entravadas apenas por isto. Ou eu sou passional demais. Ou eu me permito demais. Ou metade da população tá errada. E pra outra metade: prazer suellen.

segunda-feira, maio 14, 2007

DE CANUDINHO

Sinto como se tivessem sugado minha alma de canudinho. Aqui só ficou o finalzinho o qual você ficou com vergonha de chupar fazendo barulho. Em nome da sua boa educação, o finalzinho continua aqui. A alma é minha. Era minha. Você a sugou. A minha alma e todas as verdades baratas que juntei nestes dezoito anos de vida. Se esvaeceram no limo. Naquele verde que se junta em poços. Naquela coisa nojenta que se juntam em pedras a beira de uma cachoeira. A água que cai sem ciclo definido. Respinga. A água respinga, assim como minha alma está respigando em outros. Em você que me lê achando isto estranho demais.
Abri minha vida e deixei tanta gente entrar. Virou a festa da uva. Todo mundo fazendo a maior bagunça. Entrem sem limpar os pés, porra. Se for pra entrar que entre direito, deixando marcas, mudando as coisas de lugar. Tá vendo aquela menina ali no canto, com um copo quase vazio, os olhos fora da órbita, um ar bêbado e cansado, aquela segurando os joelhos. Aquela, no canto direito. Sou eu. Não me toca, tire suas mãos de mim. Se divirta com minha vida. Não toque nos meus tesouros.
Viver é um exercício de coragem. Morrer é o que acontece a cada segundo que você deixa o medo entravar suas vontades. Ainda estou no canto, olhando pessoas tristonhas cantarem e rodarem e rirem da sua própria desgraça. Faço careta quando vejo você entrar. Odeio. Odeio. Odeio. Odeio. Odeio tanto por você não notar que estou segurando minhas pernas porque não tenho as suas mãos sendo oferecidas. Olho para o nada porque seus olhos estão longe demais dos meus. Por favor, esqueça. Esqueça. Esqueçam todas estas pessoas. Olhe. Me olhe. Nos olhemos a noite inteira.
Caralho. A minha alma, espera, estão levando de novo. Já volto.
Okay. Agora, sou toda sua. Aceita. Com você eu vou pra onde for. Pro céu. Pro inferno. Sim pro inferno. Vamos pro inferno em fila indiana. Eu vou atrás pra assegurar que não o perderei no caminho. Nada importaria se eu pudesse te ter por dois minutos. E só olhar. Só te olhar.
Destrua toda essa barreira que você criou. 'Fortalezas são para fracos. Os fortes entram pela porta da frente com o nosso consentimento'. Me conceda, nós conceda esta oportunidade.
Vou beber tudo de uma vez e te engolir inteiro.
Não, você não sentiu tanto quanto eu. Mentira. Você não sabe o que é sentimento até ver ele sendo esmagado por verdades estúpidas. Aprende. Aprende comigo a ler o seu olhar. Te mostro quem é você. Te conto quem eu sou. Te agarro. E me seguro, antes de te perder.
AQUI


Alguma coisa aumenta aqui dentro, dia após dia. A cada momento que acho encontrei você. A cada segundo no qual percebo não era. É um sentimento estranho, não é feliz e nem tão pouco triste. É uma coisa vazia que não saberia explicar em palavras. É uma comédia mal terminada. Alguma coisa feita pra revolucionar e facilitar a vida, mas falta uma pecinha. Um ajuste qualquer. As vezes me sinto grande demais e no segundo seguinte sou tão pequena que me perco dentro do meu quarto escuro. De todas as minhas palavras não sinto nada sendo dito. De todas as minhas músicas vem um gosto amargo. Ouço todas estas pessoas cantando suas desgraças, vejo todas estas pessoas me mostrando que não estou sozinha. Nem a insônia é mais solitária. Não fico mais sozinha, não consigo ficar sozinha, simplesmente porque não consigo jamais me esvaziar, tem tanta coisa aqui esperando virar adubo pra uma horta nova. Toda a merda que passei e tá ali no canto, ocupando espaço. Usarei tudo isto para plantar flores e colocar no seu enterro. O seu enterro mudo que já fiz milhões de vezes em pensamento. Você passou, tão cedo, e mudou tudo. Carregou com você a minha confiança nas pessoas. Me fez o que sou hoje e eu não sei se gosto do que sou hoje. Tá tudo infinitamente melhor. Tenho mais controle, aprendi a calar quando necessário, ouço mais, quero mais dá vida. Mas e eu? E meu descontrole necessário e toda aquela coisa passional que me fazia chorar escondida. Não choro mais, faz tempo, que não choro. A vida secou a fonte. O vento mandou pra longe aquela brisa gostosa. Não tem ninguém aqui. Aliás, nem eu sei se estou aqui.

sexta-feira, maio 11, 2007

DEMAIS

Ela achou você e se perdeu. Vocês se perderam em mundos diferentes. E ela achou que podia conseguir te conquistar. Ela não desisti assim tão fácil. Mas ela acha você com marcas demais, com passado demais, com história demais. E você se engana achando que o demais a assusta. É por isto que ela te quer, porque você é demais e só.
MUDANÇAS

Em mil palavras poderia descrever o que tô sentindo, mas elas seriam tantas e tão vazias que é melhor silenciar.
Quantas são as noites que eu fico sem dormir sem entender porque.
Quantos são os sonhos que se projetam e modificam em frações de segundos...
Quantas pessoas prendo na minha insana mania de querer o impossível.
Quantos, quantas, tantos, tantas, imensas e duradouras mudanças...

segunda-feira, maio 07, 2007

MÃO

Meu cérebro tá sendo apertado, sério, parece que tem uma mão grande e gorda apertando-o. E eu não consigo pensar. Nem escrever e nem achar nada do que eu faço bom. Não é crise de auto-estima. Superei. Superei porque as pessoas me jogam confetes e os que caem no chão eu recolho e carrego comigo. Não sou falsa-moralista. Posso ser falsa, pseudo, porque pseudo é mais chique, um monte de coisa. Mas, moralista não!Então, só pra falar que eu adoro todos os emails de carinho e raiva. De pessoas, animais, bichos. Adoro sim.
Obrigada, volto quando está mão grande e gorda largar meu cérebro.