segunda-feira, maio 14, 2007

AQUI


Alguma coisa aumenta aqui dentro, dia após dia. A cada momento que acho encontrei você. A cada segundo no qual percebo não era. É um sentimento estranho, não é feliz e nem tão pouco triste. É uma coisa vazia que não saberia explicar em palavras. É uma comédia mal terminada. Alguma coisa feita pra revolucionar e facilitar a vida, mas falta uma pecinha. Um ajuste qualquer. As vezes me sinto grande demais e no segundo seguinte sou tão pequena que me perco dentro do meu quarto escuro. De todas as minhas palavras não sinto nada sendo dito. De todas as minhas músicas vem um gosto amargo. Ouço todas estas pessoas cantando suas desgraças, vejo todas estas pessoas me mostrando que não estou sozinha. Nem a insônia é mais solitária. Não fico mais sozinha, não consigo ficar sozinha, simplesmente porque não consigo jamais me esvaziar, tem tanta coisa aqui esperando virar adubo pra uma horta nova. Toda a merda que passei e tá ali no canto, ocupando espaço. Usarei tudo isto para plantar flores e colocar no seu enterro. O seu enterro mudo que já fiz milhões de vezes em pensamento. Você passou, tão cedo, e mudou tudo. Carregou com você a minha confiança nas pessoas. Me fez o que sou hoje e eu não sei se gosto do que sou hoje. Tá tudo infinitamente melhor. Tenho mais controle, aprendi a calar quando necessário, ouço mais, quero mais dá vida. Mas e eu? E meu descontrole necessário e toda aquela coisa passional que me fazia chorar escondida. Não choro mais, faz tempo, que não choro. A vida secou a fonte. O vento mandou pra longe aquela brisa gostosa. Não tem ninguém aqui. Aliás, nem eu sei se estou aqui.