domingo, maio 20, 2007

SANGRIA

Aqui dentro tão fundo que não sei se conseguirei sair sem ajuda. Eu e o vírus todo que me consome e me faz sentir fraca. Atchim. Nestes momentos me sinto tão impotente. Não tenho a fórmula mágica que resolve os problemas de todos os meus amigos. Não posso colocar todos aqui dentro e fechar junto comigo. Seus folgados, porque vocês ficam por aí se estendo em vidas quaisquer, venham para cá. Vamos conversar, ouvir música, tentar entender a vida, olhar a lareira. Tá frio e não é lá fora. Atchim. É aqui dentro. Não tem ninguém com um isqueiro fazendo sombra. Nem um copo. Nenhuma verdade. Tô aqui jogando meu jogo sozinha. Pessoas, cadê elas? Cadê as pessoas que tem alguma coisa dentro dos olhos. Cadê as pessoas que sofrem quietinhas só porque é mais fácil. Cadê as pessoas que tem coragem.
Cadê quem rouba meus pensamentos todos. Ninguém. É pra todas estas perguntas só há o ninguém. Nem um amor inventado pra passar o tempo. Atchim. Nenhum momento mágico pra ficar em loop na minha mente. Viver em loop é perigoso. Pra caralho. Não aconselho. Atchim. Ou talvez aconselhe. Aconselho a todos viverem. Chega de tanta coisa entravada. Sai de dentro da sua cabeça antes que ela te engula. Sai. E vem aqui, puxa a cadeira, senta, coloca uma música boa. Vamos ouvir amy winehouse e deixar doer. Deixa doer. Deixa. Sem band-aid. De uma vez só. Atchim.
Sangria. A febre vai diminuindo. Seu corpo inanimado e agora te deixo ocupar minha cama, minha vida, pára um pouco, fica. Conversas, palavras, verdades. Atchim. Gostei de você. Eu gosto de pessoas gratuitamente e estas são as pessoas que mais gosto. Fica. Atchim. Pega uma taça. Bebe e fica. Só fica. Atchim.

é, é um texto resfriado, atchim.