domingo, abril 22, 2012

you as were you 

Você sempre esbarra nas minhas certezas. Deixa tudo um pouco fora do lugar, como um vento que arrasta as folhas do jardim para dentro de casa. Como um vento que passa (sempre passa). Depois basta arrumar a desordem e fechar as janelas. Faz tempo que acabou. Os seus olhos já não me dizem palavras silenciosas. O seu encontro não me encanta e o seu cotidiano não caminha com o meu. Somos estranhos. Estamos estranhos e é simples assim.

 Tem estado tudo bem. Me encontrei dentro de mim. Consigo pensar em planos para o futuro. Quero viajar e conhecer pessoas. Esvaziei a mente e o coração. Destranquei a porta da frente para alguém entrar sem esbarrar em nenhuma mágoa. Comecei a meditar e a respirar. Voltei a ler mais e me dedicar a ouvir música. A literatura, a música e o cotidiano. O acaso jogando comigo e eu apenas deixando a vida estar. Voltei a me dedicar ao agora e me interessar pelas pessoas que são plenamente tudo que desejam ser no espaço de tempo presente.

Sem um milhão de frases feitas, a verdade, pura e simples, é que voltei a me interessar pelas pessoas... além de você.

domingo, abril 15, 2012

Entre cafés e domingos

Sinto falta do que era. Do que éramos antes de ser. Do passado manso, do mundo infinito em possibilidades, do tempo que o agora bastava e realmente era presente. Presente em te encontrar no café de sempre para ouvir como foi o seu dia. Presente em contemplar as suas dúvidas em longas conversas. Presente em te entregar as músicas da minha vida e a tranquilidade dos meus dias. Se fazia especial em estar. Era tudo antes de tudo desmoronar. Antes do castelo de possibilidades se transformar em frases truncadas, em verdades nunca ditas, em declarações nunca feitas. Você transformou minhas certezas em dúvidas e depois eu fugi. Mudei a rotina, desfiz o cotidiano, me reencontrei em outros lugares para encontrar algo que até hoje não sei.

Muito pouco ainda me muda inteira. Muito pouco ainda bagunça o meu dia. Muito pouco ainda é muito. Muito mais do que poderia ser. As notícias do seu cotidiano aparecem em pequenas doses, você aparece com um sorriso calmo e me faz pensar que o passado ainda não acabou. Que a vida não passou daquele momento até agora. Cresci, encontrei o meu lugar em mim, fiz as minhas coisas. Passei de menina a mulher ignorando as marcas que ficaram aqui. Mudei, mudamos, ficamos mais fortes e menos crédulos. Mas, admito, ainda lembro de todas as suas manias, do seu gênio, da primeira música que você ouve todo dia no mesmo dia do ano, das suas inseguranças e me sinto bem por não ter insistido em me manter no seu universo. Me sinto bem por ter aberto mão do pesar para te observar voar.

Acompanho a sua vida. Observo o seu trabalho. Fico feliz a cada novo passo dado ao encontro dos seus sonhos. Me faz bem observar a serenidade dos seus movimentos e o modo como pequenas desventuras não te atingem. A verdade é que você me faz falta, me faz bem só que também me faz...

terça-feira, abril 10, 2012

Três anos e quatro meses. Da paixão ao ódio. Do amor a indiferença. Da euforia ao marasmo. Do caos a ordem. Dos extremos ao meio. Todas as minhas relações são de amor e você me fez sentir, tudo, sempre, por três anos e quatro meses. Foi com você que conheci algumas pessoas incríveis e estive em festas improváveis. Foi ao seu lado que passei de uma menina assustada, estudante de jornalismo sonhadora, a uma mulher realista ainda que com ares de sonhadora. Por você me envolvi da cabeça aos pés, estive de corpo e alma, vivi intensamente cada pequeno momento.

Foram três anos e quatro meses acordando para sentir o gosto do dia sabendo que encontraria você. Foi o tempo de viver dias inteiros de euforia e caos. Foi intenso e duradouro. Sou uma pessoa de relacionamentos longos, de sentimentos conturbados, é verdade, porém verdadeiros. Não sei viver metade, sou tudo ou inteiro, nunca apenas pequena parte. Quero do início ao fim e adoro saborear o meio. Quero cada um dos dias, cada uma das sensações, preciso da sensação de conforto de um jogo ganho e da instabilidade de um novo desafio. Preciso sentir o sangue correndo e ouvir o coração pulsando no pulso da minha vida. Foram três anos e quatro meses ao seu lado, muito da minha pouca idade e bastante de uma vida, foram várias das mais intensas sensações.

Foi você quem me mostrou a importância de preservar os amigos, os poucos e bons, aqueles que te entendem no silêncio e choram com as suas conquistas. Foi você que me mostrou a importância de ser e como o mundo entende quem é de verdade.

Três anos e quatro meses.

Sinto que continuamos unidos por algo muito vago. Sinto meus olhos encherem de mar na iminência da despedida. Preciso partir e crescer, te deixar e me reconhecer, encontrar as mudanças e tudo que você vai me deixar de bom. Só levo o bem. Só levo o bom. Serei companheira aflita de uma saudades que não sei se um dia irei matar. Mas, sei que quando as novidades me encontrarem, serei forte e combativa porque é esse o seu legado na minha vida. Não mais tão menina. Não tão mulher. Você me manteve ingênua e crédula, lá fora, muitos podem tentar se aproveitar... Mas, de tanta rudez, prefiro a calma. Serei forte, serei ingênua, serei sagaz e serei crédula... Graças aos nosso três anos e quatro meses. Longos e ternos.

Sua,
Sue.

segunda-feira, abril 02, 2012

Morada boa

A vida me pegou pelo pulso. Com força me tirou o autocontrole. Com intensidade me mostrou outras formas de sentir. Com paciência me mostrou que viver é muito mais agora do que projeção. O sentido da vida cabe no instante presente e se esvai no dia seguinte. É o sorriso de uma criança que fica na cabeça por dias. É jogar futebol com os meus primos no quintal da casa dos meus avós depois de seis anos sem reconhecer que o amor está na simplicidade de um ato como esse. É o doce quente que minha vó faz. É o carinho das minhas tias, as risadas com os meus primos, a falta de jeito do meu avô, o silêncio do amanhecer na Farol da Barra. É a farra de uma noite no Rio de Janeiro. É aventura na subida da trilha do horto, é o medo diluído no sentimento infantil de vitória quando chegamos na cachoeira.

A felicidade é pequena, são instantes, são abraços sinceros. São trinta dias com pessoas que fizeram sentir parte, da paz do interior da Bahia e da vida louca, vida breve carioca.

A felicidade é a primeira noite na própria cama, com as roupas no armário, é desfazer a mala e pisar no chão do lar... Sou cidadã do mundo... Mas, também cidadã do aconchego do colo da minha mãe e do carinho do meu pai.

Sou da vida, essa que me pegou pelo pulso e me mostrou que só preciso achar sentimentos e fica a cargo deles me fazeresbarrar no sentido de ser, de fazer, de querer, de viver.