Morada boa
A vida me pegou pelo pulso. Com força me tirou o autocontrole. Com intensidade me mostrou outras formas de sentir. Com paciência me mostrou que viver é muito mais agora do que projeção. O sentido da vida cabe no instante presente e se esvai no dia seguinte. É o sorriso de uma criança que fica na cabeça por dias. É jogar futebol com os meus primos no quintal da casa dos meus avós depois de seis anos sem reconhecer que o amor está na simplicidade de um ato como esse. É o doce quente que minha vó faz. É o carinho das minhas tias, as risadas com os meus primos, a falta de jeito do meu avô, o silêncio do amanhecer na Farol da Barra. É a farra de uma noite no Rio de Janeiro. É aventura na subida da trilha do horto, é o medo diluído no sentimento infantil de vitória quando chegamos na cachoeira.
A felicidade é pequena, são instantes, são abraços sinceros. São trinta dias com pessoas que fizeram sentir parte, da paz do interior da Bahia e da vida louca, vida breve carioca.
A felicidade é a primeira noite na própria cama, com as roupas no armário, é desfazer a mala e pisar no chão do lar... Sou cidadã do mundo... Mas, também cidadã do aconchego do colo da minha mãe e do carinho do meu pai.
Sou da vida, essa que me pegou pelo pulso e me mostrou que só preciso achar sentimentos e fica a cargo deles me fazeresbarrar no sentido de ser, de fazer, de querer, de viver.