domingo, abril 15, 2012

Entre cafés e domingos

Sinto falta do que era. Do que éramos antes de ser. Do passado manso, do mundo infinito em possibilidades, do tempo que o agora bastava e realmente era presente. Presente em te encontrar no café de sempre para ouvir como foi o seu dia. Presente em contemplar as suas dúvidas em longas conversas. Presente em te entregar as músicas da minha vida e a tranquilidade dos meus dias. Se fazia especial em estar. Era tudo antes de tudo desmoronar. Antes do castelo de possibilidades se transformar em frases truncadas, em verdades nunca ditas, em declarações nunca feitas. Você transformou minhas certezas em dúvidas e depois eu fugi. Mudei a rotina, desfiz o cotidiano, me reencontrei em outros lugares para encontrar algo que até hoje não sei.

Muito pouco ainda me muda inteira. Muito pouco ainda bagunça o meu dia. Muito pouco ainda é muito. Muito mais do que poderia ser. As notícias do seu cotidiano aparecem em pequenas doses, você aparece com um sorriso calmo e me faz pensar que o passado ainda não acabou. Que a vida não passou daquele momento até agora. Cresci, encontrei o meu lugar em mim, fiz as minhas coisas. Passei de menina a mulher ignorando as marcas que ficaram aqui. Mudei, mudamos, ficamos mais fortes e menos crédulos. Mas, admito, ainda lembro de todas as suas manias, do seu gênio, da primeira música que você ouve todo dia no mesmo dia do ano, das suas inseguranças e me sinto bem por não ter insistido em me manter no seu universo. Me sinto bem por ter aberto mão do pesar para te observar voar.

Acompanho a sua vida. Observo o seu trabalho. Fico feliz a cada novo passo dado ao encontro dos seus sonhos. Me faz bem observar a serenidade dos seus movimentos e o modo como pequenas desventuras não te atingem. A verdade é que você me faz falta, me faz bem só que também me faz...