domingo, setembro 30, 2007

LOOKING FOR THE COMPLICATION


Tenho refeito os meus amigos e resolvido os problemas com a minha cabeça. Durante esse tempo todo, eu só precisava de calma. Eu, que nunca tive nada parecido. E ontem, depois de queimar o céu da boca, percebi que era hora de mudar de lugar e observar. Olhei tudo. Sentei na porta da minha vida e fiquei perguntando o que cada um queria ao ultrapassar o limite.
Caminho mais confusa do que o habitual. E as pessoas tem parecido mais interessantes. Acho que consigo olhar as marcas dos outros. Enxergar os outros. Procurar dentro deles o que tanto já faltou aqui. E eu ando, por todas essas ruas com a certeza de que levo minha vida pro lugar certo. Eu escolhi, ou fui escolhida por essas coisas, e agora eu preciso de calma pra elas acontecerem.
Tomei banho e coloquei uma roupa branca para dividir a minha paz. Para multiplicar o meu desespero. Refletir tudo nessa cor que absorve.
Na sexta passei o dia tentando lembrar a palavra, sem lembrar que você a tinha tatuada no corpo. Eu passei todo o dia perguntando pros meus amigos qual palavra que refletia o meu medo em beber desde a funhouse. Desde o conhaque e de tudo aquilo que eu sei, você sabe. Olhei a tatuagem do meu amigo e lembrei. Mas, continuei conversando enquanto minha cabeça começava a descer. E eu ia me perdendo. Eu já estava perdida. E você estava ali, com ela e eu com todos eles. Os meus amigos e a felicidade estranha que está tomando conta dos meus dias.
O trabalho me distrai, como já não era sem tempo, como sempre foi e como vai ser. E eu continuo tentando entender cada coisa dessa confusão. Você deu um nó nos caminhos dos meus pensamentos. Converteu tudo a poucas palavras. Você me deixa tonta e eu só preciso saber que você respira. Eu tenho te esperado pela eternidade e por que você apareceu assim? Eu nunca desejei a paz. Mas, agora você conseguiu mudar minhas vontades.
Corre pra longe e volta com a cabeça baixa e mais problemas, que eu te acolho. Pergunta pro diabo qual é a senha pra minha vida. Que eu negocio com Deus a sua entrada. Olha as minhas feridas abertas e os meus medos escondidos. Olha nos meus olhos e me segue quando eu mudar de bar. Procuro no céu a paz, procuro mais complicação, procuro porque cansei de mentir. Eu queria aprender a voar, mas você me prende ao chão e a todas impossibilidades. É uma série de fatores e você aparece em cada um deles.
Eu respiro a solidão como não fazia antes. Respiro porque cansei de dividir essas coisas todas com mentiras. Te queria de verdade, te queria mas você não pode hoje, assim como não pôde aquele dia. E eu continuo com o meu quarto adolescente e as músicas tocando e fazendo sentido como nunca.
Uma fumaça encheu o ar e eu encontrei a paz. Encontrei um pouco dela. E depois eu queria fugir de lá. Você queria ir, porque você falou que iria e eu quase cheguei a te esperar quando avistei a porta do bar quase fechado. Mas, já era tarde demais. Tarde demais para aquelas coisas todas e eu queria minha casa. Queria a porta fechada e tudo pra fora. Eu queria mudar, eu queria, mas tudo vai continuar sendo como antes. A minha roupa branca não engana ninguém. Nem a mim, e como queria conseguir me enganar. Eu admito, tem acontecido coisas estranhas aqui.


"Wish I were with you, but I couldn't stay
And every direction leads me away
Pray for tomorrow, but for today
All I want is to be home"


ps: troco minha gratidão por um cd com tudo do foo fighters.

sexta-feira, setembro 28, 2007

HEAD versus HEART [2]

Eu bati o olho e soube ali que as coisas sairiam do rumo. Devia ter evitado as nossas palavras. Os cafés compartilhados. E as coisas que me levavam direto a ponta do abismo. Minha cabeça anda em círculos e as minhas breves paradas são sempre aos seus pés. Às vezes, ando com a certeza de que nada consegue me derrubar. Cheia de sono, cheia de medo, cheia de mentira. Cheia dessas coisas ruins que me derrubam aos seus pés.
E eu sabia só de te olhar. Garoto, você me ganhou com os seus problemas como sempre vai ser. Eu estava melhor. Andava melhor desde daquela vez. Mas, nunca nada dessa espécie tinha acontecido. Tem muito coração para esburacar nesse peito. Muita saudade para conquistar. E aquela dor que só vocês sabem me dar.
Meu coração apertado e os prédios me engolindo. De dentro do centro cultural sentia os prédios ao redor me engolir. Parada, me matando sozinha. Respirando devagar e eu te queria ali. Uma das coisas que você entenderia. Com os olhos calmos me olhando e a cabeça perdida. Suas frases truncadas. Seu jeito esquisito. Tudo mentira, minha verdade. E eu sei que você entenderia.
Ando trocando os passos com a solidão. Alterno a vida com meu pensamento sempre longe. Minha cabeça anda em círculos ao seu redor. Ela anda e eu não sei como mudar. Me tira daqui que eu consigo alguém melhor para mim.
Preciso de alguém para me ajudar. Preciso sair do trilho. Perder a linha. Procuro no céu mais confusão e eu só estou cansada. Parece que tudo aquilo está prestes a se repetir, e eu sei que quando a hora chegar, eu pulo e entrego a minha vida ao mais completo caos. Lá no fundo deve ter alguém que troca segundos de felicidade por dor. Minhas palavras voltam quando eu sinto. Tudo faz mais sentido quando ouço as músicas tristes.
E se é assim que vai ser: que seja. Eu aceito a condição, eu te aceito e você?
Garoto, vou subir no céu essa noite, lá eu posso ficar com você e me esconder.


Tudo meio caótico, mas eu resolvo, eu me resolvo.

Hoje, a ordem é sair e ir sorrir.
Festival Fábrica de Animais apresenta: F
ábrica de Animais
Boêmios Errantes
Alex Valenzi & The Hideway Cats
Cuelho de Alice

Maldito sejam os correios do Brasil. Malditos. A gente comemora sem o zine, fazer o que?

quinta-feira, setembro 27, 2007

HEAD VERSUS HEART

E quanto mais louco melhor
Mais problemático melhor
Quanto pior mais pra perto
Eu sempre quero o pior
É assim que é
E agora?

Deve ser só o sono travando tudo. Deve ser. Tem que ser.
Eu e a minha cabeça.

"
I'm a war, of head versus heart,
And it's always this way
My head is weak, my heart always speaks,
Before I know what it will say"

terça-feira, setembro 25, 2007

AO MESMO

Quando sai as minhas palavras e chegam a de algumas poucas pessoas, tudo simplesmente volta ao lugar que não existe e fica bem.
Eu só preciso de um pouco de calma. Além de começar a fazer as 65 idéias que tive na última semana e eu sei que umas 2 delas vão virar, o que no mundo real é um bom número.

"Canta que eu quero ouvir"

Quinta-feira tem show do Fábrica de Animais no CCSP.
É só chegar junto, mesmo se você não tiver um puto, começa às 19h.
Ainda quinta tem Roberta Sá no Teatro Fecap às 21h.

Pretendo ver os dois antes do final de semana acabar, não na quinta, porque murphy está confortável no meu colo essa semana.

Sexta tem comemoração paulistana do "o gaveta", acabei de inventar mesmo. Vai ser no Festival do Fábrica, que eu já ia mesmo, e meus amigos já iam mesmo e a gente vai comemorar mesmo. Correio, acho bom você me ajudar. Carla, beberemos ao seu zine.

FAÇA COM QUE TENHA A CORAGEM DE ME ENFRENTAR


O amor dói. Todas as suas formas. Desde as mais simples até as necessárias. E o amor me tira do trilho. E o amor me arranca a paz. E ele vai navegando por toda minha vida só porque eu não consigo esquecer, como falei no telefone hoje. Eu durmo pensando nisso. Eu acordo querendo tudo no lugar. Mas, que lugar? Faz tempo que tudo é uma mentira enorme e eu finjo que um dia tudo esteve bem.
E a morte. E a dor. E a doença que levou ela pela mão. O câncer. Aquelas malditas células fora do lugar. Sinto falta do sorriso dela e do olhar, da certeza de que tudo ficará bem. Não tem mais ninguém aqui para esperar comigo. Não tem. E eu vou sozinha esperando os quatro dias disso tudo passar. Não sei para onde ele foi. Faz tempo que ele deixou de ser como antes. Noto a preocupação nos seus olhos. Vejo os fantasmas rondando sua cabeça. O abraço com a ilusão de passar essas coisas dando certo na minha vida para ele. Daria minha vida para ele. Daria. Mas, ele foi e eu não sei pra onde. Eu iria com ele. Mas, ele deve ficar melhor sozinho. Ele precisa ficar com ele, assim como eu preciso ficar comigo naqueles momentos. Os meus momentos. Deve ter alguma coisa grande que o preocupa e arranca o sono. Entro no quarto de manhã e tenho a forte impressão de que ele acabou de adormecer. Hoje falei com o meu amigo. Precisava falar. Precisava tirar daqui de dentro e tentar entender. Cansei. Cansei de todo esse tempo. Das brigas e das mentiras que vocês gritavam. Cansei dos gritos. Queria paz, deve ser por isso que passo tanto tempo dentro do meu quarto. É por isso que vocês não me conhecem. Sinto tanto por vocês não me conhecerem.Meus sonhos e minhas vontades se realizando e vocês não sabem. Não sabem das minhas palavras. Não conhecem meus milhares de blogs. Não sabem o que eu quero dessa faculdade. Não sabem. Vocês são estranhos dentro do mesmo lar. Não sei mais o que sinto. Talvez eu esteja anestesiada.A cada novo segundo canso mais dessa falsidade em forma de vida. E eu só queria paz. E aquela casa só me suga mais. Me tira a alegria conseguida com meus amigos. Os meus amigos e como eles fazem diferença. Como só essas pequenas coisas fazem diferença.
Mas, amanhã é um novo dia. E eu sei que vocês vão esquecer o mal que vocês se fazem. E vão continuar no mal coletivo. Mãe, esquece e vai sorrir.
Esquece e vai sorrir.


Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços o meu pecado de pensar.

Clarice Lispector
calma na forma de turbilhão.

segunda-feira, setembro 24, 2007

ZINES


Mais uma edição do nosso zine, pré-adolescente. (sóclicarnaimagem)
Essa semana chega o zine da Carla, se o correio ajudar e Maceió ficar aqui do lado. Tem um texto meu e uma porção de coisas bacanas. Eu realmente estou ansiosa para me ver "publicada" pela primeira vez.
Além dos zines, tem mais uma novidade, mas isso eu conto mais para frente. Superstição. Só depois que as coisas estão quase prontas a gente comenta. O susi tá no ar. E o zine quase no correio. Novidades consolidadas.
A outra? Tempo ao tempo.

domingo, setembro 23, 2007

DIAS


Tem dias que eu preciso de muito pouco, pena que sempre chega o dia seguinte.

Uma pena.

"Sometimes, I feel the fear of uncertainty stinging clear"
incubus


E o domingo quis apagar a noite de sábado. Não consegue, não consegue porque eu tenho umas coisas que me deixam perto de mim e eu quase esqueço que estou nessa casa. Quase.
Sufoco. O calor, alguns problemas e essa vida. Essa vida.


Mas, ainda tem as coisas boas, ainda tem. Sempre tem.


A lee maria com agá escreveu isso aqui.
A noite de sexta-feira passada tinha a felicidade reluzindo nos meus olhos. E o resto é excesso de bondade dela, ela que carrega o Bukowski no braço com direito a um: "putaquepariu, você tem o Bukowski tatuado no braço", depois do pqp descobri que ela é amiga do Marcelo. Com agá.

sábado, setembro 22, 2007

FRIO


Hoje eu abracei o meu travesseiro e não consegui dormir. Te carreguei por todos os segundos que mantive os olhos fechados. Pensava nos seus olhos lá do outro lado onde você também deve rolar na cama. Você não dorme. Você nunca dorme. Eu conheço os seus hábitos e aquelas noites que não dormia esperando você me ligar. Nossa insônia ligada por uma palavras ecoadas. Nossos medos misturados naquelas madrugadas. O meu número continua o mesmo mas não é o seu que chega aqui. Não é mais você. Faz tempo, tanto tempo, e hoje ele vai embora. Ele que não é você. Mas, ele vai e parece que te afasta mais para longe. Te leva um pouco mais. Eu disse que tinha te arrancado daqui. Que você não mais existe. Não sei quantas mentiras preciso inventar para me convencer que você foi e para sempre. Que nada reverte os seus erros. Vidas nunca deixam de existir.
Você aí desse lado e eu continuo aqui. Meu travesseiro parece áspero. Um saco cheio de lembranças. Um saco que eu não consigo mais segurar. Preciso chorar. Arrancar você daqui de dentro. Mas, as lágrimas não correm mais. Não há mais essas facilidades para gozar na vida. Você desce com água. Você sai com pensamentos e palavras. Virei tantas palavras depois que você foi. E sai por aí comprando palavras. Usando palavras. Pregando palavras. Nunca mais sorri como antes. Nunca mais fui como antes. Ainda sorrio na mesma proporção mas, já não é para você. Meus sorrisos não virarão piada para mais tarde. Nem para madrugada.
A madrugada é mais fria quando não te tenho aqui.

quinta-feira, setembro 20, 2007

MISERY IS A BUTTERFLY

E eu sentei em um lugar mais inquieta do que eu sou. E eu sou inquieta o suficiente para me arrancar do meu centro. E eu brincava com um papelzinho escrito 8. Se você vira o papelzinho branco com o oito ele vira o símbolo do infinito. E deve ser assim que a minha alma pentelha se sente. Sempre esperando o de amanhã quando ainda tem o restinho do hoje.
E eu esperei. Esperei até chamar o oito do meu papelzinho. A minha fé é falha. Um pouco falha desde uns dois anos atrás. Desde que eu encarei o para sempre e ele venceu. O filhodaputa me venceu. Tudo bem, na próxima rodada a gente acerta as contas lá em cima. Eu e o para sempre. Quem sabe façamos as pazes. Deve ser por isso. A minha inquietude deve vir dessa perda. Não é fácil encarar a vida quando termina o conto de fadas. Quando já não se é tão criança. Sem os livros da Bruxonilda me fazendo companhia. Sem aquelas mentiras sinceras. Só o meu olho vermelho naquele espelho. Me falaram que ela ia passar tudo de novo e para mim era a primeira vez. Não sei o que senti. Era como se me arrancassem cada pedaço da minha certeza. Da certeza nula que viveríamos até quando não pudesse mais imaginar. Mas, o para sempre, apareceu antes. Ele veio acabar com tudo e a carregou pelo braço. Eu prometi e ouvi coisas em silêncio, enquanto me despedia já seca. Sem mais lágrimas. Era uma alegria disfarçada. Sentia-me bem em pensar que já não mais sofreria. Tinha acabado e o para sempre tinha vencido. Parabéns, tempo, meus parabéns.
E hoje, hoje eu dou valor e cada dois segundos de vida. A cada segundo de silêncio. Aquela frase que ouvi uma vez. Não sei como. É inexplicável e místico demais para colocar em palavras. Mas, eu consigo. Eu consigo tudo, desde que não seja só para mim. É parte da promessa que eu fiz para ela. E ainda levará um tempo. Não o para sempre. Mas, um tempo até chegar ao fim. E por enquanto só essa certeza nula que me guia. E me faz fazer coisas sem notar. Sem notar que tudo acaba bem quando eu tenho o meu travesseiro.
Eu quero que tudo fique bem. E tudo não passe de um susto para você acordar mais forte. Ainda mais forte. Ou talvez, o tempo vá passando e a sua força seja brilhante em outras formas. Sem essa aparência que eu vi naquelas noites. Você é forte, você é forte porque parece ter as suas marcas. Aquelas que a gente deixa ali no canto e levanta para viver. Levanta e faz coisas acontecerem. E carrega o mundo no braço. Você ganhou uma pessoa na sua vida. Naquele momento que você sorriu de graça e me deu um pouco mais de vontade em fazer as coisas acontecerem. E agora, não é mais um clichê ou talvez não passe disso. Mas, se você precisar de alguém para ir recolher as coisas ali do canto. Pode gritar. Pode mesmo.
E fica bem. Se cuida.

terça-feira, setembro 18, 2007

ROXA


Esses dias têm acontecido umas coisas estranhas. Meu relógio quebrou na funhouse sexta. Ele caiu do meu braço e virou milhares de pedacinhos. Mas, tudo bem, eu tinha desistido de esperar. Tudo agora, acontece mais solto. No tempo que o tempo tiver. No tempo que o computador do meu trabalho me emprestar. No meu braço, só a marca de um relógio que esteve aqui por muito tempo.
Ontem, eu cai. Mas, eu cai com a dignidade segura no ombro. Cai e levantei rindo. Rindo, como quando eu estou nervosa. Quase cai. Só não cai porque tenho um ombro e o muro para me segurar. Tropecei na sarjeta (literalmente) e o muro me parou. Eu tenho um roxo gigantesco e era melhor não falar como o consegui. Mas, consegui assim, eu cai ou eu quase cai. Pouco importa.
Hoje, eu não consegui sair de casa para ir a faculdade e a faculdade não veio até minha mim. Meu estômago e a gastrite. Aquela que estava sobcontrole. Mentira, nunca está. Eu não faço os exames. Eu só vou ao médico quando a dor é insuportável. Eu só tomo os remédios quando estrapolo na noite anterior. Eu tenho 3 caixas de remédios que deveria tomar duas vezes ao dia. Deveria. Porque na prática se está tudo bem, eu não tomo, eu só paro quando acontece. Eu sempre chego ao fim.
E se eu morrer de gastrite, quero meus amigos bêbados e uma festa, como tem que ser.




http://www.youtube.com/watch?v=AVLF0GmSHjo
There'll be no one unless that someone is you
I intended to be independently blue


tem gente que merece, tem gente.
FELICIDADE É UM BEM NATURAL


Então parei e achei que era você. Olhava os seus olhos naquela sala escura. Naquelas horas que antecederam o primeiro beijo. O carinho instantâneo e toda aquela saudade molhada em álcool. E as horas se passavam. E eu ali sem saber o que fazer. Sem saber como olhar nos seus olhos. Esperando você. Como aquele mês, eu esperei você. Até você voltar e tudo poder acontecer. Eu esperei você. Eu já esperei de outra vez e nada foi como aquelas horas. E de repente, você vem com as suas facas e a sua boca perfeita. O seu olhar perdido no meu. O nosso olhar perdido. E a banda, aquela que sela a nossa história. A que eu não consigo desmembrar da sua lembrança. As músicas do cd que eu fiz para você.
E às vezes que eu menti para te ver, valeram pelo seu sorriso. Tudo que eu perdi ou ganhei. Minhas mudanças. Essa indecisão que me persegue agora, sem você. Tudo isso vale a pena quando eu sinto o seu cheiro passar ao meu lado. Não é você. Mas, na minha lembrança sempre vai ser. O primeiro. E depois? Depois eu invento mais amores para cicatrizar os seus cortes e conseguir alguns novos. Eu invento vida para esquecer a minha. Eu escrevo para me livrar desses fantasmas. Esses que andam na sala.
Mas, hoje tem um sol enorme lá fora e a banda no meu ipobre. E as lembranças guardadas em uma caixa em cima do meu guarda-roupa. E você é o meu amigo. E eu ouço você falar de outras e eu falo de outros. Talvez, um dia tudo isso seque. Ou tudo tenha passado, e essa falta seja só o costume de ter por perto. Cadê você e os seus problemas, menino. Cadê você para me causar problemas. Meu amigo. Agora, é isso. Meu amigo.



para um amigo: não é a história do Ludov e ponto.
um dia eu conto. um dia. ainda, não dá.


http://www.youtube.com/watch?v=sdvIz9FCjlM
Da melhor qualidade, como tem que ser. E a letra? E a letra...
Essas coisas me calam.
enchantagem


de tanto não fazer nada
acabo de ser culpado de tudo

esperanças, cheguei
tarde demais como uma lágrima

de tanto fazer tudo
parecer perfeito
você pode ficar louco
ou para todos os efeitos
suspeito
de ser verbo sem sujeito

pense um pouco
beba bastante
depois me conte direito

que aconteça o contrário
custe o que custar
deseja
quem quer que seja
tem calendário de tristezas
celebrar

tanto evitar o inevitável
in vino veritas
me parece
verdade

o pau na vida
o vinagre
vinho suave

pense e te pareça
senão eu te invento por toda a eternidade

S'Paulo Leminski


Quando tudo fica insustentável é só ler ele, é só ler umas coisas e me sentir minúscula.
Ao futuro e avante.
Mas, que eu seria bem mais feliz se dormisse mais de 4h por noite. Ah, eu seria.


QUADRINHOS: COLETÂNEA DE LAERTE É LANÇADA NA VILA
"Laertevisão - Coisas que Não Esqueci", publicação que reúne cartuns publicados na Ilustrada aos sábados, tem evento de lançamento hoje, às 18h30, na Livraria da Vila (r. Fradique Coutinho, 915, tel. 3814-5811). A entrada é franca. O livro (ed. Conrad, R$ 46, 126 págs.) tem organização de Rafael Coutinho, filho do cartunista, e reúne crônicas gráficas com memórias da infância e da adolescência do autor, do fim dos anos 50 ao início dos anos 70.


Se eu pudesse, eu ia.


Com agá? Sem agá?
Com agá.



segunda-feira, setembro 17, 2007

RAZÃO


Você lembra daquele dia em que te vi no balcão daquele bar. Senti que naquele segundo eu te escolhi para ser meu. De repente o mundo desligou, as vozes simplesmente se congelaram, e ali eu tive certeza que perdi um pedaço de mim. Mas eu não quero nada, nunca quis e não ia querer naquele momento. Eu quero a minha liberdade respirando grudada nas minhas botas. Carrego minha vida debaixo do meu braço. Uma falsa auto-suficiência vestida de solidão.
Eu mostrei pra você, deixei você tocar e então me encolhi no sofá daquele bar. O meu celular tocou e aquilo parecia ser o momento errado se não fosse o certo e o necessário pra me tirar dali. O resto, eu quase não lembro, uma porção de fatos sugestivos. Uma porção de mentiras enevoadas naquele bar.
Ontem me falaram que eu vou morrer. Dei um sorriso como quem espera pela novidade. Mal sabe ele que eu já morri. Naquele dia que não te aceitei e te transformei em ficção. Então, a cada trago de vida coloco a morte mais perto. O sorriso de quem pouco se importa. Eu não tenho medo. Eu não tenho medo da minha cabeça. Eu não tenho medo do meu sono. Eu tenho medo do meu sonho. Eu não tenho medo da minha voz. Eu não tenho medo.
Les pensées qui glacent la raison.
09/08/2007


tudo sempre igual
tudo diferente
eu acho que vou deixar de frequentar bares, eu acho.
É, POIS É

Tem horas que eu não sei se acredito. Por que minha cabeça sempre chega antes dos acontecimentos?

E agora eu ouço incubus e me pergunto porquê diabos eu não tenho ingresso e nem dinheiro para tê-lo.

domingo, setembro 16, 2007

UFA, FOR A MINUTE THERE,
I LOST MYSELF



Lembra, de quando eu acreditava que era você? E escrevia só para você. Todas aquelas coisas que você fingiu que nunca leu. Mas, eu sabia que um sentimento verdadeiro te nocautearia. E você e todas as palavras que não eram para mim. Você escreveu, escreveu todos aqueles dias, e eu também escrevia, só que retas paralelas não se encontram. E eu segui o meu caminho e você procurou um muro para parar o seu. E continuou, bebendo cada dia mais, só, com seus sentimentos profundos e as suas palavras. Você sempre acreditou que era só isso. E agora, eu sento na frente do meu computador com aquela banda tocando. Aquela que eu cultuo e não tenho esperança em ver um dia. A triste. Aquela que tem um clipe em desenho. A do clipe que ele tá no carro. E ele caminha com o karma dele. Tem a história do acidente e o medo que ele tem de carros. E você tem a história das suas desilusões e o medo que você tem das palavras.
Você é daqueles que cutucam cada medo pra fingir que é forte. Que nada te abala. Mas, eu só precisava ter olhado no fundo dos seus olhos para que eles denunciassem a sua covardia anunciada. E eu posso te imaginar com 40 anos e alguns estranhos para te ajudar. Estranhos que você nunca vai conhecer. Não triste por não saber quem eles são. Não triste porque você sempre achou que tristeza era legal. Você sempre achou que o peso do sofrimento nas suas palavras te destacaria da multidão. Mas, se eu tivesse visto seus olhos nesse final de semana eu não teria te escolhido. Não teria. Tudo tão melhor sem você. Eu queria encontrar o que sempre sonhei e achei o que me avisaram. E hoje eu notei como perdi meus pensamentos achando que deveria estar ai, achando que minhas palavras deveriam transpor as leis da matemática e fazer duas retas se encontrarem. Duas retas paralelas nunca se encontram. Por tudo que passou, meu muito obrigada.

sábado, setembro 15, 2007

I HOLD MY PEACE

Andei por todas ruas que foram nossas com uma alegria que talvez nunca tenha sentido. Nem quando aquelas ruas eram as nossas. Os meus amigos não estavam lá. E eu tinha toda a alegria para mim. Ali, presa, sem poder compartilhar ou dividir. E ela se multiplicava a cada pensamento novo. Eu e a paz, que a muito não experimentava, abraçadas naquela rua.
Tudo de novo. Aquele show e a aquela voz. Aquela forte. Aquela que me empresta força. E eu não senti tudo de novo, tinha coisa demais na minha cabeça, e você não era uma delas. E as coisas iam e esbarravam em você parado na porta da casa do nosso amigo. Parado na porta daquela sala, esperando eu te dizer que tudo estava bem e que o nosso placar estava zerado. Ninguém ganhou, ninguém perdeu, tiramos de qualquer coisa só o nada, que me acompanha. Que me acompanhava até eu perceber na noite passada que a minha liberdade é o que me prende. A liberdade e umas vontades que deixo em mesas de bar.
As bolas alinhadas e só precisa de uma tacada pra tudo descer caçapa abaixo. Um gole e eu te engoli pra sempre. Um empurrão e você rolou as escadas da minha vida. Não importa como você está lá embaixo. Você, o mané, que jamais estaria ali comigo. Deve perder seu tempo com whisky quente. Porque você é malandro e toma red label com seus amigos na micareta. Porque você é vazio e eu amava o vazio em todas as suas formas. Até nas suas. Hoje, eu prefiro essas pessoas que me mostram coisas do outro lado da vida. Ou que não me mostram nada. Só me deixam em silêncio. Só e em silêncio.
O show acabou. Começou um outro e tinha o terceiro que eu não pude ficar para ver. Ouvi umas músicas deles e queria ter ficado. Mas, eu precisava terminar a noite onde tudo começou. Com os meus amigos. Os que entenderiam a minha felicidade. A minha dura, crua e fria felicidade. Sem drama. Só uma coisa ali programada pra dar certo. E aquilo que eu venho pensando a tanto tempo, pode se tornar realidade.
Subi a Augusta com mais medo dos carros. Eu, que nunca olho antes de atravessar. Eu, que me jogo sem cordinha em todos os abismos. Eu, que entrego minha vida a inércia, vez ou outra. Ali, parada, esperando o momento certo. Esperando. Eu acho que estou aprendendo a esperar. E eu acho que vou ficar melhor assim.
Sem você. Com um pouco mais de calma. E sempre que possível com a música que não pode parar.


"You know I can't stand it
You're runnin' around
You know better daddy
I can't stand it cause you put me down"

quinta-feira, setembro 13, 2007

HÁ MOMENTOS EM QUE EU NÃO PRECISO DE NADA E OUTROS...


Tá bom, eu admito. Admito que sinto falta de alguém para entender cada besteira que me deixa feliz. Para segurar a minha mão enquanto eu durmo. Alguém para guiar meu olhar para si quando eu estou fora demais do meu centro. Eu ando por essas ruas com uma música triste na cabeça. Nem lembro qual foi a última vez que gostei de uma musica feliz. Se ela não parece, no fundo tem uma letra que me rasga a alma. Eu ligo para uma única pessoa quando coisas acontecem. E me desespero porque minhas opções não são tantas quanto parecem. E eu quero ouvir as palavras dessa pessoa. Mas, queria as suas, também. Tá bom, eu admito.
Admito que sinto falta do seu olhar. De te emprestar minhas mentiras. De ouvir as suas. De sentar na frente daquele lugar tosco só porque eu podia te ter. Andar ao seu lado com o pensamento longe e as palavras invadindo o silêncio.
E agora eu tenho um monte de coisas bobas para contar. Só que não há ninguém. Meus amigos ouviriam. Eles ouviriam e ririam como eu ri. Mas, ninguém entende que as minhas risadas nem sempre são de alegria. Ninguém entende o que é ter o mundo para desfilar em felicidade e sentir uma falta tão funda que dói. Dói.
Umas coisas me cortam as palavras. Essas palavras que eu escrevo para viver. Essas que saem de mim e me libertam deles. Sem a pose de rockstar. Sem tatuagens, gritos histéricos, clippings de revistas. Eu não acredito em 'escritor' que faz clipping de si. Eu não acredito em quem precisa aparecer. Mais cedo ou mais tarde uns poucos te reconheceram na mesa de um bar. E você poderá se libertar de algumas dessas relações intelectuais com mais uns copos para eles. Eu não sou uma foto bonita. Eu não sou uma imagem que tenta ser palavras. Cada um na sua. Cada qual com seu cada qual.
Mais sóbria que as noites que se foram. Com o olhar perdido nas salas infestadas de pessoas desinteressantes por natureza. Com algumas que valem a pena. E com meu sonho. O meu sonho vago de ser isso que tento ser hoje. Não assim. Talvez, não desse jeito. Mas o caminho é torto. A alma se perde no meio de alegria e tristeza. E as músicas tristes. Ah, as músicas tristes. Ah, a vida de verdade em alguma letras. E as vozes, ah, as vozes.
E tem horas em que eu não preciso de nada.



Eu não sei se vou.
Mas, se eu fosse você, não perderia.
Festival Fábrica de Animais.
http://br.youtube.com/watch?v=ziNEo4HVM8w
Fábrica de animais, La Carne e Biônica.
Juke Joint - 14/09 - 23h



E se o corpo aguentar o tranco, passar na Funhouse, para derradeira comemoração do Marcelo.

7ª Edição de um zine aê.
Susi não anda sozinha

Um clique na imagem e você tá lá.
DREAM SCREAM


Passei esses últimos dias acreditando que tudo era mentira. E que você não se tornou tudo que detestávamos. Me iludia olhando as coisas nos lugares certos nessa casa. E pensava na música que tocou naquele dia. No seu olhar. No seu rosto inchado. Na sua incapacidade de me olhar nos olhos. Nas suas mãos trêmulas e enquanto tudo foi difícil. Você me presenteou com um mal hábito e eu te dei essa vida que você leva hoje?
Talvez, se eu pudesse ver o seu sorriso nota-se que nada mudou. Mas não. Temos um oceano e o orgulho nos separando. Tudo aquilo que nós odiamos. Os seus ídolos do presente, era a nossa ira naquele passado. Os seus ídolos massacraram a minha força em continuar. Em levar as coisas até que essa cidade pudesse conhecer nosso fim. O fim ainda parece a milhas de distância. Mas, você não está mais aqui. Tudo acabado e o passado em ruínas. Maldito escuro que me presenteia de lembranças. As bandas que te trazem em ondas. Os momentos que não consegui viver com ele porque era o seu cheiro que ainda sentia.
Tudo, cada segundo, mais fora do lugar. As minhas lembranças parece que não são suas. Não é mais você. Talvez, você tenha se reinventado nesse tempo. E esquecido. Me esquecido. Te esquecido no meio desse desespero em passar por tudo de uma vez. O seu orgulho. O seu maldito orgulho que entravou tudo daquela vez, continua aí, com a sua cabeça dura.
E a banda que você estragou ganhou mais um significado naquele lugar. O meu lugar. O com sofá branco confortável. O de zebra com um buraco. A jukebox e a banda que você estragou. Eu prometi que você não levaria minhas músicas com você. Melhor quebrar promessas internas do que atacar minha gastrite com as suas lembranças. Só que agora tem aquela música da sua banda favorita que me lembra quem eu sou agora. Sem você. Quem eu sou agora, sozinha.
Eu nunca amei e jamais amaria quem tá aí agora. Não é o mesmo. Não é você. Ou se esse é você, agora. Se cuida, garoto. Quem sabe em outra rodada. Nessa, você saiu do tabuleiro.

quarta-feira, setembro 12, 2007

OBRIGADA

Layout novo.
Cara nova.
E tudo como antigamente, por fora muda e por dentro tudo igual, tudo diferente.


O meu eterno agradecimento ao Brunol que fez essa mega surpresa. Eu sempre reclamava que não tinha nada aqui. Mas, as pessoas acostumam com o meu reclamar. Então, eis que surge isso hoje.
Eu adorei muito. =)


Obrigada bruno.
Até perdôo o fato de você me apelidar de mascote.
ROLLING STONES

"You can't always get what you want
But if you try sometimes well you just might find
You get what you need"

just it.

terça-feira, setembro 11, 2007

YESTERDAY IS HERE

Queria esquecer tudo e ir em frente. Seus olhos nos meus fazendo juras baixinho enquanto os dois tinham a maior certeza de que nada daquilo seria verdade. Meus ouvidos tentando captar suas palavras. Minhas mãos brincando com seus dedos enquanto eles se enrolavam no meu ombro. Meu corpo todo encolhido perto do seu. Queria transpor a física e naquele momentos virarmos um só. Caminhar com você. Engolir teu cérebro e te emprestar o meu. Descansar meu coração na sua estante.
Mas amanheceu e a luz sempre aparece pra estragar tudo. Acordamos com os corpos grudados e a cabeça doendo. Lembranças fora do lugar. E o cheiro ocupando o quarto. Sentia pesar minhas palavras e passava pomada nas tatuagens que você fez no meu cérebro.
Queria acreditar que tudo é verdade. Abriria mão da minha mania em me equilibrar na sarjeta se tivesse a certeza que você entraria nela comigo. Seria sua, se você pudesse ser meu. Mas você não pode. Não pode, hoje. Não pôde, aquele dia. E vai continuar não podendo. Simplesmente porque você não sabe o quanto é você e o quanto sou só eu.
A minha liberdade sai com as mãos no bolso. Leva todo meu movimento. Algumas músicas sempre tocando. Lembra de quando acreditamos que seríamos para sempre? Não esquece de pegar suas coisas e fechar a porta. Levanto antes e me tranco no banheiro. Quando voltar quero meus lençóis no lugar e o seu olhar longe daqui. Não te pedi, mas você sabia. Você sempre sabe. Quando voltei você não estava. Então, me encolhi no canto tentando querer aquilo. Te querer longe. Fui até a janela para acompanhar suas costas se perder no meio da multidão. Tarde demais. Já não tinha mais sinal das suas costas e nem da minha vida naquela rua lá embaixo.
Acendo um cigarro para te transformar em só mais um. E eu sei. Você sabe. E todo mundo que nos viu também sabe. Não somos mais um. Nem para o mundo. Nem para o outro. Vasculho meu quarto atrás de uma desculpa boa para te ligar e pedir pra voltar. Não acho desculpa. Não tem nada. Nem um botão esquecido. Nem nada.
Te ligo. O som não sai, só o barulho da minha respiração, você me pergunta o que aconteceu. Te peço para vir até aqui de novo. Você diz que não dá. E não dá porque você não quer. Você tem medo. Eu também tenho. Mas prefiro assumir meus medos. Escolho meu jogo e escondo as regras. Respiro no telefone. Você pergunta o que houve e eu digo que nada.
O canto do meu quarto de novo me têm de joelhos. Ouço o trinco da porta. Levanto a cabeça e é você e o seu all star surrado. Seus olhos garantias gratuitas de que aquilo valerá a pena. Dure o que durar. Seja o que for. Lie to me, babe. We keep on going.

segunda-feira, setembro 10, 2007

ROXO

Crescer é aprender a lidar com o silêncio. Você pode ser uma criança grande, se souber calar quando for a hora. Um adolescente grande, se conseguir. Um adulto, quando o silêncio não mais te incomodar.
Roxo me lembrou das conversas em silêncio que eu tenho desde os 15 anos com a soulsister. Eu tive sorte de encontrar alguém que entende e preza a ausência de palavras. O tempo todo a garota tocava nos assuntos que ele parecia não querer falar, o silêncio a incomodava. Ela atentava para o frio, para o escuro, para qualquer coisa sem importância. Como quem tem medo de ficar ali e enfrentar um dialogo mais real do que as monossílabas que eles trocam a peça inteira. Alguma coisa não me convenceu. Faltou uma verdade quebrada pela falta de som na guitarra. A atenção falha da garota. Faltou umas coisas e outras não. As palavras e a incompreensão do baterista transformadas em ira. O baixista e o vocalista representando os caras para os quais "está tudo bem". Eles substituem o guitarrista, assim como os adolescentes substituem o passado por um presente que vive aparecendo. É a fase de certezas nulas. As minhas são. As deles eram.
Eu tenho sorte. O silêncio eu preencho com alguma solidão e me sinto bem. Me enfio em algumas músicas. Perco o olhar em um livro. Procuro alguma coisa que vive perdida. Talvez, minhas certezas suicidas, acho que a Clarah falou uma coisa parecida um dia.
A marca da diretora estava ali como a mão oculta. A perfeição da marcação na cena em que ela abre a porta e o ilumina sentado do outro lado do palco. O palco um breu. Mas, ele estava exatamente onde ela entregou a luz. Algumas coisas não me convenceram. Mas, eu tenho uma crítica e principalmente uma auto-crítica fodida com teatro. Deve ter sido por isso que optei pelas palavras. Eu posso mostrar pessoas sem ter que atingir a perfeição sendo elas no palco. Eu posso conhecer gente. Posso falar mal ou bem delas como agora. E ainda posso ser só eu e as minhas imperfeições.

Roxo é uma peça para cada um entender de um jeito, ou não, esse foi o meu. O silêncio é sempre o meu jeito.

Roxo
Sábados 20h
Domingos 19h30
Espaço do Satyros - Praça Roosevelt
Pós-peça ainda dá tempo de monopolizar a sinuca e a jukebox do "bar do Bahia". E depois passar no Vitrine para ver umas pessoas. Parar no ibotirama. E se você tiver mais sorte do que eu, ver algum show em qualquer lugar.


ps: Tem pessoas que simplesmente fazem a diferença por estarem lá. Saudades de quando todos os dias eram como sábado. Saudades.
11/out um ano do Chico amor Buarque.
15/out um ano de Porto (in)Seguro.
Pronto tempo, já pode parar. Já deu.



I NEVER GOT TELL YOU WHAT I WANTED TO


A cerração parece denunciar o frio. Talvez as coisas congelem lá fora como acontece aqui dentro. O meu quarto respira minhas pendências. A bagunça e a vida toda enrolada em latas, cinzeiros revirados e roupas, nem todas minhas, denunciam a minha moral questionável. Erros e acertos. E de repente cada pedaço de lembrança congela uma parte do meu corpo. As minhas mãos que brincavam com seu ombro cheio de pintinhas. A gente brincando de ser criança enquanto questionávamos as verdades que essas pessoas compram.Lembra, quando olhávamos o mundo dessa mesma janela, mas era os passarinhos do clube ao lado que víamos. Agora, só o frio e nenhum passarinho para cantar meus pensamentos. Você não sabe, mas eu ainda penso em você, tanto quando disse que estaria com você para tudo. Eu aguentaria as suas lembranças, se esse fosse o preço. Aguentaria seu desespero. Te daria colo e problemas, garoto. Te daria o meu coração para você pregar seus espinhos e depois deixar ele na minha mão todo furado, todo fodido. Mas, você me entregou ele antes, mais furado pela rejeição do que pelos espinhos que você pregaria.
Garoto, você deve estar aí olhando a sua janela e pensando essas mesmas coisas. Talvez, as escreva mais tarde. Garoto, como você consegue ser tantas palavras. Não só palavras, mas tantas e cansáveis palavras. Queria te sentir tão perto que os corações entrariam num mesmo ritmo. Seus olhos me seguindo enquanto escolho a música que iluminará seu rosto na minha cabeça pelos séculos seguintes. Garoto, porque você não aceitou meu coração?
Você me disse uma vez que se sentia parte do meu jogo. O peão que protege o rei e a rainha. Aqueles que estão na frente e são engolidos antes. O que você não sabe garoto, é que te deixei ao meu lado e naquele tabuleiro você era o Rei. Sabe, eu devia ter dito que não, que você não era o peão, e não ter te dado aquela risada complacente. O vento lá fora corta a pele de quem não tem paredes físicas para prender a dor. E aqui dentro o frio me mantém viva. Continuo aqui, trêmula igual o dia que você foi pela última vez.
Garoto, me entrega as suas palavras que eu te entrego a minha vida. Sai da minha cabeça e vem pro meu lado. Esquece os meus sorrisos, o tabuleiro, a vida, os problemas e a política. Garoto, quando você desistir de sofrer sozinho vem comigo que eu te dou colo e divido meus problemas para diminuir os seus. Eu te ensino a transformar dor em amor. Eu te ensino a me amar. Garoto, eu vou estar naquele mesmo bar que nos conhecemos. Aquele com o sofá branco mais confortável. Com a jukebox tocando a minha música enquanto você me explica suas tatuagens e as suas mentiras.
E depois...
Depois, a gente desce até a praça e recomeça na frente da igreja. Vamos selar nossos medos com a fé dos outros. Garoto, eu preciso te dizer tudo que eu sempre quis.
22/08/2007


" I can't get no satisfaction
I try and
I try and
I try and
I try.

I can't get no."



http://www.semgelo.zip.net/
Eu não aprendo nunca. Podecrê.

Fui assistir Roxo. Mas disso falo depois, quando estiver em casa, e não com o Bruno rindo como uma hiena do meu lado na aula de assessoria.
A marcação era boa. Mas, pareceu que era só isso.

Agora, faculdade é ôcaralho.
Um press release sobre chocolate de soja é foda de fazer. Chocolate de soja é ruim até quando é bom. E sem contar que meu texto tá viciado porque o Bruno não consegue parar de falar. E tá fazendo um texto que começa com:
"O chocolate não precisa mais ser considerado um inimigo..."

Tá bom, então.

sexta-feira, setembro 07, 2007

DON'T AFRAID OF THE DARK




A vida como se fosse febre. Eu me enchendo de analgésicos para não sentir os sintomas. Ela me deixa, expulsa por toda essa falsidade na forma de comprimidos. E a temperatura oscila como o meu humor. E as pessoas aparecem me dando conselhos batidos e quase mortais. Banheiras com gelo como naqueles filmes que ninguém gostaria de ter assistido, mas seja por obrigação ou a falta dela, a gente acaba vendo.
Você levantou naquele dia da sua cadeira no canto escuro daquele bar para me emprestar uns conselhos. Um empréstimo que você trocava ali pelo meu coração. E eu burra, parada, cansada de segurar as facas para me devender, te entreguei. Babe, eu te entreguei tudo. O meu coração foi só um brinquedo nas suas mãos, enquanto eu esquecia de olhar para ele porque estava ocupada demais olhando para você. Eu sempre achei que meu problema fosse falta de amor. A noite passada, eu percebi que não foi a falta dele, mas o excesso por coisas as quais não deveria amar.
Os meus sonhos estão todos pregados nessas paredes e vão se desprendendo como os analgésicos são enfiados goela abaixo por essa vida. Toda a minha dor eu preencho de ilusão para esquecer que ela existe. As rejeições eu guardo em um vidro com o nome de cada um deles. Espero a hora de fazer o meu juízo final. Daqui a 1 ou 50 anos. Depende da temperatura da minha vida. Depende da quantidade de analgésicos que eu encontro pelo caminho. Depende da minha organização para arrumar os vidros. A noite passada, sem querer, eu esbarrei e derrubei alguns. Foram ali as minhas lembranças e parte da minha amargura. Quando eu acordei ainda meio tonta do vinho que eu te falei que não bebia mais, cortei os pés nos cacos espalhados pela sala. O sangue ia saindo e a medida que eu olhava aquele liquido o desespero me consumia um pouco. Odeio ver sangue. É uma daquelas coisas boas de saber que existem, desde que eu não precise de agulhas ou cortes para vê-la.
Eu sentei naquele bar que nunca tinha estado antes. Tinha uma mulher bacana cantando umas músicas. A voz dela era linda e forte. E eu gosto de pegar força emprestada com essas pessoas que eu sei vagamente quem são. E não era o meu rádio me emprestando barulho. Era música. Uma puta música foda. E ela cantando, cantando, cantando. E aquelas pessoas todas. Algumas entendia e outras fingiam que não se importavam. E eu queria ficar ali olhando aquela mulher cantar, com o pensamento do outro lado do mundo onde você descansa as suas mentiras. Onde você está e eu também já estive. Lá pregado ao meu passado. Vivendo nele. Dormindo nele. Se alimentando dele.
Foram algumas minutos. Minto foi uma hora. Por quase todos os minutos de uma hora inteira, eu pensei em você. Era aniversário do meu amigo e a gente ia sair para beber. Então acabou a música e as pessoas começaram a se abraçar e eu não fazia parte daquilo. Sentia o seu cheiro dentro daquele porão tosco. Sentado em uma das cadeiras no canto da pista. Você devia estar lá. Eu te sentia lá. Então, meus amigos levantaram e eu fui com eles e sem você.
Como sempre, sem você e com mais alguns analgésicos.


'i just made you up to hurt myself
and it worked
yes, it did.'
PORTA FECHADA

De repente tem tanta gente aqui. Olho para o lado e vejo rostos. Milhares deles. Sorrisos os que tive e os que chegam a cada segundo. Minha vida é guiada a novidades. A cada andar encontro uma coisa esquecida no chão dessa cidade. Ando de cabeça baixa procurando elos perdidos no chão. O meu elo. Aquele que me prega ao meu passado e sustenta meu futuro. O presente me presenteia com a saudades. Uma saudade fina que evito matar. Ela me alimenta de passado e não deixa eu me perder nesta bagunça que é aceitar os sonhos. Ando cada dia mais para longe. Cada dia um pedaço do meu sonho sendo moldado sem massinha. Ele vai no susto, busca abrigo em algumas casas que mantém a porta fechada. Fico ali tomando chuva, braços cruzados, grudada a sua porta. Você está lá dentro. Não abre porque não me quer aí dividindo os seus fantasmas. Eu também nunca quis ninguém aqui. Maldita idéia procurar a sua porta nesta noite fria. Deixei o guarda-chuva pendurado na cadeira do bar fazendo companhia para o meu juízo.

Não sei o que me deu, quando resolvi acreditar que este sonho vai acabar em um lugar bom. Guiado por uma calma desesperadora que arrancarei no dente com mais problemas. Sempre arranjo alguma coisa para me preocupar. E desta vez é a sua porta fechada. Um pedaço de teto entre a rua e a sua porta. Me espremo fugindo da chuva e do seu medo que bate nas paredes. Ele também quer vir até mim. Mas você, um saco de ossos recheado de carne, tem medo. O seu medo entrava todo o futuro. Qualquer que seja o futuro. A sua mão escondida nas suas costas e o seu sorriso sádico nunca estiveram no meu sonho. E quem disse que o sonho condiz com a realidade, não te conhecia.

Saio na chuva. Braços abertos, rodo na praça fria e solitária, abro a boca para sentir o gosto dessas gotas. Rodo, rodo, rodo e a roda dá vida me leva. As gotas da chuva e o sal das minha lágrimas misturadas. Um gosto bom. O meu gosto. O gosto das minhas verdades. O meu sonho que toma forma a cada dois passos. A faculdade. As músicas. A procura por algum trabalho. Tudo. O eu queimo no inferno da solidão. Algumas pessoas. Sempre tem algumas aqui para salvar os dias e me arrancar sorrisos. Tem as que me matam com a dor fina da saudade. E as que chegam anunciando um carinho gratuito e enorme.Cansei. Cansei de toda a alegria que todo mundo finge. A vida faz sentido enquanto rodo, com a boca aberta sentindo cada gota na ponta da minha língua. Tudo faz mais sentido quando há dor aqui. Alegria é calmaria frígida. E tudo que é frigido me acomoda. Ainda tem muito sonho me esperando. E muitas portas fechadas com um pedacinho de telhado para me proteger da chuva. Se você abrir a porta eu entro. Bebemos. Conversamos e quem sabe escrevemos as palavras que vivem grudadas na nossa cabeça. Mas o seu medo é maior. Você é maior que ele. Mas prefere manter a porta fechada. Me acomodo na praça. Os pés brincando um com o outro. Acompanhada dos meus mortos que me olham lá de cima. E sorriem. Eles sorriem porque eu não desisto. Jamais desisto. Prego minhas palavras na vida, enquanto elas se pregam em mim. Sou uma mulher vestida de realidade pintando a ficção. Sou eu e isto me basta. Sou minha e isto é o que me importa. É assim que é. E assim que será. Até. Até o dia que tiver que ser.

quarta-feira, setembro 05, 2007

SOUL MEETS BODY

'Cause in my head there's a Greyhound station
Where I send my thoughts to far-off destinations
So they may have a chance of finding a place where they're far more suited than here


Sabe, eu observo as pessoas. E dessa vez eu suguei delas a minha verdade. Olhava as pessoas pelo ângulo que é possível me enxergar e de repente tudo deixou de fazer sentido. Foram alguns momentos de incompreensão. Indo encontrar uns amigos no pior lugar dessa cidade, com o strokes no talo no ipobre e a augusta inteira virando cenário de filme. De repente eu descobri. Ou fui descoberta. O que me falta é uma voz que seja só minha. Encontrar mais pessoas que tenham as suas e se bastem. Encontrei algumas e nem sempre elas são vozes admiráveis. Mas, se é a verdade delas, eu respeito. E me encolho no canto feliz pelo controle de alguém. Eu não tenho o menor controle. Não canso de ser idiota. Não canso de parecer idiota. Não canso de ser eu. Adolescente? Oh, realmente. Daquelas que dormem 3h30 por noite, trabalham e estudam. Dessas cheias de obrigações e finais de semana com vida. Dessas que fazem tudo certinho, aos olhos dessa sociedade fálida. Para uns a vida é filme. Para outros é simplesmente vida. A minha, pára no meio termo.
Descobri dentre um emaranhado de clichês quem eu sou. Se tiver uma música boa. Se eu puder ouvir meu Chico e as bandinhas com sotaque britânico. Tiver uns copos e uma ou duas pessoas para dividir silêncios. Tá tudo bem. Não procuro pessoas para conversar. Não procuro pessoas. Não me sinto o ser humano mais sofredor do mundo. Não tenho desenhos pelo corpo que representem nada. Porque não tem nada para representar. Já me senti impotente quando alguém me olhou nos olhos e pediu socorro e eu só consegui dar umas lágrimas e mais desespero. Mas, passou. Tudo passa. Hoje só uma saudades fina, preenchida da ilusão que daqui a pouco, passa para sempre. Assim como foi. Assim como ainda é.
Olhei para todos Eles. Todos eles. Comecei a olhar para todos os vivos e questionar verdades. Pessoas querendo ser Lispector, sem jamais entender quanta dor de verdade, dor daquela que seca as retinas enquanto elas se pregam assustadas nas paredes do quarto. Se o preço for tão alto. Deixo para quem aceita sentir isso para ter produto. Se não for de verdade, não me vale de nada. Olhei pro Bukowski e vi todos esses caras querendo ser velhos, sem perceber o quanto ser velho é difícil. Um dia de cada vez. O corpo agradece. Olhei pro Fante e fiquei sem muitas palavras. Admito, só li "pergunte ao pó". Admito porque não preciso ser leitora de pocket pra parecer "cool" eu li o que eu li. E vou ler o que eu quiser ler. Porque sou eu. E foda-se se eu não me adequo aos padrões de qualidade de algumas pessoas. Cheguei no Leminski dentro do ônibus enquanto imaginava situações e sempre que pensava em simplesmente disser que tudo se foda, lembrava do final premeditado por ele. Mas que tudo se foda. O Caio F. começou a andar por aqui. Ele se matou. E se o fim dessa vida é a morte pelas minhas mãos. Não serve. Se escrever me tirou de vários poços não quero me enfiar no dele. E depois apareceu você e mais umas pessoas. Das quais um dia te falo, ou não.
Não quero ser nenhum deles. E nem ler coisas enlatadas. E nem ser enlatada. E nem me cortar pra estancar dor. Se é dor que eu uso de matéria-prima que ela escorra em palavras e o sangue continue aqui dentro. Dispenso algumas drogas. Dispenso a idéia romântica. Porque na vida real o buraco é mais embaixo. Não preciso de nada disso para fazer parte. Que eu jamais faça parte de nada. Se eu tiver algumas pessoas para dividir o silêncio.

6º EDIÇÃO
http://susinaoandasozinha.blogspot.com/