segunda-feira, setembro 17, 2007

RAZÃO


Você lembra daquele dia em que te vi no balcão daquele bar. Senti que naquele segundo eu te escolhi para ser meu. De repente o mundo desligou, as vozes simplesmente se congelaram, e ali eu tive certeza que perdi um pedaço de mim. Mas eu não quero nada, nunca quis e não ia querer naquele momento. Eu quero a minha liberdade respirando grudada nas minhas botas. Carrego minha vida debaixo do meu braço. Uma falsa auto-suficiência vestida de solidão.
Eu mostrei pra você, deixei você tocar e então me encolhi no sofá daquele bar. O meu celular tocou e aquilo parecia ser o momento errado se não fosse o certo e o necessário pra me tirar dali. O resto, eu quase não lembro, uma porção de fatos sugestivos. Uma porção de mentiras enevoadas naquele bar.
Ontem me falaram que eu vou morrer. Dei um sorriso como quem espera pela novidade. Mal sabe ele que eu já morri. Naquele dia que não te aceitei e te transformei em ficção. Então, a cada trago de vida coloco a morte mais perto. O sorriso de quem pouco se importa. Eu não tenho medo. Eu não tenho medo da minha cabeça. Eu não tenho medo do meu sono. Eu tenho medo do meu sonho. Eu não tenho medo da minha voz. Eu não tenho medo.
Les pensées qui glacent la raison.
09/08/2007


tudo sempre igual
tudo diferente
eu acho que vou deixar de frequentar bares, eu acho.