quarta-feira, setembro 05, 2007

SOUL MEETS BODY

'Cause in my head there's a Greyhound station
Where I send my thoughts to far-off destinations
So they may have a chance of finding a place where they're far more suited than here


Sabe, eu observo as pessoas. E dessa vez eu suguei delas a minha verdade. Olhava as pessoas pelo ângulo que é possível me enxergar e de repente tudo deixou de fazer sentido. Foram alguns momentos de incompreensão. Indo encontrar uns amigos no pior lugar dessa cidade, com o strokes no talo no ipobre e a augusta inteira virando cenário de filme. De repente eu descobri. Ou fui descoberta. O que me falta é uma voz que seja só minha. Encontrar mais pessoas que tenham as suas e se bastem. Encontrei algumas e nem sempre elas são vozes admiráveis. Mas, se é a verdade delas, eu respeito. E me encolho no canto feliz pelo controle de alguém. Eu não tenho o menor controle. Não canso de ser idiota. Não canso de parecer idiota. Não canso de ser eu. Adolescente? Oh, realmente. Daquelas que dormem 3h30 por noite, trabalham e estudam. Dessas cheias de obrigações e finais de semana com vida. Dessas que fazem tudo certinho, aos olhos dessa sociedade fálida. Para uns a vida é filme. Para outros é simplesmente vida. A minha, pára no meio termo.
Descobri dentre um emaranhado de clichês quem eu sou. Se tiver uma música boa. Se eu puder ouvir meu Chico e as bandinhas com sotaque britânico. Tiver uns copos e uma ou duas pessoas para dividir silêncios. Tá tudo bem. Não procuro pessoas para conversar. Não procuro pessoas. Não me sinto o ser humano mais sofredor do mundo. Não tenho desenhos pelo corpo que representem nada. Porque não tem nada para representar. Já me senti impotente quando alguém me olhou nos olhos e pediu socorro e eu só consegui dar umas lágrimas e mais desespero. Mas, passou. Tudo passa. Hoje só uma saudades fina, preenchida da ilusão que daqui a pouco, passa para sempre. Assim como foi. Assim como ainda é.
Olhei para todos Eles. Todos eles. Comecei a olhar para todos os vivos e questionar verdades. Pessoas querendo ser Lispector, sem jamais entender quanta dor de verdade, dor daquela que seca as retinas enquanto elas se pregam assustadas nas paredes do quarto. Se o preço for tão alto. Deixo para quem aceita sentir isso para ter produto. Se não for de verdade, não me vale de nada. Olhei pro Bukowski e vi todos esses caras querendo ser velhos, sem perceber o quanto ser velho é difícil. Um dia de cada vez. O corpo agradece. Olhei pro Fante e fiquei sem muitas palavras. Admito, só li "pergunte ao pó". Admito porque não preciso ser leitora de pocket pra parecer "cool" eu li o que eu li. E vou ler o que eu quiser ler. Porque sou eu. E foda-se se eu não me adequo aos padrões de qualidade de algumas pessoas. Cheguei no Leminski dentro do ônibus enquanto imaginava situações e sempre que pensava em simplesmente disser que tudo se foda, lembrava do final premeditado por ele. Mas que tudo se foda. O Caio F. começou a andar por aqui. Ele se matou. E se o fim dessa vida é a morte pelas minhas mãos. Não serve. Se escrever me tirou de vários poços não quero me enfiar no dele. E depois apareceu você e mais umas pessoas. Das quais um dia te falo, ou não.
Não quero ser nenhum deles. E nem ler coisas enlatadas. E nem ser enlatada. E nem me cortar pra estancar dor. Se é dor que eu uso de matéria-prima que ela escorra em palavras e o sangue continue aqui dentro. Dispenso algumas drogas. Dispenso a idéia romântica. Porque na vida real o buraco é mais embaixo. Não preciso de nada disso para fazer parte. Que eu jamais faça parte de nada. Se eu tiver algumas pessoas para dividir o silêncio.

6º EDIÇÃO
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