quinta-feira, setembro 20, 2007

MISERY IS A BUTTERFLY

E eu sentei em um lugar mais inquieta do que eu sou. E eu sou inquieta o suficiente para me arrancar do meu centro. E eu brincava com um papelzinho escrito 8. Se você vira o papelzinho branco com o oito ele vira o símbolo do infinito. E deve ser assim que a minha alma pentelha se sente. Sempre esperando o de amanhã quando ainda tem o restinho do hoje.
E eu esperei. Esperei até chamar o oito do meu papelzinho. A minha fé é falha. Um pouco falha desde uns dois anos atrás. Desde que eu encarei o para sempre e ele venceu. O filhodaputa me venceu. Tudo bem, na próxima rodada a gente acerta as contas lá em cima. Eu e o para sempre. Quem sabe façamos as pazes. Deve ser por isso. A minha inquietude deve vir dessa perda. Não é fácil encarar a vida quando termina o conto de fadas. Quando já não se é tão criança. Sem os livros da Bruxonilda me fazendo companhia. Sem aquelas mentiras sinceras. Só o meu olho vermelho naquele espelho. Me falaram que ela ia passar tudo de novo e para mim era a primeira vez. Não sei o que senti. Era como se me arrancassem cada pedaço da minha certeza. Da certeza nula que viveríamos até quando não pudesse mais imaginar. Mas, o para sempre, apareceu antes. Ele veio acabar com tudo e a carregou pelo braço. Eu prometi e ouvi coisas em silêncio, enquanto me despedia já seca. Sem mais lágrimas. Era uma alegria disfarçada. Sentia-me bem em pensar que já não mais sofreria. Tinha acabado e o para sempre tinha vencido. Parabéns, tempo, meus parabéns.
E hoje, hoje eu dou valor e cada dois segundos de vida. A cada segundo de silêncio. Aquela frase que ouvi uma vez. Não sei como. É inexplicável e místico demais para colocar em palavras. Mas, eu consigo. Eu consigo tudo, desde que não seja só para mim. É parte da promessa que eu fiz para ela. E ainda levará um tempo. Não o para sempre. Mas, um tempo até chegar ao fim. E por enquanto só essa certeza nula que me guia. E me faz fazer coisas sem notar. Sem notar que tudo acaba bem quando eu tenho o meu travesseiro.
Eu quero que tudo fique bem. E tudo não passe de um susto para você acordar mais forte. Ainda mais forte. Ou talvez, o tempo vá passando e a sua força seja brilhante em outras formas. Sem essa aparência que eu vi naquelas noites. Você é forte, você é forte porque parece ter as suas marcas. Aquelas que a gente deixa ali no canto e levanta para viver. Levanta e faz coisas acontecerem. E carrega o mundo no braço. Você ganhou uma pessoa na sua vida. Naquele momento que você sorriu de graça e me deu um pouco mais de vontade em fazer as coisas acontecerem. E agora, não é mais um clichê ou talvez não passe disso. Mas, se você precisar de alguém para ir recolher as coisas ali do canto. Pode gritar. Pode mesmo.
E fica bem. Se cuida.