sábado, setembro 15, 2007

I HOLD MY PEACE

Andei por todas ruas que foram nossas com uma alegria que talvez nunca tenha sentido. Nem quando aquelas ruas eram as nossas. Os meus amigos não estavam lá. E eu tinha toda a alegria para mim. Ali, presa, sem poder compartilhar ou dividir. E ela se multiplicava a cada pensamento novo. Eu e a paz, que a muito não experimentava, abraçadas naquela rua.
Tudo de novo. Aquele show e a aquela voz. Aquela forte. Aquela que me empresta força. E eu não senti tudo de novo, tinha coisa demais na minha cabeça, e você não era uma delas. E as coisas iam e esbarravam em você parado na porta da casa do nosso amigo. Parado na porta daquela sala, esperando eu te dizer que tudo estava bem e que o nosso placar estava zerado. Ninguém ganhou, ninguém perdeu, tiramos de qualquer coisa só o nada, que me acompanha. Que me acompanhava até eu perceber na noite passada que a minha liberdade é o que me prende. A liberdade e umas vontades que deixo em mesas de bar.
As bolas alinhadas e só precisa de uma tacada pra tudo descer caçapa abaixo. Um gole e eu te engoli pra sempre. Um empurrão e você rolou as escadas da minha vida. Não importa como você está lá embaixo. Você, o mané, que jamais estaria ali comigo. Deve perder seu tempo com whisky quente. Porque você é malandro e toma red label com seus amigos na micareta. Porque você é vazio e eu amava o vazio em todas as suas formas. Até nas suas. Hoje, eu prefiro essas pessoas que me mostram coisas do outro lado da vida. Ou que não me mostram nada. Só me deixam em silêncio. Só e em silêncio.
O show acabou. Começou um outro e tinha o terceiro que eu não pude ficar para ver. Ouvi umas músicas deles e queria ter ficado. Mas, eu precisava terminar a noite onde tudo começou. Com os meus amigos. Os que entenderiam a minha felicidade. A minha dura, crua e fria felicidade. Sem drama. Só uma coisa ali programada pra dar certo. E aquilo que eu venho pensando a tanto tempo, pode se tornar realidade.
Subi a Augusta com mais medo dos carros. Eu, que nunca olho antes de atravessar. Eu, que me jogo sem cordinha em todos os abismos. Eu, que entrego minha vida a inércia, vez ou outra. Ali, parada, esperando o momento certo. Esperando. Eu acho que estou aprendendo a esperar. E eu acho que vou ficar melhor assim.
Sem você. Com um pouco mais de calma. E sempre que possível com a música que não pode parar.


"You know I can't stand it
You're runnin' around
You know better daddy
I can't stand it cause you put me down"