terça-feira, dezembro 22, 2009

what do you want from me now you got me?

Se me pedissem para definir 2009 em uma palavra, a escolhida seria: encontro. Não que tenha encontrado um amor qualquer, porque isso seria óbvio e, foi longe dessa obviedade que me encontrei. Comecei um ano pensando que ele seria solitário, que não poderia pedir socorro e um café no vanilla para desmoronar minhas dúvidas e confessar meus medos. Uma distância real me separou o ano inteiro do meu porto seguro.

Mas, a vida foi se desenrolando e o vinho sempre transformou a falta em companhia. Dei outro significado para a distância. Notei outras pessoas especiais que já estavam ao meu lado, conheci lugares, frequentei um novo inferninho particular em uma rua escondida da Augusta.

Senti muito mais saudades quando algo muito bom acontecia do que nos momentos em que sentia a velha e conhecida necessidade de colocar uma música alta e escrever. Voltei a escrever com a sinceridade dos outros tempos. Me desfiz de uma paixão destrutiva sem substituir. Busquei forças no daqui para frente e, não mais, no doce passado. Notei que as marcas que guardo não podem me impedir de conquistar outras. Que não é vivendo no receio do que vivi que vou conseguir viver como sei. E eu só sei assim: intensa, tempestiva (vez ou outra), guiada por pequenas paixões (livros ou discos também estão nessa categoria). Urgente e calma. Aprendi, esse ano que, sei como esperar o tempo das coisas e consegui encontrar formas de fazer os ponteiros do relógio trabalharem a meu favor.

Destino ou acaso, nunca vou saber, mas foi através do inesperado que conheci pessoas incríveis. Que vi velhas ideias tomarem forma. Foi através de palavras soltas que começou a ser escrita uma história sem controle, escrita nos fatos e nos pensamentos não consumados, no que é dito e na troca sincera. Fui revirada com um olhar. Me senti uma garota como antigamente e vi toda a minha birra ser descoberta.

Tive noites malucas, pensamentos que não confesso, sai de mim uma ou duas vezes, visitei outros tempos e outros lugares. Vi o show que esperei por vários anos, ele ali, um olho menor e outro maior, lindo como só as pessoas cheias de alma podem ser. E ele é isso, ele é o cara que canta tudo que eu não sei falar, que me faz chorar no metrô e que me faria parar a terra só para aumentar aquelas 2h15min. Que eu amo e que está a frente da melhor banda de todos os tempos. Eu, finalmente, vi o Radiohead.

Entre mortos e feridos. Uma grande decepção. O fim de uma amizade que me fez morrer um pouco. Que me fez sentir dó da humanidade e sentir que os seres humanos foram feitos para serem mesquinhos. Sorte que ainda existem aqueles que se salvam, que se respeitam, que se mantém integros e pagam o alto preço por fazer aquilo que querem. Por favor, apontem na minha direção os caixas, sempre vou pagar o preço que for para continuar sendo eu.

Encontro de amigos do passado que me fazem sentir bem. Encontro da saudades da melhor amiga morando em outro país. Encontro da solidão que tinha substituído por uma paixão cega. Encontro de novos (velhos) amigos que fazem todos os momentos serem especiais, mesmo que no carro ouvindo música antiga e fazendo piadas balzaquianas. Encontro do que eu quero fazer dentro da rádio e da chefe que acredita e dá força para tudo acontecer. Encontro de alguém que paguei para ver, embora o pré-julgamento sempre tenha me dado um grande receio, a minha maior e melhor surpresa desse ano. Encontro da decepção que me faz mais forte quando não me faz covarde. Encontro da irmã menor entrando na adolescência e eu sendo pega como exemplo, quando não posso ser exemplo algum. Encontro de noites malucas e dias esquecidos. Encontro de filmes que me fazem esperar o cinema esvaziar enquanto me desmancho em lágrimas. Encontro de shows na chuva enquanto a identificação molha meus cabelos. Encontro de um ano passado que abre espaço para um outro. Mais verdade, mais intenso, mais imprevísivel. Um ano que começa com grandes chances, como me despedi da chefe na rádio hoje, "ano que vem voltamos com tudo".

Feliz ano novo para todos que estiveram no meu, para os que passaram pelos meus, para os que nem conheço. Que a gente encontre durante o próximo ano inteiro o equilíbrio entre a felicidade e da tristeza. A tristeza que nos faz contestadores, que nos faz inconformados, que nos faz: eternos adolescentes.



ps. o texto não tem nomes. mas, eu sei quem vai se encontrar por aí. ;)
ps²: o título é Radiohead (claro). um link pra vocês.

segunda-feira, dezembro 21, 2009

all those shadows there are filled up with doubt

Eu queria sentir que posso sentir tudo outra vez. Quero o meu estomago revirar com um e-mail, mensagem de celular ou porque a janelinha do msn piscou. Quero pensar em coisas que podem roubar um sorriso. Quero um abraço sincero no fim do dia para garantir que o dia seguinte vai ser melhor. Quero fugir de frases prontas e de como todos se acomodam com a segurança. Quero sentir medo de me entregar e, notar que não é uma escolha. Quero uma pessoa que faça a minha história acontecer sem palavras. Quero o silêncio preenchendo a respiração acelerada. Quero contar e ouvir histórias sem que ninguém se canse. Quero conhecer cada um dos caminhos que alguém escolheu para chamar de felicidade e, mostrar os meus. Quero alguém que não pense durante cada segundo que eu vou fugir ou me desinteressar. Quero acreditar e que acreditem em mim. Quero companhia e quero solidão. Quero respeito entre cada uma das diferenças e solidariedade nas igualdades. Quero entender cada uma das particularidades que escondemos a princípio. Quero um beijo roubado em um noite linda. Quero a calma de mãos dadas. Quero simplesmente sentir que tudo é outra vez possível.

Talvez seja irreal demais acreditar que...






não acredito.

sábado, dezembro 19, 2009

Jockey Full of Bourbon

Tive medo de você desde a primeira vez que te vi. Você tem um olhar profundo, parece conseguir tirar toda a minha proteção e ver além das aparências. Senti que, naquele momento, depois de anos, alguém seria capaz de ver um pouco além do que permito. Quase uma intromissão com a minha licença, já que é mérito seu o desconserto que provoca com o seu jeito de olhar.

Uma luz baixa no bar anuncia a nossa hora de partir, no fim daquele começo de noite, é hora de deixar as horas fazerem do tempo uma história sem fim. Enquanto isso, algum velho canta com a voz embriagada uma música que cria o clima perfeito para a última dose de whisky.

Você me fala sobre a sua vida enquanto se mantém um completo mistério. Desfaz as aparências enquanto me confunde e deixa claro que você conhece o jogo que eu adoro jogar, faz com que a minha curiosidade faça tudo parecer interessante. Me toca no joelho enquanto se mantém distante e no instante seguinte...

quarta-feira, dezembro 16, 2009

whiplash girlchild in the dark

Tenho sentido menos vontade de ficar sozinha, talvez porque finalmente escolho quem quero ver, por necessidade ou afeto, vejo os certos e em grandes proporções para não faltar verdade.

E, então, em um dia qualquer, chego em casa mais cedo e fico pensando no que sou, no que quero, no que faço para conseguir. Refaço os meus planos, organizo meus pensamentos, revejo datas e calculo os começos. Lembro do acaso que uniu pessoas e de como é tudo mentira, não existe coincidência maior do que o destino. Se é que existe um, se é que não somos senhores do nosso agora, esse instante que mudará para sempre o depois. Mudando, mudando, mudando. Quem não muda, não interessa.

Quero alguém que grite até perder a voz porque está transbordando de algo que não consegue soltar em palavras mansas. Quero um desespero contido. Quero um riso difícil. Quero o depois, o agora e o durante. Quero tentar entender sabendo que o máximo que farei é chegar perto. Quero tardes divertidas e leves com o nada preenchendo cada um dos cantos da vida. Quero sentir a ausência das expectativas. Quero sentir até o mundo mudar de cor e, se de repente, quiser ficar sozinha, saber que isso também é uma opção.

Um complexo alguém, tem?

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Sou sempre aquela que demora vidas para confiar, que tem os mesmos velhos amigos há muitos anos e sorri das piadas do passado. A mesma que encontra no sorriso deles a relação familiar que muitas vezes falta no que costumamos chamar de lar. É naquelas relações construidas através da confiança calma e leve que me sinto em casa. É através deles que consigo a força necessária para continuar e vencer os obstáculos do agora.

Um fim de tarde e começo de noite regado ao acaso, com partidas de sinuca e o mundo inteiro explodindo do lado de fora enquanto discutimos o agora e vemos o lado de fora pelos olhos do presente.


Gonna try with a little help from my friends.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

there is nothing within me now to gain


Algumas frases soltas me pegam pela mão e me conduzem direto para um lugar onde nunca estive. Abrem um novo universo que tenho entrado sozinha. Absorvido todo o meu passado, nada mais pesa. Lido bem com as diferenças que me fizeram chegar até aqui. Entendo o que me faz ter esse receio de me entregar, noto porque não me envolvo com ninguém que só me veja na superfície, percebo porque me esquivo dos fracos de espirito e pensamento. Todos os lugares onde já estive me deixaram marcas profundas que não vão cicatrizar, não vão ser esquecidas, mas vão ficar aqui, quietas. Não preciso revirar as mágoas para encontrar a paz, saber deixar o tempo fazer de tudo um lugar apenas seguro para descansar as lembranças é também reflexo dos anos que passam rápido diante dos meus olhos.

Vivo mudando a forma de viver. Um dia quero o mundo inteiro, a bebida mais forte, os olhares, as músicas diante das luzes vermelhas de um inferninho qualquer no meio de um lugar que cheire ao pecado de todos. No dia seguinte me sinto bem, sozinha, com a música alta direto nos meus ouvidos, eu senhora de mim e dona do set list que dá ritmo aos pensamentos e guia meus dedos pelo teclado, a janela aberta e o vento calmo de um fim de tarde.

Cansada dos pequenos clichês que são usados para nunca errar. As garantias guiadas pelos medos. O óbvio. Até a forma como me decepcionam é óbvia. Me pedem para ser um pouco mais compreensiva, eu que realmente entendo, só não concordo, não acredito que tenha sido mais uma vez como todas as outras. Porque a gente vive se iludindo, procurando diferenças e respirando aliviada sempre que encontramos conforto em um olhar de cumplicidade. Não afirmo que não existiu, só não está mais aqui. Também devo desculpas, sei que me envolvo demais no trabalho e acabo respirando pendências. Sei que não me importei quando tudo aconteceu, que estava preocupada com milhares de outras coisas e esquecida do quanto aquela conversa mudaria o rumo do presente. Apenas aceitei cada uma das clausulas de um contrato que não li. Mas, não adianta querer voltar atrás agora.

Respiro aliviada por seguir em frente. Não minto que vou mudar. Eu sei que vou continuar envolvida até a cabeça com o trabalho, destinando as minhas forças para algo que quero ver acontecer e vivendo com propósitos desconhecidos. Continuo uma incógnita, até para mim.

domingo, dezembro 06, 2009

hand in hand with myself

Eu gosto das verdades que invento. Dos sonhos que transitam pelos meus pensamentos e não consigo segurar. As letras surgem para esclarecer o que sinto, para estudar o que não digo, para comunicar o que silencio. Saem livres e me fazem um personagem, me sinto milhares enquanto sou só uma.

Desfaço os planos, construo rotas, delimito o tempo. Transformo a vida em palavras que não confesso, não entrego, meus escritos vindos de fluxos de consciência entorpecidos de um momento qualquer, da necessidade urgente de colocar em palavras os pensamentos que surgem como frases. Meu bloco de anotações e a caneta azul para segurar o que precisa se tornar algo fora de mim. Cada novo bloco é um novo começo, substituídos e esquecidos os outros se transformam em lembranças, as frases e aquele momento que ficou guardado ali.

Sinto falta de quando passava noites escrevendo nos guardanapos dos bares dessa cidade, quando meu escape tinha companhia e as frases se completavam, misturavam, éramos particulares por sermos só mas, confiávamos os nossos segredos rabiscados um ao outro. Nos largávamos em papeis quando as palavras faltavam ou para interromper uma crise de riso provocado por algo sem explicação.

Fazia um bom tempo que não sentia vontade de ouvir música em uma tentativa de ignorar o mundo enquanto todos falam. Tinha me tornado alguém mais tolerante, tinha acertado o ponto das diferenças, reconhecido que vou ser uma velha com meus poucos anos, que só vou ouvir quando sentir que existe algo para ser trocado, que só vou falar quando sentir necessidade de. Tinha aceitado respirar na superfície, daí bateu, alguém para quem dediquei partes de mim que quase não entrego, achou a maneira exata de me decepcionar. A superfície pode parecer mais confortável porque exige menos, mas é no fundo que estão todas as coisas que me dizem mais de mim.

Um encontro comigo depois de um monte de coisas que é melhor não explicar.

ps. título é velvet underground.

segunda-feira, novembro 30, 2009

were you looking for somewhere to be

Conheço alguém pela forma que olha no olho e pela força do abraço. São dois pequenos detalhes que jamais passam desapercebidos. Gosto de pessoas que são feitas de pequenos detalhes, que não se escondem atrás de milhares de aparências só para ser algo que não exija nada. Eu gosto de tudo que me exige verdade, que me faz procurar na bagunça da minha vida uma razão especial para existir, eu gosto dos extremos. Troco noites de sono por um trabalho que me faça sentir viva. Acabo com as obrigações no menor tempo possível para me entregar ao além.

Gosto de tudo que se justifica pelo inexplicável. Quando não existe um porquê definido e quando as definições são pequenas demais, quando é impossível explicar os sentimentos, os sentidos, as vontades.

Em alguns minutos você pensa em desistir, em falar que o mundo ganhou, que não vai dar mais e que as suas cartas foram jogadas naquele monte em cima da mesa. Tem uma hora que o peso do mundo parece ser mais forte do que a vontade. Eu tive tantos desses momentos nesse ano. Tanta vontade de mandar tudo para um lugar bem longe de mim. A faculdade me tira anos em alguns minutos. Algumas dessas pessoas que tem um dom sobrenatural de pesar, de parecer um ponto cinza que deixa da mesma forma tudo aquilo que encosta. Sinto falta do colorido dos meus velhos amigos. Sorrio lembrando do dia que cortei cana com um facão, completamente bêbada e eles falavam "você vai arrancar a perna". As tardes com vinho nas externas enquanto acendíamos cigarros uns nos outros e tossíamos com a fumaça. Daquele dia com violão e todos juntos reclamando de alguma coisa que nem lembro mais.

Foi preciso crescer para notar que são só esses pequenos momentos que vão se tornar lembranças. Algumas, muito boas.

Quero todas as pessoas do bem por perto. A verdade. Triste ou alegre, o que importa é a forma como se olha no olho.

quinta-feira, novembro 26, 2009

Nina, sing one for me

A força parece escorrer pelos meus dedos. Queria sentar e chorar algo que nem existe. Como se eu tivesse criado a angústia, ela não me larga.

Não são os outros. É meu, está aqui, me entregando pequenas alegrias contidas. Doses regulares de euforia. Copos largados na mesa enquanto preciso ficar sozinha. Aquela velha mania com a certeza de que só a música e os livros são capazes de me salvar, de mim.

Tranco todas as portas, aumento o volume, desfilo com a angústia enquanto ando descalça e só.

Não compartilho dos ideais pequenos burgueses de algumas pessoas que me cercam. Essa rebeldia enlatada me irrita. As críticas destrutivas criadas a partir da imcompreensão, não me interessam.

Trabalhar com música me fez menos preconceituosa e, até consegui uma dose de tolerância. A capacidade de olhar para dentro antes de reclamar.

As pessoas que admirava morreram. Viraram personagens de um capítulo finalizado. Engraçado ver que a pequena intolerante que só via genialidade no além, agora aceita a arte em pequenas proporções.

Existe aqui uma vontade de gritar bem alto. Pegar no braço das pessoas e perguntar se elas não notam o que está acontecendo ao redor. Substituída. Tenho vontade de gritar bem alto para me deixarem em paz. Me poupem das convenções sociais.

Não suporto a superfície, só no fundo encontro ar e são poucas as pessoas que chegam até lá. Onde quase não tem ar, não existem julgamentos. Não existem obrigações. Não preciso ser inteligente e/ou engraçada. No fundo, as pessoas respiram o ar rarefeito da mesma forma.

A música continua alta, ainda caminho descalça e a angústia é minha fiel companhia. Ainda assim, acho graça na minha amiga que quer uma garrafa de Tru Blood nem que seja cheia de água e corante vermelho. No fundo, ainda existem os iguais, é deles que preciso.


terça-feira, novembro 24, 2009

Filosofia de bar


Assustador. Em uma palavra é possível resumir o saldo dos últimos dias. Dos últimos meses. Dos últimos anos. Quando alguém me pergunta algo e passa na entonação que eu era a esperança, que eu deveria saber a resposta, que confiam em mim mais do que no monte de papeis que podem provar o contrário. Quando criam expectativas absurdas. Quando querem saber minha opinião sobre coisa alguma só porque acham que nos livros que eu li (e nos que nunca ouvi falar) estão as respostas. Mal sabem eles que, no fim das contas, a maior parte do que aprendi está guardado em uma mesa da Augusta ou na sinuca do bar da Bahia. No jogo lógico da bola branca derrubar a ímpar até sobrar uma e só no fim, a oito.

Enganados e tolos acreditam que eu conheço a teoria enquanto me encarrego da prática. Troco muito por uma noite simples na companhia dos meus amigos filosofos ocasionais depois da terceira dose. Me perguntam como se pronuncia aquela frase em grego (como se eu dominasse as línguas). Querem saber quais são os lançamentos dos CDs das bandas que não me interessam. Hoje me perguntaram sobre o disco novo da Britney Spears e da voz (do documentário).

Ninguém nunca percebe quando eu estou apenas tirando onda. Quando carrego na bolsa o sarcasmo e a piada mais sem graça é oportuna para acabar com uma discussão que já vai longe demais. Não é segredo a minha impaciência, não é contida a minha intolerância. Me coloco a inteira disposição de poucos. Uma seleção natural que nem Darwin poderia explicar. Afinal, falta lógica na minha vida e sobra respiração.

Tenho sentido falta de dias como aqueles que já se foram. Das pessoas que me acompanhavam em noites sinceras e me guiavam até dentro de algum lugar. Faz tanto tempo que não saio de mim, que não largo tudo na porta de casa e acordo em um lugar inimaginável. Como se tivesse aceitado todas as perguntas absurdas, as expectativas enormes e o papel que eles deram para mim tenho sido muito menos do que sempre fui.

Eu só estive pensando esses dias que o refrão de "Me adora" - que você me acha foda. Deveria ser: não é minha culpa a sua projeção.

Todo sentido do mundo em uma frase só. Ufa, por fim, é bom se sentir livre e quer saber? cuidado quando for falar de mim e não desonre o meu nome.




ps. uau, meu cabelo nessa época me fazia parecer o primo itt da família addams.

domingo, novembro 22, 2009

give me a reason to love you

Quero ouvir as suas razões em silêncio, guardar as suas explicações dadas pelo seu olhar, quero apenas um motivo para ser sua. Para acabar com a espera e consumar esses pecados. A doçura do seu toque e a intensidade do seu desejo trocados em miúdos pela sua forma simples de querer.

Tenho o espaço do vazio. Estou livre do meu passado, já não sinto nada pelos que passaram por aqui, tudo foi aberto para um futuro desconhecido enquanto desenho o prazer no presente.

No dia de hoje algo me incomoda. Fazia meses que não conhecia um instante de paz. Sempre fazendo algo, conversando com milhares de pessoas, ouvindo histórias, assistindo coisas. Sempre envolta em milhares de referências absurdas de diversão, dessa vez, me recolhi a um lugar só meu. Passei um feriado inteiro em companhia de uma paz desconhecida.

Vestida de ficção me derreto em palavras. Meu personagem é outro, já não preciso ser a garota que tem cara de "não quero, não vou". Até o meu lado ariano impulsivo ganha um outro ritmo. Sou a verdade que mostro para poucos quando me troco pelas frases. Quase acredito que alguém consegue me tocar. Mas, nesse momento, só você poderia. "it's all I wanna be, it's all, a woman. for this is the beginning of forever and ever".





ps. título e última frase da música mais sexy do mundo. Glory Box do Portishead. :)
"all alone in space and time"

Quero isso de um jeito que não conheço. Quero revirar o certo e errado enquanto aplicamos as teorias dos livros e damos ritmo aos atos pela voz de bandas impressionantes. Quero reinventar essa história do início ao fim enquanto vemos um filme qualquer na tv, que ficará em segundo plano porque você estará brincando com a pintinha que tenho no ombro esquerdo. Quero abrir a porta da minha vida enquanto deixo você revirar o caos. Quero você em segredo para te fazer poesia em silêncio.

Seu corpo está em outro lugar. Seu sorriso se esconde na cara de poucos amigos. Seus sonhos estão guardados em um lugar que não consigo ver. Você reserva sua vida para poucos, deve ser nesse ponto que aconteceu o encontro, o seletivo processo natural de sermos um. Só quem conhece a própria solidão é capaz de dividi-la e sabe que não é assim tão simples.

Talvez seja assustador me imaginar ao seu lado. Sinto que você consegue acabar com a minha proteção enquanto olha nos meus olhos. Chegou assim sem avisar e mudou a ordem das coisas. Me esvaziou do passado enquanto escreve uma nova história. Every me and every you.

Você aqui será só uma questão de tempo?





ps. título e frase solta do Placebo.

sexta-feira, novembro 20, 2009

far away from the memories

Agora estou vivendo ao lado do acaso e seguindo pelo rastro do destino. Minha vida ganhou um novo ritmo. Rápido, intenso, forte. Me sinto bem com essas coisas acontecendo, com a possibilidade de proporcionar um caminho para algumas das bandas que ainda estão por aí, criando em silêncio os hinos das próximas gerações. Gosto de encontrar a verdade na música e ver que alguns (poucos) dentro de tudo que só parece, são mais do que todas as aparências. Me sinto bem ao dissolver meus (pré)conceitos na verdade de outra pessoa.

Esse ano eu fui sozinha, não tinha para onde correr, não podia ligar pedindo socorro e um copo em uma mesa de bar qualquer da augusta. A minha fuga está lá do outro lado do continente vivendo um outro momento desse vida gigante. Me protegi do mundo, me guardei de todas as dores previsíveis, fui vivendo devagar até que... mudou. A vida girou rápido ao lado do acaso e de repente, os planos tomaram forma e as cores criaram sons. Eu descobri o valor de ser só. Aprendi a me virar antes de deixar outras pessoas entrarem nessa roda gigante.

Fui deixando cada coisa dentro do seu lugar enquanto o constante sentimento de que pouco não é o bastante me persegue. Um perfeccionismo cruel que me faz querer ser além (sempre), sem importar o tamanho do agora. Não é ruim. É como um impulso que me faz procurar o melhor de mim.

Nesse ano, finalmente, me livrei do passado. Em um momento, sem registro, acordei sem as lembranças que me perturbavam, os sentimentos que me incomodavam, as certezas que jamais existiram. Vazia é melhor do que cheia daquelas coisas com gosto indefinido.

Se pudesse passar 2009 a limpo, faria tudo do mesmo jeito. Fui do frio ao calor. Do sonho a realidade. Da solidão a plenitude da felicidade (momentânea, como só ela pode ser). Cortei os meus erros persistentes sem que eles acabassem com a minha verdade, eles nem se quer eram essenciais. O meu medo de fechar a porta do comodismo estava me condenando a ficar presa. Mesmo que nunca chegue de fato a voar, sinto que já fui capaz de sair do chão, mesmo que apenas alguns centímetros.




ps. o título é starlight do muse e a foto é meu ombro (sem porquê, gosto de tudo que não faz sentido)

quarta-feira, novembro 18, 2009

Longa divisão

Tenho pensando em tudo que está do lado de fora da minha vida. Nas pessoas que já não vejo mais, dos sorrisos que já não enxergo e dos olhares que já estão tão longes dos meus. Sinto falta de algumas especiais que se perderam no meio do caminho, das pessoas que encontro quase sem querer quando não quero ser eu e me embriago de vida.

Tenho olhado muito mais para dentro. Fechado os olhos para tudo que só parece, procurado e me revirado para encontrar uma verdade qualquer que me faça perder o ar e os medos. Tenho me desfeito de receios quase infantis para me vestir de certezas.

É um daqueles momentos em que você se sente muito mais mulher, como se estivesse pronta para tudo, pode bater forte que alguma coisa no jeito de andar ou de sorrir vai ser capaz de me manter em pé. Quase como se alguma coisa qualquer estivesse potencializando a minha força. Eu, quase sempre, acostumada a viver em um mundo tão meu, cheio de palavras e sons, vou para fora e deixo todos os meus preconceitos guardados em um lugar que gostaria de esquecer.

Cansada de projeções passei a aceitar os outros da forma simples que são. O Caio escreveu uma vez que não sabia se o que gostava no outro era ele ou só a projeção de coisas que tinham dentro dele e que foram transferidas pela afeição. Ou você não se deixe conhecer ou se deixa passar para as mãos do outro. O meio termo é aquela coisa complexa que nesse caos quase ninguém tem paciência de conquistar. O tempo é relativo, podem ser alguns minutos, um segundo ou uma década. Nunca se sabe quando alguém vai ser pego na sua mente assim sem querer.

O ruim é que tenho a impressão de viver em um campo minado, sempre esperando errar um passo e tudo explodir. A minha vida só é organizada na sua desorganização e as minhas certezas só existem pelos segundos de um abraço que parece garantir que nada disso de fato importa.

segunda-feira, novembro 16, 2009

revisão

Sempre fui a garota que preferia viver no seu mundo a parte. Adorava brincar sozinha e inventar regras diferentes para os meus brinquedos, montava tudo e na hora de brincar percebia que o interessante tinha sido o processo e o resultado era só reflexo das minhas horas pensando em onde colocar a mesa da minha casa de criança.

Quando cresci percebi que meu lugar era a rua, que o mundo ia me mostrar as perguntas e me ajudar a encontrar as perguntas. Eram nos meus amigos que estavam a chave dos momentos felizes. Era o acaso que escreveria as melhores histórias e era com liberdade que guardaria meu segredo.

Sempre voltava ao meu paraíso particular, as palavras e as músicas sempre tiveram um espaço especial no meu caos cotidiano e apesar de tudo, poder parar e me recolher a um canto com a história de outra pessoa nas mãos enquanto revisava o meu ponto de vista sempre pareceu o suficiente. Foi quando pouco deixou de ser o bastante.

A música, o caos, a ordem, os livros, as pessoas, tudo andando rápido demais (nunca devagar). Quase ninguém entende a minha mania de poucos amigos, quase ninguém conhece o meu lado que escondo (de mim). Tenho me afastado cada vez mais do meu passado, me desprendido de tudo que mantinha só porque era melhor assim. O comodismo do "porque sim" começou a me incomodar. Se não sinto, se não penso, se não tem razão e se a falta dela não é só uma paixão cega, acabou. São novos finais que sinalizam o meu novo começo, sem nenhum roteiro, afinal é só vida.

sexta-feira, novembro 13, 2009

there is a light that never goes out

Você só gosta de alguém quando até o que parece estranho é interessante. Você só gosta de alguém quando aceita um pacote de defeitos: o jeito que a pessoa balança a perna instintivamente ou como se apega a todos os pequenos detalhes do mundo. Quando os ideais se medem pela completariedade. Amar o diferente é fácil graças a fascinação que isso exerce. Aceitar a igualdade é muito mais difícil. Aceitar que as ideias se completam e os sonhos caminham na mesma direção é muito mais assustador.

Todas as minhas paixões são momentâneas, acho que só paro quando alguém me fizer sentir única a cada cinco minutos dos meus dias sem fim. Vivo aceitando que sou diferente, que preciso sempre me encontrar, que os pensamentos povoam minha mente de problemas inexistentes, que sou uma pequena dramática, que sou tempestiva e calmaria. Aceito que sou várias embora seja só uma.

quarta-feira, novembro 11, 2009

'take me away to nowhere plains'


Eu sou tão feita de mundo que talvez seja responsabilidade minha a forma como me fecho dele. Sempre afasto todos que gostam de mim em troca de qualquer simples carinho sem compromisso. Como a personagem do filme de hoje "não me sinto confortável sendo nada de ninguém", ou pior, tenho plena consciência de que não posso prometer nada, sou feita de pequenas vontades da cabeça aos pés.

Os cabelos me lembraram os seus, a única pessoa no mundo que (ainda) não desistiu de me decifrar. Pareceu piegas a mensagem no meu celular, confesso que ri e fiz piada durante semanas do seu jeito desajeitado de me dizer que ainda está aqui. Eu juro que queria me sentir menos mundo para me sentir uma. Mas, não consigo me soltar, meus pensamentos me prendem a certeza do momento presente.

Lembro do número sem fim de vezes que você me salvou de ser atropelada na Augusta. Mantinha a sobriedade enquanto eu me perdia na embriaguez. Lembro de como você cuidava de mim enquanto pedia para me deixar em paz. Das ligações que não atendi, dos recados que não respondi. Pode parecer ridículo, mas o problema sempre foi eu. Tinha medo do que você esperava de mim e certeza de que não poderia ser.

Fui capaz de te afastar quando você me disse: "você é o enigma que vou passar a vida tentando decifrar". Talvez, precise de mais alguns anos dessa vida imprevisivel ou alguém vá mudar o meu destino enquanto continuo tentando fugir...


hmmm, sabemos: não vai ser você.




ps. imagem do filme 500 days with summer :)
ps²: título dessa música do pixies.

segunda-feira, novembro 09, 2009

and you search your heart

Estranho lidar com esse vazio: vontade nenhuma de coisa alguma. Apenas dançar, cantar e pular sem ser incomodada, sem incomodar. Estudar as minhas coisas, ler os meus livros, ouvir as minhas músicas. Me tranquilizar com as minhas ferramentas. Não ouvir e não falar com ninguém que só seja capaz de entender o óbvio. Quero o além, o maior, quero a cabeça pensando, quero sentir que existe uma troca maior e real, quero perder horas na mesa do mesmo bar pela incapacidade mútua de dizer: tchau.

Queria sair de São Paulo e rodar o país, revirar os segredos dos quatro cantos de cada cidade e me encontrar em cada um dos que cruzarem pelo caminho. Queria ir até o aeroporto sem destino, queria não me irritar com avião. Mas, meu ouvido dói, o nariz arde com o ar condicionado e eu gosto da (falsa) estabilidade do chão.

A vida inteira feita de pequenas coincidências. Me desfaz, se refaz, entende que eu não conheço outro jeito de ser eu, que preciso sempre procurar mais fundo em mim, me revelar, me descobrir, me conhecer, me representar. Me deixa falar uma besteira qualquer enquanto acredita que todos os outros são iguais e eu sou diferente. Não se envergonhe se eu chorar no meio de um filme bobo ou se fizer uma piada sobre algo sério. Não me leve a mal se não ligar, se sumir e voltar com um sorriso dizendo que nada aconteceu. Desculpa, esse é só um jeito maluco de ser eu.


ps. o título é uma música do cd da Scarlett Johansson (*.*) com o Peter Yorn.

sábado, novembro 07, 2009




'and i forget just why i taste
oh yeah, I guess it makes me smile'


Acho que essa é a geração "peter pan" ninguém percebe que os anos passam ou simplesmente aceitam que os ideais mudam. As pessoas não aceitam que os outros não querem levantar bandeiras ou carregar apitos, esses, na visão da rebeldia infantil, são os acomodados. São outros tempos, não vivemos a ditadura, não fomos para as ruas pedir pelas diretas, não fizemos nenhum movimento importante. A nossa revolução é silenciosa, a nossa mudança tem que começar dentro de cada um, os nossos sonhos tem que ser mais do que só ideal. Acho tão bonito alguém defender os mais fracos e na menor oportunidade foder com a vida de alguém porque a pessoa é mais frágil, porque a pessoa não escreve bem, porque a pessoa simplesmente não compartilha da genialidade que o infeliz acredita possuir.

É tão contraditório defender a bandeira e o lado do mais fraco, MAS jamais abrir mão do seu baseado. Ideologia pequeno burguesa. Vamos todos admitir que não somos isso? Vamos admitir que compramos discos e vinis enquanto quase ninguém tem acesso a livros, que rodamos ao lado do capitalismo, que movimentamos as engrenagens desse sistema fálido? Vamos viver lá fora e sair dessas salas pintadas de ideal envoltas em ideias. Vamos discutir essa crise no senado, vamos pensar sobre essas pessoas que estão nas ruas, vamos pensar em quem votar nas próximas eleições. Vamos ser efetivos ao invés de ridículos?

Esses últimos meses me tiraram anos em segundos. mas, é visível que acabou com mais de outras pessoas, a personalidade se dissolveu. um show do faith no more para quem não sabe quem é mike patton ou jamais ouviu falar do fantômas, um ingresso para segurar com unhas e dentes o que não percebe ser só uma mão no volante. pior do que se perder, é largar o controle da sua vida. perdi anos para manter a minha personalidade intacta, para defender o que acredito, para me manter fora dessa roda.

ontem me falaram "você ainda gosta". não tenho medo de afirmar que não. gosto de algo que não existe mais, de alguém que conheci há muito tempo atrás ou simplesmente de alguém mais interessante que fui capaz de inventar. o meu personagem era inteligente, tinha uma personalidade doce e ao mesmo tempo decidida, o meu personagem tinha coragem. o meu personagem nunca existiu e aquela pessoa não passou da projeção das minhas palavras. as minhas mais doces palavras entregues a ninguém. foi assim.

fim!



segunda-feira, novembro 02, 2009

ok computer

descer as ruas do centro, me sentir parte de um todo, acolhida pelas conversas sobre como preferimos segurar a ansiedade e assistir uma série só depois que todos os episódios já estiverem disponíveis. ouvir a única pessoa que tem permissão para me lembrar de tudo que ainda não aconteceu. registrar a cidade à noite pelos meus olhos, fotografar cada pedaço de um dia inteiro, sorrir das diferenças, encontrar velhos conhecidos, dividir a mesa do meu bar de sempre com novas pessoas...

e no fim, me recolher com o melhor cd de todos os tempos, me guardo com a minha banda preferida e os fones de ouvido que me permitem ouvir cada pedaço de cada pequeno acorde ou instrumento usado para modificar o que todos absorvem. a angústia sorri na janela, faz tempo que a euforia e a falta de tempo, o pequeno espaço entre descanso e trabalho, entre obrigação e diversão, as faltas do silêncio, da casa vazia, a falta do escuro e da cabeça desligada. as faltas que que não me deixavam ver além do próximo instante. de repente: uma pequena sensação de paz. a minha paz é diferente, misturo a felicidade com o nó na garganta da incompreensão. penso em como tudo ainda é tão complicado, como quase ninguém entende enquanto sussurro ao invés de gritar. falo baixo, para dentro, de dentro saindo aos poucos para fora, falo rápido quando quero me livrar dos pensamentos. escrevo mais quando não entendo a reação dos meus medos. queria a diversão, queria estar rodeada de pessoas queridas, queria não parar e assim ficar sem a angústia. quis isso por muitos dias, hoje agradeço ter a casa vazia, a lua linda pela janela e a lente me lembrando que estive com ela o dia inteiro.


it's always best when the light is off. it's always better on the outside...

domingo, outubro 25, 2009

'Noite

Gosto de sentir o céu entrando pela janela, o escuro e as luzes artificiais. Ah, a noite. Gosto de sentir a necessidade de ser senhora do meu tempo enquanto carrego os meus sonhos. Deixo o sono ao lado e o cansaço quase não aparece. Passo em restaurantes durante a madrugada, refaço a rota dos bares, desfaço o certo e errado enquanto meus amigos pedem coco verde no boteco. Fico atenta a passantes que podem ser pessoas geniais embora não me preocupe com tantas histórias, me interessa a verdade, os olhos brilhantes e a certeza de que esse é só o meio, o fim está além daqui, milhares de anos que preencheremos com arte, com literatura, com música. Gosto de sentir o coração dessa cidade pulsando nas minhas mãos.

Atravesso a madrugada coberta pelo o imediato, canto alto as músicas que escreveram o que eu sou, guardo na bolsa o que acaba com os meus pulmões enquanto filtra a minha ansiedade. Me revelo enquanto tropeço nas calçadas da augusta. Passo em frente do Bahia e vem um filme, tantos momentos regados a conversas ao lado daquela sinuca. ontem fui naquele nosso novo velho bar de sempre, ele continua vazio e com nome de escritor. Sinto tantp a sua falta nas minhas mesas, me segurando para não atravessar sem olhar e encontrando no meio de tudo que eu simplesmente não quero mostrar, o melhor de mim.

As horas passam, os passarinhos anunciam um novo começo, é hora de dormir.

quinta-feira, outubro 22, 2009

"ser ou não ser?"

Quantas são as pessoas que sabem tudo aquilo que escondo (até de mim)? Quem seria capaz de tranquilizar os meus medos enquanto traduz no silêncio alguma paz? Me encontro e me perco nas palavras. Vivo nessa roleta russa maluca, a cidade sempre correndo, os meus olhos sorrindo para pequenos acontecimentos do dia-a-dia enquanto as pessoas tratam de transformar a simplicidade em uma equação complexa demais. Não quero ser injusta e nem fazer o papel de Deus, quero o fim dos julgamentos pré-estabelecidos pelo certo e errado dos outros. Deixa a janela aberta, fecha a porta e destrói.

Me conta do seu sonho da noite passada, de como tudo era há exatos dez anos, admite que as projeções falharam e o que de melhor aconteceu na sua vida chama acaso. Me faz acreditar em tudo de novo, mesmo que por algumas horas, faz do mundo lá fora só figuração da cena que você desenha aqui dentro, me transforma em palavras enquanto eu me ocupo com alguma outra coisa. Me questiona sobre as minhas pequenas teorias, me coloca na parede e me transforma em verdade enquanto te levo para fora do que acostumou, do que cansou, de quando era só mais alguém.

Me deixa ser menina, garota, mulher. Aceita certas fraquezas para conseguir reconhecer a força. Constrói, descontrói, faz, refaz, desfaz... Nesse jogo sem regras, o começo pode ser o melhor fim.

terça-feira, outubro 20, 2009

"perder-se também é caminho"



me sinto presa em um espaço/tempo que não me interessa. o presente está mais sem graça do que o passado e o futuro próximo também não promete nada demais. os grandes planos, os sonhos maiores, a simplicidade só deve chegar depois do fim desse ano e no fim dos planos. sinto falta de ter tempo para ficar descobrindo nuances na arte dos outros, procurar uma cor no escuro de uma alma enigmática, perdi tanto tempo buscando algo no vazio, devo ter perdido outros sorrisos, outros olhares, devo ter perdido e me perdido. penso naquele abraço simples, no som que você fez ao sentir o cheiro do meu pescoço e de como as suas mãos se prendem as minhas para me dizer, sem palavras, que está prestando atenção. fazia um tempo que não queria alguém, que todos não passavam de uma mera conquista para quem eu dedicava uma dúzia de palavras e alguns sorrisos. aqueles que duram os intantes de uma noite e que me fazem acordar querendo sair de lá, o que me interessa em você é justamente o que ninguém vê.

são poucos reais que me levariam direto para o meu paraíso, sentir calor na bahia, dormir na rede na casa dos meus avos e acordar com o cheiro bom daquele estado que me tira desse estado de cansaço. e a minha vida? tudo aqui, acontecendo, correndo, me pedindo para ficar e me segurando na porta. é o preço que eu pago para sonhar. fique em são paulo, minha querida, mais um dia.


ps. Clarice no título



domingo, outubro 18, 2009

if you close the door, the night could last forever


Acordo bem quando não me lembro de ontem, não existe nostalgia e a ressaca nem se quer incomoda. Ainda existem os pequenos medos que não assumo para mim, os que falo para os amigos e os que mantenho longe dos meus pensamentos. Ainda existem coisas que incomodam e, a vontade de conhecer esse outro mundo. Tenho medo de você porque é a sua inteligência que me interessa e, é justamente isso que me preocupa. Diferente de todas as outras vezes admiro só a inteligência de alguém e, tento (em vão) me desprender de todo o resto, quero esquecer o que só parece e tirar de tudo só o que as palavras podem me mostrar, quero seguir ao lado do seu rio, jogar pedrinhas na água e sorrir enquanto você divaga sobre uma nova filosofia extraterrestre-do-mundo-virtual-interplanetária-do-subsolo-da-literatura-grega-iluminada-pelo cinema moderno-com as músicas da bulgária, quero te ver fazendo pouco sentido e se encontrando nessas frases desconexas.

Quero te ver dormindo, cobrindo o rosto com as mãos enquanto tenta se fechar em si, te olhar brincando com os gatos, descobrir um dos seus medos profundos e traduzir as suas palavras em textos maiores, em outros fragmentos, em novos momentos.

Quero transformar o passado em doces lembranças e, acabar com o amargo que ainda aparece na minha boca. "cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam".


ps: o título é velvet e a última frase é da pitty em homenagem ao gordinho-que-me-deve-uma-dose-de-whisky.

sábado, outubro 17, 2009

Angústia

Me reservo o direito de fugir do mundo real, de me colocar distante e ficar só observando enquanto todos rodam nessa roda gigante para qual não tenho a senha. O Caio escreveu algo parecido em um conto que chama "Dama da Noite" peço licença ao meu querido e, reformulo a ideia para ela caber na minha vida.

Tenho acordado cheia de vontades, dormido cheia de ideias, feliz com o ritmo que minha vida ganhou e cansada das pessoas, cansada dessa nova geração que não pensa, irmã muitos anos mais nova te faz virar um pouco mãe. Um sermão cansativo com "você quer ser só mais uma bonitinha? eu vejo por dia milhares de bonitinhos/as na rádio com uma ervilha no lugar do cérebro, é isso que você quer ser?".

Cansada dos jornalistas donos da verdade, cansada de me sentir fora do jogo e, ao mesmo tempo, sem nenhuma vontade de ter essas cartas. Talvez um mês sendo ninguém resolvesse tudo isso e desfizesse esse nó na garganta. O Woody Allen me definiu na pele da Cristina, eu sou realmente conhecida pela minha intolerância. Não me envolvo, não permito, não não não... Uma sucessão de nãos que o Caio escreveu em milhares de outros contos, medos que o Woody traduziu em outros filmes, verdade que alguém cantou em uma música que é melhor não contar.

Os sonhos tem me encontrado, as vontades são só desencontro, tenho planos gigantescos para daqui dois anos e muito pouco para agora. Sinto que esse é o caminho quando me perguntam "até quando você vai fazer essas coisas por amor?" e eu lembro que sempre paguei o preço por tudo que quis, o preço da minha liberdade já me tirou o sono, já escrevi em fanzine e alimentei milhares de blogs e, agora, talvez, consiga gritar mais alto.

Recuperei o prazer de estar só, senti necessidade de ir ao cinema sozinha para ninguém falar comigo naquele momento meu, tenho ouvido as pessoas e as músicas com mais atenção, dedicado aos poucos (cada vez menos) que escolho, um pedaço maior e melhor de mim. Tenho tido a coragem de me enfrentar a cada novo dia, de olhar no olho do mundo e não negociar tanto, me impor mais, me dispor mais.

Desisti de procurar a paz, talvez seja como a felicidade: apenas estado de espírito. Alguém vive todo o tempo em paz ou é o tempo inteiro feliz? Nem sempre esse aperto no peito incomoda, às vezes parece impulso. Sei até onde consigo caminhar, qual é a ponte que se movimenta e quais podem cair.

Ao mesmo tempo, essa falsa sensação de segurança me desespera. Uma angústia infantil, talvez. E um nó no peito que se transformam em lágrimas quentinhas molhando as sardinhas do meu rosto. É sábado e a noite me convida a viver, enfim...

quinta-feira, outubro 15, 2009

there must be some word today


Eu quero fazer voltar a sonhar, quero que os dias sejam diferentes e que as noites frias pareçam poesia. Não quero que você esconda as marcas do passado, quero olhar as suas tatuagens, compartilhar as histórias e brincar de inventar algumas, quero desvendar os seus segredos enquanto te surpreendo com o presente.

Não tire os seus olhos de mim, quero encontrar no seu corpo os seus esconderijos. Me controle enquanto te faço sentir puro. Quero ter certeza que a sua beleza não é só aparência, quero ter certeza que você não é só um peixe grande em um aquário pequeno e, por isso, me chamou tanto a atenção...

Quero satisfazer os desejos secretos da nossa mente.



ps. o título é da música Please Mr. Postman... coisa linda o Carpenters cantando.

quarta-feira, outubro 14, 2009

não é pecado

queria poder discar o seu número, poucos dígitos diferentes do meu, a cada vez que achasse que tudo estava ficando insuportável. queria te ouvir fazer piada com o meu problema gigante e me lembrar de forma simples que eu tenho tudo que preciso, embora não tenha tudo que queira. queria ouvir você acalmar as minhas lágrimas de nervoso e transformar tanto desespero em um sorriso sem fim. queria te ouvir falar sobre uma música que alguém escreveu que se encaixa perfeitamente com esse meu novo momento.

hoje pensei em tantas coisas, dormi e acordei sem saber se foram pensamentos ou sonhos, se a voz que entrava pelos meus ouvidos eram premonições ou imaginação. a voz misturada a uma guitarra alta, a um baixo que marca a batida fora de um compasso certo e a bateria em um ritmo estranho.

não queria te deixar sair, nem salvar os últimos segundos da sua presença, te queria por mais tempo do que o necessário para me contar como tudo mudou pela primeira vez na sua vida. o que você sentiu, como foi feito, onde se esconderam seus sonhos e onde ficaram guardados os seus medos. queria te ouvir falando enquanto me beijava, enquanto procurava carinho nas minhas mãos e dançava no compasso desse ritmo diferente. queria te levar no meu porto seguro, onde refiz os meus ideais e construi as ideias. te queria por perto só para me abraçar bem forte quando tudo parecer sair do rumo...

meu presente!

segunda-feira, outubro 12, 2009

On a plain

Depois de um feriado inteiro fazendo várias coisas, vivendo tudo ao mesmo tempo e misturado, madrugadas inteiras respirando um ar que tava me fazendo falta, é tão bom voltar e ficar quietinha. Fechar o msn, o gtalk, esquecer o skype e colocar o celular no silencioso. Nada e nenhum barulho passa pela porta fechada. Ouvindo Nevermind do Nirvana enquanto coloco os pensamentos em ordem.

Come as you are. Venha, te quero como um amigo e quero poder te tratar com a sinceridade que trato todos que não gosto. Quero que você aguente o tranco, que me pegue e se apegue até aos pequenos defeitos. Quero que você entenda que não é você, nem qualquer outro, quem vai acabar com a minha capacidade de ser só. Te dou o seu tempo, a minha (in)diferença, a escolha é sua, só não se atrase. Te quero impaciente, procurando um cigarro para acabar com a ansiedade, procurando respostas, olhando os seus cds, revirando seus livros. Te quero calmo, com o sorriso leve enquanto segura minha mão durante aquele filme complexo. Quero um jogo difícil e que chegar a verdade seja só uma questão de tempo, confio no seu caráter, acredito na sua índole, te vejo respirando fora do compasso e ignorando todas as regras. É isso, tudo isso, que eu esperei encontrar.

Te vejo sempre tão longe, cada vez mais distante, te imagino ao contrário, inverso, reverso, em verso. Você (ainda) é mais poesia do que eu sou capaz de fazer.



It is now time to make it unclear
To write off lines that don't make sense
Nirvana
mon coeur s'ouvre à ta voix

queria não mais te encontrar, nos pensamentos ou fora deles são os seus olhos que vejo, é o seu sorriso imperfeito que enxergo e os seus ruídos que ouço. gosto de observar como seus olhos se abrem ou fecham quando aparece uma dúvida, quando um assunto te incomoda, quando você não consegue dominar o acaso e resolver todas as incertezas.

me encontro na sombra de algumas dúvidas, me visto de preconceito para lidar com o dos outros, me encaro sorrindo na frente do espelho para completar algum espaço em branco que caberia você. talvez, te fizesse mais uma parte do meu acaso, uma vez e nunca mais como todos os outros que habitaram a minha mente. tenho medo de te fazer parte do meu livro sem final e de te machucar com o que não poderia ser. não quero te proteger, quero te ver queimar em um sol de 40º ou congelar em -15º, quero só acabar com o protetor ou com a jaqueta, quero te ver sentindo tudo intensamente e descontrolando o modo certo que se acostumou a viver.

adoraria te puxar de encontro a mim, fazer as suas mãos vacilaram na incerteza e te encontrar com um sorriso. gostaria de deletar o passado com um beijo certo. não te quero para sempre, nem só por agora, te quero com a seriedade que entrego ao natural.



ps. título da música "i belong to you" do muse.

quarta-feira, outubro 07, 2009

"Aqui quem fala é da terra"


TPM é aquele inferno feminino que parece anunciar um fim, é como se tudo estivesse prestes a desmoronar e a saída é só sentar no cantinho e chorar enquanto espero o turbilhão de hormônios se acalmar. fico mais sensível comigo e insensível com o resto. fico com mais vontade de gritar bem alto até tudo se ajeitar, os problemas parecem que batem na minha porta (o pior é que eles se quer existem) e a paciência deve ter ido tomar uma no bar da esquina e me abandonado durante o dia até que chega a noite e o anúncio do escuro imediato.

algumas coisas me tiram desse labirinto de hormônios e sentimentos controversos, como se tivesse usado uma droga qualquer e potencializado tudo. basta uma frase, um livro ou tocar a música certa e, dessa vez, Elis Regina, obrigada!

domingo, outubro 04, 2009


parece que está tudo um pouco gasto, as coisas fora de lugar, os pensamentos perdidos. nenhum lugar para onde volto tem a forma de lar, minha vida rodando o país teria um sentido maior do que ficar parada esperando as mesmas coisas. entendo que acabou, passou, mudou, não adianta tentar conversar com você, não adianta procurar salvar qualquer coisa.

precisava de um livro em branco, de uma história sem final, de alguma banda que empreste vida e de um sonho que mostre a verdade. queria entrar nesse seu novo mundo habitado de gente demais, destruir as suas expectativas e acabar com a sua desconfiança. acho que você seria capaz de entender a minha neura de ter o meu tempo, o meu espaço, o meu momento de solidão para ouvir um cd que ninguém vai gostar ou simplesmente ver um filme besta na sessão da tarde. não queria a sua presença mas, talvez, adorasse a sua companhia.

queria aprender a tocar piano, gosto do jeito que a Nina domina cada uma das notas e como uma partitura tem uma interpretação diferente a cada vez que é tocada. queria aprender todas essas teorias de todos esses filósofos que nunca tiveram coragem de viver, queria transformar toda essa poesia em ação. queria sentar com a melhor amiga em um bar da augusta para ver a vida passar e rir de todos que não entendem que a ausência de respostas marca, simplesmente, a falta de perguntas que eu gostaria de responder. queria avisar que não sou um enigma, como um clichê, sou apenas "uma garota procurando paz de espírito".

talvez mais uma semana correndo ao lado de obrigações com uma pausa necessária para o vinho ruim em uma noite dessas.


sabe? "i wanna be away from here."




ps. foto da livya knoll (vulgo gordinha/melhor amiga que mora nos EUA/sis). mais aqui. (vale ver os vídeos do dead weather)



quinta-feira, outubro 01, 2009

Starlight


Tem horas que dá vontade de pedir para tudo parar, de colocar meia dúzia de amigos em um apartamento vazio com direito a mais uma única pessoa especial. Dá vontade de fazer tudo girar no compasso leve de um dia sem planos, sem começo, sem fim.

Queria conseguir ver onde isso vai dar, qual é a verdade de tudo que me falaram sobre você e, encontrar o caminho mais curto até o seu sorriso. Talvez sentar em algum canto desse vazio com alguns poemas e uns discos enquanto discutimos aquela cena de um filme bobo que sempre tivemos vergonha de representar. Queria ficar presa ao seu corpo enquanto suas mãos decifram grandes segredos. Queria você para juntos discutirmos sobre todas essas almas que morreriam só para sentirem levemente vivas.

São tantas esperanças, somos velhos com apenas duas ou três décadas, somos crianças esperando um doce ou adolescentes a procura de uma luz mais forte. Somos a mistura das nossas referências, dos nossos sons, das nossas vozes, da nossa verdade. Sou eu querendo ver tudo parar enquanto você corre, corre, corre... até aqui.

quarta-feira, setembro 30, 2009

só a gente sabe

Faz um tempo que não te olho e não penso no que sinto. A distância talvez tenha diminuído os sentimentos, acentuado as diferenças e aumentado a certeza de que longe é um lugar seguro. E, aquilo, que um dia foi puro e sincero, acabou?

Acho que sinto falta do seu sorriso infantil, de você me falando que não preciso pensar tanto em tantas coisas e que certas teorias só vão me fazer ficar dando voltas. Só que eu sei que mudo, que daqui a duas semanas todas as minhas certezas terão uma cor diferente e que se você, como eu, não se reinventar, tudo vai acabar. O meu interesse, a minha admiração, a minha necessidade das suas mãos. Eu, presa, deixo de ser criativa, deixo de ser, viro você e, isso não me interessa.

Será que eu ainda sou capaz de...?

terça-feira, setembro 29, 2009

Thirteen

Vou me adaptando, me adequando, correspondo as suas expectativas e crio no silêncio o cenário perfeito. Te iludo com a sensação de conforto enquanto faço do desconforto, um lar. Talvez duas taças de vinho e alguma música para ditar o ritmo. Te quero louco, quero fugir de toda essa alegria barata e sentir algo além do que previsto. Ouvir a sua respiração sem ritmo enquanto tenta mandar na situação. Quero te fazer desistir enquanto tenta resistir até o último segundo.

Quero você louco porque quando está sério, tudo fica muito chato. Quero você louco porque você é idiota quando usa de tanta racionalidade. Cansei de toda a convenção, de me controlar em público quando o que mais queria era dançar até o dia seguinte. O amor é um dialogo e, agora, não quero conversar. Não tem problema se formos malvados, te dou licença para ser um louco enquanto seguro os seus pulsos. O meu jogo, a minha casa. Gosto do jeito que você me segura para falar, dos seus olhos claros, gosto do seu sorriso e do desespero por um cigarro no fim da última frase.

Gosto do seu abraço e de como alcançou o meu corpo inteiro nessas mãos desconhecidas e do jeito que respirou forte perto do meu ouvido para me falar que estava aqui. Gosto dessa distância e do encontro indefinido, te imagino falando sobre alguma coisa qualquer, uma nova teoria para um conceito novo de uma vida diferente enquanto o seu toque decifra os meus sonhos. Gosto de imaginar as palavras faltando no momento em que a sua boca encontra a minha.

Estou tão cansada de brincar, não quero uma razão para amar você e descarto as suas explicações do porquê devo ser a sua mulher. Não vejo a hora desse dia virar noite...

domingo, setembro 27, 2009

my little tornado


Quantos aguentariam se eu fosse a minha verdade todo o tempo? Se eu falasse o que penso sobre todas as coisas ao invés de apenas sorrir? Quem conseguiria tirar a minha proteção e saber todos os meus segredos enquanto desvenda pensamentos obscuros?

A música alta, as frases soltas e a cabeça em outro lugar. Será que o meu problema é também o seu?

sábado, setembro 26, 2009

Prazer, contradição.


Talvez seja só alucinação da febre alta que deve ser reação da sinusite provocada por coisas que soltam fumaça (minha e dos outros) e de todo o acumulo da poluição e caos da minha cidade amada. Tirei um tempo dos outros para ficar em silêncio, arrumar meus livros, ouvir CDs novos, colocar as séries em dia, um tempo de tudo; tem horas que penso em alguém para dividir, alguém para arrumar uma prateleira enquanto fala de como cada um dos livros que ainda não li são brilhantes. Alguém para me mostrar um CD velho e me contar a história daquilo que nunca ouvi. E os vinis, lembro com exatidão dos vinis da minha infância e a falta da melhor amiga aumenta. Queria encontrar um correspondente nesses gostos, mas que fosse o meu avesso em forma de humano, queria a contradição. Queria encontrar alguém que tenha sentido algo muito parecido no show do Radiohead, alguém que entende o que significa esperar tanto para ver aquilo e, de repente, aquilo é tão maior e mais mágico. Só lembro de chorar por duas músicas inteiras e entrar em outro mundo durante as outras, mais dois tragos, o suficiente para deixar as luzes mais fortes e o mundo real mais longe.

É engraçado pensar em como posso ser uma grande contradição e como (parece) impossível encontrar pessoas que transitem pelos meus mundos. Alguém que entenda o quanto de atitude existe na interpretação da Elis e, ache as lágrimas reflexo de alguém que sempre cantou com a alma. Alguém que não vá achar ridículo os dois maiores e melhores shows que vi na vida serem tão contraditórios, Chico Buarque e Radiohead.

Alguém que respeite a minha necessidade de sair daqui e, também vá a outros mundos segurando um livro nas mãos. Tem horas que penso que nada disso existe e, em outras, isso (quase) nem importa.

sexta-feira, setembro 25, 2009

Theatrum Mundi

Hoje não compartilhei da verdade dos outros, das inseguranças e dos medos. Me coloquei dentro de um livro e do CD novo do Zero 7, fiquei o dia inteiro pensando na hora de estar em casa para continuar prestando atenção em cada um dos acordes deles enquanto folheava uma vida muito próxima, só que é dela, Alice. Depois de achar em um livro o pensamento que nunca achei que um dia fosse ser compartilhado com alguém. Theatrum Mundi.

Estive pensando esses dias, antes de chegar naquelas páginas, como o meu mundo é cheio de esteriotipos, como encontro sempre as mesmas pessoas na balada embora elas sejam diferentes. Tatuagens, brincos, piercings e tudo que envolve uma embalagem que não me interessa. Ouvir rock está muito envolvido em fazer cara de mal enquanto parece transbordar tédio, pra que tanta necessidade de manter as aparências? Um monte de gente desinteressante vestida da forma certa, com a pose necessária e a cabeça vazia. Sempre encontro fora desse mundo algumas gratas surpresas e algumas decepções. Acabou a admiração e alguma outra coisa que nunca soube definir de uma das relações mais sinceras e complexas em que me envolvi. Acabou alguma coisa em algum momento que, não consegui agarrar, se desfez e me refez, naturalmente tudo se transformou e eu apareci do outro lado já refeita.

Observo a vida, sou expectadora desse teatro de arena, me sinto na Grécia, em São Paulo ou em qualquer lugar do mundo procuro uma cadeira para me sentar enquanto todos se movimentam em uma encenação que nunca fiz parte, é como se estivesse "fora da roda" como escreveu o caio na "dama da noite". Aliás, depois de duas garrafas de vinho eu sempre termino lembrando desse conto e de como queria ter encontrado o Caio para observar, em silêncio, enquanto ele escrevia num dos seu blocos sentado em um bar da Consolação. Sinto o cheiro do que não vi, não vivi, mais um sonho...

quarta-feira, setembro 23, 2009

rimas fáceis

Nunca tinha discutido o que passo para o outro. Sempre soube da minha liberdade e de como era difícil domar o meu desejo, como era impossível segurar as minhas asas, sempre soube que só seria "enfim" quando alguém conseguisse voar junto comigo. Sempre achei que a insegurança fizesse parte da matemática de algumas das minhas relações.

Até que alguém me falou:

"Estar com você é estar em dúvida, não do que eu sinto ou penso mas, do que você pensa e sente".

Porque eu penso antes, porque eu penso até o passo ser dado, depois disso é só acaso, não me preocupo para onde vou, como vou, não me importa o fim. Só interessa o caminho intensamente vivido, isso é necessário!



ps. o título é um link para o blog de um amigo.

segunda-feira, setembro 21, 2009

DO IT YOURSELF!


Eu me quero de volta. Quero sentir o vento no meu rosto enquanto corro atrás dos meus sonhos. Quero sentir que o mundo tem muito a me dar, quero brincar de caça ao tesouro enquanto busco em noites frias, quero sentir toda a minha coragem juvenil correndo pelas minhas veias. Quero o maior, o mais alto, quero mais. Quero sair desse meio termo em que me coloquei, dessas verdades (dos outros) que aceitei, quero me libertar das facilidades e correr mais riscos.

Lembro do punk, ecoa na minha cabeça a frase "do it yourself", lembro que fui assim, escrevi para um fanzine de maceió sobre literatura porque era o nosso espaço, de uns amigos loucos de lá que ainda acreditam poder fazer e falar de literatura. Se a Bravo! não compra as suas ideias, faça o seu próprio lugar, mesmo que seja um xerocadão distribuídos em bares das duas cidades, Maceió e São Paulo. Publicava minha vida em fascículos no blog, abria os meus medos e escancarava os meus desejos, aprendi a guardar, me guardar, só me dar aos poucos e para as pessoas certas. Aprendi a desconfiar, cresci? Acho que falta a minha essência, falta a coragem, até a minha fé falhou, os meus sonhos sumiram, passei a viver a margem de mim, uma Suellen que eu não gosto, não conheço, não quero. Ridículo chorar por ver o meu foco de felicidade se transformar em dor e não fazer nada para reverter o quadro.

Eu preciso reassumir os riscos e as rédeas da minha vida. Coragem? Nunca será em vão.

sexta-feira, setembro 18, 2009

"uninviting... but not half as impossible as everyone assumes"


A força do cotidiano acabou com a educação dos meus pensamentos, imagino você por perto, segurando as suas vontades, vestido de medo, sorrindo para mim como se eu pudesse acabar com as suas certezas, garota mulher com uma força vinda de outro lugar. Mas, você não entende minhas palavras, ignora o sotaque, procura minhas mãos para me fazer parar, só que eu vou além, até o último copo, o último trago.

Afirmo que você errou por achar que acabou a minha munição. Amor, a gente sabe a hora de entrar na guerra e a hora de mudar o esconderijo. Vivo no seu passado como uma estranha enquanto a minha presença no futuro ainda é só uma suposição. Eu amo esse joguinho, as frases se completando, pedaços soltos de músicas estranhas e conhecidas, de bandas já vistas e de histórias já vividas. Você não sabe como me tocar para desfazer as armadilhas, você não conhece o ritmo da música, não consegue dedilhar o violão a procura da melodia, é incapaz de explodir a minha proteção, levemente infantil com um sorriso bobo (que eu adoro).

Você não parece ser você, nesse reino você já não é rei, o xeque mate nesse jogo é diferente, é a rainha a peça mais forte, é o meu jogo, onde eu mando, é assim.


ps. o título é Crying Lightning - Arctic Monkeys.

terça-feira, setembro 15, 2009

nada mais


Às vezes acho que vivo como uma eterna adolescente, não importam as obrigações ou as cobranças, são irrelevantes as expectativas alheias e o que importa é algo que não consigo dar nome ou emprestar cor. Estou cansada de tanta coisa. Cansada de relações vazias para suprir o meu tédio, cansada do que esperem de mim: que seja o tempo inteiro engraçada, esteja sempre arrumada e que nunca saia da linha embora nunca tenha andado por ela.

Os outros me consomem com falsos sorrisos, com falsas palavras, com o que precisam.

Cansei de ser a "menina que pensa demais", queria ser como eles: reativos. Só reagindo ao meio, sem nenhuma ação, só a aceitação do caminho, só que eu nunca soube lidar com humilhações periódicas em troca de uma companhia vazia. O jogo de subtração não me interessa, não tenho tanto assim a entregar, não posso só doar, não consigo me esforçar sozinha para não ver naufragar uma história que nunca vai, de fato, dar certo.

Devo ser como a sonhadora do livro que estou lendo, sempre sentindo falta de alguma coisa, um cheiro, um lugar. Sempre sentindo falta dos momentos de alegria, do vinho nas quadras da escola, de amarrar o cadarço dos outros, das pequenas maldades inofensivas que eram declaradas e não essas contidas. Sinto falta de ouvir HC na época do colégio e achar que íamos mudar o mundo e, fazer acontecer, mesmo que fosse só para manter a tradição.






quarta-feira, setembro 09, 2009

"amanhã vai ser outro dia"

Tenho me sentido estrangeira dentro da minha própria cidade, falta a única pessoa capaz de acompanhar a minha linha de raciocínio sem lógica, faltam os cafés ou o álcool naquele bar com nome de escritor, falta a única pessoa que se interesse pelos trechos dos livros, as letras das músicas, a pessoa com o iPod mais organizado do mundo, separado por artistas, gêneros, acompanhado das capas de todos os discos e de todas as letras. Falta alguém para me fazer parar de ouvir sempre a mesma música "porque aquela outra é tão melhor, su".

A saudades se aglomera em um canto da minha vida que quase não vejo, pouco visito e bastante ignoro. Aprendi a viver sem a presença, sem o abraço, sem o cotidiano. Refiz os meus planos, abandonei o antigo café, faz décadas que não vou ao meu sebo de sempre. Mudei, de novo.

Ao mesmo tempo sei que os Estados Unidos está fazendo dela, um inteiro. A menina que chorou no aeroporto vai voltar maior, mais forte, ainda mais inteligente e cheia de cultura pop, com uma mala carregada de vinis e algumas novidades. São mais cinco meses até a melhor amiga desembarcar em solo brasileiro e até lá?

Não sei.

domingo, setembro 06, 2009

u take all that they're lending until u needed mending

Tenho gostado muito mais de poucos e muito menos de todos. Estranho porque sempre fui uma pessoa que fala com muitas pessoas, conhece várias outras, provavelmente não desce a augusta sem encontrar ao menos um conhecido de alguma época da vida (que passou). Mas, em contrapartida, sempre fui seletiva demais com os humanos. Não diria que racionalizo cada um dos meus sentimentos e entrego eles para "escolhidos", pelo contrário, passionalidade e entrega sempre foram uma constante, mas nunca uma regra. Posso me sentir confortável com um gato no colo por horas e incomodada com uma pessoa encostada no meu ombro por minutos.

Estou na fase de entrega, me entreguei ao acaso, as histórias, aos vídeos, me entrego a arte para me soltar na vida. Me cansou toda a monotonia de sentimentos mofados que acumulei no canto dos meus pensamentos. Cansou a insegurança, o medo, a constante falta de verdade. Cansou esperar uma coisa que já tinha esquecido o quê. Cansou os pensamentos provocados por livros lidos há muito tempo. Cansou os filmes do passado. Cansou toda aquela coisa igual, a mesmice barata que a gente compra por preguiça de sair na chuva em um domingo.

Um maluco que encontrei bêbado no bar leu minha mão e afirmou que na minha vida existirá um momento de ruptura, na minha linha da cabeça que, é a mais forte da minha mão. Previsível, a ruptura acontece quase todo dia, um pensamento novo que move o antigo e sinaliza para o futuro. A essência permanece a mesma, mas o resto, esse, nunca continua igual.




ps. o título é Libertines, cant stand me now.
ps². a coisa da mão realmente aconteceu. agora, é certeza que ele tava de caô e não sabia ler nada. haha!

quinta-feira, setembro 03, 2009

glory box

Confie em mim, confie em mim completamente e lentamente, respire fundo até chegar o momento ideal. Segure as suas mãos longe de mim enquanto eu descubro o seu corpo, enquanto te deixo perto do meu, me deixe seguir o caminho. Tenha fé em mim, é a sua fé em você, tudo que eu sou é o que você imaginou nas noites de insônia. Você pode sentir?

Me mostre a sua força, completamente meu, enquanto eu te levo, é um sonho em você o mesmo em mim. Tudo que você quer, tudo que você não notou, você pode sentir?

Me revele em segundos a sua força contida, o seu sussuro lento, respire no ritmo de uma música com melodia simples, siga o meu corpo. Você pode sentir?

Eu sei que fui uma tentação por muito tempo, mas acabaram as razões para me prender perto de você, você pode sentir falta do que me manteve ao seu lado?


I'm so tired of playing
Playing with this bow and arrow
Gonna give my heart away




ps. o título e a música é Portishead... essa, em especial, absurdamente sexy.


quarta-feira, setembro 02, 2009

every you, every me


Por mais que a indiferença tenha sido conquistada pelas suas atitudes, gosto de notar como você age diante do inesperado, falar que você sempre deixa tudo passar e te ver descer as escadas para conversar sobre algo que você já tinha admito perder, foi bom. Continuei subindo as escadas sorrindo... sozinha.


você não percebeu.

segunda-feira, agosto 31, 2009

Sem explicação


Ele sabia que eu não seria a sua paz, principalmente, porque eu parto do princípio do caos. Sabia que nos meus olhos se esconderia verdade demais e por isso cobriria as certezas com sorrisos. Sabia que eu era uma pessoa arisca, se encosta demais eu fujo, se fica longe demais, eu parto. O meio termo é difícil de encontrar quando se trata de mim. Às vezes acho que minhas certezas são irredutíveis, mas só até os mesmos olhos de perdição me encontrarem. Perdição no seu mais vasto sentido em se tratando dessa situação. Então, longe ou perto, vivemos perdidos, enfim...

domingo, agosto 30, 2009

i am the key to the lock in your house

Você foi um dos meus maiores erros, o preço que paguei pelo impulso e a consequência da intensidade. Vejo em você o desperdício que vivi, os meses inertes, sem sentir felicidade ou tristeza, era simplesmente na-da. Me envolvia cada dia mais com qualquer coisa que pudesse me fazer sentir, até o frio parecia mais interessante do que a falta de alguma coisa além.

Vivia procurando um jeito de ficar ou algo que fizesse eu me soltar de vez. Queria voar muito mais alto e para muito mais longe. Queria sair de dentro do caos que criamos. Queria que você entendesse que, um pouco de drama me faz bem, que eu preciso de letras, de músicas, de inspiração, de alguém que viva além do que sente, que viva antes e sinta depois, que sinta e depois viva, que viva sem ordem, sem regra, sem fórmula, que viva assim como podemos morrer, sem previsão.

Eu olho para trás e não consigo achar cinco minutos de arrependimento, é claro que se pudesse faria algumas coisas diferentes, nem de longe acertei completamente em todas as atitudes. Errei, bastante até, mas com o que escolhi, com o que era verdade naquela hora, com os sentimentos sempre falando muito mais alto do que a razão.

Mas, aí, de repente, mudou...


ps. o título é Radiohead, acho que não é exagero falar que é a minha banda preferida embora eu goste de um monte de coisas.

sábado, agosto 29, 2009

i'm well aware of how it aches

é uma dessas coisas que a gente não explica, não pensa, não calcula e não procura um resultado perfeito. é dessas coisas que sempre chamei de acaso. é um show no dia do aniversário do seu amigo que você nem sabia que ia acontecer. é uma tarde fria com um filme sem expectativa. é um domingo no parque. é a saudades sempre forte de alguém que foi para longe e nunca deixou de estar aqui. é o sol tímido. a chuva molhando sem piedade as ruas. é o jazz, o rock, as músicas bonitinhas e as que batem forte. são as palavras dos outros, as minhas e as poucas que você arriscou. é tudo aquilo que sempre foi indispensável e agora está meio fora do lugar...

são noites guardadas em madrugadas esquecidas, é como você acha que uma porta pode esconder os seus sons de dor, é o seu medo das minhas atitudes. hoje li uma frase que me fez ter dó da humanidade, "é preciso que cada um aprenda a viver, para depois acusar os outros!". e quem vai te dizer quando está pronto, quando você vai ter certeza absoluta de que é assim que se faz, como definir esse verbo abstrato? e quem, um dia, será digno de julgar?

a vida deve ser como um jogo muito longo onde você nunca conhece o ganhador... Mas, sempre, joga outra de novo. dessa vez posso ser o pino vermelho?



ps. o título é dessa música.
ps². e a frase é dostoievski.

quarta-feira, agosto 26, 2009

um silêncio profundo e declarei...

faz dias que não me permito reclamar. Minha garganta dói, uma noite de sono e amanhã tudo estará bem. Tenho trabalhado infinitamente mais, mas tenho feito o que gosto, como gosto, do jeito que gosto, pensando e produzindo. Reencontrei nos meus amigos do passado a chave do meu futuro, aceitar que mudei, cresci. São outros gostos, outros dias, parei de procurar a felicidade do meu passado nos meus dias do futuro. É tudo novo e, de novo, é minha responsabilidade fazer essas pequenas coisas, funcionarem.

Estou leve porque deixei de andar pela mesma estrada a procura de uma segurança que nunca existiu. Deixei de beber em uma fonte seca. Simplesmente caminho para novos lugares, sem a menor garantia, sem ao menos um destino.

Me reinventei do começo ao fim, não sei se é aparência que reflete ou sou eu quem reflito, vejo as minhas vontades tão mudadas, minhas certezas tão livres, tenho vontade de descer a Augusta só para sentir se reconheço naquelas luzes alguma parte do que passou, tenho vontade de sair da cidade para respirar longe de qualquer lembrança. Ao mesmo tempo, quero viver os meus sonhos presa no cinza dessa cidade colorida.


quero...



ps. o título é da Pitty porque a Bruna e Denise cantam essa música o dia inteiro na rádio e porque a gente vive tendo ótimos papos na hora do almoço, queridas!

terça-feira, agosto 25, 2009

Queria te contar antes de virar essa última página que poderia reescrever essa história no seu corpo enquanto colocava vírgulas onde cravei um ponto final. Mas, daí, eu acordei pensando que precisava voltar a viver os meus dias, que não poderia mais deixar em suspenso as minhas vontades, era a hora e o momento de realizar.

É...
a intensidade...
outra vez.

domingo, agosto 23, 2009

rollercoaster

Engraçado como as pessoas acham que te conhecem pelas letras que você escolhe. Nunca escondi que sempre fiz da minha realidade os meus escritos, mas sempre alterei a verdade, deixei tudo melhor, maior, mais bonito. Transformei meu descaso em carinho para te tratar assim com as palavras já que não me resta vontade na vida. Te desenhei de tantas formas em letras já que ao te olhar você me parece tão pouco. Passado o momento de cegueira inicial comecei a ver os seus defeitos, a sua personalidade falhando, as palavras faltando, as vontades mudando para virar uma peça daquele quebra-cabeça sem graça.

Acho que sou cheia de sonhos, demais; uma pessoa com muitas vontades, caprichos, certos mimos, a garota que sempre quis o doce que estava na prateleira mais alta. Não aprendi a me contentar com menos do que o máximo, quero ter as coisas até onde eu posso chegar, me cubro de amigos para fazer das estradas mais seguras. Não caberia na sua prateleira, ficaria estranha, desconfortável, parece pequeno o lugar que você reservou para me esquecer. Prefiro me sentir solta demais estando livre para encontrar outras pessoas. Quero subir e descer a Augusta me sentindo em casa, escrevendo nas calçadas do centro dessa cidade de concreto uma história cheia demais, nunca vazia.

Tenho medo de parar, tenho medo do que quase aconteceu comigo, de viver de novo aqueles dias de profunda indiferença. Tenho medo de que esse carrinho desça, o mundo é bem mais bonito visto de cima dessa montanha-russa.

sábado, agosto 22, 2009

All of me


Ah, o frio. O conjunto do acaso com a minha preguiça me prendem ao meu fone de ouvido escutando a Billie Holiday perguntando porque ele não leva tudo dela? Perguntando, sentida mesmo, cheia de amor e alguma dor se ele não nota que sem ele, ela não é boa. Mendigando um pouco de atenção na arte para evitar fazer isso com a vida, mendigar qualquer coisa que seja não está entre as coisas possíveis para quem faz da história, algumas palavras. O platonismo, o erro e a verdade ficam muito bem numa estante. Acho que de alguma forma, elas, assim como algumas de nós, não aceitavam o meio termo, não queriam pouco da vida. Sempre soube com quem queria ficar, era urgente, emergencial e rápido e alguma dúvida sobre com quem não queria. Algum ponto dele é bom para mim. O jeito que ele é bobo me faz rir. A vida certa que ele leva me faz ter para onde voltar. Ou o jeito que o outro me beijou aquela vez, embora ele fosse melhor, muito melhor, mudo, me faz querer outra vez. Não tenho certeza de não querer. Ah, mas quando quero, sei. De imediato.

Graças ao frio estou presa a essas palavras tristes e bonitas da Billie. O adeus deixou meus olhos chorando e como poderia continuar, sem sem sem sem, você. Já que ele levou uma parte do coração dela porque não a levou? Ah, Billie, o que seria de nós se não fosse você, o que seria da música se o seu coração não tivesse sido partido e o que seria de mim nessa tarde de sábado fria, without you?

quinta-feira, agosto 20, 2009

Lembrança


Acordei com o sabor do seu beijo e a confusão dos seus olhos na minha cabeça. Fazia tempo que não te via nos meus sonhos e, que não sentia a sua presença na minha manhã. Você estava naquele lugar que é meu, onde passo a maior parte do tempo, feliz. Era um intruso no meu espaço, assistindo algo que fazia parte da minha vida, cercado pelos meus amigos. Te parei no corredor e de repente te dei um beijo para te colocar dentro de mim. Você retribuiu e depois me olhou cheio de surpresa, me perguntou o que (afinal) queria da vida, se fazia de tudo para te ter longe para que te ter ali. Te respondi em silêncio que você fazia parte de mim, mesmo que não quisesse, mesmo que não pudesse. Sentamos naquele sofá preto e você procurou abrigo no meu pescoço enquanto eu evitava te olhar. Acordei no segundo beijo, o mesmo que te deixou o dia inteiro, dentro de mim.

terça-feira, agosto 18, 2009

All you want


Admito, em letras garrafais, mas sem emprestar a ela grandeza alguma, ao medo que existe entrego o meu desprezo. Mas, admito, eu tenho medo, de você e principalmente, de mim. De te tocar, de sentir necessidade de você, de querer a sua presença e me incomodar com a sua falta. Tenho medo de me entregar aos sentimentos revisados e dos erros já descartados.

Mas, basta os seus olhos de novidade, a sua insegurança juvenil. Você, ali, na minha frente, me pedindo um abraço para calar as suas dores. Você me falando de-va-gar dos seus últimos dias e de como a felicidade pareceu finalmente te encontrar, até ficar ali, na minha frente, indefeso e arrependido de ter feito o que você acredita ter feito comigo. Babe, tudo que aconteceu foi também uma escolha minha, eu me prestei ao ridículo de permanecer enquanto tudo apontava para o outro lado. Logo, naquele jogo não teve polícia, ladrão ou vítima.

Tenho medo de tocar a sua pele e sentir o calor dos meus dedos se transformarem em desejo. Tenho medo de ficar perto demais. Não quero ter você para não te ferir com a minha instabilidade e nem, tão pouco, te dar a chance de ganhar pela primeira vez o meu jogo. Eu não conheço a segunda fase, a que te deixaria entrar de-va-gar na minha vida e se aventurar cal-ma-men-te pelo meu corpo.

Todas as minhas resoluções ficaram em segundo plano na tarde daquele dia que fui te encontrar nisso que você chama de casa e, eu, de Rua Augusta. Você, ali, sentado no sofá preto, com um pequeno bar ao seu lado e uma garrafa quase vazia de Jack Daniels. Você me recebeu tocando uma música que eu não conhecia, me contou que tinha feito aquela nova música, para a minha nova letra que você tocaria com a sua nova banda. Eu te lembrei que não tinha escrito nenhum música e você, com os olhos calmos, me falou que estava escrevendo naquele instante. "Era eu". Eu o que? Não sei.

Não temos nenhuma pequena garantia, nenhum pequeno segredo, só um grande desejo de sermos maiores e melhores, diferentes e simples, só uma vontade de sermos nós.


ps. o título é Dido, porque ela voltou a só representar coisas e pessoas importantes e, de quem, eu adoro lembrar.

segunda-feira, agosto 17, 2009

Countless lovers under cover of the street

Hoje, eu posso dizer que estou onde sempre quis estar, tenho um futuro pela frente com pequenas garantias e grandes possibilidades. Tenho as pessoas necessárias e pouco me importo com o que sobra. Sei para onde ir e de onde fugir. Conheço o meu fim caminhando pelas velhas estradas e enxergo novidades por onde nunca estive.

Em dois anos essa é a primeira vez que me sinto plena de tudo, não sinto medo, só uma vontade incrível de viver. É como se o mundo tivesse diminuído e as minhas certezas aumentado de proporção. Sinto dó do meu passado e esperança no futuro. Tenho doces e amargas lembranças e uma esperança ainda sem gosto.

O seu abraço é novidade, as suas palavras nunca foram ouvidas e o inédito é a minha linha de chegada. Quero o ainda nunca vivido...

um novo começo, por fim.

domingo, agosto 16, 2009

O prédio do Banespa e a cidade inteira vista de cima. O alto de uma montanha e todas as árvores aos meus pés. O alto da CN Tower e Toronto 500 metros abaixo. O telhado da bolsa e o centro de São Paulo todo misturado com o meu centro. Tudo isso e o silêncio me fazendo me sentir gigante. Como se uma outra de mim estivesse ali em baixo carregando todos os problemas na bolsa, procurando soluções na arte, sou eu sendo vista lá de cima. Distante dos meus problemas e perto do topo do mundo. A versão de mim que está no chão é engolida pelos arredores enquanto a do alto engole o mundo e encosta os dedos no céu.

Tem horas que sinto vontade de me jogar de cabeça e voltar para os problemas e outras que peço, em silêncio, que eu nunca precise voltar a pisar no chão. Mas, a hora passa, a noite chega, as semanas de distância necessárias e preciosas, acabam. Daí vem a realidade acabar com tudo outra vez. Uma hora é preciso descer e encarar os problemas, os mesmos que pensei ter deixado com a garota aqui em baixo. Doce ilusão, eles estavam lá comigo, o tempo todo.

A minha melhor amiga escreveu "porque você pode se distanciar, mas uma hora tem que descer e encarar, saca?".

Foi dada a largada...

de novo!



(o texto é todo de uma conversa com a melhoramiga)
Amizade


Hoje eu ouvi Sonic Youth e lembrei daquele festival que a gente sentou na lama para ver os caras e brincamos que aquilo parecia Woodstock.

E agora, tanto tempo depois, alguns shows e outros anos...

ainda é a mesma coisa.

sábado, agosto 15, 2009

Encontro

O meu amigo me perguntou porque não te dei a mão naquele dia que subimos a augusta conversando sobre nada em especial, dei de ombros, não achei relevante ou simplesmente não quis notar que as minhas mãos são importantes demais e longe demais do que tínhamos. Te queria sentado ou em pé na hora que o desejo dominasse os instintos primitivos, mas nunca te quis para ser meu. Gostava da conversa, da companhia, das risadas e de tudo que uma amizade poderia ter. Era uma amizade com certas vantagens no momento de carência extrema. Era estranho, mas foi bom te ter, até te encontrar e não sentir mais nada, foi mais um fim.

quinta-feira, agosto 13, 2009

Cansou de esperar

Se eu procuro querer tantas coisas é para negar que quero exatamente o que não deveria. Contrariando todos os meus amigos, todas as certezas e até você, que me diz em silêncio, que pode me salvar e acabar comigo com a mesma facilidade.

Quero um abraço inevitável como o daquela noite. Um sorriso sem jeito para rasgar o silêncio que nossos olhos criaram. "Tudo que fala é do amor, é se isolar ou se render". Já me isolei porque sempre tive medo de me render, de esgotar todas as possibilidades, de sacrificar o que me restava de qualquer coisa que não sei dar um nome.

Já fiz muito. Agora? Agora, eu quero paz.

24/05/2009

terça-feira, agosto 11, 2009

Love me or leave me


Sabe, queria te contar algumas coisas. Encosta na parede e presta atenção e só se mexe quando eu te falar que pode. Sim, pode pegar um copo e acender o seu cigarro. Eu vou fazer o mesmo, mas você vai ficar encostado me olhando nos olhos até eu te dizer que pode parar de ser assim. Pode me chamar de maluca, sim, pode me chamar de maluca. Babe, seria ridículo eu falar que escrevi até não sobrar mais nada de mim que pudesse sair em forma de poesia, porque eu não escrevo poesia, não sou fã de poesia, gosto de uns dois poetas e outros que vezenquando fazem poesia, gosto do Leminski e gosto do Bukowski fazendo poesia e das poucas poesias do Caio Fernando Abreu, não precisa me lembrar que eu gosto de qualquer coisa do Caio, eu ainda sei quem eu sou. É a primeira vez que eu chego tão longe, que te encosto na parede e exijo silêncio e te olho desse jeito, meu. Não gosto de falar de sofrimentos, a Nina Simone sofreu bem mais e melhor do que eu serei capaz e, ainda por cima tinha aquela voz de negra. Então, não vou falar algo de "i put a spell on you", nem te contar que estou tentando aprender a cantar "ne me quitte pas". Você deve se perguntar porque eu simplesmente não fico com algum deles, deve parecer ridículo, mas eu prefiro ficar só a ser feliz com outro alguém que seja conveniente. Minha felicidade é cheia de oscilações estranhas, preciso de alguém que tenha meu respeito, antes do meu desejo, parece simples? Mas, não é, babe, não é. O clima dessa noite parece exato para acabar com as meias palavras. Não, você não precisa de outro cigarro, fica quietinho, bem quietinho, os meus dedos nos seus lábios falaram mais do que o meu pedido de silêncio, né? Interessante. Faz cinco minutos que não digo nada, sim, mas é nada perto dos dois anos que você fez isso comigo. Falou, falou, falou.. sem nunca, jamais, dizer nada. Você quer me agradecer por ter acabado com os seus medos? Por ter feito você se entregar a uma aventura e por ter mudado o rumo das coisas? Oh, bonitinho, de nada. Eu, eu, eu queria só te contar que...

Sem falar nada, sai do bar e nunca mais o coloquei na parede, nunca mais olhei naqueles olhos, voltamos a ser dois estrangeiros... Já vivíamos em outro país.



ps. esse vídeo a melhor amiga gravou pra mim no festival internacional de jazz de montreal, porque ela lembrou que eu ouvi essa música sem parar uns bons dois meses, é o título do texto e uma das minhas músicas preferidas da Nina. :)
O que aconteceu nos últimos dias?

Tenho gostado cada vez mais do silêncio embora esteja vivendo dentro do caos. Me recolho a um canto enquanto todos rodam no centro da sala, me visto para passar por mais um dia e, me apresento pontualmente a cada obrigação. Tudo que sentia foi congelado, está mudado, estava errado; dentro da minha falta de regra nenhum dos últimos acontecimentos fazia o menor sentido. Embora não seja difícil me encontrar em um bar qualquer da augusta, as minhas certezas tem cheiro de naftalina. Preciso de certos momentos, de certas palavras, de certo carinho. Preciso viver o ontem para que o meu amanhã faça um pouco mais de sentido.

Queria algo guiado a puro e simples desejo, sem cobranças, sem a necessidade de se encontrar no que eu escrevo. Alguém que entendesse que as relações da vida real não podem ser escritas para não estragar o acaso. Todas as pessoas que admiro morreram sozinhas porque trocaram a companhia pela arte, viveram e morreram para produzir seres inatingiveis. Eu não posso ser assim, apesar de gostar das palavras, não quero segurar um livro no leito de morte. Quero a vida. Quero sorrir sem uma razão aparente. Quero viver e cantar bem alto em um lugar com luzes vermelhas. Eu quero voltar no meu lugar de sempre...

Quero visitar aquele velho sobrado da Bela Cintra e me sentir em casa.