quinta-feira, novembro 26, 2009

Nina, sing one for me

A força parece escorrer pelos meus dedos. Queria sentar e chorar algo que nem existe. Como se eu tivesse criado a angústia, ela não me larga.

Não são os outros. É meu, está aqui, me entregando pequenas alegrias contidas. Doses regulares de euforia. Copos largados na mesa enquanto preciso ficar sozinha. Aquela velha mania com a certeza de que só a música e os livros são capazes de me salvar, de mim.

Tranco todas as portas, aumento o volume, desfilo com a angústia enquanto ando descalça e só.

Não compartilho dos ideais pequenos burgueses de algumas pessoas que me cercam. Essa rebeldia enlatada me irrita. As críticas destrutivas criadas a partir da imcompreensão, não me interessam.

Trabalhar com música me fez menos preconceituosa e, até consegui uma dose de tolerância. A capacidade de olhar para dentro antes de reclamar.

As pessoas que admirava morreram. Viraram personagens de um capítulo finalizado. Engraçado ver que a pequena intolerante que só via genialidade no além, agora aceita a arte em pequenas proporções.

Existe aqui uma vontade de gritar bem alto. Pegar no braço das pessoas e perguntar se elas não notam o que está acontecendo ao redor. Substituída. Tenho vontade de gritar bem alto para me deixarem em paz. Me poupem das convenções sociais.

Não suporto a superfície, só no fundo encontro ar e são poucas as pessoas que chegam até lá. Onde quase não tem ar, não existem julgamentos. Não existem obrigações. Não preciso ser inteligente e/ou engraçada. No fundo, as pessoas respiram o ar rarefeito da mesma forma.

A música continua alta, ainda caminho descalça e a angústia é minha fiel companhia. Ainda assim, acho graça na minha amiga que quer uma garrafa de Tru Blood nem que seja cheia de água e corante vermelho. No fundo, ainda existem os iguais, é deles que preciso.