segunda-feira, novembro 02, 2009

ok computer

descer as ruas do centro, me sentir parte de um todo, acolhida pelas conversas sobre como preferimos segurar a ansiedade e assistir uma série só depois que todos os episódios já estiverem disponíveis. ouvir a única pessoa que tem permissão para me lembrar de tudo que ainda não aconteceu. registrar a cidade à noite pelos meus olhos, fotografar cada pedaço de um dia inteiro, sorrir das diferenças, encontrar velhos conhecidos, dividir a mesa do meu bar de sempre com novas pessoas...

e no fim, me recolher com o melhor cd de todos os tempos, me guardo com a minha banda preferida e os fones de ouvido que me permitem ouvir cada pedaço de cada pequeno acorde ou instrumento usado para modificar o que todos absorvem. a angústia sorri na janela, faz tempo que a euforia e a falta de tempo, o pequeno espaço entre descanso e trabalho, entre obrigação e diversão, as faltas do silêncio, da casa vazia, a falta do escuro e da cabeça desligada. as faltas que que não me deixavam ver além do próximo instante. de repente: uma pequena sensação de paz. a minha paz é diferente, misturo a felicidade com o nó na garganta da incompreensão. penso em como tudo ainda é tão complicado, como quase ninguém entende enquanto sussurro ao invés de gritar. falo baixo, para dentro, de dentro saindo aos poucos para fora, falo rápido quando quero me livrar dos pensamentos. escrevo mais quando não entendo a reação dos meus medos. queria a diversão, queria estar rodeada de pessoas queridas, queria não parar e assim ficar sem a angústia. quis isso por muitos dias, hoje agradeço ter a casa vazia, a lua linda pela janela e a lente me lembrando que estive com ela o dia inteiro.


it's always best when the light is off. it's always better on the outside...