terça-feira, novembro 24, 2009

Filosofia de bar


Assustador. Em uma palavra é possível resumir o saldo dos últimos dias. Dos últimos meses. Dos últimos anos. Quando alguém me pergunta algo e passa na entonação que eu era a esperança, que eu deveria saber a resposta, que confiam em mim mais do que no monte de papeis que podem provar o contrário. Quando criam expectativas absurdas. Quando querem saber minha opinião sobre coisa alguma só porque acham que nos livros que eu li (e nos que nunca ouvi falar) estão as respostas. Mal sabem eles que, no fim das contas, a maior parte do que aprendi está guardado em uma mesa da Augusta ou na sinuca do bar da Bahia. No jogo lógico da bola branca derrubar a ímpar até sobrar uma e só no fim, a oito.

Enganados e tolos acreditam que eu conheço a teoria enquanto me encarrego da prática. Troco muito por uma noite simples na companhia dos meus amigos filosofos ocasionais depois da terceira dose. Me perguntam como se pronuncia aquela frase em grego (como se eu dominasse as línguas). Querem saber quais são os lançamentos dos CDs das bandas que não me interessam. Hoje me perguntaram sobre o disco novo da Britney Spears e da voz (do documentário).

Ninguém nunca percebe quando eu estou apenas tirando onda. Quando carrego na bolsa o sarcasmo e a piada mais sem graça é oportuna para acabar com uma discussão que já vai longe demais. Não é segredo a minha impaciência, não é contida a minha intolerância. Me coloco a inteira disposição de poucos. Uma seleção natural que nem Darwin poderia explicar. Afinal, falta lógica na minha vida e sobra respiração.

Tenho sentido falta de dias como aqueles que já se foram. Das pessoas que me acompanhavam em noites sinceras e me guiavam até dentro de algum lugar. Faz tanto tempo que não saio de mim, que não largo tudo na porta de casa e acordo em um lugar inimaginável. Como se tivesse aceitado todas as perguntas absurdas, as expectativas enormes e o papel que eles deram para mim tenho sido muito menos do que sempre fui.

Eu só estive pensando esses dias que o refrão de "Me adora" - que você me acha foda. Deveria ser: não é minha culpa a sua projeção.

Todo sentido do mundo em uma frase só. Ufa, por fim, é bom se sentir livre e quer saber? cuidado quando for falar de mim e não desonre o meu nome.




ps. uau, meu cabelo nessa época me fazia parecer o primo itt da família addams.