sábado, janeiro 31, 2009

Declaração

O pior de mim? Eu não sou uma pessoa fácil, nunca fui, um passo em falso e tudo que foi construído devagar, pode simplesmente acabar. E no instante seguinte eu já não quero mais saber o que aconteceu. Porque eu sou daquelas garotas que precisam se apaixonar o tempo inteiro (livro, músicas, bandas e filmes contam) para manter viva a criativa e com isso respirar um pouco mais aliviada.

Nunca me dei bem com a inércia, jamais soube viver com tudo que os outros esperavam que acontecesse, me identifico tanto com as crianças porque como para elas, não me importa rir na hora que der vontade, falar o que penso, não gostar das pessoas que elas não gostam e gostar de verdade daquelas que gostam.

Eu já perdi um monte de coisas nesse caminho que a gente chama de vida. Só ficou a velha mania de não temer as mudanças e de seguir com um sorriso no rosto, "apesar de".
Colors and the Kids*


Acho que um dia como hoje me presenteia com mais alguns. A inocência de uma criança é uma das melhores coisas que consigo enxergar. Um dia na companhia de uma garota de três anos me faz voltar no tempo e brincar como se minha infância jamais tivesse passado, como se não tivesse nada grande demais capaz de me acertar ou pequeno demais para ser insignificante.

Ainda fizemos mais amizades com as crianças, porque um pouco de atenção para uma menina que queria jogar dado enquanto a mãe dela estava sentada em outro lado, com olhar de cansada demais, sem tempo demais, sem vontade demais; fez com que a gente tirasse sorrisos enormes de uma garotinha que acabamos de conhecer.

Acho que me vi um pouco ali, meus pais sempre trabalharam o tempo inteiro e eu sempre tive tudo para suprir a falta de tempo. É como meus pais demonstram carinho até hoje e desde sempre.

Eu vivo a minha segunda infância jogando dados com as crianças desconhecidas e girando a nossa pequena Duda.

E como diz a música que Samba de Rainha tocou de um jeito incrível no show: "Eu fico com a pureza das respostas das crianças é a vida, é bonita e é bonita".

*o título é uma música da Cat Power.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Ficção

De repente é bom ter alguém que vê os erros do mesmo jeito e não se importa tanto assim com a ordem das coisas. Porque dentro da desordem os olhares sinceros se encontram e falam a língua do silêncio. Eu perdi tanto tempo esperando alguma coisa diferente sem saber que encontraria conforto em algo extremamente parecido.

Até os medos conversam com os mesmos sinais. No meu caso, tenho medo de me entregar, de sentir, de ver nascer qualquer coisa que não vou querer controlar. Só que é um medo tão fora de propósito, eu destruí todas as expectativas com o mundo, não espero nada de nenhum deles. Nunca.

Tenho estado mais leve, mais feliz, mais simples. A responsabilidade começou a mostrar que é necessário jogar com essa carta dentro do meu baralho, mas eu continuo me entregando a vida, continuo sonhando.

Gosto dos sonhos nos seus olhos e do jeito infantil que você encontra para realizar cada uma das pequenas loucuras. Do jeito interessante que você desenrola os pensamentos. E de como me sinto insegura longe e calma por perto. Eu nunca fiz muito sentido mesmo...

Talvez seja esse o segredo, a falta de compromisso com a seriedade que todos esperam, é só uma ausência de amarras e uma dose de sorte.



ps. ouçam essa música. dica da sis.

terça-feira, janeiro 27, 2009

Por falta de palavras minhas, fica aqui o texto que o Bruno escreveu depois de uma tarde no Ibotirama.



eu começo aqui hoje sem medo. não totalmente, talvez menos que ontem. um pouco mais que depois, quando ler isso em sã consciência. mas é que a vida tem provado seu valor em pequenos gestos. cada dia mais. iniciei minha epifania há pouco tempo. umas horas atrás, antes de dormir.

no silêncio do quarto, eu ouvia milhões de coisas. e foi em uma mesa, daquelas que a gente gosta e sempre marca momentos assim, que eu dei continuidade a tudo isso. pode parecer confuso pra quem vê de fora. mas meu coração não age dessa maneira. e procuro ser sincero, como quando nossos olhos dizem mais que qualquer palavra, quando nos encontramos pela felicidade de termos um ao outro.

a nossa amizade é isso. é assim. poucos dias longe causam sufoco, poucos minutos juntos são necessários. ela me dá uma certa clareza. ela me mostra que amar quem eu amo, é mais do que certo. ela apóia cada passo, suporta cada erro, abre a mente. junto com alguns copos, isso pode parecer óbvio, mas ela é sempre assim.

eu descubro cada vez mais a humanidade nas pessoas. ser humano, é ser diferente de ser pessoa. o ser humano é diferente de ser humano. e a gente se empolga com a possibilidade de um mundo novo. nossa juventude pode transformar. diz a fernanda a ela, diz o marcelo pra mim. e a gente troca confissões guardadas há uma distância que vale menos de um mês, mas que parece uma infinidade pra nós dois.

feliz assim, contar tudo o que há sem medo. eu poderia acabar aqui, porque o texto faria sentido desde o começo. o medo do início se dissipa na conclusão do último medo escrito. mas parece ter tanto mais pra falar, tanto mais pra gesticular e mostrar em detalhes do quanto isso me faz bem que... agora penso com certa convicção. talvez o silêncio fale mais, mesmo. talvez tudo o que eu aprendi com ela, inclusive o valor do silêncio, seja o suficiente.

então deixo aqui, sem mais um ponto, sem mais um pouco. meu silêncio pra você, que me ensinou tantas coisas. em silêncio ou não, com palavras ou gestos. um silêncio de gratidão, que não pode ser completado em palavras, gestos ou algo concreto. um silêncio de sentimento. um tanto de mim que não sabe como faz pra ser sem o seu silêncio, suas palavras, seu gestos. me traí na parte dos pontos, ultrapassei o que o pouco pode ser. mas o pouco é também um tanto. um tanto muito. um tanto maior que que toda a extensão do quer que seja muito.

estouro o silêncio, de novo, pra mandar um beijo. e dizer que é assim. é simples e grande. é forte e mudo. é mais que qualquer algo concreto ou representativo. é a nossa amizade, pra mim.

obrigado.


segunda-feira, janeiro 26, 2009


Hoje eu olhei pra ela e falei:
- Você não tá sozinha.
ps. ela me educou e deseducou. me ensinou a gostar de café e nunca me deixou chamar ela de senhora. nunca. "senhora tá no céu", a mesma frase desde pequenininha. e os cachorros dela que eu adorava junto com o melhor abraço sempre.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Admito


Então deixei a rotina ao lado da porta, guardei as minhas músicas preferidas para ouvir aquelas com som de saudades. Músicas que me fazem sentir o cheiro do interior das minhas cidades favoritas, São Paulo e Bahia. Hoje, foi assim, sentei o dia inteiro ouvindo um cd que me faz lembrar as crenças deles, a origem da minha família com sotaque carregado e o clima interior daquelas modas de viola, que eu não tenho vergonha de ouvir sempre que quero lembrar de um cheiro especial.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Todas as palavras me escapam pelos dedos, já não sei o que é isso, enfim...

terça-feira, janeiro 20, 2009

'De onde vem a calma'


Eu tenho me desfeito de enigmas e deixado claro que estou para poucos. Me livrei de antigas certezas para encontrar sorrisos mais sinceros, piadas inteligentes e uma doce ironia. Tenho prestado mais atenção em coisas que não sei o nome. Liberta de proteção além da natural, me visto com meus olhos curiosos e vou para o mundo descobrir algo guardado nesse controle da pressa, do dia-a-dia calculando o recomeço. Cansaço tem sido pequeno e indiferente diante dessa leveza, chamada acaso.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

not just anybody


Finalmente, eu sou mais prática do que nunca. No meio de uma conversa e talvez um pequeno susto ouvi um "ai, que insensível, Suellen". É, pois é. Comecei a pensar que se não dá certo, separa. Se não sente nada, termina. Se está bom porque ter companhia é sempre bem-vindo, continua. Se quer tentar algo diferente, longe ou perto, tenta. Se quer viver pensando que todos os dias serão seguros como o outro, vive.

Pra mim, só não dá para aceitar a inércia, o resto...
é sempre possível.
There are places I remember all my life,
Though some have changed*



Ao contrário do que pode parecer, eu sou uma garota de interesses limitados. Me apaixono devagar por uma coisa de cada vez. Coisa, porque não é necessariamente uma pessoa, pode ser um livro ou uma banda, quem sabe, até uma situação. E eu estou sentindo a leveza de uma paixão que volta a fazer sentido. A relação com a profissão, que escolhi para chamar de minha, sempre misturou empenho e paixão. Um novo trabalho pode me fazer sorrir outra vez, me fazer borbulhar de idéias, fazer renascer ideais.

Sinto muito, qualquer pessoa ou outra coisa, nesse momento, minha paixão chama "trabalho novo". Pode ser efêmero, mas irá durar pelo tempo que eu definir como suficiente. Daqui, eu posso controlar, isso que chamo de vida.


* O título é Beatles, porque eles são a trilha sonora de momentos felizes.

terça-feira, janeiro 13, 2009

06/05/2008

Detalhes


Longe é só aquele lugar onde a gente nunca vai. Estranho é só o desconhecido. Medo é só uma trava nas possibilidades. Coragem é um vacilo certeiro. E certeza é, simplesmente, a soma dessas pequenas coisas.

Eu fugi tanto. Corri tanto. Quis tanto que tudo terminasse. Sem saber que o fim iria parecer sem sentido. E agora, quando finalmente acabou [?], eu já não sei mais do que sinto falta...


De mim ou de você?

domingo, janeiro 11, 2009

Campari, gelo, água com gás


A cidade pode parecer um deserto quando você quer transpor as barreiras dos estados e em segundos chegar em outro lugar. Queria atravessar São Paulo, subir para o Rio de Janeiro, sentar na praia de Copacabana com um abraço certo. Depois contar tudo que me deixou com medo todos esses anos, como foi difícil esquecer e recomeçar tantas vezes. Tem pessoas que são pequenas e gigantes.

Queria sentar ao lado de Drummond para ler Clarice e esquecer dessa poesia toda que habita minha vida, sem nem ao menos pedir licença.

Sinto saudades do carioquês querido da garota que escreve bem e não tem medo de sentir; talvez, um pouco demais para os seus poucos anos.

Eu, que nunca fui muito de praia e o sol não é meu amigo, basta alguns dias para eu passar outros tantos descascando. De repente, encontro a paz sentada olhando o mar, como se todos os problemas estivessem na linha do horizonte, bem longe do meu alcance.

No Rio, em qualquer praia de São Paulo, ou na selva de pedra dessa cidade tenho procurado e encontrado...


paz.

Indiferença

Sabe o que acontece? A minha própria indiferença machuca mais do que a de um batalhão. A indiferença que eu sinto por alguém depois de tanta coisa, me fez sentir desonesta, como se tudo não tivesse passado de uma farsa. E, mesmo acabado, resolvido, explicado, quero para todos que tiveram um pedaço das minhas linhas, o meu melhor. No livro da minha vida, a indiferença só machuca.

sábado, janeiro 10, 2009

Amizade

Eu queria entender toda essa indiferença que se formou e como a distância parece então necessária, e tudo vai se transformando devagar até finalmente ser nada e por fim, alguma coisa que não importa.

Eu queria te garantir que isso jamais aconteceria com você. Mas eu decidi que não vou tentar controlar nenhum dos passos da vida. Porque o silêncio fala mais do que milhares de palavras juntas. Simplesmente porque essa amizade mudou tanta coisa sendo apenas sincera. É bom conhecer alguém que entende meu desespero antecipado porque o amor da minha vida vai ficar um ano longe. As pequenas coisas que todo mundo acha bobeira encontra compreensão nas nossas conversas. E, quando eu digo que não espero absolutamente nada, é porque as minhas expectativas se cansaram e eu prefiro viver um dia após o outro e só.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Quando não se quer fingir,

o que o tempo faz é mudar alguns hábitos que já não funcionam mais. Desfaz mentiras que construímos para viver uma coisa qualquer. O tempo, vilão e mocinho das melhores histórias, faz dos pequenos momentos, eternos. Das voltas pela cidade para encontrar um sorriso, pequenos passos. O tempo, meu companheiro intolerante, despreza quem tem medo de sentir o que é.
we are temporary arrangements

Você me mostrou que poderia ser engraçada a forma como eu curto as minhas psicoses. Além de me deixar experimentar conceitos como a garota que gosta de sorvetes coloridos. Entendeu que as dúvidas fariam parte assim como faz a sobremesa.

Eu sempre soube que muitos atirariam opiniões como pedras. Iriam falar, falar, falar. E só a exaustão iria calar. Com você, aqui nunca esteve escuro.

Agora você me mostra como é perder tudo, afinal somos acordos temporários. E só fica certo que o tempo e a distância não iram tirar nada do nosso lugar.

Que o mundo nos abençoe nas viagens, conquistas e dúvidas.



ps. alanis, a música que ela fez pro irmão, não por acaso. (eu não posso falar abertamente, xiu!)

domingo, janeiro 04, 2009


Mãe Dinah

Finalmente fui obrigada a me enfrentar diante da pergunta que não imaginei ouvir de um desconhecido. No meio de uma festa em uma casa incrível, som alto e uma piscina, ele pegou na minha mão como se decifra-se cada uma das linhas da minha vida e perguntou "quando você vai gostar de você?". Como se ele soubesse cada um dos problemas que minha cabeça tratou de manter longe dos meus sentimentos. Quando finalmente consegui separar o joio do trigo.

Duas semanas longe e agora tudo parece igual. O tempo parou naquele momento com quem a vida escolheu para tornar meus dias melhores. Quando os fogos começaram a colorir o céu, eu parei como uma criança, olhei para o alto enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas quentes e felizes que caíram em silêncio durante um abraço. Eu tinha conseguido me manter distante nos últimos seis meses de tudo que me fez mal. Apaguei sentimentos. Desfiz erros. Conheci pessoas especiais. Aprendi lentamente a simplicidade do verbo viver.

É hora de viver esse ano. Correr mais riscos. Gostar mais das pessoas certas e de mim. Estar com os meus amigos. Ignorar todo mundo que pesa demais. Esquecer tudo que me fizeram passar. Deixar que tudo (re)comece. Eu já consigo ouvir Dido e não achar tão triste. Voltei a detestar o peso da vida dos outros. A falta de colorido nos olhos. Voltei a acreditar no que eu escolhi para ser meu e tinha perdido. Voltei...




Aceita?