sexta-feira, julho 31, 2009

there's a tangled thread inside my head with nothing on either end

Essa solidão dentro de uma terra habitada por tantas pessoas que fariam como um favor ao mundo somente em: sumir. Pode ser tão estranho e, eu sigo iludindo tantas pessoas com a minha presença para não assumir que é melhor assim. Não penso nas consequências de nenhuma das minhas escolhas para evitar me sufocar entre novas possibilidades. Encarar o fim não parece ser uma opção válida, não encontro nada que seja confortavel nos sábados frios e nos domingos sempre tão tediosos, por medo, continuo.
De novo

O que a distância faz? Eu posso estar feliz e você não vai saber, mesmo que não estivesse quando você partiu. Posso pensar em tantas coisas novas, ter resoluções mirabolantes, traçar planos e precisar de alguém que discorde do jeito exato que você faz. Posso fazer mil coisas e conhecer outras milhares de pessoas. Posso encontrar em um novo sorriso as chaves do desconhecido.

Eu nunca te contei, mas queria ser importante e não, necessária. Nunca contei que o meu medo era cheio de orgulho. Que o meu cansaço era muito mais físico do que emocional, você nunca me cansou nesse sentido. Os meus pensamentos estão amontoados e fingem se comportar. A insegurança está descartada por decreto e a realidade nua. É tudo novo, de novo.

São Paulo, 19 de julho de 2009

quinta-feira, julho 30, 2009

Nobody does it better


Quando você apareceu hoje a noite estava mais bonito, o frio te faz muito bem, posso sentir a elegância se transformar em música nos seus ouvidos. Você sempre teve essa mania de falar em palavras, músicas, letras, confundir arte com a realidade só para nunca me falar nada diretamente. Como fui terminar dessa vez onde comecei?

Tenho vontade de enfrentar cada um dos meus medos para te ouvir sussurar as verdades no meu ouvido. Eu seria louca se fosse incapaz de seguir as suas instruções, o ritmo da sua respiração é exatamente o necessário para ordenar essa orquestra de sentimentos malucos. Você constrói um castelo de cartas só que as suas mãos seriam mais habilidosas longe de tanta instabilidade. A sua construção é quase infantil, cartas são frágeis demais para se manterem por muito tempo. Não adianta trapacear usando uma estrutura qualquer, não adianta procurar formas de transformar pequenas cartas em grandes feitos. Pode até ser divertido e você decidirá construir mais algumas vezes depois que a primeira cair, a insistência sempre foi uma virtude, mas a paciência nunca te acompanhou.

Desculpa, estava falando do frio e de como você fica muito mais elegante nessa época do ano. O seu nariz vermelho é o diferencial que ninguém nunca percebeu. É nessa época que todas as suas particularidades são aquecidas com as farsas do cotidiano. Tudo sempre igual, os domingos e as manhãs. Queria te contar que aprendi a fazer um chocolate quente diferente, vou esconder para sempre a receita só para você imaginar como será acordar com o cheiro dele pela casa, talvez, quem sabe, te mostre, em segredo, um dia.

Pequenos segredos em uma vida constantemente mudada pelo ritmo das músicas. mais 15 passos!



ps. o título é um cover do Radiohead, um link pruzamigu.
Luz... (ação!)

Já fui muitas coisas. Desempenhei alguns papéis, declinei de outros, cobri alguns personagens, improvisei e decorei a marcação para que alguém soubesse exatamente onde a luz me encontraria. Já fui de um (quase) tudo. Bebi horrores e esqueci da noite anterior. Já visitei hospitais, fui em orfanatos, subi um morro. Já me apaixonei e fui correspondida. Já me apaixonei e nunca soube ao certo como seria. Já estive em alguns dos lados, mas você, me colocou em um novo. Só que o meu personagem pede que eu seja egoísta, que observe os tolos e seja como um deles. Uma oficina ingrata da vida real.

Visitei o meu passado para encontrar algo parecido, revirei as lembranças, arrastei uns móveis para encontrar umas anotações que preferia ter perdido. Achei a forma como é esperado que eu desempenhe o meu papel e, achei de extremo mal gosto te fazer sentir desse jeito. Desculpa, mas não cabe mais ninguém. Os papeis estão completos, o figurinista maluco com algumas mudanças e encaixar mais um personagem vai ser impossível. Essa parte da história terá que ser cortada. O papel de egoísta me faz sentir mal, tenho que te informar, será necessário limitar a arte para continuar a vida. Preciso recusar desempenhar essa figura para que possa, sem arrependimentos, continuar onde não deveria estar.

Você poderia ser meu fim, mas não pode ser assim, por respeito a tudo que (ainda)...





(algumas) decisões já foram tomadas
Mãos

"Por que você não fica?
Porque não quero que você deixe de me amar."


É a convivência que mata as relações? É a rotina? É o conforto? É a falta de surpresas, os domingos, o tudo igual outra vez?

Fico pensando em como gostaria de te ter. Sem responsabilidade, sem compromisso, sem cobrança. Queria que fosse uma necessidade mútua, quando as mãos dadas não fossem mais uma ligação suficiente. Nunca contei para ninguém que, para mim, mãos dadas podem ser um contato maior do que um beijo. Quando a força do outro fica ao seu alcance, o nervosismo é denunciado por dedos trêmulos, o carinho é trocado enquanto os dedos fazem uma dança leve e as mãos quase soltas são recuperadas em um aperto necessário. É quando as mãos já denunciam o silêncio que os olhos se encontram e, as bocas desfazem o riso para se encontrar. Só alguém completamente desconhecido notou e calou todas as minhas teorias com um beijo.

(não é fielmente o começo do texto mas tem uma coisa muito parecida na peça "a noite mais fria do ano" do Marcelo Rubens Paiva)

quarta-feira, julho 29, 2009

Sinto falta de andar pela Augusta para te encontrar naquele mesmo café de sempre, com o mesmo sorriso, esperando paciente para ouvir as minhas histórias.

ou

Sinto falta de te ver chegar com uma sacola cheia de discos, falando que tava tudo super barato em uma promoção naquela loja lá do centro e, por isso, você demorou um pouco. Lembro das suas histórias absurdas, mais parecidas com um roteiro de filme que sempre me faziam sonhar e, de você me pedindo para usar os compartimentos.

Sempre achei a sua invenção dos compartimentos a coisa mais inteligente, mesmo que eu nunca tenha me esforçado o mínimo para aprender a usar, o equilíbrio está no jeito como sentimos e pensamos as mesmas situações de formas diferentes.

Queria te contar algumas coisas, uns detalhes que ficaram guardados na correria dos fatos, algumas verdades e outras coisas que estão na minha imaginação. Na verdade...

Queria te esperar no mesmo café de sempre.

segunda-feira, julho 27, 2009

What's happening to my head and to my dreams

Queria te ligar para desejar "boa noite". Já é quase madrugada e eu coloquei o cd de uma banda que perdi, alguma coisa aconteceu na noite que eles resolveram vir de tão longe tocar na cidade, quase para mim. Perdi o show e agora a voz deles, junto com a melodia triste, me lembram um momento que não vivi. Ou talvez seja só a distância misturada a língua diferente mas também compreensível.

Vivemos falando línguas diferentes que o outro também entende. Você se arrisca em outros pontos, eu coloco mais vírgulas, procuramos pausas para deixar essa história, calma. Como se empurrássemos ao máximo um novo paragrafo. Sabemos, mesmo que nunca cheguemos de fato a admitir, o que provocaria mais uma linha. Penso em como você responderia a um impulso e afirmo que de todas as músicas, só a melodia da sua respiração me importaria. Trocaria todas as palavras pelo seu olhar surpreso e complexo. E, só então, um novo paragrafo, com menos pontos e vírgulas começaria a ser escrito, com fatos para substituir sonhos.

Esses dias lembrei de um abraço em um dia frio, não lembro do dia, da circunstância, livre de detalhes, eram só braços firmes em uma noite esquecida. Minha memória anda se recusando a te manter por perto, os dias enganam a ausência com obrigações e os outros mantém minha cabeça ocupada com cobranças.

Por que ainda? Por que assim? Por que (não)?

domingo, julho 26, 2009

Pequeno

No meio de tanta luz, tanta gente aparentemente tão feliz, eu me perguntei em silêncio quando alguém me fará ter vontade de sair dali. De me fazer parar. De trocar tudo para estar só a seu lado.

Alguém que faça um apartamento vazio estar completo porque a sua presença preenche de paz cada um daqueles cantos. Alguém que me fale que estou errada quando estiver e não tenha medo de dizer que estou certa. Alguém que me cale com um sorriso simples. Quero alguém que descubra como desvendar o meu corpo e não ande sempre pelo mesmo lugar, como aqueles que não sabem o que fazer e por segurança nunca saem do mesmo. Quero alguém que tente fazer outras coisas, que se aventura, que grite se tiver vontade de gritar, que não tenha com os pudores um contrato reconhecido em cartório, só um acordo verbal que podemos mudar com o escuro das noites. Quero algo diferente...

Não sei do impossível mas, o possível, está cada vez menor para mim.

sábado, julho 25, 2009

This modern love

Talvez eu esteja perdida em um lugar que já estive. Perdida porque o caminho já descoberto não me interessa e refazer a rota me levará ao mesmo lugar, onde descansei e não pretendo voltar. Talvez falar seja um jeito de acabar com a dúvida. Talvez ouvir o silêncio seja um jeito mais eficaz de encontrar palavras.

Não se ofenda se eu parecer cada dia mais ausente, continue a me mostrar os fatos, me mostre como está desse lado da vida para que eu tenha uma luz para onde caminhar ou de onde me ausentar. Continue me fazendo rir. Não sei o que é bom para mim, apenas porque não sei muito bem onde estou, para onde vou, o que vou encontrar. Talvez se você for mais exigente, possa me fazer sua.

Ao que estamos resistindo? Por que tanto medo em algo que não precisamos pensar no depois? O que falta para um agora?


Do you wanna come over and kill some time? Throw your arms around me.



ps. o texto é inspirado na música (do título) do Bloc Party, que é uma boa banda gravada e uma péssima banda ao vivo.

sexta-feira, julho 24, 2009

[susi] 27/07/2008
[death cab for cutie]

Someday you will be loved

Quando conheci você nunca imaginei que um dia fosse usar da minha fraqueza para te deixar. Você era o garoto com a verdade que os outros omitiam. Enganava os espectadores da vida com aparente inocência enquanto guardava para mim os seus segredos e vontades escondidas. Uma alma curiosa. Minha alma.

Naquela manhã tudo parecia demais. Os seus olhos brilhavam, as suas mãos encaixavam perfeitamente na minha, o seu toque era o meu, juntos formávamos uma melodia leve sem testemunhas. Fazer dos momentos, poesia, sempre foi a especialidade dos seus olhos. Mas era demais ficar.

Não posso fingir arrependimento, cada coração partido se remendará e um dia alguém te amará como amei. Como você nunca soube que seria amado. E as nossas lembranças poderão parecer mais sonhos ruins. Talvez você nunca vá entender os meus motivos e nem tão pouco posso te explicar.

Se você se sentir sozinho quando estiver adormecendo, olhe para o céu, procure a estrela mais brilhante, estaremos nela. O seu coração pertencerá a alguém que ainda está para conhecer e nesse dia será amado com a força que eu não pude te entregar. Mesmo que tenha amado cada doce palavra sua. Cada um dos mil momentos que chamamos de um. As músicas que desenharam nossa trilha.

Enganando as palavras e iludindo o futuro, te deixei com um bilhete, que dizia:



Na verdade,
tentei te deixar...
A resposta do rei

As minhas mudanças parecem abrir uma nova estrada, onde nunca estive, onde nunca imaginei estar. Cansei de cuidar dos outros. Cansei de tentar imaginar rotas perfeitas. Cansei de segurar cada uma das minhas vontades para não ferir as expectativas das pessoas que nem ao menos me conhecem. Mantenho a minha vida perto dos que estão próximos a mim, gostos e gestos parecidos já me interessam. Cansei de ficar do lado de lá, onde estão os apenas diferentes. Cansei das pessoas que pensam demais em coisas de menos.

Fui tão frágil perto de quem prometi manter distância e criar limites. Naquele momento era como se cada uma das resoluções pensadas não tivessem sido difíceis de encontrar, uma vez jogado tudo para o ar, a bagunça se refaz. No fundo as decisões valem o instante do agora e a falta de explicação do que me faz agir. Engraçado observar as suas reações inesperadas e, notar que, a sua inocência é encantadora de uma forma pura, quase boba, de um jeito que ainda te faz conservar algo raro no olhar.

Sigo nessa estrada com a resposta da majestade ao coelho.

- Comece pelo começo - disse o Rei, com ar muito grave - e vá até o fim. Então pare.

(e, só então, pararei... até lá, não sei onde, não tenho pistas, não tenho rota, bússola ou mapa... não tenho medo)

quinta-feira, julho 23, 2009

When I feel the unknown

Eu não sei o que aconteceu com o sentimento, não diria que ainda sinto, porque acho que isso ficou algumas ruas atrás. Ficou essa vontade de ser verdadeira sem garantia nenhuma de que posso esperar isso de volta. Ficou essa incerteza. Ficou essas pequenas mudanças. Ficou o pouco caso misturado a outra coisa que não sei identificar. Ficou essa coisa estranha que parece boa.

Claro que ninguém entende os meus motivos e de forma alguma algo justifica a confiança (talvez desperdiçada). Não espero resquícios de compreensão, não procuro formas de aceitação, me importo muito pouco (quase nada) com os outros. Vivo a minha vida seguindo uma política que criei para tentar ser feliz, sigo sempre guiada pelas regras que o acaso me impõe.

É o segundo que antecede o beijo. São os desvios contínuos do olhar para não encontrar no sorriso uma chave para um lugar desconhecido. É uma coragem cheia de medo, diferente da que encontro na ausência de sentimentos, talvez sentir seja todo o problema dessa equação com resultado simples. É o começo que escreverá o fim. Será tudo uma questão de um passo?


ps. título é zero 7.

segunda-feira, julho 20, 2009

Don't explain



Quantas vezes eu esperei que fosse ser diferente? E, então, bastava uma mera oportunidade para você me provar que agiria sempre da mesma forma e que pouco importava algo combinado. A proximidade com o cinza da alma de outra pessoa deixa a sua com uma cor desinteressante. Começou naquela palestra que eu queria tanto assistir, afinal, é da pessoa que faz tanta coisa ter sentido, é a pessoa de quem compro livros, leio colunas e me emociono ao pensar que tudo é sempre possível, combinamos que ninguém iria caso as obrigações não estivessem concluídas, você foi. Não devia ter me preocupado e, depois, jamais ter esperado nenhuma promessa sua ser cumprida.

Mas, daí eu te pedi aquilo que jurei ser o último, era simples demais, sinceridade, era só um sim ou não, era só a verdade. E, de novo, você não fez, não quis, não se importou. O que eu senti sempre te pareceu muito pequeno e você nunca teve o menor cuidado. Agora, é a sua vez, é assim que vão tratar os seus sentimentos, você vai ser a salvação momentânea, a droga necessária, as necessidades, o aconchego oportuno, as palavras certas para acalmar os pesadelos. Você vai ser algo que estará ali quando for preciso, como eu estive milhares de vezes e como alguém também está.

Quero, de verdade, que você possa ser feliz sem se entorpecer. Que você tenha conversas esclarecedores sobre coragem e amor. Que você encontre caminhos para se sentir maior, talvez arte, literatura, cinema ou apenas um trabalho incrível. Torço diariamente para que você descubra o valor das pequenas relações. Entenda, em silêncio, que pior do que uma verdade é sempre a omissão. Adoraria que você aprendesse com a raposa que somos responsáveis por aquilo que cativamos.

Quero, torço, adoraria que... Mas, não espero nada de você.


ps. o título e a foto são Cat Power, a música é um cover da Billie Holiday, que a Chanzim canta lindamente.

domingo, julho 19, 2009

"só queria te dizer que..."

Quando subo no alto de um dos prédios mais altos dessa cidade me sinto gigante, como se pudesse lá de cima mudar as peças de lugar, diminuir tudo para deixar o céu ainda mais visível nessa selva de pedra. Não sinto medo e nem uma falta inexplicavel que se abriu com a sua ausência. Nunca achei que de fato você importasse, às vezes era incomodo te sentir por perto, ali o tempo inteiro, quase como uma certeza. Sempre soube que não podia te pedir para ficar e mesmo do alto do prédio, uma gigante não consegue ser maior do que as suas certezas.

Você falou comigo como nunca antes. Organizou todos os pensamentos para deixar evidente que haviam erros meus, por mais que você sempre tenha feito questão de segurar a onda...

Você fez de toda história um dos seus textos sem final.


ps. o título é de "para uma avenca partindo" do Caio F.
Ainda é muito cedo para desistir, o sol vai nascer amanhã dentro dessa cidade cinza e os prédios escondendo toda a natureza desse lugar vão me lembrar que o melhor está guardado. Então vou me levantar, pegar a minha bolsa, escolher uma roupa, ser meio garota, meio mulher, encontrar novos lugares para sonhar e novos sonhos para desfazer o passado. É preciso coragem para começar em um novo lugar e força para se livrar do que não serve mais. Quero ser importante e não, necessária. Quero que as minhas ideias sejam ouvidas, consideradas, avaliadas e só então, talvez, descartadas. Quero ouvir as minhas músicas sem ninguém dizer que elas são estranhas ou ruins. Quero escrever os meus textos sem ninguém se encontrar neles.

Quero (re)começar.
Sabe, eu ia para o Rio, ia viajar, ia mudar de ares, ia congelar todas as minhas lembranças, lidar com a falta real, ia colocar entre as certezas milhares de km. Ia voltar com um presente bem insignificante para você (assim como tudo que te dei). Ia mudar, ia fazer mil e duzentas coisas... Adiada a viagem e as outras coisas?

"Não andei pensando muito sobre o tempo que passou. Acho que isso é até bom, não é?
Tô com sono, cansada do trabalho, mas just a little bit feliz por ter terminado aquele parto.
Sei lá, continuo na mesma...
Tô com medo.

Não andei pensando muito sobre o tempo que passou desde que nos... enfim... e mesmo que tenha ficado tudo resolvido, não sei se eu voltarei a quebrar palitos de dentes na sua frente, ou tentar inutilmente colocar as folhas do cardápio em ordem. Talvez eu fique embaralhando postais iguais várias e várias vezes até que se misturem. Mas são iguais, né?
Acho que vai ficar aquele silêncio de novo, claro, não temos o que falar! Até me incomoda o seu jeito de não se conformar com um aceno e um sorriso de longe. Aquela sua vontade de tentar ir contra o que é natural: não temos mais nada para conversar.
(Será?)
Mesmo assim fica uma dúvida: será que eu vou ficar... é... assim... tensa daquele jeito? Será que eu temo uma reação sua ou... é... assim... uma reação minha? Não sei se o tempo conseguiu congelar tudo aquilo de uma vez por todas e acho que o que mais temo é você. Desculpe.

Que injustiça! Colocando a culpa em você! Desculpe! Não quero que você fique chateada comigo, mesmo. Mas nunca vi ninguém assim, digo, com tudo tão a flor da pele, mas tão a flor da pele que pode extravasar a qualquer momento. Não sei se para você o tempo congelou tudo isso e se você vai ficar tensa ao falar comigo, se você vai tremer, gaguejar e fugir dos meus olhos como sempre. Calma! Não estou pedindo que faça o contrário... é... assim... eu sei lá.

Assumo que sou curiosa em relação a isso, digo, ao que está dentro de você. Uma parte de mim quer que você esteja completamente curada e a outra parte, sem motivo concreto ou algum que eu saiba explicar, quer que ainda hajam resquícios daquele tempo, passado, ontem, ano passado.
"

Um texto da garota de dezesseis anos (mesmo que agora ela já tenha mais) que escreve melhor do que eu.

segunda-feira, julho 06, 2009

E as noites cada vez mais limpas

Em poucas horas você passou fazer parte da semana seguinte e dos outros dias inteiros. Foram poucos minutos entre a gente que não sei muito bem como começaram, porque aconteceram, você foi um desafio que eu comprei para mim, uma verdade que eu quis inventar naquele bar com luz vermelha. Você me dizia que aquilo era uma merda porque não podíamos, não deveriamos, não era o certo. Nunca fui muito de certo e errado e, nem tive tempo de te contar isso. Você me disse várias coisas quando estava indo embora, lembro de você virando a rua do bar, você anda de um jeito meio infantil, como eu ando. Talvez você marque o meu desencontro. Mas, foi no seu encontro que percebi o quanto deixei outros passarem. E, o quanto precisava me libertar de coisas mal resolvidas para resolver o presente e acreditar no futuro.

Não foi a sua beleza que me chamou a atenção. Foi o sorriso, a forma como você dançava e parecia acreditar na vida e não deixar ela passar entre os seus dedos. Foi a sua liberdade quando levantou os braços em uma música que você parecia gostar muito, que me fez ter certeza que você seria meu, dali aos próximos minutos esperei até a hora certa de sentar no palco. Então você veio e pegou na minha mão me convidando para dançar; continuei sentada, falei uma besteira qualquer então você me calou com um beijo. Mas foi a sua mão quem disse mais de quem você é, o jeito firme como você me segurou, mesmo que naquele momento eu estivesse namorando e não era você. E, mesmo que naquele momento você também estivesse com alguém e, não era eu. Um erro que gostaria de repetir... Só que infelizmente mal sei quem é você.

Quem sabe em outra noite, naquele mesmo bar, eu não repita o erro do desencontro e possa te encontrar, dessa vez: inteiros.


Eu já fingi ser muito melhor
Eu já aprendi ser pior
Mas sem mentira
Eu já fingi muito melhor
Eu já aprendi ser pior
Mas sem mentira

Só de viver no seu mar
De merecer seu olhar
Seu beijo todo dia
E as noites cada vez mais limpas

Quando eu me vi no seu cais