domingo, julho 19, 2009

Sabe, eu ia para o Rio, ia viajar, ia mudar de ares, ia congelar todas as minhas lembranças, lidar com a falta real, ia colocar entre as certezas milhares de km. Ia voltar com um presente bem insignificante para você (assim como tudo que te dei). Ia mudar, ia fazer mil e duzentas coisas... Adiada a viagem e as outras coisas?

"Não andei pensando muito sobre o tempo que passou. Acho que isso é até bom, não é?
Tô com sono, cansada do trabalho, mas just a little bit feliz por ter terminado aquele parto.
Sei lá, continuo na mesma...
Tô com medo.

Não andei pensando muito sobre o tempo que passou desde que nos... enfim... e mesmo que tenha ficado tudo resolvido, não sei se eu voltarei a quebrar palitos de dentes na sua frente, ou tentar inutilmente colocar as folhas do cardápio em ordem. Talvez eu fique embaralhando postais iguais várias e várias vezes até que se misturem. Mas são iguais, né?
Acho que vai ficar aquele silêncio de novo, claro, não temos o que falar! Até me incomoda o seu jeito de não se conformar com um aceno e um sorriso de longe. Aquela sua vontade de tentar ir contra o que é natural: não temos mais nada para conversar.
(Será?)
Mesmo assim fica uma dúvida: será que eu vou ficar... é... assim... tensa daquele jeito? Será que eu temo uma reação sua ou... é... assim... uma reação minha? Não sei se o tempo conseguiu congelar tudo aquilo de uma vez por todas e acho que o que mais temo é você. Desculpe.

Que injustiça! Colocando a culpa em você! Desculpe! Não quero que você fique chateada comigo, mesmo. Mas nunca vi ninguém assim, digo, com tudo tão a flor da pele, mas tão a flor da pele que pode extravasar a qualquer momento. Não sei se para você o tempo congelou tudo isso e se você vai ficar tensa ao falar comigo, se você vai tremer, gaguejar e fugir dos meus olhos como sempre. Calma! Não estou pedindo que faça o contrário... é... assim... eu sei lá.

Assumo que sou curiosa em relação a isso, digo, ao que está dentro de você. Uma parte de mim quer que você esteja completamente curada e a outra parte, sem motivo concreto ou algum que eu saiba explicar, quer que ainda hajam resquícios daquele tempo, passado, ontem, ano passado.
"

Um texto da garota de dezesseis anos (mesmo que agora ela já tenha mais) que escreve melhor do que eu.