Já fui muitas coisas. Desempenhei alguns papéis, declinei de outros, cobri alguns personagens, improvisei e decorei a marcação para que alguém soubesse exatamente onde a luz me encontraria. Já fui de um (quase) tudo. Bebi horrores e esqueci da noite anterior. Já visitei hospitais, fui em orfanatos, subi um morro. Já me apaixonei e fui correspondida. Já me apaixonei e nunca soube ao certo como seria. Já estive em alguns dos lados, mas você, me colocou em um novo. Só que o meu personagem pede que eu seja egoísta, que observe os tolos e seja como um deles. Uma oficina ingrata da vida real.
Visitei o meu passado para encontrar algo parecido, revirei as lembranças, arrastei uns móveis para encontrar umas anotações que preferia ter perdido. Achei a forma como é esperado que eu desempenhe o meu papel e, achei de extremo mal gosto te fazer sentir desse jeito. Desculpa, mas não cabe mais ninguém. Os papeis estão completos, o figurinista maluco com algumas mudanças e encaixar mais um personagem vai ser impossível. Essa parte da história terá que ser cortada. O papel de egoísta me faz sentir mal, tenho que te informar, será necessário limitar a arte para continuar a vida. Preciso recusar desempenhar essa figura para que possa, sem arrependimentos, continuar onde não deveria estar.
Você poderia ser meu fim, mas não pode ser assim, por respeito a tudo que (ainda)...
(algumas) decisões já foram tomadas