Mãos
"Por que você não fica?
Porque não quero que você deixe de me amar."
É a convivência que mata as relações? É a rotina? É o conforto? É a falta de surpresas, os domingos, o tudo igual outra vez?
Fico pensando em como gostaria de te ter. Sem responsabilidade, sem compromisso, sem cobrança. Queria que fosse uma necessidade mútua, quando as mãos dadas não fossem mais uma ligação suficiente. Nunca contei para ninguém que, para mim, mãos dadas podem ser um contato maior do que um beijo. Quando a força do outro fica ao seu alcance, o nervosismo é denunciado por dedos trêmulos, o carinho é trocado enquanto os dedos fazem uma dança leve e as mãos quase soltas são recuperadas em um aperto necessário. É quando as mãos já denunciam o silêncio que os olhos se encontram e, as bocas desfazem o riso para se encontrar. Só alguém completamente desconhecido notou e calou todas as minhas teorias com um beijo.
(não é fielmente o começo do texto mas tem uma coisa muito parecida na peça "a noite mais fria do ano" do Marcelo Rubens Paiva)