sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Inocentes

Hoje eu conversei bastante, era o silêncio preencido em um sorriso. Então ele me pedia para mostrar uma canção que me deixava feliz, chegou primeiro o "c", era a Cat Power cantando devagar todo aquele monte de sentimentos. O sorriso se desfez e no lugar dele a interrogação de quem não entende como a tristeza e a calma dela me deixam alegres.

Expliquei que gosto de opostos. De um lado a calma, do outro a tormenta de pensamentos. Contei em silêncio que não me entrego ao sofrer sem fim, que gosto de sorrisos como aqueles, tão sinceros. E das histórias que contavamos em poucas palavras.

Contei da guerra onde encontrei a paz. Das contradições. Dos medos. Das vontades. Revelei em segredo que sou uma mulher dividida em muitas. Que sonho como as escritoras de antigamente. Penso como aquelas belas mulheres de filmes antigos que eram fortes demais para ser apenas mais uma, daquelas com roupa de época mesmo estando fora do contexto. Tenho um pedaço da insensibilidade dos homens. Dos jogos onde o final é previsivel. Hoje, queria terminar a noite em um lugar qualquer, com alguém que conquistei para mim.

O sorriso me pedia para falar do improvável, do impossível, do inadiável. Me pedia em silêncio que falasse do mundo lá fora, como eu o via. Era isso, como vemos, de um jeito tão diferente cada um desses olhares cansados.

Foi quando o sorriso se afastou sem uma palavra...



Era uma criança para quem falei da minha forma de me dar.

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Fake plastic trees

Há alguns meses eu te pedi uma coisa, como quem se despede de um amigo que ficaremos sem ver por muito tempo, eu pedi que você não deixasse que apagassem o brilho dos seus olhos. Não moldassem a tua personalidade. Não te reduzissem a alguém que não sabe estar só. Em silêncio, pedia também que alguém te mostrasse que você precisava se enfrentar a cada novo dia, olhar sem medo o que é e que talvez fosse preciso estar sozinho. E se fosse necessária a solidão, que você tivesse a dignidade de enfrentar as dificuldades do começo daquele fim de costumes.

Daí nos despedimos em um abraço e os meses foram te transformando a olhos nus. Eu via, mas acreditava que alguma coisa você estivesse aprendendo. Até que você mostrou que não tem medo de estar sozinho, não é bem isso, o medo é um pouco maior. É medo de enfrentar em o que você transformou. O brilho dos seus olhos estão opacos. As suas frases estão truncadas de insegurança. E os seus pés estão acostumados com uma mesma trilha. Medo de sujar os seus sapatos novos em um lugar desconhecido. Medo de notar, junto comigo, que você não existe mais. Se perdeu no meio de todo comodismo barato e o jeito que alguns acham "legal ficar mal".

Todos os sonhos grandes de dominar o mundo ou fazer algo incrível ficaram em segundo plano, enquanto você se acostuma com as migalhas do caminho. Nada mais é bom o bastante, mas você ainda sabe o que é bom?

O pior é que sempre achei que o erro estivesse em mim. Que eu não podia lidar com isso. Que era acima do eu que era capaz. Só que não, não é culpa minha. É você que não sabe, não consegue ou não quer lidar com o que ainda resta.

Sempre achei que por qualquer caminho que você tomasse, eu estaria ali, mas parece que não vai ser mais assim.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Perder-se também é caminho

Eu procurava certa ordem. Queria que as coisas se acalmassem e eu pudesse voltar para um porto seguro. Queria mãos confiaveis e dedos carinhosos. Queria tanta coisa e agora? Agora, eu quero doses de felicidade, sem perder jamais a capacidade de me entristecer.


A frase do título é Clarice.


Eu sei que errei ao te deixar enxergar coisas demais dentro dos meus olhos. Nunca vi um futuro além de linhas que se completariam muito bem na teoria, mas na prática a nossa forma tão diferente de ver a vida, não deixaria a história se escrever em linhas reais. Eu sempre deixei que o mundo me visse e você se escondeu. Sempre preferi a liberdade mesmo que ela me enfraquecesse e, você mesmo sem notar, queria se prender. Desculpa, eu sempre me dei melhor com o acaso.

independente...



ps. um texto que tava nos rascunhos desde o dia 02/08/08

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Se ela pudesse compraria aquela casa, só para poder viver em cada um daqueles cantos a continuação de tudo que começou ali. A casa onde passou noites em claro brincando de coisas bobas. Onde ela tomou porres. Onde ela voltou...

a sonhar.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Sentir. Esquecer. Controlar. Reinventar. Escrever. Viver. Terminava os pensamentos com a premissa máxima de que era preciso viver. Cada uma daquelas novas formas que apareciam nos dedos dele, no jeito que ele sorria de encontro e se desfazia com uma voz doce. Ela sabia que ainda não tinha se livrado, esquecido, controlado ou reinventado aquele sentimento que já não cabia mais porquê, nenhuma dúvida responderia com nada além do silêncio. Ela procurava onde tinha deixado a sua capacidade de fazer ficção com a sua história. E se lembrava por fim, que no seu novo sorriso, estava escrito: liberdade. Sentiu. Esqueceu. Controlou. Reinventou. Escreveu. Viveu.

Um novo começo, espera.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Condicional


Às vezes eu penso nas condições que as pessoas vivem, a forma como alguns se condicionam a necessidade de ser alegre o tempo inteiro, e eu acredito no punk brega do Wander Wildner. A minha única condição se chama liberdade, me prender exige uma dose de desprendimento.

Eu não sei muito bem porquê, mas gosto dos seus olhos e acredito quando você diz que tudo vai ficar bem, mesmo que a gente saiba que as coisas não são bem assim.

We'll be fine.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Metal Heart

Em tão pouco tempo foi tudo isso que aconteceu. Eu já quis que tudo corresse e agora espero a calma que encontro nas histórias absurdas do meu dia a dia, sempre rápido, nunca devagar. Porque os dias se dividem entre obrigações e desejos. Queria que por obrigação os meus dias fossem sempre mágicos. Que os sonhos sempre sorrissem. Que as pessoas pudessem ser simplesmente sinceras com elas e quem sabe, um dia, comigo. Queria não ter perdido tanta coisa em tão pouco tempo, mas eu só sei que ganhei também, ganhei a incapacidade de me apaixonar por olhares e desconfio...

É triste, mas de você, eu desconfio.

Enfim.

domingo, fevereiro 08, 2009

Sobre partidas

Não é injusto com ninguém falar que depois de você o sentido de amizade mudou e ficou cada vez mais forte. Você é a única pessoa que eu ouço, para quem eu permito qualquer tipo de discussão. Quem vai notar antes de todo mundo quando eu estiver apaixonada. Você vai ser sempre uma irmã. A minha família também te vê assim. Porque você faz parte da minha vida como os dias, existem sempre, mas nunca é do mesmo jeito.

Eu sei que depois do domingo, 8 de fevereiro, os dias continuarão a existir, mas por 365 vezes, eles terão uma coisa incomum. A distância maior do abraço que sempre me garantia em silêncio que tudo vai ficar bem. E do seu abraço, eu nunca duvidei.

Você é responsável por parte das minhas vitórias. Pelos melhores shows. Por algumas músicas boas.

O mais difícil vai ser não te ter do meu lado no show do Radiohead. Você sabe que como ele, eu prefiro Radiohead enquanto você gosto da Alanis.

Eu sou a garota que gosta de músicas tristes com letra demais. E para quem elas falam um monte de coisas, enquanto eu vou me despedindo devagar da sua presença.

Vou cobrar a promessa de que você não vai por nenhum dos 365 dias fingir que é forte, porque eu não me importo que você seja fraca às vezes, nem que você sinta falta de casa e do brigadeiro brasileiro.

Repito a mensagem que você me mandou sábado (7 de fevereiro) 5:50 da manhã. "Amo mais que tudo. Nós duas vamos ficar bem. Temos que ficar. =)"

Nós duas juntas, aprendemos o valor dos outros, e por isso não ficaremos sozinhas jamais, em qualquer deserto encontraremos pessoas especiais. Você me deixa rodeada com algumas e eu tenho certeza que você encontrará outras que falam outra língua e tem outros costumes.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Ausente

Me falaram que eu sumi. Eu tenho estado para poucos e longe para muitos. Ainda falo com as pessoas, mas já não as vejo, não procuro, não quero, não sei. Estou distante por alguns minutos e perto por muitas horas.

Me sinto minúscula nessa selva de pedra.

Pequena e mais forte, porque eu já finjo absolutamente nada, resolvi esquecer tudo que me faz mal e aproveitar cada um dos momentos e dos sorrisos precisos.

Sabe o que eu mais gosto em você? Do jeito que sorri com os olhos e deixa a alma transparecer. Me faz esquecer de todos os problemas e ajuda o mundo a conhecer o meu melhor.

Só que, agora, o meu melhor chama silêncio.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Let's get out of this country


Eu já não quero segurança
Se isso me impedir de sentir

Já não quero ficar tranquila
Se isso me impedir de enxergar


Já não quero esquecer
Se isso me impedir de sonhar

Quero o melhor do mundo guardado em um sorriso inevitável

ps. título dessa música, Camera Obscura.