Fake plastic trees
Há alguns meses eu te pedi uma coisa, como quem se despede de um amigo que ficaremos sem ver por muito tempo, eu pedi que você não deixasse que apagassem o brilho dos seus olhos. Não moldassem a tua personalidade. Não te reduzissem a alguém que não sabe estar só. Em silêncio, pedia também que alguém te mostrasse que você precisava se enfrentar a cada novo dia, olhar sem medo o que é e que talvez fosse preciso estar sozinho. E se fosse necessária a solidão, que você tivesse a dignidade de enfrentar as dificuldades do começo daquele fim de costumes.
Daí nos despedimos em um abraço e os meses foram te transformando a olhos nus. Eu via, mas acreditava que alguma coisa você estivesse aprendendo. Até que você mostrou que não tem medo de estar sozinho, não é bem isso, o medo é um pouco maior. É medo de enfrentar em o que você transformou. O brilho dos seus olhos estão opacos. As suas frases estão truncadas de insegurança. E os seus pés estão acostumados com uma mesma trilha. Medo de sujar os seus sapatos novos em um lugar desconhecido. Medo de notar, junto comigo, que você não existe mais. Se perdeu no meio de todo comodismo barato e o jeito que alguns acham "legal ficar mal".
Todos os sonhos grandes de dominar o mundo ou fazer algo incrível ficaram em segundo plano, enquanto você se acostuma com as migalhas do caminho. Nada mais é bom o bastante, mas você ainda sabe o que é bom?
O pior é que sempre achei que o erro estivesse em mim. Que eu não podia lidar com isso. Que era acima do eu que era capaz. Só que não, não é culpa minha. É você que não sabe, não consegue ou não quer lidar com o que ainda resta.
Sempre achei que por qualquer caminho que você tomasse, eu estaria ali, mas parece que não vai ser mais assim.