Theatrum Mundi
Hoje não compartilhei da verdade dos outros, das inseguranças e dos medos. Me coloquei dentro de um livro e do CD novo do Zero 7, fiquei o dia inteiro pensando na hora de estar em casa para continuar prestando atenção em cada um dos acordes deles enquanto folheava uma vida muito próxima, só que é dela, Alice. Depois de achar em um livro o pensamento que nunca achei que um dia fosse ser compartilhado com alguém. Theatrum Mundi.
Estive pensando esses dias, antes de chegar naquelas páginas, como o meu mundo é cheio de esteriotipos, como encontro sempre as mesmas pessoas na balada embora elas sejam diferentes. Tatuagens, brincos, piercings e tudo que envolve uma embalagem que não me interessa. Ouvir rock está muito envolvido em fazer cara de mal enquanto parece transbordar tédio, pra que tanta necessidade de manter as aparências? Um monte de gente desinteressante vestida da forma certa, com a pose necessária e a cabeça vazia. Sempre encontro fora desse mundo algumas gratas surpresas e algumas decepções. Acabou a admiração e alguma outra coisa que nunca soube definir de uma das relações mais sinceras e complexas em que me envolvi. Acabou alguma coisa em algum momento que, não consegui agarrar, se desfez e me refez, naturalmente tudo se transformou e eu apareci do outro lado já refeita.
Observo a vida, sou expectadora desse teatro de arena, me sinto na Grécia, em São Paulo ou em qualquer lugar do mundo procuro uma cadeira para me sentar enquanto todos se movimentam em uma encenação que nunca fiz parte, é como se estivesse "fora da roda" como escreveu o caio na "dama da noite". Aliás, depois de duas garrafas de vinho eu sempre termino lembrando desse conto e de como queria ter encontrado o Caio para observar, em silêncio, enquanto ele escrevia num dos seu blocos sentado em um bar da Consolação. Sinto o cheiro do que não vi, não vivi, mais um sonho...