terça-feira, agosto 18, 2009

All you want


Admito, em letras garrafais, mas sem emprestar a ela grandeza alguma, ao medo que existe entrego o meu desprezo. Mas, admito, eu tenho medo, de você e principalmente, de mim. De te tocar, de sentir necessidade de você, de querer a sua presença e me incomodar com a sua falta. Tenho medo de me entregar aos sentimentos revisados e dos erros já descartados.

Mas, basta os seus olhos de novidade, a sua insegurança juvenil. Você, ali, na minha frente, me pedindo um abraço para calar as suas dores. Você me falando de-va-gar dos seus últimos dias e de como a felicidade pareceu finalmente te encontrar, até ficar ali, na minha frente, indefeso e arrependido de ter feito o que você acredita ter feito comigo. Babe, tudo que aconteceu foi também uma escolha minha, eu me prestei ao ridículo de permanecer enquanto tudo apontava para o outro lado. Logo, naquele jogo não teve polícia, ladrão ou vítima.

Tenho medo de tocar a sua pele e sentir o calor dos meus dedos se transformarem em desejo. Tenho medo de ficar perto demais. Não quero ter você para não te ferir com a minha instabilidade e nem, tão pouco, te dar a chance de ganhar pela primeira vez o meu jogo. Eu não conheço a segunda fase, a que te deixaria entrar de-va-gar na minha vida e se aventurar cal-ma-men-te pelo meu corpo.

Todas as minhas resoluções ficaram em segundo plano na tarde daquele dia que fui te encontrar nisso que você chama de casa e, eu, de Rua Augusta. Você, ali, sentado no sofá preto, com um pequeno bar ao seu lado e uma garrafa quase vazia de Jack Daniels. Você me recebeu tocando uma música que eu não conhecia, me contou que tinha feito aquela nova música, para a minha nova letra que você tocaria com a sua nova banda. Eu te lembrei que não tinha escrito nenhum música e você, com os olhos calmos, me falou que estava escrevendo naquele instante. "Era eu". Eu o que? Não sei.

Não temos nenhuma pequena garantia, nenhum pequeno segredo, só um grande desejo de sermos maiores e melhores, diferentes e simples, só uma vontade de sermos nós.


ps. o título é Dido, porque ela voltou a só representar coisas e pessoas importantes e, de quem, eu adoro lembrar.