a visita
do lado contrário, andando na contra-mão, contrafluxo, contra-regra. a favor do instante, do momento agora, das ruas de duas mãos, da falta de regras.
queria me fazer verdade dentro do seu sorriso. saber o que dizer sempre que você me acusasse das mesmas coisas de antes, eu, que nunca neguei nada nem por um instante.
te vi partir sem querer te conter. acordar com você ao meu lado foi estranho, não reconheci nas suas costas a proteção que sempre notei em silêncio, a sua respiração estava fora do ritmo que encaixávamos nossos desejos. você era um fracasso e eu, uma insistente.
achei que reconheceria o fim antes dele congelar as expectativas, deixaria uma brasa morta, mas ainda existente. mas, o que sobrou foi pó, mero resquício de uma chama.
o maior perigo sempre foi a ligação quase infantil a qual me entreguei para estar ao seu lado, nunca senti nada além das coisas em comum que ligassem os nossos pontos, eram pensamentos parecidos que pareciam terem sido moldados para ser seu. eram sempre os seus filmes, os seus livros, os seus lugares. era tudo tão seu, só seu. eu, sua, só sua.
tudo assim... até aquela noite de lua cheia que deixou um visitante na manhã seguinte. era o fim, eu sabia.