O que aconteceu nos últimos dias?
Tenho gostado cada vez mais do silêncio embora esteja vivendo dentro do caos. Me recolho a um canto enquanto todos rodam no centro da sala, me visto para passar por mais um dia e, me apresento pontualmente a cada obrigação. Tudo que sentia foi congelado, está mudado, estava errado; dentro da minha falta de regra nenhum dos últimos acontecimentos fazia o menor sentido. Embora não seja difícil me encontrar em um bar qualquer da augusta, as minhas certezas tem cheiro de naftalina. Preciso de certos momentos, de certas palavras, de certo carinho. Preciso viver o ontem para que o meu amanhã faça um pouco mais de sentido.
Queria algo guiado a puro e simples desejo, sem cobranças, sem a necessidade de se encontrar no que eu escrevo. Alguém que entendesse que as relações da vida real não podem ser escritas para não estragar o acaso. Todas as pessoas que admiro morreram sozinhas porque trocaram a companhia pela arte, viveram e morreram para produzir seres inatingiveis. Eu não posso ser assim, apesar de gostar das palavras, não quero segurar um livro no leito de morte. Quero a vida. Quero sorrir sem uma razão aparente. Quero viver e cantar bem alto em um lugar com luzes vermelhas. Eu quero voltar no meu lugar de sempre...
Quero visitar aquele velho sobrado da Bela Cintra e me sentir em casa.