terça-feira, agosto 28, 2007

HEART IN A CAGE

Sabe, passei essa noite me revirando nos lençois atrás de respostas. Entre o barulho que atravessava o concreto e aqueles fios de algodão que filtravam as coisas. Ouvi. Talvez, meus gritos internos ecoando naquelas paredes. Essa maldita inércia. Ninguém para acender um cigarro e ouvir os meus planos pro futuro. Ninguém para me olhar nos olhos e falar que eu sou louca por sonhar tanto e querer ir por todos os caminhos ao mesmo tempo. Ninguém para sorrir enquanto eu perco o olhar lá fora. Tudo ainda continua aqui. Mas falta um pedaço. Como feridas abertas. Como um coração esquecido na sarjeta depois de uma noite bêbada. Se alguém visse. Simplesmente se alguém visse. Talvez as coisas diminuissem e eu conseguisse sair um pouquinho daqui de dentro. Queria colocar tudo isso para fora num turbilhão de água. Mas não sai nada. Não saiu naquele dia e nem hoje. Estou seca, oca, inerte. Antecipando o futuro. Esquecendo os meus planos. Perdendo a inspiração e a respiração nas madrugadas frias. Falta de sono, falta de vida, falta de vontade. Todas minhas manias virando luxo. Meu corpo não responde mais aos estimulos. Já não levanto com idéias na cabeça. Rolo por cima delas. Acordo carregada e cansada. Tudo grudado nas paredes e os gritos ainda aqui. As idéias longe do papel. Longe da minha vida. Volto ao meu passado na forma de música. Ouço as mesmas coisas mas dessa vez, não sinto nada. Ando por aí cantando alto atrás de algum olhar. Mas não tem ninguém. Sou eu e o mundo. Sem coragem, sem vontade, sem movimento. Tem alguma peça aqui realmente fora do lugar. Ou simplesmente, no lugar demais. A incompreensão sempre foi o meu combustivel. Minha cabeça, o meu guia. Cadê as minhas noites de transpiração na forma de palavras? Cadê minhas verdades? Cadê minhas vontades? Quando o nada aparece o jeito é esperar. Não tenho vontade de fazer acontecer. Simplesmente queria me esquecer em alguma esquina com um copo e uma idéia qualquer na cabeça. Com alguém para me arrancar lá do fundo enquanto eu grito que quero ficar. Alguém que me pare. Me cale.
Alguém ainda mais complicado. E real.



strokes, como nem tão antigamente.